domingo, 30 de janeiro de 2011

História: Lenda do Castelo de Almourol (Vila Nova da Barquinha)

História


Almourol 
Vila Nova da Barquinha

Quero contar-vos a historia 
Do castello do Almourol, 
Vê-se de Tancos na frente 
Ao descobrir do arrebol. 
Bate nas velhas muralhas 
D'aurora o primeiro sol 
Senta se no meio do Tejo 
Como se fosse um pharol 

F. GOMES DE BRITO 

A Lenda do Castelo de Almourol

Diz a tradição que D. Ramiro, senhor do castelo, partiu d'alli a combater africanos, apesar dos rogos de sua esposa e de sua filha, ambas lindas como os amores.

Que depois de cometer mil atrocidades, e cheio de orgulho pelas suas façanhas, regressava ao seu castelo, quando um dia se perdeu no meio d'um bosque, aonde encontrou duas mouras, mãe e filha, tão belas e formosas como a esposa e filha, que havia deixado em seu castelo.

A filha trazia uma bilha com agua, e como D. Ramiro estava devorado com sede, dirigiu se ás mouras, exigindo-lhe a entrega da agua para ele beber; mas fez isto por tal forma, que a rapariga assustada deixou cair a bilha, que se quebrou.

Furioso D. Ramiro, enristou com a lança ao peito da jovem, e depois de a atravessar com uma lançada, fez o mesmo á mãe, que morreu amaldiçoando o cavaleiro.

Neste momento aparecia um jovem filho e irmão das mouras, e o cavaleiro trouxe-o cativo para o seu castelo.

O mouro tinha apenas 11 anos, mas jurou vingar a morte dos seus, e quando chegou ao castelo e viu a mulher e filha de D. Ramiro, decidiu logo que seriam elas as vitimas imoladas á sua vingança.

Correram os anos, e a esposa de D. Ramiro, um dia, morreu definhada, sem se lhe conhecer a causa, porque o mouro lhe havia aplicado um veneno subtil.

Desgostoso D. Ramiro partiu a commetter novas crueldades, e deixou o mouro em companhia de sua filha.

Amaram-se os dois, e este amor foi uma luta terrível para o mancebo, que se recordava do seu juramento de vingança, mas a força d' aquele fazia esquecer esta.

Um dia chegou D. Ramiro ao castelo, acompanhado por um cavaleiro a quem destinava а mão de sua filha, o que foi um raio que veio ferir os dois amantes.

Furioso o mouro contou tudo a Beatriz, as crueldades de seu pai os protestos de vingança, a morte da mãe, e a luta que havia entre o amor que lhe tinha, e o desejo de vingança.


O que se seguiu a esta confissão não se sabe; o que é certo porém é que o mouro e Beatriz desapareceram sem haver mais novas d'elles, e que D. Ramiro morreu com desgostos, e o castelo abandonado foi caindo em ruínas.

Diz mais a tradição; que em noite de S. João aparecem numa das torres do castelo o mouro abraçado com Beatriz, D. Ramiro rojando-se aos pés do mouro, a mulher junto a ele respondendo - perdão, sempre que o mouro diz - maldição.

Algum viajante que ali passar em noite de S. João, procure, se quiser, verificar se a tradição é exacta; mas em quanto o não conseguir, aproveite sempre qualquer ocasião que tenha para gozar o magnifico e variado panorama, que apresenta o castelo situado no centro do Tejo, espectáculo que gozará com prazer, se tomar lugar do lado direito da carruagem, seguindo esta da Barquinha para a Praia.


***


O Castelo de Almourol, localiza-se na Freguesia de Praia do Ribatejo, Concelho de Vila Nova da Barquinha, Distrito de Santarém.




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