sexta-feira, 16 de setembro de 2011

História de Angra do Heroísmo (Açores) e antigo brasão (imagem de 1860)




História de Angra do Heroísmo (Açores) e antigo brasão (imagem de 1860)

A CIDADE DE ANGRA DO HEROÍSMO 

A descoberta do arquipélago dos Açores deve-se ao patriótico impulso dado pelo ilustre infante D. Henrique á navegação do alto mar.

Gonçalo Velho Cabral, comendador de Almourol, na ordem de Cristo, enviado por aquele príncipe ao descobrimento de novos mares e novas terras, foi quem descobriu a primeira ilha daquele arquipélago, aos 15 de Agosto de 1432, á qual deu o nome de Santa Maria, por ser este dia consagrado a festejar a Assunção da Virgem.

Passados doze anos descobriu, o mesmo comendador de Almourol, a segunda ilha, que denominou S. Miguel, em memoria do dia em que a avistou.

Não se sabe ao certo o ano do descobrimento da ilha Terceira, mas é fora de duvida que este sucesso teve lugar entre os anos de 1444 e 1450, pois que neste ultimo fez o infante D. Henrique doação desta ilha a Jacome de Bruges; sabe-se que o seu nome lhe proveio de ter sido a terceira na ordem das descobertas do grupo açoriano. Chamaram-se ilhas dos Açores, pelas muitas aves deste nome que ali encontraram os primeiros navegantes.

Dividem-se estas ilhas em três grupos: ao ocidente, as do Corvo e das Flores; no centro, as do Faial, do Pico, de S. Jorge, Graciosa e Terceira; e ao oriente, as de S. Miguel e de Santa Maria.

A ilha Terceira tem treze léguas de comprimento e seis de largura. A sua capital é a cidade de Angra.

A parte mais importante da sua historia diz respeito a duas épocas em que Portugal se viu empenhado nas lutas gloriosas da sua independência e liberdade. Quando Filipe II, de Castela, conseguiu assenhorear-se de Portugal pela força das armas e, mais ainda, pelas desgraças que anteriormente tinham enfraquecido o país e quebrantado o alento dos portugueses, a ilha Terceira, afrontando o poder do monarca castelhano, resistiu por muito tempo, com heróico valor, ás suas armadas; e nas guerras da restauração da nossa independência, depois de receber o governo do legitimo rei, também se assinalou pela sua lealdade e coragem.

A outra época é dos nossos dias (século XIX). Não há aí por certo quem ignore que a liberdade, perseguida e desterrada do continente do reino, ali se foi acoitar e robustecer. Devem estar ainda presentes na memoria de todos, os actos de extremado valor e de patriótica dedicação, de que foi teatro aquele baluarte da fidelidade portuguesa, desde a memorável batalha da vila da Praia em 11 d Agosto de 1829, até á saída da expedição que, sob as ordens do imortal duque de Bragança, veio plantar nas praias do Mindelo, o invicto pendão da liberdade (8 de Julho de 1832).

Angra, que el rei D. João III elevou á categoria de cidade em 1533, e á qual o magnânimo libertador, sendo regente na menoridade de sua Augusta filha, deu o honroso epíteto do Heroísmo como brasão das gentilezas de armas que ali obraram os seus intrépidos defensores, está situada na costa do sul da ilha, numa baía ou angra, de que derivou o seu nome. É formada esta baía por dois cabos, que entram pelo mar, um a leste e o outro a oeste, distantes entre si um quarto de légua e outro tanto da cidade. Defendem o porto as fortalezas de S. João Baptista e de Santo António, na ponta de oeste, e a de S. Sebastião, na de leste. A primeira destas é a principal. Edificada sobre um alto e negro morro de rochas escarpadas, e a cavaleiro da cidade, o qual é limitado a leste pela baía de Angra, ao sul pelo mar ,ao poente pela baía do Fanal, e ao norte por uma espécie de istmo que separa as duas baías, constitui uma praça de guerra, forte por arte e fortíssima pela natureza. O morro que lhe serve de base chama se Monte Brasil.

Este grande castelo, primitivamente denominado de Santo António, passou a chamar-se de S. Filipe no tempo de D. Filipe II de Castela, que o melhorou e aumentou, e pela restauração de 1640 foi-lhe outra vez mudado o nome no que ao presente tem, em obséquio a el rei D. João IV. No seu extenso âmbito há importantes terras lavradias, que no caso de apertado cerco podem fornecer o necessário alimento á sua guarnição. Há nele uma capela da invocação de S. João Baptista; e entre a muita artilharia de bronze, que o defende, existia, e julgamos que ainda se conserva, a grande peça de Malaca, troféu da gloriosa conquista da cidade deste nome.

Na ponta desta pequena península, ao nível da agua, está o forte de Santo António.

O porto d Angra é limpo, de boa ancoragem e com a capacidade para receber muitos navios que aí acham abrigo de todos os ventos, menos do de sueste que, entrando de travessia, levanta grosso mar e obriga as embarcações a demandar o largo.

A cidade está edificada com bastante regularidade. As ruas são largas direitas, bem calçadas, limpas e guarnecidas de casas de boa aparência, com seus passeios de lagedo. Tem muitas casas nobres, bons templos e alguns grandes edifícios públicos. Entre os segundos figuram em primeiro lugar a sé, e depois a misericordia. De entre os últimos, avultam o palácio do governo civil e a alfandega.

É a sé um vasto templo construído de excelente pedraria e bem ornado interiormente. Foi obra del rei D. Sebastião, que no ano de 1569 fundou esta igreja e o convento contíguo, a expensas do estado, para colégio da companhia de Jesus. Pela extinção desta ordem no reinado de el rei D. José, foi transferida a catedral do antigo templo edificado por el rei D. João III em 1534, para a igreja dos jesuítas.

A igreja e hospital da misericordia estão situados em frente de um belo cais. É um templo grande, de arquitectura moderna, com duas torres no frontispicio. Do cais, que é de cantaria, sobem duas escadas de pedra com grades de ferro que vão terminar em duas portas que saem para o largo da misericordia, deixando entre ambas um espaço em cujo fundo se vê uma bonita fonte encostada á parede.

A casa da alfandega fica ao lado da misericordia. É um vasto edifício, modernamente construído, e tão perfeitamente adaptado ao seu fim que depois do da alfandega grande de Lisboa não o há melhor no reino e nas suas províncias ultramarinas.

O palácio do governo civil, era a antiga residência dos capitães generais, primeira autoridade militar que governava em todo o arquipélago. É um palácio de grandes dimensões, de solida construção e de agradável aspecto. Toda a frente principal é ocupada pelo general comandante daquela divisão militar e pelas repartições respectivas. Na parte que deita para o jardim, estão as repartições do governo civil. O jardim é bastante espaçoso e muito aprazível. Decoram-no vários lagos, belas árvores e muitas flores.

Encerrava esta cidade antes da extinção das ordens religiosas, além de seis paroquias, sete conventos, três de frades e quatro de freiras. Os primeiros eram o de Nossa Senhora da Guia, de franciscanos, fundado no século XVI; o de eremitas de Santo Agostinho, edificado em 1584; e o de Santo António, de recoletos, fundação do mesmo século. Os segundos: S. Gonçalo, de religiosas de Santa Clara; Nossa Senhora da Esperança, da mesma ordem; S. Sebastião, de capuchas; e o de freiras da Conceição.

Há na cidade dois passeios públicos: um mais central e pequeno, dividido em ruas de arvoredo; outro é um grande campo, chamado de Gasão, com árvores em torno.

Os arrabaldes de Angra são mui arborizados e formosos. Ao ocidente da cidade, entre o mar e as serras, que se erguem na sua vizinhança, estende-se pelo espaço de uma légua de comprimento, e meia de largura, a deliciosa veiga da Terra Chã, povoada de varias quintas e casas de campo, e fertilizada por muitas fontes de boas águas. De todas as quintas dos subúrbios da cidade estrema-se a do senhor José do Canto. Plantada ao gosto inglês, enriquecida com uma numerosa e magnifica colecção de plantas exóticas, assombreada por bom arvoredo; e abundantissima de águas, que se represam em lagos ou brincam em saltos e repuxos, esta formosíssima vivenda podia servir de adorno aos arrabaldes de qualquer das capitais da Europa.

A cidade de Angra é sede episcopal desde o ano de 1534, em que foi erecto pelo papa Paulo III o bispado dos Açores, com o titulo de bispado de Angra, sufraganeo do patriarca de Lisboa. Também esta cidade é assento de um tribunal da relação.

Angra era, ainda não há muitos anos, a capital de todas as ilhas dos Açores; porém hoje apenas o é de um dos dois distritos administrativos em que modernamente se dividiu aquele arquipélago. No antigo sistema tinha voto em cortes, com assento no banco primeiro.


Abundante de todos os géneros necessários á vida, e de muitos que são de regalo para as classes abastadas, faz um comercio importante de exportação para o continente do reino e para Inglaterra. Os principais objectos deste comercio são cereais, legumes e laranjas.

O seu brasão de armas é um escudo esquartelado de branco e vermelho; sobre o vermelho tem uns braços empunhando espadas e sobre o branco tem umas pombas. No centro vê-se um escudete com as quinas. Tem por timbre coroa e um braço armado de espada.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 Angra do Heroísmo tem 34 976 habitantes

Angra do Heroísmo é uma cidade na Ilha Terceira,  Açores.

Freguesias do concelho de Angra do Heroísmo

Altares, Cinco Ribeiras, Doze Ribeiras, Feteira, Nossa Senhora da Conceição (Angra do Heroísmo), Porto Judeu, Posto Santo, Raminho, Ribeirinha, Santa Bárbara, Santa Luzia (Angra do Heroísmo), São Bartolomeu de Regatos, São Bento, São Mateus da Calheta, São Pedro (Angra do Heroísmo), Sé (Angra do Heroísmo), Serreta, Terra Chã, Vila de São Sebastião

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em ANGRA DO HEROISMO

PS - 8285/45,5% - 3 mandatos
PSD - 6419/35,7% - 3 mandatos
CDS - 2479/13,8% - 1 mandato

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Angra do Heroísmo

PS - Andreia Martins Cardoso da Costa
PPD/PSD - António Lima Cardoso Ventura
PS - Francisco Cota Rodrigues
PPD/PSD - Maria Teresa Valadão Caldeira Martins
PS - Raquel Margarida Pinheiro da Silva
CDS-PP - Artur Manuel Leal Lima
PPD/PSD - Fernando Francisco de Paiva Dias

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