segunda-feira, 26 de setembro de 2011

História de Évora e antigo brasão (imagem de 1860)




História de Évora e antigo brasão (imagem de 1860)

A CIDADE DE ÉVORA



Évora a capital da rica província do Alentejo é uma das mais antigas cidades do reino e, como tal, a sua origem é desconhecida, ou pelo menos muito duvidosa.

Alguns autores atribuem a sua fundação aos celtas iberos, outros aos tartesios andaluzes. Carvalho, na sua Corographia portugueza, diz que foi fundada pelos eburones ou eburonices, antigos povoadores da península hespanica, 2059 anos antes do nascimento de Cristo, pondo-lhe o nome de Ebora.

O que se pode ter por verdade, é que já existia anteriormente ao domínio dos romanos. Durante a porfiosa luta que os lusitanos sustentaram em defensa da sua independência, foi Évora a principal residência dos dois grandes capitães, Viriato e Sertório, que em épocas diversas conseguiram, por seu heróico esforço, impedir o passo e levar de vencida os poderosos conquistadores que assoberbavam o mundo.

Ao segundo destes heróis deveu a cidade de Évora muita prosperidade e importância e belos monumentos, alguns dos quais, atravessando tantos séculos, nos falam ainda hoje do ilustrado governo de Sertório, da sua grandeza e gloriosas empresas.

No seu tempo ainda a cidade se denominava Ebora; porém, depois, tendo-se curvado toda a Lusitânia ao jugo de Roma. tomou Ebora o nome de Liberalitas Julia, em comemoração da visita que lhe fez Júlio César e dos favores que lhe concedeu, elevando-a á categoria de município romano e dando aos seus habitantes os mesmos privilégios que desfrutava a cidade de Roma.

Os bárbaros que destruíram o império dos Césares, invadiram e sujeitaram também a Lusitânia, onde se civilizaram e conservaram, principalmente os visigodos, pelo espaço de duzentos anos. Do domínio destes passou Évora para o dos moiros, que se assenhorearam da península no começo do século oitavo.

No fim de quatrocentos e cinquenta e um anos, que tanto durou este novo cativeiro, foi resgatada a cidade de Évora, em 1166, pelo esforço temerário de Giraldo Giraldes que, adquiriu por este glorioso feito, o cognome de Sem pavor.

Giraldo era um cavaleiro da corte del rei D. Afonso Henriques, que por certo crime que cometera, andava fugido e perseguido pela justiça. Para se reabilitar e obter o seu perdão resolveu, com outros mais companheiros nas mesmas circunstancias, tomar aos moiros por surpresa a cidade de Évora, o que alcançou numa noite, começando por trepar à torre da atalaia, onde surpreendeu e matou o moiro vigia e sua filha. Em memoria desta acção, que D. Afonso Henriques recompensou generosamente, tomou a cidade por brasão de armas um escudo coroado e nele, em campo azul, a figura de Giraldo montado num cavalo, empunhando a espada na mão direita e com a esquerda segurando pelos cabelos as cabeças dos dois vigias.

Quase todos os nossos Reis, até D. Sebastião, tiveram por vezes a sua corte em Évora, pelo que esta cidade foi teatro de muitos sucessos importantes. Em diversos reinados, aí se reuniram em cortes os três estados do reino. Entre as festas que aí se fizeram por ocasião de consórcios reais, foram mui celebradas pelo seu aparato e magnificencia, as do casamento do príncipe D. Afonso, filho único de el rei D. João II, com a infanta D. Isabel, filha de Fernando e Isabel Reis de Castela.

Em 20 de Junho de 1483 foi justiçado na praça principal da cidade o infeliz duque de Bragança, D. Fernando II, acusado de conspiração contra el rei D João II, que era seu cunhado.

Nas guerras da restauração de 1640 foi sitiada e tomada pelo exercito espanhol comandado por D. João de Áustria, correndo o ano de 1663. Pouco depois foi recuperada por D. Sancho Manuel de Vilhena, conde de Vila Flor.

A cidade de Évora está edificada no centro da província do Alentejo e por todos os lados rodeada de dilatadissimas planícies.

Três vezes foi esta cidade fortificada. A primeira por Sertorio, que a cercou de muros com varias torres e cinco portas, cuja obra se demoliu no reinado de D. Fernando I. A segunda por D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando I, que construíram uma mais larga cerca de muralhas, que ainda existem bem conservadas, com maior numero de torres e dez portas. A terceira, nos reinados de D. Afonso VI e D. Pedro II, que principiaram e adiantaram um plano de fortificações que se não chegou a concluir e que devia constar de doze baluartes e dois meios baluartes, ligados na maior parte do seu recinto aos muros de que acabámos de falar.


Presentemente tem a cidade sete portas. chamadas da Lagoa, de Avis, de Mendo Esteves, da Piedade, do Rossio, do Raimundo e de Alconchel. As outras três perdeu-as com a edificação de dois conventos e de um baluarte.


No centro da cidade eleva-se um pouco o terreno com mui doce subida. Sobre essa pequena altura está situada a Sé. Foi fundada esta catedral pelo bispo D. Paio, no ano de 1186; e gastaram-se dezoito anos na sua construção. É um grande templo de arquitectura gótica, com cento e noventa e três palmos de comprimento, oitenta e nove de largura e cento e quinze de altura, dividido em três naves e contendo vinte capelas. Em 1721 foi demolida por ser pequena a antiga capela mor, começando-se então a actual, pelo risco de Ludovice arquitecto do palácio de Mafra. Toda construída de finos mármores e ornada de excelentes esculturas, é sem duvida uma das obras mais sumptuosas que neste género há em Portugal.


O primeiro bispo de Évora foi S. Manços, discípulo dos apóstolos, no ano 35 da era de Cristo. Tendo perdido a cidade a sua cadeira episcopal pela invasão dos moiros, recuperou- a logo que foi resgatada do poder dos infiéis, dando-lhe D. Afonso Henriques por bispo a D. Soeiro. Em 1540, por morte do cardeal infante D. Afonso, ultimo bispo de Évora, foi elevada esta mitra á dignidade arquiepiscopal, sendo o seu primeiro arcebispo o cardeal infante D. Henrique, depois rei.

As rendas desta Sé elevavam-se, no principio do século passado (18), a cento e quarenta mil cruzados.

Pegado á Sé está o palácio arquiepiscopal e, contíguo a este, o edifício da biblioteca publica e museu.

Além da freguesia da Sé, há na cidade mais quatro paroquias, que são: S Pedro, que foi igreja de templários e posteriormente reedificada; a de Santiago; a de Santo Antão, edificada na praça principal da cidade em 1558 pelo cardeal infante D. Henrique, a qual é um bom templo de três naves; e a de S. Mamede.

A igreja da Misericórdia foi fundada em 1533, bem como o seu hospital.


Contava Évora, antes da extinção das ordens religiosas, em 1833, vinte e dois conventos e colégios dentro da cidade e próximo dos seus muros. Dos de frades são dignos de menção, pelas suas magnificas igrejas, que se conservam em bom estado, os seguintes: o de S, Francisco cujo vastíssimo templo de uma só nave e sem colunas, que sustentem a sua singular abobada, foi construído nos reinados de el rei D. João II e de el rei D. Manuel; o de Nossa Senhora da Graça, de religiosos agostinhos, fundado por el rei D. João III no principio do seu governo; o de Ara Coeli, de religiosos cartuchos edificado em 1598 pelo arcebispo D. Teotónio de Bragança; o de Nossa Senhora do Espinheiro, de monges de S. Jerónimo, começado em 1452 e concluído em 1558; e o colégio do Espírito Santo, de jesuítas, obra do cardeal rei.

Os conventos de freiras são oito: o de Santa Helena, de religiosas capuchas, fundado pela infanta D. Maria, filha de el rei D. Manuel; o de Santa Clara, de franciscanas, levantado em 1458; o de Santa Catarina, de dominicas, edificado em 1547; o do Salvador, de franciscanas, fundado era 1605; o de Nossa Senhora do Paraíso, de dominicas, construído em 1516; o de S. Teresa, feito em 1681; o de S. Bento, de bernardas, cuja primeira fundação teve lugar em 1169; e o do Menino Jesus, de agostinhas, edificado em 1380.

Iríamos muito além dos limites se mencionássemos todos os edifícios religiosos que Évora possui. Bastará pois dizer, que além dos já referidos, conta muitos recolhimentos, confrarias e ermidas. Ainda existe o palácio da antiga inquisição, hoje propriedade particular.

Á frente dos seus estabelecimentos de caridade, figuram a Casa Pia, fundada em 1836, o hospital da Misericordia e o Celeiro para empréstimos aos lavradores pobres, chamado Monte de Piedade, instituído pelo cardeal infante D. Henrique em 1576.


Este mesmo príncipe honrou a cidade de Évora com uma universidade, que foi a segunda que houve no reino, e á erecção da qual muito se opôs a de Coimbra.


Nenhuma cidade de Portugal mostra como esta tantos vestígios da sua antiguidade e passadas grandezas. O aqueduto, chamado da Prata, com os seus dois elegantes pavilhões ou mães de agua; o templo de Diana, ornado do uni formoso vestíbulo de colunas corintias do mármore branco. O palácio de Sertorio, hoje ocupado pelas freiras do Salvador e do qual ainda restam algumas partes, apesar das reedificações posteriores; uma das portas e parte de uma torre da cerca da cidade, mandada fazer por Sertorio, são, além de varias inscrições e cippos, os padrões, que comemoram a prosperidade e importância de Évora, no tempo dos romanos.



Os restos do palácio real, com suas formosas janelas góticas, junto ao convento de S. Francisco e no fundo de um espaçoso terreiro, obra dos Reis D. João II e D. Manuel; o antiquíssimo palácio acastelado dos duques do Cadaval, e os de outras antigas casas titulares, mais ou menos bem conservados, atestam o esplendor de Évora, nas épocas em que foi corte de nossos Reis e principal residência de muitas das mais nobres famílias de Portugal.


Évora é sede das diversas autoridades e repartições, que competem á capital de um distrito. Possui um liceu nacional, um seminário arquiepiscopal, uma biblioteca publica, um museu de antiguidades, achadas pela maior parte em escavações nos arredores da cidade, dois teatros, onde representam companhias volantes e uma casa de assembleia. O regimento de cavalaria nº 5 tem o seu quartel nesta cidade, cujo edifício é talvez o mais belo e vasto de entre todos os quartéis militares do reino.



Não há na cidade nenhuma praça regular; porém a maior praça é bastante grande e tem alguns bons edificios. Na extremidade da praça, fazendo frente á igreja de Santo Antão, fica a casa da câmara e a cadeia, edificadas no reinado de D. Afonso V. As outras praças são pequenas. O Rossio é fora dos muros da cidade e junto á porta do mesmo nome. É um grande campo sem mais edificações do que um chafariz. Tem uma alameda de árvores plantadas modernamente, que oferece um agradável passeio, porém pouco concorrido. É aqui que se fazem as feiras anuais, a 24 de Junho e a 12 de Outubro. Esta é só de gados e muito concorrida, porém aquela e a de Viseu são as duas mais importantes de todo o reino.


Próximo do Rossio e junto ás muralhas da parte de fora, está a horta dos soldados, com seus arvoredos, tanques e flores. É um bonito passeio, com vista desafogada para os lados de Beja, mas pouco frequentado.



A cidade é bem abastecida de agua pelo aqueduto da Prata, que alimenta vários chafarizes no interior da povoação e por outras fontes que estão fora dos muros.

Os arrabaldes de Évora não são formosos. Em torno das muralhas há varias hortas e, mais distante, espalhadas aqui e ali, vêem-se algumas quintas arborizadas, mas poucas e pequenas. Tudo o mais são campos de trigo, perfeitamente planos. Só ao longe se avistam montes, olivais e frondosos arvoredos dos montados.

Os mercados da cidade são abundantemente fornecidos de frutas e de todo o género de criação e caça, que lhe vem de diferentes terras, e até da Beira. O termo cujos terrenos são de extraordinaria fertilidade, produz muitos cereais, azeite e algum vinho. Cria-se nele grande quantidade de gados de diversas espécies, que constituem, juntamente com as lãs, um dos mais importantes ramos do seu comercio.

Évora gozava, no antigo regímen, de voto em cortes sentando se os seus procuradores no primeiro banco. A sua população excede hoje talvez a dez mil almas. Nos tempos em que foi corte tinha mais do dobro.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa

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Pelo Censos 2011 Évora conta com 57 073 habitantes

Évora é capital do Distrito de Évora

Freguesias de Évora

Bacelo, Canaviais, Horta das Figueiras, Malagueira, Nossa Senhora da Boa Fé, Nossa Senhora da Graça do Divor, Nossa Senhora da Tourega, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Machede, Santo Antão, São Bento do Mato, São Mamede, São Manços, São Miguel de Machede, São Sebastião da Giesteira, São Vicente do Pigeiro, Sé e São Pedro, Senhora da Saúde, Torre de Coelheiros 

Eleições Autárquicas - 11/10/2009


Votação por Partido em EVORA

PS: 40% - 3 mandatos
PCP: 34,7% - 3 mandatos
PSD: 17,5% - 17,5%

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Évora

PS - José Ernesto Ildefonso Leão d'Oliveira
PCP-PEV - Eduardo Lorge Pratas Fernandes Luciano
PS - Manuel Francisco Grilo Melgão
PPD/PSD - António José Costa Romenos Dieb
PCP-PEV - Jesuína Francisca Rosa Pedreira
PS - Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira
PCP-PEV - Joaquim José Abreu Soares

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