História das Ordens Religiosas em Portugal - Congregação da Missão
Foi instituída esta Congregação nos Reinos de França no ano de 1625, por S. Vicente de Paulo, e canonicamente aprovada no ano de 1632, por Urbano VIII, pela Bula Salvatoris nostri, de 12 de Janeiro, e confirmada por Alexandre VII, no ano de 1655, com especial Regra e Constituições, que compreende quarto voto de permanência na Congregação só dispensável pelo Pontífice ou pelo Superior Geral da Congregação. O fim é exortar aos fieis, pregando-lhes a palavra Divina, instrui-los na Doutrina Cristã, nos povos para onde forem chamados ou aonde os destinar o Ordinário a quem reconhece respectivamente cada Casa, quanto às funções destinadas ao próximo, por ser esta Congregação do corpo Clerical e não do numero das Ordens Religiosas.
Tem também por obrigação coadjuvar aos Sacerdotes, para que se instruam naquelas ciências e virtudes, que seu estado requer, e admitir por dez dias em suas Casas aos que estão próximos a se ordenar in Sacris, aplicando-os à Oração mental, Sagrada Escritura e Teologia Moral, com outros exercidos pertencentes ao Sacerdócio, Cerimonias da Missa e Ritos Eclesiasticos. Da mesma sorte recebem por oito dias a qualquer Clérigo ou secular que querendo regular sua vida se sujeitar às suas instruções e documentos.
Em Portugal a introduziu o Padre José Gomes da Costa, natural do Arcebispado de Braga, o qual, tendo entrado na Congregação da Missão em Roma, impetrou da Santidade do Papa Clemente XI um Breve em 13 de Março de 1716, para poder fundar a Congregação neste Reino, especialmente no Bispado da Guarda. Chegou a Portugal e, achando melhor comodidade de fazer sua primeira fundação em Lisboa, alcançou licença delRey, pastada em Alvará de 14 de Janeiro de 1717 e declaração do Eminentíssimo Cardeal Patriarca ao Breve Pontifício, de lhe não prejudicar à concessão a variação do lugar por Decreto de 7 de Abril de 1717.
Desembaraçados e dispostos estes princípios, vieram logo de Itália para esta fundação, quatro Sacerdotes com dois Irmãos Leigos da mesma Congregação e se estabeleceram no sitio e quinta de Rilhafoles, onde começaram a exercer as funções do seu Instituto; porém, como depois quisesse S. Majestade que a nova Casa da Congregação estivesse em tudo subordinada ao Eminentíssimo Cardeal Patriarca de Lisboa, não quiseram os ditos Padres condescender com esta absoluta determinação delRey.
Faleceu o Padre José Gomes, em 2 de Novembro de 1725, e vendo os mais Padres impossibilitado o seu estabelecimento, voltaram em diversos tempos para Itália, excepto o Padre José Joffreu Catalão e o Irmão Leigo João Baptista Marquisio, Italiano, os quais, ajudados de alguns Padres Portugueses, foram todavia continuando com os exercícios espirituais de Ordenandos. E sem embargo de que ElRey impetrou Breve Pontifício, para que pudessem livre e licitamente passar a esta Casa da Congregação da Missão sujeita ao Senhor Patriarca quaisquer indivíduos da Congregação da Missão sujeita ao seu Padre Geral, ninguém quis entrar nela.
Estava já como frustrada e desfeita esta fundação, quando no ano de 1738, em que S. Majestade quis celebrar com extraordinaria grandeza a Festa e Oitavario da Canonização de São Vicente de Paulo, no ultimo dia 26 de Julho, concedeu ao dito Senhor ao Padre Joffreu licença para se fundar esta Congregação, sujeita ao Superior Geral dela, residente em Paris. Ficou logo por Superior o Padre José Joffreu e vieram em diversos tempos sujeitos da mesma Congregação de França, Itália e Catalunha e se começaram a admitir Noviços e continuar as funções e exercícios do dito Instituto, com admirável edificação e utilidade de todos; e para maior estabelecimento, ElRey Dom João V, com a sua costumada generosidade, dotou esta Casa de abundantes rendas. Em 19 de Janeiro de 1743 faleceu o Padre Joffreu e foi nomeado para Superior o Padre Salvador Barreira, que presentemente governa e nesta dignidade é o terceiro.
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