segunda-feira, 10 de junho de 2013

História: Fenícios e Romanos nos Açores

Fenícios e Romanos nos Açores

São vários os vestígios arqueológicos encontrados nos Açores que parecem provar a presença dos Fenícios naquelas ilhas: dezenas de túmulos escavados na rocha (hipogeus) parecidos com os que foram construídos pela civilização fenício-púnica em toda a região do Mediterrâneo há mais de 2 mil anos; construções de pedra que apontam para  uma época ainda mais recuada, o período neolítico (10 mil a 3 mil anos antes de Cristo); uma coluna com inscrições aparentemente do tempo dos romanos. Nos últimos anos têm-se multiplicado os achados arqueológicos que sugerem uma provável presença humana continuada muito antes da chegada dos portugueses aos Açores, em 1427.

No a ilha do Corvo, são pelo menos 100 os possíveis hipogeus espalhados por toda a ilha. Muitos estão tapados por pedras, mas os que se encontram abertos foram sucessivamente reutilizados por gerações de agricultores para guardar gado ou utensílios agrícolas. Na ilha Terceira, no Monte Brasil, que domina a baía de Angra do Heroísmo, os hipogeus repetem-se, embora sejam de maiores dimensões e muito menos numerosos. A 4 quilómetros a norte da cidade, na zona do Espigão, construções em pedra que parecem megalíticas emergem no meio de uma mata.

José Malhão Pereira, membro da Academia da Marinha afirma que «era possível navegar do Mediterrâneo para os Açores com os veleiros existentes nas épocas dos fenícios ou dos romanos, embora fosse mais fácil regressar, por causa da direcção dos ventos no sentido do nordeste».

Nuno Ribeiro, Presidente da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA) afirma que os fenícios, cartagineses ou romanos não podiam navegar do Mediterrâneo para o Atlântico, contra os ventos dominantes, em barcos de vela quadrada. «Mas os fenícios, por exemplo, chegaram a ocupar uma parte da  Mauritânia navegando ao longo da costa africana, e qualquer barco que quisesse regressar ao Mediterrâneo tinha que passar obrigatoriamente pelos Açores, devido à direcção dos ventos e das correntes marítimas. Era a famosa volta da Guiné, ou volta da Mina, de que falavam os navegadores portugueses das Descobertas, rota que passava nas cinco ilhas do grupo central (Terceira, Faial, Pico, S. Jorge e Graciosa), onde os melhores portos naturais estavam onde hoje são as cidades de Angra do Heroísmo, na Terceira, e da Horta, no Faial».

Romeo Hristov, arqueólogo da Universidade do Texas em Austin, que visitou em Abril as estruturas da ilha Terceira, considera que «há a possibilidade de se descobrir algo de importante nos Açores que aponta para uma navegação muito antiga no Atlântico...»

Fonte: Virgílio Azevedo, Expresso, edição impressa de 8 de Junho de 2013


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