História da Golegã e imagem de 1860 do antigo brasão
A VILA DA GOLEGÃ
No meio de campinas dilatadissimas, próximo do Tejo, está assentada a Vila da Golegã, em terreno tão plano, que este rio nas suas inundações, invade uma boa parte da povoação, cercando-a por tal modo, que só em barcos se pode sair dela. Fica a quatro léguas sudoeste de Santarém e uma sul de Torres Novas.
Teve principio esta vila numa estalagem que aí estabeleceu uma mulher natural da Galiza, por ser um ponto muito frequentado de viajantes, principalmente dos que transitavam de Santarém para Tomar e Coimbra.
Com o tempo foram-se edificando algumas casas junto á estalagem. A fertilidade do terreno foi atraindo novos povoadores e assim veio a formar-se uma vila, onde anos antes era um deserto.
Não encontramos memoria da época em que se fundou a estalagem, mas deveria ser em tempos muito antigos, por essa mesma falta de noticias e porque no século XV já existia a povoação. Como geralmente chamavam à estalagem a venda da Galega, passou este nome para a povoação que denominaram vila da Galega, que com o andar do tempo se corrompeu no de vila da Golegã. Mas a sua origem está comemorada no seu brasão de armas, que consiste em um escudo verde, aludindo á fertilidade dos campos e, no meio dele, uma figura de mulher com uma infusa na mão.
Situada sobre a antiga estrada real que ligava Lisboa ás províncias do norte do reino, a Golegã prosperou muito até ao reinado de D. Maria I, em que se abriu a nova estrada real por Leiria e Pombal.
Então começou a decair, como sucedeu a Santarém e ás outras terras a que a estrada velha dava vida e animação. Contudo a riqueza do solo contrabalançou- lhe, de algum modo, os tristes efeitos daquela mudança, que não se limitaram á falta de concorrencia de passageiros, antes também deles resultou a ruína imediata da abandonada estrada. O desenvolvimento que tem tido a agricultura entre nós, de 1833 para cá, tem feito sentir ali o seu benéfico influxo. A vila tem aumentado em edifícios, industria e riqueza.
A Golegã conta perto de três mil habitantes e uma única paróquia, intitulada de Nossa Senhora da Conceição, a qual foi fundada por el rei D. Manuel. Tem casa de Misericórdia, as ermidas do Salvador, S. João, Santo António e S. Miguel. Teve um convento de frades franciscanos. Há na vila muitas casas de boa aparência e algumas que podem chamar-se belas residências, pois que aí se encontram muitas famílias nobres e opulentos lavradores.
Lavoira de cereais em grande escala, extensos olivais, muitas vinhas e dilatados prados onde se criam gados de variada espécie, constituem os principais elementos da sua industria agrícola.
Está no seu termo a quinta da Cardiga, junto do Tejo, que foi dos freires de Cristo do convento de Tomar e boje pertence ao senhor Almeida Lima. É uma das maiores propriedades que há em Portugal e também uma daquelas onde melhor se executam as boas praticas e novos processos da agricultura. É um estabelecimento agrícola a todos os respeitos muito importante e completo, que pode ser visitado sem vergonha do país por qualquer estrangeiro. Foi comprada ao estado em 1834 por Domingos José d Almeida Lima, pai do actual possuidor, pela quantia de duzentos contos, se nos não falha a memoria.
No mesmo termo há ainda outras quintas muito grandes, como a da Labruja, que foi dos jesuítas, a dos Alemos, a do Paul, etc.
Em Novembro tem a Golegã a sua feira anual, que é das mais importantes do reino. Começa no dia 11 e dura oito dias. É mui grande a concorrencia de gente, de géneros e de gado, não só do país mas igualmente de Espanha.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Pelos Censos 2011 a Golegã conta com 5482 habitantes
Freguesias da Golegã
Azinhaga
Golegã
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