História das Ordens Religiosas em Portugal - Cónegos Seculares de S. João Evangelista

História das Ordens Religiosas em Portugal - Cónegos Seculares de S. João Evangelista

Os primeiros alicerces que esta Santa Congregação lançou neste Reino, foram em casa do Prior de Santa Maria dos Olivais, uma légua de Lisboa, onde no ano de 1421, o Venerável Mestre João Vicente, natural de Lisboa, Medico delRey D. João I, Físico Mor do Reino, e que depois foi Bispo de Lamego e de Viseu, se juntou a mais cinco Sacerdotes de boa e exemplar vida, com o projecto de reformar o Clero relaxado. Daqui passaram ao Porto, no ano de 1423, com o mesmo intento, e os favoreceu muito o Bispo D. Vasco, recolhendo-os na Igreja de Santa Maria de Campanhã, uma légua fora da Cidade.

Depois o Arcebispo de Braga, Dom Fernando da Guerra, reduzindo o Mosteiro de Vilar de Frades, que tinha sido de Monges Beneditinos, a Igreja Paroquial, colou nela ao Venerável Mestre, em 25 de Fevereiro de 1425. Aqui se congregaram os outros companheiros e começaram a exercer tais actos de virtude, que adquiriram o nome de Bons homens de Vilar.

No ano de 1430, o Venerável Fundador passou a Roma e, em 15 de Janeiro do ano seguinte, obteve do Papa Martinho V um Breve, que confirmava a nova Congregação. Neste meio tempo, chegou de Veneza Dom Afonso Nogueira, um dos primeiros companheiros do Venerável Mestre, o qual, por sua devoção, tinha ido visitar a Casa de de São Jorge de Alga, fundada pelo insigne Veneziano D. António Corrario, que instituiu nela a regularidade dos Cónegos reformados no ano de 1408.

Com a comunicação, que o devoto Português (o qual depois foi Bispo de Coimbra e Arcebispo de Lisboa) teve com aqueles Cónegos, alcançou deles a Regra e formalidade do habito, das quais coisas agradados os Padres de Vilar, escreveram a Roma ao Venerável Fundador para que confirmasse a nova Ordem à imitação da de S. Jorge de Alga. Alga é uma pequena Ilha de mar Adriático a qual dista duas milhas da Cidade de Veneza.


Facilmente conseguiu este negocio do Papa Eugénio IV, mui afecto ao Venerável Mestre, porque em 18 de Maio de 1431, se passou o Breve para a nova Congregação se estabelecer em Vilar de Frades, com os mesmos privilégios e graças concedidas aos Cónegos de S. Jorge de Alga, e com o mesmo habito azul, de que hoje usam os nossos, porque até então se vestiam de pardo.

Foi esta Casa de Vilar até ao ano de 1461 cabeça da Congregaçao, sendo o seu Reitor Capitão Mor, Senhor donatário e Ouvidor do Couto de Manhente, onde faz audiência e preside às eleições dos Juízes no primeiro de Janeiro. Depois, a instâncias da Rainha Dona Isabel, mulher delRey D. Afonso V, se mudou o nome que tinham, de Cónegos de S. Salvador de Vilar, para o de Cónegos de S. João Evangelista, e a Casa de São Bento de Xabregas, junto a Lisboa, começou a ser cabeça de Congregação, e o seu Reitor Geral dela, que tudo confirmou o Papa Pio II, no ano de 1471, agregando-lhe de novo, além das graças que já tinha, as presentes e futuras da Ordem de S. Jerónimo em Espanha.

Viveram sempre os filhos desta Sagrada Congregação com tão bom exemplo, que o Papa S. Pio V lhes mandou pedir, por Breve de 28 de Marco de 1568, sujeitos para reformarem a Congregação de Veneza, como de facto foram cinco, de que resultou professar a Congregação de Itália os três votos essenciais, como as mais Religiões, não se entendendo isto com a nossa de Portugal, que ainda hoje são Cónegos Seculares, que vivem em comum, sem mais Regra que os Estatutos feitos pelo seu santo Fundador, o Venerável Mestre João.

Consta esta Congregação dos Conventos seguintes: