segunda-feira, 10 de outubro de 2011

História das Ordens Religiosas em Portugal - Congregação das Covas de Monfurado

História das Ordens Religiosas em Portugal - Congregação das Covas de Monfurado


Na Freguesia de Santiago do Escoural, termo de Montemor o Novo, uma légua distante da Vila para o Sul, está um sitio a que chamam as Covas de Monfurado, pelas grandes concavidades que ali abriu a natureza. Nestas ásperas brenhas e bem no meio de uma serra, foram, no ano de 1710, habitar dois Eremitas, cujo exemplo, arrependido das verduras da sua mocidade, imitou no ano de 1713, o Irmão Baltazar da Encarnação, a quem acompanhou também o Irmão Francisco da Cruz. Vestidos pois de um desprezível burel, começaram a viver asperrimamente, mortificando-se com tão esquisitas penitencias, que eram venerados pelos habitadores daqueles contornos.

Sucedeu a morte do Irmão Francisco da Cruz, que dando sinais de predestinado, fez aumentar a fama dos outros companheiros; e como a virtude onde existe logo exala suave fragrância de admirável atractivo, foram concorrendo vários sujeitos que em breve tempo fizeram sua Ermidinha e a dedicaram a Nossa Senhora do Castelo, mandando o Ilustríssimo Ordinário de Évora benze-la a 11 de Fevereiro de 1725, para se celebrarem nela os Ofícios Divinos, os quais se começaram a fazer com tanta perfeição pelas pessoas capazes que se tinham agregado, que muita gente concorria de muito longe a dar graças a Deus por verem convertido aquele covil de feras em morada de Anjos.

Chegou à Corte a noticia do exemplar procedimento destes virtuosos solitários, e a impulsos de excessiva e piedosa benevolencia os tomou debaixo da da sua protecção o Sereníssimo Senhor Infante Dom António, e a seu exemplo toda a Nobreza os favoreceu muito. Ordenado o Irmão Baltazar de Sacerdote no ano de 1732 e constituído Director da Congregação, instavam fortemente os Monges por Estatutos fixos; fabricou-os o Padre Baltazar, inspirado pela fortaleza do seu espírito e aspereza da sua vida penitente, totalmente fora do caminho ordinário e das forças humanas e, assim foi preciso a incomparavel piedade do Sereníssimo Senhor Infante mandar consultar os melhores homens de virtude, prudência e letras, os quais, entendendo bem que o nimio rigor costuma afrouxar com o tempo, formaram uns Estatutos muito do agrado de S. Alteza e dos mesmos Monges, que o Ordinário aprovou a 4 de Junho de 1738.

No ano seguinte, a 18 de Janeiro, deram sujeição ao Ilustríssimo Cabido de Évora, por estar então Sede vacante e professaram todos nas mãos do Cónego Simão José Silveiro Lobo, Deputado do Santo Oficio, e nesta observância vivem com grande edificação, O seu habito consta de túnica interior, habito exterior preto de pano grosso, capelo, escapulario, manto curto com uma palma debuxada no ombro esquerdo e, no meio do escapulario, como em memoria do deserto de S. Paulo, primeiro Eremita e seu Protector.

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