quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Casa do Capítulo da Ordem de Cristo em Tomar (imagem de 1860)




Casa do Capítulo da Ordem de Cristo em Tomar (imagem de 1860)

Coevo da independência de Portugal e das nossas grandes edificações do século XII, erigido por um dos valentes capitães de D. Afonso Henriques, o mestre do Templo D. Gualdim Pais, em 1160, resume este documento a série dos estilos arquitectónicos que se sucederam desde aquele século até ao século 18, isto é, de D. Afonso Henriques até D. João V, que foi o último soberano que ali fez obra.

E, todavia, nunca se completou aquele grandioso baluarte da Ordem de Cristo, baluarte que resistiu às hostes de Miramolim, imperador de Marrocos, para agora o vermos a desmoronar pelo desleixo de quem tem a seu cargo a manutenção dos monumentos nacionais!

Todos os reis de Portugal, como grão-mestres da Ordem, contribuíram para aquela portentosa edificação; mas desde o tempo de D. João I, em que a arquitectura mais se aperfeiçoou entre nós, fizeram-se ali obras notáveis, onde se admiram construções de estilo anterior ao gótico, muitas do manuelino, e não poucas do que floresceu no tempo dos Filipes, a quem se deve a do famoso claustro chamado da Procissão do Corpo de Deus, em retribuição do muito que os freires da Ordem o ajudaram a nos tornar cativos.

A mais bela e brilhante amostra do estilo de D. Manuel, em Tomar, é a janela da casa do capítulo, que fica debaixo do coro da igreja, em frente do claustro de Santa Bárbara.

Nesta casa capitular se reuniram, a 16 de Abril de 1581, as cortes, ditas de Tomar, para jurarem a Filipe II de Espanha, rei de Portugal, depois da derrota do prior do Crato em Alcântara.

Aí se jurou e prometeu o pérfido monarca 19 capítulos, contendo os foros e regalias que devia conservar a nação portuguesa, os quais em pouco tempo infringiu escandalosamente, apesar de ter afirmado com a mão sobre o Santo Evangelho - que se algum dos seus sucessores os quebrantassem, seriam malditos da maldição de Deus, da Virgem e dos apóstolos da corte celestial.

A nossa estampa é cópia da casa do capítulo, mandada edificar por D. Manuel, mas nunca concluída.

No topo ainda se vê distintamente, o grande nicho ou pavilhão de cantaria lavrada, onde se devia colocar a cadeira do grão-mestre da Ordem, ou trono do soberano, que era o mesmo, porque o rei era sempre o grão-mestre, desde D. Dinis, que depois da extinção da Ordem dos Templários, criou a de Cristo em 1319.

Archivo pittoresco, Volume 3, 1860

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