terça-feira, 25 de junho de 2013

História: Portugal antes de D. Afonso Henriques - 5ª Parte

História: Portugal antes de D. Afonso Henriques - 5ª Parte

Por Alexandre Herculano

Ignoramos quais fossem nesse momento os factos praticados por Gelmires conducentes ao seu fim. É certo, porém, que D. Urraca resolveu prendê-lo. Era negócio delicado. Tinha ele consigo os seus homens de armas: tinha, além disso, parciais no exército e uma influência na Galiza que era impossível desconhecer. Em frente do inimigo, semelhante empenho tornava-se quase inexequível pela certeza de que os sitiados aproveitariam a luta intestina dos sitiadores para os destroçarem. É provável que neste apuro a rainha preferisse congraçar-se com a irmã a deixar impune aquele homem desleal e hipócrita, contra o qual sentiria ódio tanto mais violento quanto se vira por longo tempo obrigada a reprimi-lo e a disfarçá-lo.

Fez-se, de feito, a paz. Por quais meios e por intervenção de quem, eis o que não chegou até nós. Um tratado, porém, existe celebrado entre as duas irmãs, que atribuímos a esta conjuntura e que, na verdade, fora dificultoso de conciliar com outra data. Ou a situação de D. Urraca habilitou D. Teresa para negociar com imensa vantagem a cessação das hostilidades, ou aquela princesa quis assegurar a lealdade de sua irmã, confiando-lhe um senhorio muito mais extenso do que até aí desfrutara. Na convenção e juramento feito pela rainha à infanta, prometeu aquela conservar a esta amizade fiel e opor-se a todo o mal que lhe intentassem fazer. Concedeu-lhe, além disso, o domínio de muitos lugares e terras nos modernos distritos de Zamora, Toro, Salamanca e Ávila com as rendas e direitos senhoriais destas cidades, afora outros nos de Valhadolid e Toledo, obrigando por isto D. Teresa a que lhe jurasse amparo e defesa contra os seus inimigos, quer mouros, quer cristãos, e a que lhe prometesse não dar acolhimento a nenhum vassalo da rainha levantado com terras ou castelos, nem a nenhum traidor. Os domínios novamente concedidos à infanta deviam ser considerados como uma tenência semelhante à dos que anteriormente possuía, no que, porventura, só se fazia referência às terras de Tui e Orense, ou antes, como cremos, a estas e às de Portugal.

O leitor, decerto, não esqueceu a cessão feita por D. Urraca ao conde Henrique quando pretendeu atraí-lo ao seu partido, nem que a divisão dos estados de Afonso VI assentada em Palência não parece ter chegado a realizar-se plenamente durante a vida do conde. Igualmente estará lembrado do modo como D. Teresa se houve, depois da morte dele, para tornar efectivas as miras ambiciosas que lhe eram comuns com o marido, e das circunstâncias que a reduziram a contentar-se do senhorio de Portugal como província dependente de Leão. Comparando agora este facto com essoutros e com as conquistas feitas em 1116 na Galiza, tal comparação o levará, como nos leva a nós, a vermos no tratado de Lanhoso uma renovação, posto que modificada, daquelas antigas promessas e pactos. Neste pressuposto, as terras cedidas ao conde teriam sido as da Galiza, de que D. Teresa se apoderara depois, e as que sua irmã lhe cedia especificamente pelo actual convénio, entre as quais se encontra Zamora, que sabemos tocara a Henrique na divisão feita em 1111. Se o conde, porém, pretendera e obtivera a cessão do pleno e independente domínio desses territórios, havia entre os dois factos uma diferença profunda, a da vassalagem de D. Teresa, nascida das circunstâncias que tinham obrigado a infanta a aceder à assembleia de Oviedo em 1115.

Dados recíprocos fiadores da execução do tratado, as duas irmãs parece terem convivido familiarmente; ao menos os íntimos conselheiros da rainha julgaram poder comunicar a D. Teresa o que se tinha resolvido acerca da prisão de Gelmires e os meios que para isso se haviam de empregar. D. Teresa, porém, talvez por influência de Fernando Peres, mandou avisar o prelado, oferecendo-lhe ao mesmo tempo ou um dos seus castelos para ele se acolher, ou algum dos seus navios para voltar a Compostela. Gelmires, confiado na reconciliação jurada com D. Urraca ou, o que é mais certo, nos homens de armas que o cercavam, recusou a oferta, posto que antes deste aviso já corresse no arraial uma notícia vaga da tentativa. Assim, pondo-se em retirada para a Galiza o exército invasor, ele não se apartou da rainha, a quem também acompanhavam alguns súbditos de D. Teresa, porque nos consta seguiam o campo o arcebispo de Braga e o bispo de Orense. Chegados à margem esquerda do Minho, a rainha ordenou passassem primeiro os cavaleiros de Gelmires, o que efectivamente se executou, ficando este com o infante e com ela para depois seguirem com o resto do exército. Apenas, porém, os homens de armas do compostelano pisavam o território galego e começavam a acampar-se, a rainha mandou prender o prelado, que, na impossibilidade de resistir, contentou-se de protestar contra semelhante procedimento. Divulgada a nova da prisão, o arcebispo D. Paio e o bispo de Orense fugiram atemorizados o que não deixa de ser extraordinário e parece indicar alguma cumplicidade destes dois personagens da corte de D. Teresa com o astucioso Gelmires e, até, pode fazer suspeitar, atentas as relações estreitas que existiam entre ele e Fernando Peres, que do lado da infanta não houvera a melhor fé na paz que celebrara e que nem com tão avultadas concessões pôde a rainha desligá-la inteiramente do seu antigo aliado. Mais veementes, porém, ainda se tornarão as suspeitas se nos lembrarmos do aviso oculto que ele recebera de D. Teresa sobre este mesmo sucesso e da aliança daí a pouco francamente feita contra a rainha entre a infanta e o próprio arcebispo de Santiago.

A audácia com que D. Urraca satisfazia assim ódios antigos e feria no coração o partido dos seus adversários, longe de conter estes fez rebentar mais breve essa conjuração latente cujos vestígios bem palpáveis nos aparecem nas bulas de Calisto II, nas cartas do cardeal Boso e do duque da Aquitânia, nos actos de Gelmires e nas frequentes tentativas da rainha contra este homem dissimulado, cujo carácter e maquinações seria impossível descortinar se os seus três panegiristas, autores da grande crónica de Compostela, fossem tão destros na arte de transfigurar a história como ele o foi em tecer enredos políticos. Nos oito dias que durou a sua prisão as coisas mudaram inteiramente de aspecto. Transferido o arcebispo para o castelo de Cira, D. Urraca dirigiu-se a Compostela, onde só encontrou demonstrações de descontentamento. Dentro de poucos dias seu filho Afonso Raimundes, o conde de Trava, Pedro Froilaz, e outros fidalgos da Galiza abandonaram-na, dirigindo-se às margens do Tambre, ao norte de Santiago, onde as tropas deles dependentes estavam acampadas. A rebelião não tardou a rebentar na cidade. A rainha viu-se obrigada a ceder à torrente, e Gelmires foi solto, retendo, todavia, a rainha em poder de governadores seus os castelos do arcebispo, de que, depois de o prender, se havia sucessivamente apoderado.

Não bastava, porém, ao orgulhoso sacerdote o haver sido restituído à liberdade e o ver mais uma vez D. Urraca humilhada. A posse desses castelos era assaz importante para ele não abandonar sem tentar fortuna a ideia de os recuperar. Enquanto a rainha dificultava a final concórdia, impondo ora estas, ora aquelas condições, Gelmires julgou oportuno tirar finalmente a máscara. Faz sorrir o grosseiro engano que os historiadores compostelanos pretendem fazer à posteridade assegurando que o arcebispo, ao ver que nem obteria os castelos, nem alcançaria apaziguar o ânimo da rainha sem despender avultadas somas, se ligara então com Afonso Raimundes e atraíra ao seu partido Pedro Froilaz e os outros condes e senhores de Galiza, que os sucessos até aqui narrados nos mostraram serem, havia muito, seus íntimos, posto que ocultos, aliados. A verdade é que a hipocrisia de lealdade à rainha não lhe era já nem possível nem necessária; Afonso Raimundes entrara nos dezoito anos, e a monarquia inteira estava cansada das calamidades que sobre ela trouxera a administração de D. Urraca, pouco habilitada, apesar da energia do seu carácter, para dirigir os negócios do Estado. Acrescia a isto o ciúme dos barões espanhóis contra a privança do conde Pedro de Lara, marido oculto ou, antes, amante da rainha, e cuja influência, como era natural, não conhecia limites, ao passo que Afonso I de Aragão, continuando a denominar-se não só rei, mas também imperador de Leão e Castela, apesar de ocupado nas suas gloriosas campanhas contra os sarracenos, prosseguia, ou pessoalmente ou por seus capitães, em assolar a monarquia que chamava sua e na qual ainda, com efeito, possuía algumas povoações e castelos. A irritação dos ânimos e a situação dos negócios facilitavam o verificar-se plenamente o que os parentes estrangeiros do infante, já de muito rei nominal da Galiza, ardentemente desejavam, e que o mancebo, dotado de altos espíritos, não menos ambicionava, isto é, o ser metido de posse da herança inteira de Afonso VI. O que, pois, até aí não passara de uma conspiração permanente tornou-se numa revolução declarada. Desde 1122 vemos Afonso Raimundes, ou antes Afonso VII, adquirir uma verdadeira supremacia nos estados de sua mãe e esta reduzida a submeter-se ao orgulho de Gelmires e a buscar amparo daquele famoso intrigante nas obscuras e inúteis dissensões que ainda teve com seu filho, durante os quatro anos em que sobreviveu a estes acontecimentos.

D. Teresa havia-se unido imediatamente ao partido do arcebispo, ou, o que é mais de crer, como acima insinuámos, tendo aproveitado a conjuntura da paz oferecida, não só para salvar o que possuía por morte de Henrique e as terras de Galiza retidas por ela, mas também para assegurar os novos senhorios que sua irmã lhe confiava, entendeu que não devia arriscar-se a perdê-los conservando-se no partido da rainha, cuja estrela visivelmente declinava. Era tão frequente naqueles tempos a quebra das mais solenes promessas, a ambição e o egoísmo tão pouco rebuçados, que não devemos julgar esse procedimento com o mesmo rigor com que o condenaríamos numa época mais recente. Além disso, Fernando Feres obtivera inteiro domínio no seu espírito, e nesta resolução da infanta-rainha sabemos que ele interveio por metade.

Não seguiremos aqui a série dos sucessos passados desde então na Galiza. Traçámos com cores que reputamos verdadeiras o quadro da tenebrosa trama que aí se urdira; porque sem conhecer esse quadro nunca se compreenderá bem o período do governo de D. Teresa, nem se podem encontrar a dedução natural dos factos pertencentes a esta difícil época da nossa história. Desde os fins, porém, de 1121 172 até à morte de D. Urraca (Março de 1126), no longo crepúsculo do poder da rainha de Leão e Castela, Portugal parece conservar-se inteiramente alheio às convulsões mais ou menos violentas da monarquia de que, até certo ponto, ele ainda fazia parte. Volvamos agora os olhos para o seu estado político interno enquanto no-lo consente o remanso da paz exterior.

A intervenção da infanta-rainha dos portugueses nos acontecimentos gerais da Espanha cristã tinha aumentado quase em dobro a extensão dos seus domínios. No Sueste da Galiza eles se dilatavam até às margens do Vibey, por todo o território a que naquele tempo chamavam Limia. No Sudoeste possuía Tui e as suas dependências, que não parece terem sido então grandes, posto que seja dificultoso determinar quais eram. O senhorio das importantes povoações a leste das modernas províncias de Trás-os-Montes e Beira concedido a D. Terega envolvia o domínio dos termos de cada uma delas. Assim o antigo condado desmembrado da Galiza por Afonso VI em 1095, sem se haverem dilatado as suas fronteiras para o sul, antes tendo sido cerceadas pelas conquistas dos almorávidas, achava-se notavelmente aumentado. A filha de Ximena Muniones colhera o fruto de se associar à facção da Galiza. Restava-lhe o conservá-lo.

Enquanto D. Urraca viveu, ela soube reter o que adquirira; mas a acessão de Afonso VII ao trono, para a qual contribuíra, veio a ser-lhe contrária, ao passo que a sua afeição desordenada por Fernando Peres não tardou a saciá-la nos últimos anos da vida de desventuras maiores que as de D. Urraca.

O filho de Pedro Froilaz achava-se revestido de uma autoridade tal que nos documentos contemporâneos ele figura como igual ou quase igual da infanta-rainha. Elevado à categoria de conde, entregues à sua administração imediata os distritos do Porto e Coimbra, os principais dos estados de D. Teresa, e obcecada esta por uma paixão, segundo parece, violenta, é natural que Fernando Peres obtivesse, até, a supremacia sobre os outros condes ou tenentes do resto do país. Os diplomas expedidos durante esse período, as expressões dos cronistas, as fórmulas das escrituras particulares, tudo conspira em persuadi-lo. A infanta seguia o triste exemplo que sua irmã lhe dera, e o alferes-mor do arcebispo Gelmires representava em Portugal o mesmo papel que Pedro de Lara fazia em Leão e Castela. As consequências disso deviam ser semelhantes, em mais resumido teatro, às que tinham enchido de perturbações a monarquia.

D. Paio, arcebispo de Braga, era homem rude e pertencia a uma família cujos membros foram mais notáveis por façanhas guerreiras que por brandura e política cortesãs. As suas discórdias com o arcebispo de Santiago sobre a posse de vários bens entre Douro e M.inho pertencentes à sé de Composteia tinham sido violentas e dilatadas. Afinal os dois prelados reconciliaram-se, e a legacia de Gelmires em Braga foi reconhecida por D. Paio, a troco de conservar as propriedades disputadas com o título de prestimónio ou mercê, como cónego de Santiago, no grémio de cujo cabido entrou, segundo o costume, vulgar nesse tempo, de serem os bispos de uma diocese membros do cabido de outra. Fizera-se esta reconciliação nos fins de 1121 e já em Março de 1122 ele enviava o clero da sua metrópole ao sínodo nesse mês reunido em Compostela, não indo ele próprio por se achar então ausente em Zamora. 

Voltando daí a pouco a Portugal, foi preso por D. Teresa. Os motivos que para isso houve ignoram-se. Sabemos só que o papa expediu uma bula a Gelmires em Junho deste mesmo ano, para que compelisse a rainha dos portugueses a soltá-lo até os fins do mês seguinte, aliás declarava-a excomungada, ordenando ao compostelano pusesse interdito em todos os senhorios dela. A ameaça produziu seu efeito, porque D. Paio aparece já confirmando os diplomas da rainha-infanta em Outubro desse ano.

Se os monumentos históricos nos não transmitiram as causas da prisão do metropolita bracarense, as circunstâncias deste facto, comparadas com os sucessos contemporâneos e com os que pouco depois ocorreram, levam-nos a suspeitar que esta prisão seja o primeiro e ténue indício da revolução que, arrancando o poder das mãos de D. Teresa, o fez cair nas de seu filho. A influência ilimitada de Fernando Feres devia forçosamente excitar desde o princípio o descontentamento e o ciúme dos barões portugueses, e as revoltas da Galiza, produzidas por um caso análogo, eram exemplo mui evidente e próximo, que lhes apontava o caminho que deviam seguir. Não ignoravam eles, por certo, os meios a que os fidalgos galegos tinham recorrido na sua conspiração, porque Portugal nela tivera boa parte. Os poderosos parentes que o amante de D. Teresa tinha na Galiza e as suas relações com o omnipotente Gelmires tornavam necessário que eles preparassem de sobremão os meios de sacudir o jugo importuno do conde. A família dos Mendes da Maia, à qual pertencia o arcebispo, foi uma das que principalmente figuraram na revolução que daí a anos privou D. Teresa do governo.

Existiam já neste ano princípios da conjuração? Era Zamora, como lugar remoto e ao mesmo tempo importante, o centro dela? Dá-se alguma relação entre esta residência em Zamora de D. Paio e o facto de ir Afonso Henriques armar-se ali cavaleiro pouco depois, o que, como adiante diremos, tem para nós uma significação diversa da que lhe atribuem os historiadores? Teve indícios D. Teresa da começada trama e quis por ela punir o arcebispo? Eis uma série de questões que, nas trevas espessas que obscurecem a maior parte dos sucessos daquele tempo, não passam de conjecturas, mas conjecturas verosímeis, que os progressos dos estudos históricos virão acaso algum dia resolver afirmativamente.



Temo-nos aqui abstido de falar em Afonso Henriques, acerca de cuja infância não faltam curiosas lendas nos nossos livros históricos. Como a de Carlos Magno ou de Artur; como a de quase todos os fundadores de antigas monarquias, a sua vida foi desde o berço povoada de maravilhas e milagres pela tradição popular. Infelizmente os inexoráveis monumentos contemporâneos destroem, ou com o seu testemunho em contrário ou com o seu não menos severo silêncio, esses dourados sonhos que uma erudição mais patriótica e piedosa que ilustrada recolheu e perpetuou. A história é hoje uma coisa assaz grave para não se entreter em conservar lendas nascidas e derramadas em épocas mui posteriores aos indivíduos a quem se referem. Até à idade de catorze anos o filho do conde Henrique apenas figura como confirmante de alguns diplomas de sua mãe, segundo a fórmula de chancelaria, vulgar nesse tempo, de se lançarem nos documentos antes dos nomes dos bispos e ricos-homens confirmantes os dos filhos do príncipe, muitas vezes ainda na primeira infância deles. A Crónica dos Godos, escrita, ao menos em parte, por um contemporâneo, apesar de ser principalmente destinada a conservar as memórias do seu governo, nada menciona que lhe diga respeito antes dos catorze anos. O cronista ignorava, até, a época prefixa do seu nascimento.

A crítica tem feito a devida justiça aos documentos forjados para encher essa lacuna, aliás de nenhuma importância. É em 1125 que o infante pratica o primeiro acto de que a história conserva lembrança. Este acto foi o armar-se cavaleiro em Zamora, então unida, como vimos, aos domínios de D. Teresa. Na catedral daquela cidade, no santo dia de Pentecostes, ele próprio foi tirar as armas de cavaleiro de cima do altar de S. Salvador e junto dele vestiu a loriga e cingiu o cinto militar, segundo o costume dos reis. A elevação de Afonso Henriques ao mais nobre grau da vida das armas, em idade imprópria para satisfazer as obrigações que ela lhe impunha, oferece uma circunstância notável, e é que no ano antecedente e neste mesmo dia Afonso VII praticara igual cerimónia na catedral de Compostela, e tomara do altar de Santiago a espada que para esse fim Diogo Gelmires benzera. Brevemente os dois primos deviam exercitar um contra o outro o nobre mister que aí aceitavam e que a Igreja santificara para os combates contra os infiéis.

Durante estes anos, as perturbações causadas em África pela nova seita dos almóadas tinham impedido Ali, o emir de Marrocos, de promover a guerra contra os cristãos da Espanha. Nesta região o terrível açoute dos muçulmanos, Afonso I de Aragão, entretinha principalmente as forças dos almorávidas, e as incursões das fronteiras do Ocidente eram passageiras e apenas feitas pelos sarracenos naturais do país. D. Teresa aproveitara esta conjunção para restaurar a linha de castelos que defendiam a fronteira meridional do distrito de Coimbra. Pelo menos os de Soure e Santa Eulália foram por esses anos reedificados. Em 1122 o conde Fernando Peres, que possuía o de Coja sobre o Alva, cedeu-o à rainha, recebendo em recompensa o senhorio daqueloutros. Soure, como mais exposto às correrias, com dificuldade achava habitadores; todavia, já por 1125 ele era não só um lugar forte, mas também uma povoação importante.

Depois de um reinado de dezassete anos consumidos em tumultos e guerras, D. Urraca faleceu em Março de 1126. A sua morte punha definitivamente nas mãos de Afonso VII o ceptro de Leão e Castela. A maior parte da nobreza declarou-se por ele. Os fautores do conde Pedro de Lara debalde tentaram opor-se a que o moço monarca subisse tranquilamente ao trono: o próprio conde foi constrangido a fazer com ele a paz. Os lugares que o rei de Aragão conservava ainda em Castela começaram a rebelar-se-lhe, e os habitantes das povoações acometiam e reduziam os castelos guarnecidos de tropas aragonesas, tomando a voz de Afonso VII.

Previa este, por isso, uma guerra com aquele que fora seu padrasto, e para a sustentar na fronteira oriental importava-lhe que se conservasse pacífico o Ocidente dos seus estados. Fora isto o que ele primeiramente assegurara, vindo a Zamora, onde D. Teresa se achava então com o conde Fernando Peres, e fazendo aí paz e amizade com eles por um período marcado; porque, como o tempo mostrou, Afonso não estava resolvido a consentir de futuro na independência completa de uma das mais belas províncias unidas à coroa leonesa por seu bisavô Fernando I.

A guerra com Afonso de Aragão começou, de feito. O rei lidador entrara rapidamente em Castela para reforçar as guarnições dos lugares fortes que ainda possuía. Afonso VII saiu-lhe ao encontro com um poderoso exército. Apesar da conhecida traição do conde de Lara, que, posto formasse com as suas tropas parte da vanguarda castelhana, recusara pelejar com os aragoneses, Afonso I não se atreveu a acometer o enteado. Tratou-se então de armistício entre os dois príncipes, e a guerra ficou suspensa, para daí a dois anos rebentar com dobrada violência.

As dúvidas que, provavelmente, foram suscitadas nas vistas em Zamora entre D. Teresa e o sobrinho sobre as relações políticas de Portugal com Leão parece terem ficado indecisas como o estavam havia anos. Mas a infanta-rainha, enquanto Afonso VII partia para Castela contra os aragoneses, cuidava activamente de pôr em estado de defesa os seus domínios da Galiza. Com este intuito fazia passar tropas para o Norte do Minho e, não se julgando segura com os castelos que ali possuía, edificava outros de novo, por cujo meio cria habilitar-se para recusar sujeição a seu sobrinho se este pretendesse impor-lha. Ao mesmo tempo os fidalgos galegos, sempre turbulentos, começavam a preparar de novo a guerra civil; mas Gelmires, ou já cansado das perturbações passadas ou porque sinceramente se resolvera a seguir por então o partido do novo rei, soube trazê-los por meios brandos à obediência, e Arias Peres, que se mostrava tenaz na intentada rebelião, viu destruídas ou tomadas pelas forças do arcebispo e do conde Gomes os castelos de Lobeira, Taberiolo, Penacornaria e outros em que confiava.

A redução de Portugal era, porém, negócio mais grave. D. Teresa tinha por si não só os barões de Portugal, mas também Fernando Peres, seu amante, e os cavaleiros da Galiza que à sombra dele tinham vindo residir em Portugal. Não lhe faltavam, além disso, homens de armas e riquezas para sustentar a guerra. Orgulhosa do seu poder, D. Teresa, que durante o governo de D. Urraca evitara, como temos visto, o declarar-se de todo independente, constrangida, talvez, agora pelas pretensões mais precisas de Afonso VII, recusava formalmente cumprir com as obrigações nascidas da tenência que, conforme o tratado de 1121 e atenta a origem primitiva dos domínios de que era senhora, o rei leonês entendia que ela exercitava.

Foram estes os motivos que trouxeram a Portugal uma invasão semelhante à que o deixara assolado dez anos antes. Na Primavera de 1127, feitas já as tréguas com o rei de Aragão, Afonso VII veio à Galiza e, mandando ajuntar as tropas desta província, marchou com um exército numeroso por Entre Douro e Minho. Das circunstâncias da guerra não nos restam memórias senão dos males que são comuns em tais sucessos e que pela barbaria dos tempos ainda o eram mais naquele século: devastações dos campos e aldeias, assédios de castelos, ruína das grandes povoações. A sorte das armas mostrou-se mais uma vez adversa a D. Teresa, cujo poder, por grande que fosse, era por certo mui inferior às forças do seu sobrinho. Os reveses experimentados nesta campanha, que apenas durou seis semanas, obrigaram a rainha a humilhar-se e a reconhecer a supremacia do monarca. Fez-se então a paz, e Afonso VII regressou imediatamente a Compostela, cujo prelado o acompanhara com todas as tropas que pudera ajuntar para aquela expedição.



Um dos factos mais poéticos da nossa história parece ter-se verificado durante esta invasão do rei leonês. Falamos da devoção heróica de Egas Moniz, tantas vezes citada como um dos mais nobres exemplos de honra e lealdade. Colocando a data do sucesso nos fins do ano seguinte ou nos princípios de 1129, como o fazem comummente os historiadores, seria necessário rejeitá-lo por fabuloso, como contrário a factos indisputáveis. Supondo-o, porém, realizado neste ano, não só se torna possível, mas também, concordando com documentos de outro modo inexplicáveis, reforça a nossa opinião sobre haverem aparecido já neste ano os primeiros sintomas da rebelião do infante Afonso Henriques contra D. Teresa.

Fizemos antes notar a circunstância da prisão do arcebispo de Braga depois de uma residência demorada em Zamora, e a de ser este prelado dum génio violento e membro da família dos senhores da Maia, cujas estreitas ligações políticas com o infante, ainda em vida da rainha, é impossível desconhecer. Narrámos também por que maneira Afonso Henriques, tendo apenas catorze anos, idade mais própria dos entretenimentos juvenis que da ambição de glória, se armara cavaleiro por suas próprias mãos na sé de Zamora. O exemplo do que havia sucedido em Leão e Galiza nos anos anteriores, a irritação dos barões portugueses contra o valimento de Fernando Peres, tudo, enfim persuade que essa violenta revolução, que numa batalha só acabou com a autoridade de D. Teresa, não foi um sucesso repentino sem antecedências, sem uma conspiração longamente preparada. 

Afonso Henriques, tomando o grau de cavaleiro pela forma que usavam os príncipes independentes e numa idade em que a espada era para ele um vão ornato, prestou-se em nosso entender a uma farsa dos conjurados, que com esse acto queriam lavrar uma espécie de protesto, não contra o domínio leonês, mas contra o de Fernando Peres, a quem, segundo se vê das subscrições dos diplomas desse tempo, ele era inferior na consideração da corte de sua mãe, que o ia afastando inteiramente dos negócios do Estado. Desde então, é natural que esses mesmos que assim começavam a preparar o infante para instrumento dos seus desígnios lhe fossem despertando e alimentando a ambição, sentimento que o tempo mostrou ser fácil de desenvolver no coração do mancebo. Se o estudo dos costumes daquela época e ainda mais o do coração humano nos não ilude, cremos que se uma história contemporânea e particularizada destes sucessos tivesse chegado até nós aí encontraríamos mais de uma cena análoga às que passaram na Galiza e em Leão durante a menoridade de Afonso Raimundes, quando os nobres, irritados contra a influência de Pedro de Lara e contra D. Urraca, tomavam por bandeira da sua vingança o nome daquele príncipe.

Os historiadores modernos supõem que foi unicamente em 1128 que as discórdias entre D. Teresa e seu filho chegaram a declarada ruptura. Nós persuadimo-nos de que as primeiras tentativas de rebelião começaram um ano antes e de que a narração das crónicas do século XVI, hoje com razão excluídas do número das legítimas fontes históricas, pode não se afastar absolutamente da verdade desta parte. Em tal pressuposto, eis, segundo a nossa opinião, como devia passar o sucesso. As terras de Portugal em que dominavam ou influíam os parciais de Afonso Henriques começaram a rebelar-se nos princípios de 1127. Entre elas Guimarães, a antiga corte do conde Henrique, declarou-se pelo infante, que aí se achava. A invasão de Afonso VII veio então impedir ou antes adiar a guerra civil. Na sua marcha vitoriosa, o rei de Leão, rendidos outros castelos e povoações, pôs sítio a Guimarães; porque ao príncipe não importava por certo se era sua tia ou seu primo que regia Portugal; importava-lhe que esta província reconhecesse a sua autoridade suprema. Depois de alguma resistência, vendo que as suas forças não bastavam para repelir os cercadores, os barões e cavaleiros encerrados nos muros de Guimarães declararam em nome do moço Afonso que ele se consideraria de futuro vassalo da coroa leonesa. Egas Moniz, poderoso fidalgo cujos senhorios se dilatavam pelas margens do Alto Douro e que, talvez mais que nenhum, gozava a reputação de homem leal, ficou por fiador da promessa. O rei de Leão levantou o cerco e, depois de reduzir à obediência D. Teresa, retirou-se para a Galiza.

Quando, porém, os sucessos de 1128 entregaram Portugal nas mãos do filho do conde Henrique, ele esqueceu as promessas de Guimarães, e com ele as esqueceram os barões portugueses. Só Egas Moniz se lembrou do que jurara. Seguido de sua mulher e filhos, dirigiu-se a corte do monarca e, apresentando-se perante ele descalço e com uma corda ao pescoço, pediu para resgatar com a morte a sua palavra nunca traída. Era grande a cólera de Afonso VII; mas venceu-o aquela inaudita façanha de lealdade. Deixou-o partir solto e livre e, o que era mais para o nobre cavaleiro, sem a taxa de deslealdade.

A independência portuguesa, que por tantos anos tendera a realizar-se, retrocedia ainda uma vez; era um problema cuja solução já perto do seu termo tornar a ser tentada de novo. Mas as consequências da vitória obtida pelo rei de Leão, posto que graves, não eram talvez as mais de recear: o amor cego da rainha por um homem alheio à província, poderoso por alianças e parentescos com muitos ilustres barbes da Galiza e ainda de Leão e de Castela, e a importância que, além dele, obtivera em Portugal seu irmão mais velho, Bermudo Peres, o qual nos princípios de 1128 achamos dominando em Viseu, e por consequência a clientela numerosa, quer de naturais, quer de estranhos, cujos interesses seriam conformes com os dos dois irmãos, tudo servia para tornar duvidosa a sorte futura de Portugal, ligada à vontade de um valido cujo procedimento político podia ser guiado por considerações e respeitos contrários à desejada independência do país que indirectamente governava. 

Se atendermos à confiança que, pouco depois, Afonso VII punha no conde Fernando Peres, e à guerra que este fez a Portugal com os outros condes da Galiza, como adiante veremos, não será demasiado violento supor que na invasão de 1127 ele contribuíra para D. Teresa dar obediência ao rei de Leão, pressuposto tanto mais provável quanto nos consta que o principal autor da pacificação foi o antigo favorecedor do conde, o célebre Gelmires.

Tal era a situação política do país. Afonso Henriques, o moço cavaleiro, chegara à idade de dezassete anos. Era ele, segundo o testemunho de um seu contemporâneo, destro nas armas, eloquente, cauteloso e de claro engenho. Ajuntava a estes dotes, que devemos supor exagerados por se atribuírem a tão curta idade, a nobreza da figura e a beleza de rosto. A ambição do poder, o exemplo de seu primo Afonso Raimundes, a disposição dos ânimos irritados contra o predomínio de Fernando Peres, as instigações dos fidalgos, a exclusão ignominiosa em que o conservavam dos negócios públicos, tudo o excitara a colocar-se à frente de uma revolução cujas consequências, naqueles verdes anos, não era fácil prever. Tinha amigos próprios, e a principal nobreza preferia vê-lo apossar-se do mando supremo a sofrer que os estranhos e os partidários destes governassem por intervenção de D. Teresa. Como se manifestou a rebeldia e quais foram as particularidades que ocorreram nela são coisas sobre que restam sobejas fábulas, mas apenas fugitivas memórias. 

Parece, porém, certo que nos primeiros meses de 1128 a guerra civil, encetada no ano antecedente, se preparava de novo ou já porventura começara. As principais personagens que em Maio desse ano estavam ligadas com Afonso Henriques eram o arcebispo D. Paio, seu irmão Soeiro Mendes, denominado o Grosso, Ermígio Moniz, Sancho Nunes, marido que era ou depois foi de D. Sancha, irmã do infante, e Garcia Soares. Diante destes e doutros nobres cavaleiros de Portugal declarava ele em Braga a sua intenção de se apossar do governo, e fazia de antemão mercês ao metropolita, contando com o auxílio dele nessa empresa.

Pelos indícios que os documentos nos ministram, o infante abandonou sua mãe, a qual talvez se achava então na corte de Afonso VII, e dirigiu-se à província de Entre Douro e Minho no mês de Abril. A revolução parece ter rebentado naquela província, dilatando-se pelo distrito de Guimarães, pelo condado de Refóios de Lima, pelo território de Braga e pelas terras, enfim, dos nobres que seguiam a parcialidade do infante. A suspeita da ausência de D. Teresa na ocasião do levantamento adquire maior probabilidade, se atendermos a que só quase três meses depois os dois partidos vieram a uma batalha, que foi decisiva e fatal para a rainha. De feito, esta, tendo marchado para Guimarães com as tropas dos fidalgos galegos e dos portugueses seus partidários, aí se encontrou com o exército do infante no campo de S. Mamede, junto daquela povoação.

Foi desbaratada D. Teresa e fugiu: nesta fuga, porém, perseguida pelo filho, ficou prisioneira com muitos dos seus. A tradição refere que Afonso Henriques a lançara carregada de cadeias no castelo de Lanhoso. Não desdiz essa tradição dos costumes ferozes do tempo; mas desdiz dos monumentos coevos, que não a autorizam. O que é certo é que num só dia de combate o poder supremo, que o moço príncipe tanto ambicionava, lhe caíra nas mãos.

Afonso Henriques não quis ou não ousou aproveitar-se das vantagens obtidas para se vingar de sua mãe e do conde, contentando-se com expulsá-los de Portugal. Como a de D. Urraca, a desgraçada afeição de D. Teresa tinha dado ou motivo ou pretexto a uma guerra civil e à quebra dos laços da natureza que a deviam prender a seu filho, simples laços morais que a história daquela época por toda a Europa nos mostra serem então assaz frágeis para conter as ambições. Nesses tempos a desordem dos costumes fazia com que semelhante procedimento não estampasse um ferrete indelével de ignomínia na fronte dos príncipes que assim calcavam aos pés o amor filial, até porque lhes serviam de desculpa - se tais factos podem em tempo nenhum merecê-la - os erros ou crimes dos seus progenitores e as conveniências, bem ou mal entendidas, da pátria.

As memórias que nos restam da filha de Afonso VI durante os dois anos que sobreviveu desterrada são assaz escassas. Fugitiva e sem o prestígio da autoridade, quem se lembraria mais dela? O que parece provável é que seguisse para a Galiza Fernando Peres. Este, ao menos, não se esqueceu de quanto D. Teresa lhe sacrificara e, ainda depois da sua morte, empregava acerca dela expressões que revelam amor sincero e afectuosa saudade. «Se alguém», dizia o conde fazendo exarar uma doação de terras à sé de Coimbra para que Deus associasse aos bem-aventurados a já falecida princesa, «e alguém houver aí que intente anular (o que não creio) a doação que ora faço, pague em dobro a ousadia à autoridade real, e se for algum indivíduo tão poderoso e cruel que possa conservar-se pertinaz, seja o seu destino na morte o de Dathan e Abiron.» A fórmula insólita por que termina este diploma diz-nos que os restos de D. Teresa ainda tiveram quem sobre eles vertesse lágrimas. Os monumentos históricos contemporâneos apenas, porém, nos referem que falecera no primeiro de Novembro de 1130. Um antigo túmulo na catedral de Braga nos assegura, finalmente, que as suas cinzas foram transportadas para o lugar onde também repousam as cinzas de seu marido.

Os escritores modernos, empenhados em salvar a reputação moral de D. Teresa como mulher, esqueceram-se de lhe fazer justiça como rainha ou regente de Portugal. Tem-se dissertado largamente sobre o seu consórcio com o conde Fernando Peres, que nada nos autoriza a admitir, enquanto o valor histórico do seu governo é perfeitamente desprezado. Todavia, durante catorze anos os actos da viúva do conde Henrique mostram bem a perseverança e destreza com que buscou desenvolver e realizar o pensamento de independência que ele lhe legara. Cedendo à força das circunstâncias, não duvidava de reconhecer a supremacia da corte de Leão para obter a paz quando dela carecia, salvo o recusar a obediência quando cria possível resistir. Associando-se habilmente aos bandos civis que despedaçavam a monarquia leonesa, ia criando no meio dela para si e para os seus uma pátria. Apesar das invasões de cristãos e sarracenos e das devastações e males causados por uns ou por outros nos territórios dos seus estados, estes cresceram em população, em riquezas e em forças militares. 

Pelas armas e pela política aumentou a extensão dos próprios domínios ao oriente e ao norte conservando ao meio-dia a linha das fronteiras que seu marido já lhe deixara encurtadas. O castigo de um erro, que, medido pelos costumes do tempo, estava longe de ser imperdoável, parece-nos demasiado severo, e o procedimento dos barões portugueses para com ela merecerá dos desprevenidos a imputação de ingrato. D. Teresa foi vítima de um sentimento nobre em si, mas às vezes excessivo e cego, que ela tinha feito crescer, radicar-se, definir-se, e que serviu de pretexto de rebeldia à ambição de Afonso Henriques, ou antes à daqueles que por meio do inexperiente príncipe esperavam melhor satisfazê-la. Este sentimento era o da nacionalidade. A Crónica dos Godos, que, narrando os sucessos de 1128, toma o estilo do libelo político, não era provavelmente mais que o eco da opinião vulgar. Aí os galegos são tratados de estrangeiros ou forasteiros indignos. Esta denominação de injúria, que, aplicada vinte anos antes aos habitantes das outras províncias da monarquia fundada por Pelágio, seria ininteligível em Portugal, estreava por uma revolução gravíssima a sua fortuna popular de sete séculos.

1ª Parte

2ª Parte

3ª Parte

4ª Parte

Ver também Reconquista

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