terça-feira, 25 de outubro de 2011

História de Montemor-o-Novo e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Montemor-o-Novo e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA DE MONTEMOR O NOVO

Na província do Alentejo, distrito administrativo de Évora, cinco léguas ao noroeste desta cidade, ergue se a vila de Montemor o Novo, meia sentada nas faldas de um monte cuja crista se divide em três cabeços, meia subindo pela encosta.

Teve por fundador a el rei D. Sancho I, no ano de 1201, recebendo deste monarca muitos privilégios e isenções, que lhe foram atraindo moradores.

Nestes tempos em que andava sempre ateada a guerra entre moiros e cristãos, não se fundava, ou pelo menos não podia medrar povoação alguma sem se prover á sua defensa. Assim pois em breve Montemor foi cercada de muros ameiados, edificando-se na parte mais alta um castelo que passava então por um dos maiores e mais fortes do reino.

Com tais condições de segurança, foi crescendo a povoação até romper o seu cinto de muralhas, vindo estender-se pela raiz do monte. Desassombrado finalmente o país da presença dos infiéis, voltados para a agricultura os braços e as atenções que quase exclusivamente se empregavam na guerra, prosperou muito Montemor o Novo graças à imensa fertilidade dos vastíssimos campos que a cercam. No século XVI, apogeu da sua prosperidade, dizem que chegou a contar três mil fogos.

Honraram-na com a sua residência, por varias vezes, os Reis D. Afonso V, D João II e D. Manuel. Este ultimo aí reuniu as cortes para a cerimonia do juramento e menagens dos três estados do reino, por ocasião da sua exaltação ao trono, em 1495.

Este mesmo soberano a fez vila, reformando e ampliando o foral que lhe havia concedido D. Sancho I. Deu- lhe o titulo de «notavel», a regalia de ter assento em cortes no banco quarto e por brasão de armas, um castelo sobre rochedos e uma ponte com seu rio, comemorando assim a origem da povoação, pois que tanto a fortaleza como a ponte, chamada de Alcácer, que atravessa junto á vila a ribeira de Cunha, foram obra de D. Sancho I.

Deriva esta vila o seu nome da eminencia em que está fundado o seu castelo e da necessidade de se diferenciar de Montemor o Velho, vila da Beira.

Com a usurpação de Castela começou a decadência de Montemor o Novo, juntamente com a de toda a monarquia. Depois a longa e porfiosa guerra da restauração, fazendo da província do Alentejo o principal teatro da luta, estagnou todas as fontes de prosperidade daquela vila e afugentou do seu seio a maior parte das famílias nobres e abastadas.

A paz e os muitos recursos do solo têm ressarcido em grande parte aquelas avultadas perdas, mas não poderá ainda restituir a vila ao seu antigo esplendor. Este condão estará destinado sem duvida á via férrea que promete pôr em breve Montemor o Novo em rápida e fácil comunicação com toda a província e com Lisboa.

Os edifícios religiosos desta vila são os seguintes: as igrejas paroquiais de Santa Maria do Bispo, Nossa Senhora da Vila, S. João e Santiago; a igreja da Misericórdia; o convento de Nossa Senhora da Saudação, de freiras dominicas, fundado em 1506; e varias ermidas. Teve quatro conventos de frades, um da ordem de S. Francisco, outro de S. Domingos, fundado em 1559, outro de Santo Agostinho e o ultimo de S. João de Deus. Este foi edificado em 1627 na rua Verde, nas casas onde nasceu S. João de Deus, o piedoso instituidor da ordem dos hospitaleiros.

Possui a vila um hospital desde o século XVI e varias casas particulares de aparência nobre.

O castelo está hoje cm grande ruína, bem como a cerca de muralhas em que havia quatro portas e cinco torres. Na luta com a Espanha, em 1640, acrescentaram-se a estas antigas fortificações outras obras de defensa segundo o sistema moderno, as quais ao diante se abandonaram, vindo também a arruinar-se.

Os arrabaldes da vila são cheios de hortas e pomares, correndo pelo meio deles a ribeira de Canha e outros arroios. O termo compõe-se de ricas herdades, abundantissimas de cereais e de azeite, em que se recolhe algum vinho e outros produtos agrícolas e nas quais se vêem extensos montados, onde se criam anualmente muitas mil cabeças de gado suíno.

No primeiro de Maio e no primeiro domingo de Setembro têm lugar nesta vila as suas feiras anuais, em que só faz bastante comercio.

El rei D. Afonso V fez esta vila cabeça de marquesado, em favor de D. João, filho segundo do duque de Bragança D. Fernando I. A alcaidaria mor andava na casa dos condes de Santa Cruz, que tinham o seu palácio dentro do castelo.

Montemor o Novo encerra uma população de duas mil e novecentas almas.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelos Censos 2011 Montemor-o-Novo conta com 17 409 habitantes

Freguesias de Montemor-o-Novo

Cabrela, Ciborro, Cortiçadas, Foros de Vale de Figueira, Lavre, Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do Bispo, Santiago do Escoural, São Cristóvão, Silveiras 

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