História: Portugal antes de D. Afonso Henriques - 3ª Parte
Por Alexandre Herculano
A duplicidade de Afonso I logo se tornara visível. Com pretextos e evasivas adiava o cumprimento das promessas que fizera. Entre estas era a principal tirar os castelos pertencentes a sua mulher das mãos dos aragoneses. Passando pela cidade de Leão ao dirigir-se a Astorga, recusou entregar o alcaçar desta cidade, apesar de D. Urraca assim o requerer. Era evidente que a pacificação obtida à força pelos povos não duraria muito tempo. A primeira circunstância que, se oferecesse para nova ruptura havia de ser aproveitada por ele, e tal circunstância não tardou a aparecer.
Por Alexandre Herculano
A duplicidade de Afonso I logo se tornara visível. Com pretextos e evasivas adiava o cumprimento das promessas que fizera. Entre estas era a principal tirar os castelos pertencentes a sua mulher das mãos dos aragoneses. Passando pela cidade de Leão ao dirigir-se a Astorga, recusou entregar o alcaçar desta cidade, apesar de D. Urraca assim o requerer. Era evidente que a pacificação obtida à força pelos povos não duraria muito tempo. A primeira circunstância que, se oferecesse para nova ruptura havia de ser aproveitada por ele, e tal circunstância não tardou a aparecer.
Estes
sucessos passavam nos primeiros meses de 1114. Posto que, no meio das inquietações
e bandos em que figuraram tantos indivíduos eminentes, os factos
relativos ao
conde de Portugal sejam muitas vezes esquecidos nas incompletas e
informes memórias
desse tempo, todavia, se dermos crédito a um documento acerca do
qual não nos
ocorre dúvida, mas que já foi impugnado, ao menos na sua data,
Henrique ligou-se com
a rainha quando ela, tendo voltado de Aragão, se achava mais uma vez
separada do marido. Foi no meio destas repetidas discórdias e pacificações
passageiras que findou
a carreira das ambições e esperanças do conde, atalhando-lhe a
morte os desígnios;
mas o modo, o lugar e as particularidade deste sucesso cobre-os véu impenetrável.
Sabemos só que ele faleceu no 1º de Maio do ano de 1114.
A
narração do
anónimo de Sahagún faz suspeitar que, durante a residência de
Afonso e D. Urraca em
Astorga, Henrique os seguira e ali morrera o que de certo modo é
fortificado pela
tradição
dos cronistas portugueses, que o dão por morto naquela cidade, posto
que essa tradição
revista o facto das circunstâncias extraordinárias e fabulosas com
que a imaginação
do povo costuma poetizar a história.
Voltemos
agora os olhos para o passado e observemos qual era a verdadeira situação
política de Henrique no momento de falecer. Levado pela natureza das
coisas e ainda
mais pela ambição a representar um papel importante no meio da
guerra civil que devorava
a monarquia, conhece-se pelos actos dos últimos quatro anos da sua
vida que a todas
as considerações ele antepunha o pensamento de obter para si, não
só a independência do
condado cujo governo subalterno alcançara da generosidade do sogro,
mas também
largo quinhão nas outras províncias limítrofes, de modo que
Portugal se convertesse
em núcleo de um poderoso estado no Ocidente da Península. Pelo
tratado de divisão
que a necessidade de o atrair ao seu partido obrigou D. Urraca a
celebrar com ele,
sabemos lhe ficava pertencendo Zamora, cujo distrito se dilata pela
fronteira oriental
do nosso país. E se outro tratado entre a rainha e D. Teresa, de que
adiante havemos
de falar, assentava, como suspeitamos, sobre este pacto anterior
feito com o conde,
vemos por ele que esses territórios abrangiam a maior porção das
províncias a que
então chamavam de Campos e das Estremaduras e hoje se denominam de Valhadolid,
Zamora, Toro e Salamanca. É provável que já nos ajustes feitos com Afonso
I para repartirem entre si a monarquia leonesa o conde tivesse
escolhido estas províncias.
Assim, se ele morreu depois da última reconciliação de Afonso com
D. Urraca,
achando-se nessa ocasião aliado com a rainha e tendo direito pelas
convenções anteriores
a exigir de ambos a cessão daqueles distritos, seria ofender todas
as probabilidades
o imaginar que não cuidasse então seriamente em realizar um facto a
que dedicara
todos os seus esforços e para o qual trabalhava já, como vimos, em
vida de Afonso
VI.
No
comum sentir dos nossos historiadores o conde borgonhês havia
chegado aos setenta
e sete anos de idade quando faleceu; mas esta opinião envolve graves dificuldades.
Ele teria nascido, por esse cálculo, em 1037, pouco mais de trinta
anos depois
do nascimento de seu avô Roberto, o que torna essa data quase
impossível, tanto mais
se nos recordarmos de que ele era quarto filho de Henrique e este o
segundo daquele
príncipe. A actividade militar do conde nos últimos tempos da
sua vida, junto
a estas considerações, nos persuadem a supor-lhe quando morreu a
idade de cinquenta a
sessenta anos. O seu cadáver foi transportado de Astorga para Braga,
em cuja catedral
jazem ainda hoje os restos daquele que, até certo ponto, se pode
chamar o fundador
da nacionalidade portuguesa.
Se
Henrique fora ambicioso, não o era menos sua mulher. Apenas soube
que ele falecera,
apareceu na corte de Astorga. Armava grande competência - diz um contemporâneo
- com sua irmã e com o rei. Que outra podia ser essa competência
senão a
das pretensões do marido? Mas o guerreiro conde descera ao sepulcro,
e a sua espada, que
luzira ao sol de tantas batalhas, jazia ao lado dele debaixo da
campa. Sobravam à infanta
ambição, energia, pertinácia: faltava-lhe um braço de homem para
sustentar o bom
ou mau direito que supunha ter; faltava-lhe o ferro, que a política,
em todos os tempos,
costumou e costuma lançar na balança em que se pesam as contendas
dos príncipes
ou dos povos. Recorreu às armas de que a sua fraqueza mulheril podia
tirar tanta
vantagem como o marido tirara do esforço e perícia militar:
empregou a astúcia.
Por
intervenção de um indivíduo de cujas artes se fiava, teve modo de
persuadir o rei de Aragão
de que sua mulher intentava dar-lhe peçonha, acusação, talvez, não
inteiramente infundada. Afonso, que nada desejava tanto como um pretexto para punir a
rainha, sem
que lhe fugissem da mão os vastos estados de que ela era a legítima
herdeira, deu ou
fingiu dar crédito à revelação que lhe fora feita. Perante os
nobres que estavam na corte,
acusou-a do intentado assassínio, para assim se justificar do
procedimento que determinava
seguir, e este era o separar-se dela. Segundo o costume daqueles
tempos, recorreu
a rainha à prova do combate, escolhendo um cavaleiro que mantivesse
na estacada
a sua inocência; mas o rei negou-se a aceitar o chamado juízo de
Deus, fazendo-se
julgador da própria causa. Debalde os condes de Castela e até os
barões aragoneses
que se achavam presentes procuraram sossegar os ânimos irritados dos
dois consortes:
D. Urraca foi expulsa de Astorga seguida de poucos cavaleiros, que
não quiseram
abandoná-la naquela desgraçada conjuntura.
A
violência de Afonso, que recusara a sua mulher um meio de
justificação considerado
como o mais solene a que um réu podia recorrer para se mostrar
alheio à imputação
do crime, produziu geral descontentamento. Os próprios aragoneses
que guarneciam
as torres da antiga capital da monarquia, a cidade de Leão, abriram
as portas do
castelo à desterrada princesa. Os burgueses, que até aí se haviam
mostrado mais favoráveis
ao rei de Aragão que a D. Urraca, uniram-se ao partido dela. Os
concelhos de Burgos,
de Naxera, de Carrión, de Leão e de Sahagún, juntos nesta última
vila com muitos
nobres, ou porque ainda se não houvesse dissolvido a passada
assembleia ou porque
de novo se congregasse, mostraram-se tão resolutos em sustentar as
condições juradas
por Afonso I que este, obrigado a declarar-se abertamente e não
podendo resistir à
torrente, saiu a ocultas de Sahagún e quase como fugitivo
recolheu-se aos seus estados.
Então os nobres e burgueses reconheceram por toda a parte, nas vilas
e castelos,
a autoridade da rainha.
D.
Teresa ficara residindo em Astorga quando sua irmã fora expulsa. Ali
pactuara aliança
com o rei de Aragão; mas os acontecimentos de Sahagún vinham
colocá-la numa
situação excessivamente dificil. Os seus domínios eram
demasiado circunscritos:
não podia achar neles recursos contra a irmã ofendida mortalmente
por ela.
O seu aliado, que se retirara para os próprios estados, só de modo
indirecto poderia ser
útil a Portugal, divertindo as armas leonesas para as fronteiras de
Castela. Por outra parte,
a morte do conde, sucedida antes de ele obter definitivamente a posse
de uma parte
da monarquia em que pudesse constituir um reino independente e assaz
importante para
se fazer respeitar, deixava, até, a província que Afonso VI lhe
dera para governar ligada
virtualmente a Leão, e se D. Teresa quebrasse os laços de
obediência que a uniam à
irmã, esse acto seria considerado como flagrante rebelião.
A
infanta de Portugal debaixo de gesto angélico escondia o ânimo
sagaz e vivo que
lhe atribui um escritor, o qual devia conhecê-la e tratá-la de
perto, ao menos durante a
sua residência em Sahagún. Os factos de catorze anos em que
regeu a província cujo
governo lhe legara o marido provam que o monge cronista se não
enganara em assim
a qualificar. É durante esse período que a nacionalidade portuguesa
começa a caracterizar-se
bem, e à política de D. Teresa se deve, até certo ponto, o nascer
e radicar-se
em Portugal aquele sentimento de individualidade que constitui
barreiras entre
povo e povo mais sólidas e duradouras que os limites geográficos de
duas nações vizinhas.
Como a infanta evitou as consequências das dificuldades em que se
lançara e como
aproveitou as discórdias civis da Espanha cristã para ir fundando a
independência dos
seus estados, vê-lo-emos subsequentemente. Agora observemos mais de
perto qual era
a situação especial da monarquia leonesa, de que ainda o nosso país
fazia parte, quando
a paz do sepulcro veio atalhar as lidas e intentos do ambicioso conde
de Portugal.
Já
anteriormente narrámos quais perturbações agitaram a Galiza depois
das primeiras
discórdias entre Afonso e Urraca. O bispo Gelmires, declarando-se
pelo partido
do filho do conde Raimundo, restabelecera momentaneamente a paz.
Novas dissensões,
porém, se alevantaram entre os barões daquela província, movidos
por interesses
obscuros e dando largas a violentas paixões à sombra da fraqueza do
poder real,
que disputavam entre si o príncipe aragonês, a rainha e o infante
Afonso Raimundes,
ou antes os barões e prelados que se chamavam seus defensores.
Quando D. Urraca
se divorciava do marido ligava-se com os parciais do filho; quando se reconciliava
com aquele mostrava-se adversa a estes. Mas, em realidade, cada um
dos personagens
que figuravam naquele drama, quer príncipes, quer senhores, só
pensava em
tirar das desgraças públicas a maior vantagem possível. As
alianças faziam-se e desfaziam-se
rapidamente, porque nenhuma sinceridade havia no procedimento dos indivíduos.
Os interesses particulares dos nobres e prelados cruzavam-se com as questões
políticas e modificavam-nas diversamente. Era a anarquia descendo
dos paços para
os municípios e ensinando-lhes com a licença a liberdade, porque,
faltando a força à
autoridade pública, os burgueses, no meio das vexações de uma
fidalguia desenfreada, valiam-se
dos próprios recursos para se defenderam e vingarem dos seus
opressores.
Talvez,
durante a Idade Média, nenhuma época da história peninsular
ofereça tantos vestígios
da influência municipal nos acontecimentos políticos, tantas
resistências das vilas
contra o domínio dos senhores, tantos cometimentos das povoações
contra os castelos
que as assoberbavam, como o primeiro quartel do século XII. Mas isto
que era um
bem absoluto, um elemento de ordem futura, porque ia estabelecendo o
equilíbrio entre
as diversas classes, era relativamente um mal e mais uma causa de
confusão e de derramamento
de sangue: tendia a produzir a desmembração do país; porque as províncias
e distritos, não só moralmente, mas também materialmente, se
dividiam uns dos
outros.
Assim, durante os sucessos que narrámos, a Galiza,
principalmente adita ao infante
Afonso Raimundes, vira rebentar no seu seio uma revolução de
alcaides de castelos
e senhores de terras que tomara por bandeira o nome do rei de Aragão
e se derramara
ao sul pelo extenso território entre o Ulla e o Minho. Entretanto o
bispo de Santiago,
Gelmires, que pelo seu engenho enredador e manhoso soubera obter
grande influência
naquela província, ajuntara um poderoso exército para combater os levantados,
e a parcialidade aragonesa foi vencida. Não deixaram, porém, as perturbações
de se protraírem ainda por algum tempo.
D.
Teresa achava-se viúva, e de três filhos que lhe deixara o conde um
só era varão,
e esse, o infante Afonso Henriques, apenas de dois ou três anos de
idade. O rei de
Aragão, com quem ela se ligara em Astorga, era na verdade um
poderoso e activo aliado.
Mas, repelido de Leão pela assembleia de Sahagún, e perdido o
alcaçar de Burgos
(então capital de Castela) com muitos outros lugares fortes que ou
se rendiam às tropas
de D. Urraca ou estavam estreitamente cercados, Afonso I fez
proposições de tréguas,
que foram aceitas. Desapressada assim da guerra, podia a rainha
vingar-se do
mal que sua irmã tentara causar-lhe. Não o fez. As actas das cortes
de Oviedo, de que adiante
havemos de falar, persuadem que a infanta dos portugueses recorrera à submissão
para evitar a procela; mas o que não parece menos provável é que o esquecimento
da passada injúria não fora em D. Urraca pura longanimidade. Há
muitas vezes
na história ao lado dos factos públicos outros sucedidos nas
trevas, os quais frequentemente
são a causa verdadeira daqueles e que os explicariam se fossem revelados.
Mas ordinariamente, não passando de enredos obscuros, a notícia de
tais factos
morre com os que neles intervieram, e o mais que ao historiador cabe,
quando crê descortiná-los,
é apontar as suas suspeitas e deixar aos que o lêem avaliar o
fundado ou infundado
delas. É tal doutrina aplicável às considerações que vamos
fazer; considerações
que, a serem exactas, lançam bastante luz sobre a época de que
tratamos e sobre
sucessos posteriores, aliás inexplicáveis.
Desde
a morte de Fernando Magno a diocese do Porto, como quase todas as dioceses
do moderno Portugal, carecia de bispo e era governada por arcediagos.
No reinado
de Afonso VI a sé portucalense estava unida à de Braga, e esta
mesma, metropolitana
da Galiza, achou-se por alguns anos sem pastor nos tempos que precederam
a eleição de Giraldo. Até pouco antes do falecimento do conde
Henrique as coisas
conservaram-se no mesmo estado. Nos fins, porém, de 1112 ou, o que é
mais certo,
entrado o ano de 1113, o francês Hugo, arcediago da sé de
Compostela, fora escolhido
para bispo do Porto e sagrado no ano seguinte pelo metropolitano
bracarense Maurício
Burdino. Hugo era homem inteiramente estranho ao clero português, e
não nos consta
residisse jamais em Portugal ou a ele viesse, senão em companhia de
Gelmires, anos
antes, para roubar certas relíquias. Era Hugo, além disso, entre os
cónegos de Compostela
o amigo íntimo do bispo e a pessoa a quem este incumbia com
especialidade de
ir tratar em Roma os seus negócios mais árduos. A devoção do
arcediago para com
Diogo Gelmires foi ilimitada, não só nessa época, mas ainda
depois, quando, já iguais
ambos no episcopado, ele empreendia novas viagens para servir na
Cúria romana de
simples procurador ao seu antigo patrono, o qual acompanhou para
Compostela depois
de bispo, não aparecendo memórias dele em Portugal senão em tempo
bastante posterior.
A escolha, portanto, de um homem que nem sequer tinha ainda o grau de presbítero
quando foi eleito e que residia numa província que, segundo
havemos visto,
estava em relações hostis com Portugal, teve necessariamente causas extraordinárias.
Outras circunstâncias se deram nesta elevação de Hugo, relatadas
por escritor
contemporâneo e testemunha ocular dos sucessos que narra, as quais
vão rasgar um
pouco mais o véu que nos encobre as causas probabilíssimas, não só
dos acontecimentos
desse tempo, mas ainda dos subsequentes.
Era
no Inverno de 1113 para 1114. Maurício resolvera ir a Tui
sagrar o novo bispo
do Porto e juntamente o de Mondonhedo, eleito por esse mesmo tempo. O arcebispo
convidou para assistir a esta solenidade o prelado compostelano, a
cujo cabido
ambos pertenciam; mas, receoso dos tumultos que agitavam o Sul da
Galiza, ele recusou
o convite. Então Maurício, cujos altivos espíritos os sucessos
posteriores da sua vida
bem mostraram, sabida a recusação de Gelmires, apesar de sair de
grave e longa enfermidade
e de ser a estação rigorosa, determinou ir celebrar a sagração
dos dois novos
eleitos em Lerez, na diocese de Compostela. Fraco e doente, Maurício empreendeu
tão longa jornada, atravessando as agras serras e os profundos vales
que se dilatam
entre o Cávado e Lerez. Era a causa deste empenho, diz o escritor
que nos guia, o
desejo ardente que tinha de se ver com Gelmires para tratarem mais
plenamente de remover
a discórdia, de restabelecer a paz e de dar tranquilidade à Igreja;
porque, no meio
das dissensões, os pastores não podiam ajuntar-se para os concílios
provinciais e nem
sequer fazer com segurança a visita das próprias dioceses.
Certificado da vinda de Maurício,
o compostelano anuiu aos seus desejos, e aqueles dois célebres
prelados encontraram-se,
finalmente, em Lerez.
Desta
narrativa se vê que os negócios políticos, não menos que os
eclesiásticos, influíram
na estranha humilhação do arcebispo de Braga, cuja principal
virtude não era por
certo a abnegação. Tratava-se ao mesmo tempo da paz civil e da
eclesiástica. Uma e outra
só mui remotamente podiam importar a Maurício pelo que respeitava
às perturbações
da Galiza, em parte da qual apenas tinha a autoridade indirecta de metropolitano,
para não serem essas perturbações causa do seu procedimento. Era,
pois, a
paz com Portugal que ele pretendia definitivamente assentar; paz que
das palavras dos historiador
se deduz ter-se já dantes procurado. A eleição de Hugo, do valido
mimoso do
influente Gelmires, foi acaso o primeiro passo para ela, o preço
imposto para se obter.
Se não nos enganamos, daqui datam as relações estreitas e, às
vezes, misteriosas de
D. Teresa com o poderoso prelado de Compostela; e este facto, passado
nos últimos meses
da vida do conde Henrique, mas em que devia talvez exclusivamente
intervir sua mulher,
então residente em Portugal, parece-nos ter contribuído mais para
salvar este país
e a infanta do que a generosidade de D. Urraca. A influência de
Gelmires na Galiza era
ilimitada, e a soberania da rainha nesta província mais um título
vão que uma realidade;
título que obtinha à custa de considerar como associado ao império
seu filho Afonso
Raimundes, à sombra de cujo nome os barões da Galiza dirigidos pelo
prelado compostelano
gozavam de uma quase independência. Se, como o que havemos relatado nos
leva a acreditar, D. Teresa se ligara com Gelmires, qualquer
procedimento da rainha contra
ela podia trazer-lhe por esse motivo as graves consequências que,
por diversa causa,
não pôde pouco depois evitar.
1ª Parte
2ª Parte
4ª Parte
5ª Parte
Ver também Reconquista
Mais História de Portugal em Antikuices
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