História de Monsanto e imagem de 1860 do antigo brasão
A VILA E PRAÇA DE MONSANTO
Fica esta vila na província da Beira Baixa, distrito administrativo de Castelo Branco. Dista léguas nordeste da cidade deste nome; uma su-sudoeste da vila de Penamacor e uma também da raia da Estremadura espanhola. Está em lugar plano, porém na coroa de um monte elevado e fragoso e por todos os lados de difícil acesso.
Nada se sabe acerca da origem desta povoação. Parece que já existia no tempo da dominação romanos e, a dar se credito á tradição, tiveram-na estes de cerco pelo espaço de sete anos, no fim dos quais se rendeu por capitulação.
Achando-se arruinada e falta de moradores no reinado de D. Sancho I, mandou-a este reedificar e povoar pelos anos de 1190. Dizem que lhe pusera então o nome de Monte Sacro, mas que ao diante começou a chamar-lhe o povo Monte de Sancho, que veio a corromper-se no actual nome de Monsanto. Todavia a etimologia mais provável deriva este de Mons Sanctus - Monte Santo -, denominação que o povo dava àquele sitio, desde o tempo em que ali residira Santo Amador, anacoreta cujos ossos se conservam num cofre, na antiquíssima ermida de S. Pedro, fundada na raiz do monte.
El rei D. Afonso III deu foral a Monsanto com muitos privilégios, porém foi el rei D. Manuel que a fez vila, concedendo-lhe representação em cortes, com assento no banco décimo quarto. Por esta ocasião lhe reformou o brasão de armas, acrescentando uma esfera armilar, divisa sua, á águia que já havia no escudo, como indicativo da dominação romana nesta terra.
Tem esta vila duas paroquias, o Salvador e S. Miguel, casa de misericordia, hospital, sete ermidas e um castelo fundado no século XII por D. Gualdim Pais, mestre dos templários.
Apesar da grande altura em que Monsanto se acha, tem varias fontes de excelente agua e, dentro do castelo, um poço com abundante nascente. A esta circunstancia tão favorável para o caso do um cerco, vem ainda juntar-se duas outras não menos vantajosas. A primeira é a fortaleza natural da posição, que bem se pode defender com um punhado de soldados contra forças muito superiores. A segunda é que, do lugar onde o inimigo lhe pode formar o cerco para dentro, tem terreno bastante, que produz pão, vinho, azeite, hortaliças e frutas. Por tudo isto, no tempo das antigas guerras com o reino vizinho, adquiriu entre os castelhanos fama de inconquistavel. E neste sentido têm eles um adagio que diz: « Monsanto, Monsanto, orejas do mulo, el que te ganar, ganar puede el mundo.» Os castelhanos chamavam então orelhas de mulo ao castelo de Monsanto, por causa de dois penedos agudos que há junto dele.
O caminho que conduz para a vila vai subindo pelo dorso do monte, com muitas voltas c rodeios e por entre áspera penedia.
Como por toda a montanha há muita copia de nascentes de agua, é cercada a vila de hortas e pomares. O termo, além dos produtos acima referidos, abunda em gados e caça.
Monsanto foi cabeça de condado, titulo criado por D. Afonso V, em favor de D. Álvaro de Castro, seu camareiro mor. Os condes de Monsanto, depois marqueses de Cascais, eram alcaides mores desta vila de Lisboa e ainda de outras terras.
Monsanto é praça de guerra, com um tenente coronel por governador. Tem uns mil e trezentos habitantes.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Monsanto (ou Monsanto da Beira) é uma freguesia do concelho de Idanha-a-Nova
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