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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

História: A ORGANIZAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS



HISTÓRIA

A ORGANIZAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS

Os Templários estavam organizados como uma ordem monástica. O modelo organizacional tinha uma forte hierarquia de comando. Cada país de importância para a Ordem tinha um Mestre e todos eles estavam sujeitos ao Grão-Mestre, que era eleito por vida e supervisionava os esforços militares da Ordem no Oriente e as suas participações financeiras no Ocidente. Não existem números precisos, mas calcula-se que no seu apogeu a Ordem contasse com 15 a 20 mil elementos, sendo os cavaleiros apenas 10% desse número.

Foram Bernard de Clairvaux e o fundador da Ordem, Hugues de Payens, quem estabeleceram a primeira regra dos templários, a chamada Regra Latina. As suas 72 cláusulas definiam o comportamento dos cavaleiros, desde o tipo de vestuário, refeições, etc. Com o crescimento da ordem, foram acrescentadas várias centenas de cláusulas às 72 originais.

Os Templários estavam divididos em 3 grupos: os cavaleiros, de origem aristocrática, os sargentos e os clérigos. Os cavaleiros usavam mantos brancos, tinham 3 ou 4 cavalos e um ou dois escudeiros e formavam a cavalaria pesada. Os escudeiros nem sempre pertenciam à Ordem, sendo contratados por um tempo definido. Os sargentos, nascidos de condição inferior, formavam a cavalaria ligeira, possuíam apenas um cavalo; ou então tinham outras funções, como administrar as propriedades da ordem, ou realizar tarefas domésticas ou comerciais. Os Capelães formavam o terceiro grupo e tinham por missão satisfazer as necessidades espirituais da Ordem.

Os cavaleiros usavam uma túnica branca com uma cruz vermelha e um manto branco: os sargentos usavam uma túnica negra com a cruz vermelha atrás e à frente, e um manto preto ou castanho. O manto branco foi-lhes atribuído no Concílio de Troyes, em 1129, e a cruz foi provavelmente adicionada ao seu vestuário por ocasião da Segunda Cruzada, em 1147, quando o Papa Eugénio III, o rei de França, Luís VII e outros notáveis se reuniram na sede do Templo em Paris. de acordo com a sua regra, os cavaleiros deviam usar o manto branco em todas as ocasiões, estando proibidos de comer ou beber se não o estivessem a usar.

A entrada na Ordem incluía um compromisso profundo e envolvia uma cerimónia solene, em que não participavam estranhos, o que despertou suspeitas nos inquisidores aquando do julgamento da Ordem. Os novos membros tinham que entregar todas as suas riquezas à Ordem; faziam, então, votos de pobreza, castidade, piedade e obediência. A maior parte dos irmãos entrava na Ordem para a vida toda, embora a alguns fosse permitido entrar por um período definido. Um homem casado podia ser autorizado a entrar, com a permissão da esposa, mas nunca usaria o manto branco.

A cruz vermelha que os Templários usavam era um símbolo de martírio e morrer em combate era a suprema honra que lhes garantia um lugar no céu.

Uma regra fundamental dos guerreiros da ordem, era nunca se renderem, a menos que a sua bandeira tivesse caído, sendo-lhes, nesse caso, permitido reagruparem-se em torno da de outra ordem cristã. Só depois de todas as bandeiras cristãs terem caído eles estavam autorizados a abandonar o campo de batalha.

Este princípio inflexível, a sua reputação de coragem, excelente treinamento e armamento, fizeram dos Templários uma das mais temidas forças de combate dos tempos medievais.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

História de Pombal e Origem da Festa do Bodo (Imagem antiga do Brasão de Pombal)



História de Pombal e Origem da Festa do Bodo (Imagem antiga do Brasão de Pombal)


A VILA DE POMBAL 

Acha-se esta povoação sentada em lugar plano na província da Estremadura, distrito administrativo de Leiria, entre a cidade deste nome, que lhe fica pouco mais de quatro léguas e a de Coimbra, de onde dista perto de oito. Pelo meio da vila passa a nova e bela estrada macdamisada, que conduz da capital do reino á cidade do Porto. Sobranceiro á povoação ergue-se um monte que ostenta por coroa as venerandas relíquias do antiquíssimo castelo de Gualdim Pais.

Não há certeza acerca da origem de Pombal e até é duvidoso o sitio da sua primeira fundação. Pretendem uns que fora na encosta do monte de S. Cristóvão, fronteiro ao do castelo. Outros querem que fosse na ladeira do monte que se levanta á entrada da vila, vindo de Coimbra, onde se vêem vestígios de edificações. Aos que quisessem provar que a vila nunca teve outro assento senão aquele em que está aos pés da fortaleza que outrora a protegia, não lhes faltariam razões para dar pelo menos alguma autoridade á sua opinião.

Seja porém como for, o que é certo é que D. Gualdim Pais, mestre dos templários foi o fundador do castelo, pelos anos de 1160; e também foi quem deu o primeiro foral á povoação.

Enquanto existiram os cavaleiros do Templo, o castelo e a vila de Pombal não tiveram outros senhores. Logo porém que esta poderosa e aguerrida ordem, envolvida no anátema que levou ao patibulo em Paris o seu grão mestre, Jacques Molay, foi extinta em toda a parte por Clemente V, passaram aquela vila e castelo ao domínio da nova ordem de cavalaria de Cristo, criada a instâncias del rei D. Dinis em 1319, para substituir a dos templários e ser ao mesmo tempo herdeira dos seus avultados bens.

Na guerra civil que o infante D. Afonso por vazes acendeu em Portugal contra el rei D. Dinis, seu pai, fez-se a paz na vila de Pombal em 1323, vencidos os dois príncipes pelos rogos e lágrimas da rainha Santa Isabel. O acordo foi celebrado na igreja de S. Martinho, onde o infante, que depois sucedeu na coroa com o nome de Afonso IV, selou o tratado com juramento, que todavia não tardou muito a romper.

El rei D. Afonso V deu o senhorio de Pombal aos condes de Castelo Melhor, que ao presente são marqueses do mesmo titulo.

El rei D. Manuel concedeu novo foral á vila com muitos privilégios; e D. José I honrou-a, fazendo marquês de Pombal o seu ministro, conde de Oeiras, a quem o pa´s é devedor de tão assinalados serviços.

O reinado de D. Maria I estreou-se com o desterro deste grande estadista, que foi acabar os seus dias naquela vila, ao cabo de uma residência de cinco anos.

Pombal tem tido desde os fins do século passado (XVIII) para cá, diversas épocas de prosperidade e decadência. A estrada de Lisboa ao Porto, que a rainha D. Maria I mandou abrir por Leiria e Pombal a Coimbra, em vez de seguir a antiga direcção de Santarém a Tomar, deu àquela vila muita importância e desenvolvimento, tanto pela concorrencia de passageiros, que então era grande, como pela animação que veio dar á cultura dos férteis terrenos que cercam a povoação.

Este estado porém não durou muito. A passagem dos exércitos franceses nos princípios deste século (XIX) e todos os outros tristes resultados desta guerra, produziram a decadência desta vila. E quando a Providência afastou do nosso país estes males transitórios, vieram outros actuar poderosamente sobre Pombal. Primeiro a deterioração da estrada de Lisboa ao Porto, que em breves anos chegou a completo estado de ruína; depois as guerras civis e enfim o estabelecimento de carreiras regulares por barcos movidos a vapor entre estas duas cidades, puseram aquela vila numa situação de perfeito isolamento e esquecimento.

De tão precário e ruinoso estado veio arranca-la a nova estrada, que há quatro anos pôs em fácil comunicação a capital do reino com o Porto e terras intermédias. Assim pois já mostra Pombal evidentes sinais de ter entrado de novo numa época que lhe promete prosperidade.

No antigo regímen tinha voto em cortes com assento no banco décimo sétimo. O seu brasão de armas, como se acha na Torre do Tombo, é em campo vermelho, uma torre de prata com duas pombas também de prata, sobre as ameias. Entretanto, achando concordes todos os autores em lhe acrescentar ao brasão acima descrito a imagem do arcanjo S. Miguel sobre a torre, com a letra Ave Maria, preferimos dar este em estampa.

A vila de Pombal, como dissemos, está assentada em planície. Nenhuma povoação do nosso país tem uma entrada mais formosa e triunfal que esta terra. É uma extensa alameda de árvores frondosas e colossais, que se abraçam e cruzam, formando uma abobada de verdura. Precede a vila do lado de Leiria. Foi plantada no reinado de D. Maria I, quando se fez a estrada.

Dividia-se outrora a povoação por três paroquias: Santa Maria do Castelo, S. Pedro e S. Martinho. Da primeira, que estava junto das muralhas do castelo, da parte do sul, não restam mais que ruínas. Mas ainda assim deixa ver que era um templo não grande, porém de elegante arquitectura e ornado de muitas e graciosas esculturas em pedra ançã. Admiravam-se nesta igreja varias obras de muita delicadeza e primor feitas em pedra pelos celebrados escultores João de Ruão e Jacome de Bruges.

Na sacristia da igreja paroquial de S. Martinho conservou-se por mais de setenta anos, em indecente e vergonhoso deposito, o ataúde que encerrava os restos mortais do grande marquês de Pombal, até que ha poucos anos foi transportado para Lisboa pelo seu terceiro neto, o quinto marquês do mesmo titulo e colocado num mausoléu de mármore na ermida de Nossa Senhora das Mercês, junto á rua Formosa.

Há na vila casa de misericórdia e o templo Nossa Senhora de Jerusalém ou do Cardal, subúrbios diversas ermidas.

O castelo, apesar do estado de ruína em que acha, deixa fazer-se uma ideia da sua antiga estrutura. Tinha dentro uma igreja dedicada a S. Miguel, que há mais de duzentos anos que se arruinou.

São mui aprazíveis os arredores de Pombal. O rio Arunca ou Arunce, de margens arborizadas, passa junto da vila por baixo de uma boa ponte de cantaria e, depois de ter recebido em seu leito diferentes ribeiras e de ter dado frescura e aos campos vizinhos, vai lançar-se no Mondego. No verão as suas águas apenas bastam para regas e para fazer trabalhar alguns moinhos. Mas no inverno afluem-lhe em tanta copia, que transbordam e causam cheias.

Cultiva-se no termo trigo, cevada e milho, legumes, batatas, vinho, azeite e algumas variedades de frutas. Pombal encerra uns quatro mil habitantes, que se empregam na agricultura e em diversas pequenas industrias manufactoras.

É tão popular no país a lenda do bolo de Pombal, que julgamos a propósito consigna-la aqui. Referi-la- emos pelas próprias palavras de um escritor que dedicou o seu tempo e aplicação ao estudo das antiguidades usos costumes e linguagem do nosso país. Este escritor é o padre D. Rafael Bluteau, da congregação da Divina Providência, que faltando da vila de Pombal, conta o caso pelo modo seguinte: «Junto ao sitio do Cardal, assim chamado pelos muitos cardos que produzia, assentaram domicilio os descendentes da família dos Fogaças num castelejo que aí tinham á maneira de torreão, o qual haverá vinte e oito anos se acabou de arruinar, conservando ainda hoje o dito sitio o nome da Torre; e os senhores dela mandaram edificar uma capela à Virgem Mãe de Deus, com a invocação de Nossa Senhora de Jerusalém.

«A esta sacrossanta imagem tiveram sempre os moradores e seus vizinhos muita veneração e, sendo o Senhor servido castiga-los com uma praga de gafanhotos, que sobre afogarem as searas, suspendiam nos rios e fontes o curso das águas, e metidos nas casas obrigavam os habitadores a desampara-las, vexação tão insofrível que obrigou o povo, com acordo do senado da câmara e clero, irem á matriz S. Pedro e aí principiarem procissão de preces, a qual vieram acabar na dita capela da Senhora de Jerusalém, no dito sitio do Cardal. E chegando o pároco ao ofertório, em voz alta prometeu á Senhora, em nome daquele povo, que se fosse servida livra-los daquela praga, lhe fariam festas todos os anos em acção de graças; no que consentiu o povo todo e a câmara como cabeça dele se obrigou a fazer cumprir a promessa que, pela muita fé contrição e arrependimento de culpas, foi certamente muito aceita a Deus, pela intercessão da Virgem, porque sendo esta acção das preces no ultimo sábado do mês de Junho, logo no domingo amanheceu o campo livre dos gafanhotos, sem que em árvore ou seara se visse um só; á vista do que foram todos dar graças á Senhora e ali logo ajustaram festas para o ano vindouro, as quais tomou por sua conta a própria senhora e administradora da capela, D. Maria Fogaça, que morava na dita torre e nelas foi tal o empenho que se fizeram com canas, escaramuças, toiros, fogos e danças; e os parentes que a dita senhora tinha em Santarém e Tomar a vieram desempenhar com grandeza notável e por toda a Estremadura soou a generosa gratificação do milagre.

Como nas festas da cristandade foi antigo costume haver oferta para o pároco e a mais ordinária, particularmente entre rústicos, era de bolos, mandou D. Maria Fogaça fazer dois bolos, que saindo de extraordinária grandeza para a capacidade do forno, com grande sentimento das serventes, um criado da casa, que estava presente, também sentido da desproporção e compadecido da pena das moças, levado da consideração que a oferta era em louvor da Senhora do Cardal, invocando o nome da mesma Senhora, entrou no forno, concertou e agasalhou os bolos com tão admirável sucesso que, saindo para fora ileso e sem o mínimo dano nos vestidos, nem ainda no cabelo, se publicou o milagre e ficou autenticado com a confissão dos circunstantes, que viram entrar e sair o homem do forno. À vista do que o pároco desistiu da oferta e como pão de milagre foi entregue à misericórdia para se repartir pelo povo com devota caridade e a esta oferta lhe chamaram fogaça, nome da instituidora da festa.

«Nos anos seguintes, vendo os moradores que se não podiam continuar as festas sem grave descómodo, por se fazerem em o ultimo domingo de Junho, em que não há trigos, nem cevadas, nem palhas, assentaram com a câmara que se fizessem no ultimo domingo de Julho e que para não perder a tradição do domingo ultimo de Junho, em que sucedeu o milagre e não faltar ao voto, se fizesse do dito domingo e nos seguintes, até chegar ao da festa, quatro alvoradas, que contem aos sábados, vésperas cantadas na ermida da Senhora, procissão da matriz até á dita capela, sermão e missa cantada todos os domingos; e nas noites dos sábados cantigas em louvor da Senhora pelo povo com muita alegria, a qual, degenerando em demasiado festejo, pareceu a alguns zelosos improprio ao louvor da Senhora e contra a vontade do povo proibiram os mordomos as ditas alvoradas. Mas dizem que no mesmo tempo, que faltaram, se viu o sitio do Cardal coberto de lagartas e borboletas e daí foram dando nos prados, pelo que dando na causa, foram continuando com o uso antigo.

«A sobre dita D. Maria Fogaça, antes do seu falecimento, fez desistência do domínio e administração da capela nas mãos da câmara, por cuja conta corre hoje a fabrica e culto dela. Ouço dizer que hoje a festa se faz a 12 ou a 13 de Julho. Entra um homem de certa família pela boca do forno e torna a sair sem se queimar nem se lhe crestar muito o vestido. Verdade é que somente se detém em quanto lhe dura um fôlego, de sorte que não toma respiração dentro do forno, para não beber fogo em lugar de ar.

«Isto me disseram pessoas fidedignas, se bem para o milagre ser completo parece que aquele mesmo fogo que não queima a cara, não havia de ofender a garganta respirando. Porém é certo que está o forno tão quente, que os homens que lhe botam lenha se não chegam perto da boca, mas desviados lha metem com forcados.

«Foram estas festas antigamente celebradas com tão grande concurso e fervor, que da autoridade real tiveram um privilegio notável, e era que a pessoa que mostrasse vinha das festas ou ia para as festas, oito dias antes e oito dias depois, não fosse presa por qualquer crime que tivesse, salvo o cometesse nas mesmas festas. Este privilegio se observou até el rei D. Sebastião..

«Esquecia-me dizer que esse famoso bolo tem vinte alqueires de farinha de trigo e para se acomodar melhor, o fazem de pão asmo e o levam seis homens num andor ao forno e depois de se terem queimado três carradas de lenha, se mete dentro o homem .»

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


***


Pelo Censos 2011 Pombal conta com 55 mil habitantes

Freguesias de Pombal

Abiul, Albergaria dos Doze, Almagreira, Carnide, Carriço, Guia, Ilha, Louriçal, Mata Mourisca, Meirinhas, Pelariga, Pombal, Redinha, Santiago de Litém, São Simão de Litém, Vermoil,Vila Cã

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Templários em Almourol (video)


História dos Templários em Portugal: 

A Lenda do Castelo de Almourol

À época da Reconquista cristã da península Ibérica, quando esta região foi ocupada por forças portuguesas, Almourol foi conquistado em 1129 por D. Afonso Henriques (1112-1185). O soberano entregou-o aos cavaleiros da Ordem dos Templários, então encarregados do povoamento do território entre o rio Mondego e o Tejo, e da defesa da então capital de Portugal, Coimbra.(Wikipedia)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Templários: Hugo de Payens e a Origem e Mistérios da Ordem do Templo

Templários: Hugo de Payens e a Origem e Mistérios da Ordem do Templo


Hugo II de Payns ou de Payens (existem mais de 50 grafias diferentes) nasceu entre 1069 e 1074 (Hugo II de Payns (ou Payens) é mencionado como testemunha de uma doação do conde Hugo de Champagne datada de 1085-90, indicando que teria já 16 anos nessa altura, idade miníma legal para ser considerado adulto e servir de testemunha em documentos legais.) no castelo de  Payns  a 10km de  Troyes  e morreu na Palestina em 1136.

Mas o seu nascimento permanece misterioso. Terá sido feito cavaleiro em 1085, pois encontramo-lo mencionado numa carta desta época como Senhor de Montigny. Parece ter sido um senhor importante na corte do Conde de Champagne, já que o seu nome é citado várias vezes como testemunha de doações feitas por Hugo, Conde de Champagne.

Hugo de Payens II, principal fundador da Ordem do Templo, é um dos dois filhos do segundo casamento de seu pai, Hugo de Payens primeiro do nome. Seu pai casou com a herdeira do domínio de Montigny, da qual ele se tornou o senhor. Foi também o pai de Walter, que se tornou senhor do mesmo lugar em 1100. A morte da herdeira, provavelmente antes de 1070, levou o senhor de Montigny para tomar uma esposa, da qual teve dois filhos: Acheus de Payns e Hugo II.
A família de Payens / Montigny, de acordo com os cartas da abadia de Molesmes, tinha laços familiares com Touillon e Montbard (família de São Bernardo de Claraval).

Logo após o conde de Champagne ter confiado o domínio de Payns, domínio dos seus antepassados, para Hugo II, este último casou em 1108 com Elizabeth Chappes. Esta união não durou muito tempo, pois Hugo II partiu em 1113 ou 1114 para a Terra Santa, após a morte da sua esposa. O casal teve quatro filhos: Gibuin, que será visconde de Payns (antes de 1140) e de Chappes (pela sua mãe), morreu sem descendência antes de 1150. Thibaud tornou-se eclesiástico e será eleito abade da abadia de Sainte-Colombe de Sens em 1139. Participa no Concílio de Sens em 1140, em companhia de S. Bernardo, concílio que condenará Pierre Abélard pelas suas teses pouco ortodoxas. Empreendeu a construção da nova igreja da abadia em 1142, mas parte em 1146 para o Oriente, onde encontrará a morte durante a Segunda Cruzada. Michel Lamy (Os Templários, 1996) refere que um irmão de Hugo de Payens teria sido abade de Sainte-Colombe de Sens e que o seu filho, mencionado como Thibaut de Pahans, lhe sucedeu como abade. Este Thibaut teve alguns problemas por ter empenhado uma cruz e uma coroa de ouro ornada de pedrarias, que pertenciam à abadia. Terá sido por uma boa causa: conseguir dinheiro para as despesas de participação na Segunda Cruzada. Isabelle (também chamada Elisabeth) casou com Gui Bordel, que morrerá também na Segunda Cruzada. Contudo, um dos seus filhos, Gui Bordel II entrará na Ordem do Templo e será comendador da Comendadoria de Bure-les-Templiers. Herbert tem uma descendência que se perde no princípio do século XVI. Contudo, a sua linhagem conservará até à Guerra dos Cem Anos o castelo de Payns, perto da Comendadoria do mesmo nome. Depois, perdem-se todas as pistas.

Crónicas posteriores falam de Catherine St. Clair como sendo a esposa de Hugo de Payens.

Mas estes dados sobre o seu nascimento não são unanimemente aceites. Há quem lhe encontre antepassados italianos ligados a Mondovi e a Nápoles. Para outros o seu verdadeiro nome seria Hugo de Pinos e teria origens em Espanha, mais precisamente em Baga, Barcelona, o que seria confirmado por um manuscrito do século XVIII, conservado na Biblioteca Nacional de Madrid. Mas afirma-se, sobretudo, que seria de Ardèche, de uma família proveniente da Alta Provença que se fixara em Forez. Segundo Gerard de Sède os seus antepassados teriam sido companheiros de Tancredo, o Normando. Hugo teria nascido a 9 de Fevereiro de 1070, no castelo de Mahun, comuna de Saint-Symphorien-de-Mahun, em Ardèche. Em 1897 foi encontrado um registo de nascimento, mas pode tratar-se de uma homonímia. A biblioteca de Carpentras conserva um manuscrito de doação do bispo Laugier de Avinhão, datada de 29 de Janeiro de 1130, onde Hugo de Payens é referido como sendo originário de Viviers11, em Ardèche.

       Algumas fontes sugerem que o Conde de Champagne participou na Primeira Cruzada em 1096, outras fontes afirmam que não. Se participou é razoável pensar que Hugo de Payens o acompanhou e serviu no exército de Godofredo de Bouillon durante a Cruzada.

Sabe-se que o Conde fez uma peregrinação à Terra Santa em 1104-1107 e visitou Jerusalém pela segunda vez em 1114-1116. É provável que fosse acompanhado por Hugo de Payens, que acabou por ficar quando o Conde regressou a França, como é referido numa carta como "Hugonis de Peans" como fazendo parte de uma lista de testemunhas em Jerusalém em 1120 e outra vez em 1123. Em 1125 o seu nome aparece outra vez como testemunha de uma doação, desta vez acompanhado pelo título de "magister militium Templi".

Jacques de Vitry, que escreveu um século depois da fundação da Ordem, e estava muito ligado aos Templários refere o seguinte sobre as origens: «Alguns cavaleiros, amados por Deus e ordenados para o seu serviço, renunciaram ao mundo e consagraram-se a Cristo. Mediante votos solenes pronunciados perante o patriarca de Jerusalém, dedicaram-se a defender os peregrinos dos arruaceiros e ladrões, a proteger os caminhos e a servir de cavaleiros ao soberano rei. Observaram a pobreza, a castidade e a obediência, segundo a Regra dos Cónegos Regulares. Os seus chefes eram dois homens veneráveis, Hugo de Payns e Geoffroy de Saint-Omer. Inicialmente, só houve nove que tomaram uma decisão tão santa e, durante nove anos, serviram com vestes seculares e cobriram-se com aquilo que os fiéis lhes deram como esmola. O rei, os seus cavaleiros e o senhor patriarca encheram-se de compaixão por esses nobres homens que tudo haviam abandonado por Cristo e deram-lhes algumas propriedades e benefícios para proverem às suas necessidades e pelas almas dos doadores. E porque não tinham igreja ou casa que lhes pertencesse, o rei instalou-os no seu palácio, perto do Templo do Senhor. O abade e os cónegos regulares do Templo deram-lhes para as necessidades do seu serviço, um terreno que não ficava distante do palácio e, por essa razão, foram mais tarde chamados Templários.»


A 25 de Dezembro de 1118 (dia da coroação de Balduíno), fundaram a Ordre des Pauvres Chevaliers du Christ, e foi em 1119, depois de terem pronunciado votos monásticos perante o Patriarca de Jerusalém, que tomaram o nome de Chevaliers du Temple de Jerusalem ou mais simplesmente Chevaliers du Temple, os Templários (Templiers, Templars).

Para além de Hugo de Payns, encontramos Geoffroy de Saint-Omer, um flamengo; André de Montbard, nascido em 1095 e tio de São Bernardo pela sua meia-irmã, Aleth. Havia também Archambaud de Saint-Aignan e Payen de Montdidier (por vezes designado pelo nome de Nivard de Montdidier), ambos flamengos. E, depois, Geoffroy Bissol, sem dúvida originário do Languedoque e Gondomar, que talvez fosse português. Por fim, um tal Roral, ou Rossal, ou Roland, ou ainda Rossel, de quem nada mais sabemos, e um hipotético Hugo Rigaud, que teria sido originário do Languedoque.

A existência de uma milícia deste tipo fazia todo o sentido. Os exércitos de cruzados, que permaneceram na Terra Santa, não tinham meios para dominarem todo o território, tanto mais que a maioria dos homens tinham regressado ao Ocidente. As cidades estavam controladas, mas a maior parte do país continuava em mãos muçulmanas. Alguns senhores árabes aproveitavam-se desta situação para assaltarem as caravanas de peregrinos. A estrada que ligava Jafa a Jerusalém estava particularmente exposta, pois os egípcios de Ascalon faziam frequentes incursões contra ela. Os peregrinos só podiam circular por ela agrupados em pequenas hostes e bem armados. Hugo de Payens parece ter decidido resolver este problema.

Mas só nove cavaleiros parece um número ridículo para a dureza da tarefa. Obviamente cada um deles devia ter consigo alguns homens, sargentos de armas e escudeiros, como era corrente na época. Mas mesmo assim parecem poucos. E no entanto a tradição diz que recusavam mais companhia, além de Hugo de Champagne, isto só em 1125. Além disso estes nove cavaleiros não parecem ter participado em qualquer operação militar, embora o rei não tenha parado de combater. Nestes factos se baseiam as lendas sobre a missão secreta destes nove cavaleiros.

E COMEÇAM AS LENDAS SOBRE OS TEMPLÁRIOS

Talvez a Hugo de Champagne seja a chave desta questão. Em 1104, na companhia de alguns grandes senhores onde se encontram os futuros templários Hugo de Payens e André de Montbard, Hugo de Champagne vai em peregrinação à Terra Santa. Regressa a casa em 1108 e volta ao Oriente em 1114, regressando a Champagne em 1115 a tempo de doar a São Bernardo as terras onde este constrói a Abadia de Clairvaux. Em qualquer caso a partir de 1108 Hugo de Champagne estabelece importantes contactos com o abade de Cister, Estêvão de Harding. E a partir dessa época os cistercienses começam a estudar minuciosamente textos sagrados hebraicos e vão ao ponto de pedir ajuda aos rabinos da Alta Borgonha. Que procuravam os cistercienses nesses textos, tanto mais que, ao contrário dos beneditinos, não eram monges particularmente ligados aos estudos? Parece, pois, que podemos especular que Hugo de Champagne tenha trazido para França importantes documentos descobertos em Jerusalém, documentos que foram traduzidos e interpretados. E Hugo de Champagne parece ter considerado as revelações suficientemente importantes para se continuarem as investigações na Terra Santa. Não o podendo fazer pessoalmente, encarrega Hugo de Payens de montar uma base de operações em Jerusalém. Só mais tarde, depois de se ver livre da esposa e deserdar o filho entregando o condado ao sobrinho, regressará à Terra Santa, isto em 1125-26. E a partir de 1127 os membros da ordem começam a movimentar-se.

Mas voltemos aos princípios da Ordem. O rei Balduino de Jerusalém atribui-lhes como alojamento edifícios situados no local do Templo de Salomão. Davam ao local o nome de caserna de S. João e, para lá instalarem os Templários, foi preciso expulsar, ou melhor, mudar de local, os cónegos do Santo Sepulcro, que Godofredo de Bouillon aí instalara. Porque não procurar outro local para os Templários? Obviamente a necessidade de lhes oferecer aquele local não tem nada a ver com a patrulha de estradas.

As caves eram chamadas de estrebarias de Salomão e um cruzado alemão, João de Wurtzburg, dizia que eram tão grandes que lá se podiam alojar mais de mil camelos e mil e quinhentos cavalos. E todo este espaço foi entregue aos nove cavaleiros do Templo, que pareciam recusar-se a aceitar novos membros. Estes nove cavaleiros parecem ter desentulhado as caves e utilizaram-nas a partir de 1124. Mas utilizavam-nas para quê? Como estrebarias ou para buscas secretas? E o que é que procuravam e o que é que encontraram?

O Templo de Salomão foi construído para albergar a Arca da Aliança, que continha as Tábuas da Lei. O Templo original foi destruído por Nabucodonosor em 586 a.C. Novamente reconstruído em 538 a.C. foi destruído, este Segundo Templo, por Antíoco Epifanes. No ano 4 o rei Herodes, o Grande, volta a reconstruir o Templo, que seria destruído pelos romanos no ano 70. Quando os Templários se instalaram no local onde se erguera, do Templo apenas restava um pedaço do muro das lamentações. E erguiam-se duas mesquitas: Al-Aqsa e Omar.  Dividiram a grande sala de oração da primeira em quartos e acrescentaram novas construções.

A Arca parece pois um provável motivo de busca por parte dos primeiros Templários, tanto mais que uma tradição rabínica fala de um esconderijo para onde a Arca seria levada em caso de perigo. A Arca era basicamente uma caixa de madeira com aproximadamente 1m10 de comprimento e 66 cm de largura e altura. Estava interior e exteriormente forrada de ouro.

Não existem referências ao facto da Arca ter sido roubada aquando das diferentes pilhagens. Quando foi colocada no Templo, segundo o Livro dos Reis, Salomão dirige-se a Deus através dela: «O Eterno declarou que habitaria na escuridão. Acabei de edificar uma casa que será Tua residência, oh Deus, uma casa onde Tu habitarás eternamente.» Quando Nabucodonosor tomou Jerusalém, não há qualquer referência à Arca no saque. Terá ardido com o Templo em 587 a.C. ou, jazendo na escuridão, isto é, enterrada, foi descoberta pelos Templários? Os documentos de Hugo de Champagne poderiam ter revelado o local onde se encontrava e a missão de Hugo de Payens e dos seus cavaleiros seria encontrá-la. E em 1125-6 Hugo de Champagne volta a Jerusalém e pouco depois Hugo de Payens e outros companheiros viajam para a Europa em busca de apoio para a fundação de uma ordem militar dotada de uma regra muito especial. E podemos acrescentar que esta regra nasce em Troyes, isto é, em território que fora do conde de Champagne e que está em mãos do seu sobrinho, o mesmo é dizer que foram tomadas precauções quanto ao local, garantindo segredo, vigilância e... esconderijo para as suas descobertas.

Mas quer os Templários tenham descoberto a Arca da Aliança ou não, a sua ligação a Salomão não termina aí. O primeiro nome da ordem foi «Pobres Cavaleiros de Cristo», mas quando recebem a sua regra logo surge: «Aqui começa a regra da pobre cavalaria do Templo.» Encontramos nas doações que lhes foram feitas o título de Cavaleiros do Templo de Salomão. O alemão Wolfrain von Eschenbach, que se afirmava Templário, escrevia no seu Parzival que o Graal fora transferido por Flégétanis, da linhagem de Salomão e que os Templários eram os seus guardiões.

Mas voltando ao Templo de Salomão e à sua construção, que Salomão confiara ao mestre Hiram. Este arquitecto terá sido assassinado por companheiros invejosos a quem recusara revelar certos segredos. Quando Hiram desaparece, Salomão envia nove mestres à sua procura. Nove eram os primeiros Templários e também parecem buscar algo de secreto. Tal como Salomão, os Templários apostam no comércio. Salomão quis uma frota comercial e os Templários criaram uma poderosa frota. Não esqueçamos que S. Bernardo, ao fazer a propaganda dos Templários, usa o Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão.

A Arca da Aliança, segredos de arquitectura... mas que mais poderia ser encontrado na Palestina? Segredos ligados a Jesus? Ao Graal... E ao Diabo também...

Segundo o Apocalipse de S. João, depois de ter sido vencido e expulso do céu com outros anjos, Satã é acorrentado no abismo. Ora a tradição afirma que esse abismo tem várias saídas e uma delas encontrar-se-ia precisamente no Templo de Salomão, devidamente selada, como é óbvio.  Assim temos o quartel dos Templários situado num local que, através da Arca comunicava com o Céu e por uma abertura, com os Infernos. Pois parece realmente bizarro colocar os Templários como guardas de um local por onde Satã se poderia evadir. Mas não podemos esquecer-nos que eles parecem escolher cuidadosamente muitos dos locais onde se instalam por toda a Europa. E não devemos esquecer-nos que Satã de certa forma representa se não todas, pelo menos a maioria das divindades pagãs ligadas às forças telúricas.

Mas voltemos à História dos primeiros tempos da Ordem do Templo.

Em 1127 Hugo de Payens regressa ao Ocidente com mais cinco companheiros Templários.  Temos que considerar que com Hugo de Champagne os total de cavaleiros seria de 10 e, portanto, ficam apenas cinco cavaleiros na Palestina para protegerem os peregrinos. Um número ridículo, como já foi referido e que leva a pensar que essa missão era apenas um disfarce para outra coisa. Aliás, só em 1129 os Templários vão enfrentar os infiéis em combate pela primeira vez. Isso não impede que em 1127-28 sejam aclamados pelas suas «façanhas guerreiras» inspiradas por Deus. É apenas publicidade. A ordem partia para a sua segunda fase, a sua transformação numa ordem militar. O pequeno e discreto número de cavaleiros ocupados na descoberta de segredos importantes, certamente concluíra com êxito a sua missão. Agora era necessário evoluir.

Balduíno II e o Patriarca de Jerusalém, Gromond Picquigny, financiam esta viagem de Hugo ao Ocidente. Para Hugo, é necessário estabelecer uma base sólida no Ocidente. Isso envolve o recrutamento de homens ávidos para lutar pela causa ou, por outro lado, estabelecendo uma rede capaz de suportar o esforço militar do Ultramar. Mas acima de tudo, ele deve obter a aprovação das autoridades religiosas. Para isso, pediu ao Papa Honório II a convocação de um concílio, para sancionar a criação da sua organização. Ao mesmo tempo, Balduíno envia uma missiva a Bernard de Clairvaux para que este faça tudo para que a Ordem seja reconhecida e que ele reflectisse na redacção duma Regra.

Já vimos o papel fundamental do antigo suserano de Hugo de Payens, Hugo de Champagne. Em 1125, ele deixou novamente Champagne, depois de ter nomeado Thibaud de Blois para sucedê-lo, e junta-se à milícia Christi. Não esqueçamos que foi o Conde de Champagne quem doou as terras onde S. Bernardo funda a sua abadia de Clairvaux. E não esqueçamos que é no seu antigo território que o Concílio vai decorrer, isto é, em Troyes. A influência do antigo conde de Champagne continua pois a pairar sobre a missão de Hugo de Payens.

São Bernardo é um dos homens mais importantes do século XII. Nascera em 1090 no castelo de Fontaine, a noroeste de Dijon, terceiro filho de Tescelin e Aleth de Montbard. A mãe confia a sua educação aos cónegos de Saint-Vorles, em Châtillon-sur-Seine, onde aprende aritmética, musica, geometria, astronomia, gramática, retórica e dialéctica, além de ler Cícero, Virgílio, Ovídio, Horácio, etc. Mais tarde entraria na Ordem de Cister, arranstando consigo trinta companheiros, isto no tempo de Estêvão de Harding. Defenia-se como alguém que procurava Deus e pensava que, neste caso, «quem procura, encontra». Era exigente com os outros, mas ainda mais consigo mesmo. Para ele «amar a Deus é amar sem medida». Bernardo não se contenta em meditar, orar, adorar. Estudava, lia as escrituras, comentava-as, dissecava-as, procurando ir até à fonte em vez de se limitar aos comentadores anteriores. Conhecer-se a si mesmo é conhecer a Deus. Mas conhecer-se também é descobrir o quão insignificante se é. A vida de Bernardo desmente muitas vezes essa aparente humildade.

Em 1115 foi a ele que se confiou a fundação da abadia de Clairvaux. Lá se impôs e continuou a pregar a humildade. Dedicou-se à Ordem de Cluny para a qual defendeu uma reforma monástica. Acusava os monges clunisences de terem costumes dissolutos. Compreendemos com base nisto que S. Bernardo não podia defender para os Templários uma regra suave.

Bernardo tinha também um amor louco por Maria. Inventou uma oração a Maria, na qual aparece como a «Rainha» da Salve Regina, que intercede em prol dos homens, junto a Cristo, a Virgem que aceitou a provação desejada por Deus, triunfou sobre ela e é capaz de mostrar o caminho aos homens. A esta devoção de Bernardo à Virgem não deve ser alheia à veneração que os Templários sempre tiveram por Nossa Senhora.

Mas não foi Bernardo quem redigiu a regra. Com já foi dito, ele trabalhou a partir do texto redigido pelo patriarca de Jerusalém. O que é certo é que facilitou a sua aprovação e, nesse sentido, os Templários devem-lhe a sua regra.

Mas não podemos esquecer um outro abade, Estêvão de Harding, que com Hugo de Champagne parece ter congeminado todo o processo que levará à criação da Ordem do Templo. Nascido em Inglaterra, Estêvão de Harding começou a sua vida religiosa como monge no mosteiro de Sherbone. Depois continua os seus estudos na Escócia, a que se seguem Paris e Roma. De passagem por Molesmes funda Cister, de quem será o terceiro abade. Reformou a liturgia e fez da sua abadia um centro cultural único. Empreendeu a redacção da Bíblia de Cister e recorreu a sábios judeus para o ajudarem. Mandou efectuar duzentas e noventa correcções e cinco versículos de Samuel foram totalmente reescritos. Depois proibiu que se alterasse uma só palavra daquela Bíblia. E participou no Concílio de Troyes (L'abbé de Citeaux, Saint Étienne Harding), mas não sabemos de qualquer intervenção sua na redacção da regra.

Assim «no dia da festa do Senhor Santo Hilário, no ano da Encarnação de Jesus Cristo de 1128, ao nono ano do início da supramencionada cavalaria», reúne-se em Troyes o concílio. A assembleia foi presidida pelo legado do papa: Mathieu d'Albano. Assistiram a ela os bispos de Sens, Reims, Chartres, Soissons, Paris, Troyes, Orléans, Auxerre, Meaux, Châlons-sur-Marne, Laon, Beauvais. Encontravam-se também presentes vários abades, entre os quais Estêvão Harding, é claro, e leigos como Thibaud de Champagne e o conde de Nevers.

Hugo de Payens expôs à assembleia as necessidades da Ordem, tal como as concebia. Depois o texto foi estudado e discutido, artigo a artigo. A regra latina que daí resultou compreendia setenta e dois artigos. Tudo, ou quase tudo, estava previsto nela: os deveres religiosos dos irmãos, os regulamentos que fixavam os actos quotidianos (refeições, distribuição de esmolas, vestes, armamento, etc.), as obrigações dos irmãos uns em relação aos outros, as relações hierárquicas... Mas o concilio de Troyes deixava ao papa e ao patriarca de Jerusalém o cuidado de aperfeiçoarem a regra de acordo com as necessidades da Ordem no Oriente.  Quando Hugo de Payns regressou ao Ocidente, o patriarca de Jerusalém revira doze artigos e acrescentara vinte e quatro, entre os quais o facto de reservar o manto branco da Ordem apenas aos cavaleiros.

Um dos maiores problemas que o Concílio teve que ultrapassar foi o da incompatibilidade entre as funções de monge e as de soldado. E para isso a Igreja teve de modificar a sua concepção da teologia da guerra. Teve que aceitar a cavalaria e arranjar-lhe um lugar na sociedade cristã. O cristianismo primitivo condenava toda a guerra e toda a violência. preconizava, como única resposta, o amor e apenas o amor, mesmo em caso de agressão. Segundo Mateus, quando Pedro puxou da espada para cortar a orelha do criado do Grão-Sacerdote, não lhe disse Cristo: «Embainha a tua espada, porque aqueles que matam com a espada morrerão pela espada»? Mas as coisas não são assim tão simples. No mesmo Evangelho de Mateus não é o próprio Jesus quem afirma: «Não julgueis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada»? Havia pois recursos teológicos para justificar actos guerreiros. Santo Agostinho foi o primeiro a elaborar uma teologia da guerra justa: «São chamadas justas todas as guerras que vingam as injustiças, quando um povo e um Estado, a quem a guerra deve ser feita, descurou de punir os delitos dos seus ou de restituir o que foi roubado por meio dessas injustiças».

Aliás, a noção de guerra santa era já bem conhecida no Oriente, embora continuasse, em teoria, muito ligada espiritualmente à purificação interior, tanto nas doutrinas essénicas ou zoroastrianas como na jihad islâmica. A espiritualidade do monge e o papel do guerreiro tinham já sido conciliados no islamismo, antes de o serem no cristianismo. Por exemplo, em Espanha, os muçulmanos rabitas que levavam uma vida muito austera, faziam voto de defender as fronteiras contra os cavaleiros cristãos e preferiam morrer a recuar.

Mas a partir de Troyes podia-se, em nome de Deus, levar a cabo guerras sob a única condição de os territórios envolvidos fossem povoados por heréticos, pagãos ou infiéis. Este conceito serviu, um pouco mais tarde, para justificar a cruzada contra os Albigenses. Foi o pretexto dos senhores do norte de pilharem o Languedoque, com o pretexto de uma guerra santa contra os cátaros, declarados heréticos.

Na época foram vários os que se insurgiram contra a criação de uma ordem militar. E estas críticas fizeram duvidar os próprios Templários, a ponto de Hugo de Payens ter de lembrar, numa carta aos primeiros deles, que se tratava de uma necessidade. O Grão-Mestre compreendera bem quais os pontos fracos da Ordem. Era preciso não deixar desenvolver-se a crítica e convinha responder antes de se espalhar e ser necessário que uma personalidade incontestável da Igreja viesse em socorro dos Templários. Por três vezes pediu ao seu amigo Bernardo que defendesse a missão dos Templários.

Acrescente-se mais uma acha para a fogueira da especificidade da Ordem do Templo: não se transformara, na esteira dos Templários, a Ordem dos Hospitalários de São João de Jerusalém numa ordem militar? Porque não fundir os nove ou dez templários iniciais com os Hospitalários? Não seria a solução mais lógica, em vez de se criarem duas estruturas diferentes com logísticas próprias? Só se compreende que não se tenha dado a fusão porque o Templo tinha uma missão especial a cumprir, depois das descobertas feitas em Jerusalém.

Depois do Concílio de Troyes, Hugo de Payens e os seus companheiros fizeram uma viagem com o duplo fim de recrutarem homens e receberem doações.

Começam por zonas onde sabem que vão ser bem recebidos: Champagne, como é óbvio e, sem seguida, Anjou e Maine. Hugo conhecia bem Foulques V de Anjou, que participara na primeira cruzada e mantinha uma centena de homens de armas na Terra Santa. E Hugo tinha uma missão a cumprir junto dele: uma carta do rei Balduino de Jerusalém em que este, que não tinha um herdeiro do sexo masculino, desejava que Foulques casasse com a sua filha Mélisande e lhe sucedesse no trono de Jerusalém. Foulques aceitou e ajudou a facilitar a digressão de Hugo entre os seus vassalos.

Depois o primeiro Grão-Mestre do Templo passou por Poitou e na Normandia encontrou o rei Henrique I de Inglaterra que o aconselhou a visitar Inglaterra. Com a recomendação no bolso, Hugo dirigiu-se à Grã-Bretanha e chegou até à Escócia. Foi acumulando dádivas e presentes diversos. Voltou depois passando pela Flandres e regressando a Champagne. Por essa altura já uma pequena hoste se reunia em seu redor, ao longo das etapas, pronta a embarcar em Marselha.

Neste entretanto os seus companheiros de jornada faziam idêntico trabalho: Godfroy de Saint-Omer, na Flandres; Payen de Montdidier, no Beauvaisais e na Picardia; Hugo Rigaud, no Delfinado, na Provença e no Languedoque. Outro fora a Espanha.

Logo em Maio de 1128, D. Teresa, Rainha de Portugal, doou aos Templários o castelo de Soure, ponto de resistência contra os sarracenos. Não esqueçamos que os árabes da dinastia dos Almorávidas ainda ocupavam, nessa época, metade da península.

Quando embarca em Marselha no ano de 1129, com destino à Terra Santa, o Mestre do Templo conseguira recrutar trezentos cavaleiros, sem contar com os sargentos e escudeiros que os acompanham. Tudo correu pelo melhor. No Ocidente nasciam casas da Ordem, que tinham por dever continuar a propaganda e atraírem novos recrutas e doações, além de gerirem as existentes.

Hugo de Payns morreu em 1136 (novos dados parecem situar a sua morte entre 1133-34, mas as crónicas referem o ano de 1136), tendo dirigido a Ordem durante quase 20 anos. Curiosamente não se conhecem as circunstâncias da sua morte. Teria entre 56 e 66 anos. Um obituário da comendadoria de Reims indica que os Templários celebravam a sua memória a 24 de Maio. Mas não temos meios de saber se essa foi a data da sua morte.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Os Templários já não existem

Os Templários eram uma ordem monástico-cavaleiresca, que existia na medida em que era reconhecida pela Igreja. Se a Igreja tinha dissolvido a Ordem, e fizera-o há sete séculos, os Templários já não podiam existir, e se existiam não eram Templários.

Umberto Eco, O Pêndulo de Foucault

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

História de Penamacor e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Penamacor e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA DE PENAMACOR


Sentada num cabeço penhascoso, na província da Beira Baixa, distrito administrativo de Castelo Branco, a vila de Penamacor dista nove léguas nordeste da cidade capital do distrito e pouco de duas da fronteira da Estremadura Espanhola.

Fundou-a el rei D. Sancho I e deu-lhe foral pelos anos de 1189. Tinha voto nas antigas cortes, sentando se os seus procuradores no banco décimo primeiro. As suas armas são: em campo vermelho, uma espada e uma chave e, no meio delas, crescentes contrapostos.

El rei D. Afonso V fez conde de Penamacor a D. Lopo de Albuquerque. A rainha, senhora D. Maria II, renovou este titulo em 1844, na pessoa do senhor António de Saldanha Albuquerque Ribafria, descendente do conde D. Lopo e do ilustre vice rei da Índia D. João de Castro.

É esta vila praça de armas. As suas fortificações são irregulares, por causa dos acidentes do terreno. As que existem, foram feitas por ocasião da guerra da restauração de 1640. Compõem-se de cinco baluartes e três meios baluartes. No sitio mais alto, para o lado do sul, levanta-se o velho Castelo edificado sobre fragas e dominando toda a praça e terrenos vizinhos. Atribui-se a sua fundação a D. Gualdim Pais, mestre dos Templários, algum tempo antes que D. Sancho I fundasse a vila.

Tem esta três paroquias, intituladas Santa Maria, S. Pedro e Santiago, casa da Misericordia, hospital e varias ermidas. Fora dos muros, para o lado do ocidente, está o edifício do extinto convento de frades capuchos.

Fazem-se nesta vila três feiras anuais; a primeira a 28 de Agosto, a segunda a 21 de Setembro e a ultima a 30 de Novembro.

O terreno produz cereais, pela maior parte centeio,o legumes, vinho, azeite, linho, cera e mel. Cria algum gado e abunda em caça, principalmente a serra do Salvador, que é afamada pela grande quantidade de coelhos, lebres e perdizes que nela se encontram.

A vila de Penamacor encerra uns três mil habitantes.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Pelo Censos 2011 Penamacor conta com 5652 habitantes

Freguesias de Penamacor 

Águas, Aldeia de João Pires, Aldeia do Bispo, Aranhas, Bemposta, Benquerença, Meimão, Meimoa, Pedrógão de São Pedro, anteriormente apenas Pedrógão, Penamacor, Salvador, Vale da Senhora da Póvoa

terça-feira, 25 de outubro de 2011

História de Monsanto e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Monsanto e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA E PRAÇA DE MONSANTO

Fica esta vila na província da Beira Baixa, distrito administrativo de Castelo Branco. Dista léguas nordeste da cidade deste nome; uma su-sudoeste da vila de Penamacor e uma também da raia da Estremadura espanhola. Está em lugar plano, porém na coroa de um monte elevado e fragoso e por todos os lados de difícil acesso.

Nada se sabe acerca da origem desta povoação. Parece que já existia no tempo da dominação romanos e, a dar se credito á tradição, tiveram-na estes de cerco pelo espaço de sete anos, no fim dos quais se rendeu por capitulação.

Achando-se arruinada e falta de moradores no reinado de D. Sancho I, mandou-a este reedificar e povoar pelos anos de 1190. Dizem que lhe pusera então o nome de Monte Sacro, mas que ao diante começou a chamar-lhe o povo Monte de Sancho, que veio a corromper-se no actual nome de Monsanto. Todavia a etimologia mais provável deriva este de Mons Sanctus - Monte Santo -, denominação que o povo dava àquele sitio, desde o tempo em que ali residira Santo Amador, anacoreta cujos ossos se conservam num cofre, na antiquíssima ermida de S. Pedro, fundada na raiz do monte.

El rei D. Afonso III deu foral a Monsanto com muitos privilégios, porém foi el rei D. Manuel que a fez vila, concedendo-lhe representação em cortes, com assento no banco décimo quarto. Por esta ocasião lhe reformou o brasão de armas, acrescentando uma esfera armilar, divisa sua, á águia que já havia no escudo, como indicativo da dominação romana nesta terra.

Tem esta vila duas paroquias, o Salvador e S. Miguel, casa de misericordia, hospital, sete ermidas e um castelo fundado no século XII por D. Gualdim Pais, mestre dos templários.

Apesar da grande altura em que Monsanto se acha, tem varias fontes de excelente agua e, dentro do castelo, um poço com abundante nascente. A esta circunstancia tão favorável para o caso do um cerco, vem ainda juntar-se duas outras não menos vantajosas. A primeira é a fortaleza natural da posição, que bem se pode defender com um punhado de soldados contra forças muito superiores. A segunda é que, do lugar onde o inimigo lhe pode formar o cerco para dentro, tem terreno bastante, que produz pão, vinho, azeite, hortaliças e frutas. Por tudo isto, no tempo das antigas guerras com o reino vizinho, adquiriu entre os castelhanos fama de inconquistavel. E neste sentido têm eles um adagio que diz: « Monsanto, Monsanto, orejas do mulo, el que te ganar, ganar puede el mundo.» Os castelhanos chamavam então orelhas de mulo ao castelo de Monsanto, por causa de dois penedos agudos que há junto dele.

O caminho que conduz para a vila vai subindo pelo dorso do monte, com muitas voltas c rodeios e por entre áspera penedia.

Como por toda a montanha há muita copia de nascentes de agua, é cercada a vila de hortas e pomares. O termo, além dos produtos acima referidos, abunda em gados e caça.

Monsanto foi cabeça de condado, titulo criado por D. Afonso V, em favor de D. Álvaro de Castro, seu camareiro mor. Os condes de Monsanto, depois marqueses de Cascais, eram alcaides mores desta vila de Lisboa e ainda de outras terras.

Monsanto é praça de guerra, com um tenente coronel por governador. Tem uns mil e trezentos habitantes.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Monsanto (ou Monsanto da Beira) é uma freguesia do concelho de Idanha-a-Nova 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

História de Loulé e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Loulé e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA DE LOULÉ

É esta vila uma das mais antigas povoações do reino do Algarve. Nada se sabe ao certo sobre a sua origem, apesar de que alguns antiquários lhe assinalem por fundadores os cartagineses. Outros, menos positivos, pretendem que se erigira das ruínas da antiquíssima cidade de Querteira, isto é, que se serviu para a sua edificação dos materiais da destruída cidade. Dizem que esta existira junto ao mar, entre Faro e Albufeira, sobre um rio que conserva o mesmo nome de Quarteira e que ainda no começo do século passado (18) se mostravam nesse lugar vestígios de edifícios antigos.

De entre tantas noticias inverosímeis ou confusas, o que há de mais averiguado é que a vila de Loulé já existia ao tempo da invasão dos moiros na Península, fosse qual fosse então o seu nome e a sua categoria.

Esteve portanto sujeita aos árabes em todo o seu longo domínio no nosso país, sendo das ultimas terras que a espada vitoriosa dos nossos Reis resgatou do poder dos infiéis para a coroa portuguesa. Coube esta empresa a D. Afonso III, o conquistador do Algarve, no ano de 1249.

Como depois da conquista a maior parte dos moiros se recolhesse ás cidades africanas do litoral do Mediterraneo, deixando as terras do Algarve despovoadas e arruinadas, el rei D. Afonso III, logo que se viu desassombrado de inimigos, cuidou de as reconstruir e povoar de novo. Para este fim em Agosto de 1266 concedeu a Loulé o mesmo foral que havia dado a Faro, Silves e Tavira, o qual se compunha de grandes privilégios e isenções, próprios para chamar a estas terras novos moradores. D

 Afonso V fez conde e senhor de Loulé a D. Henrique de Menezes, filho de D. Duarte de Menezes, conde de Viana. Depois passou este senhorio para D. Francisco Coutinho, conde de Marialva, que o deu em dote a sua filha, D. Guiomar Coutinho, quando casou com infante D. Fernando, filho mais novo del rei D. Manuel. Não ficando geração deste matrimonio, vagou a vila para a coroa. Depois foi dada a alcaidaria mor aos condes de Vale de Reis.

Em 1799 foi criado marquês de Loulé pelo príncipe regente, em nome da rainha D. Maria I, Agostinho Domingos José de Mendonça Rolim de Moura Barreto, oitavo conde de Vale de Reis, pai do actual marquês.

Loulé gozava, no antigo regímen, da prerogativa de enviar procuradores ás cortes, os quais tomavam lugar no banco nono. O brasão de armas desta vila consta de um simples escudo branco, sem mais divisa, conforme se acha na Torre do Tombo.

Está situada numa arborizada colina, duas léguas ao norte da cidade de Faro e cinco ao oeste da cidade de Tavira, contendo uma população de pito mil e duzentas almas, pouco mais ou menos.

Apesar da sua grandeza, não tem mais de uma paroquia, da invocação de S. Clemente. Os seus edifícios religiosos, além deste, limitam se á igreja da Misericordia, com um hospital bem dotado e a duas ou três ermidas. Antes da extinção das ordens religiosas em 1834, contava dentro dos seus muros e fora, a pouca distancia os seguintes conventos: um de eremitas de Santo Agostinho, que pertenceu primitivamente aos Templários e fora fundado em 1312; o de capuchos da província da Piedade, erigido em 1546, por Nuno Rodrigues Barreto e feito de novo, mudando de lugar em 1692; o de religiosos Agostinhos Descalços, construído no século XVII; e um convento de freiras da Conceição, que começou em recolhimento de mulheres pobres e que também se acha suprimido.

Era antigamente a vila toda cercada de muros, com seis portas e um forte castelo. Com o tempo, porém, cresceu a população e se foi estendendo para fora da cerca. Hoje vêem-se ainda os muros, mas no centro da vila. O castelo está arruinado.

São muito formosos os subúrbios de Loulé. Por toda a parte se encontram copados arvoredos, fontes e arroios de boas e fresquíssimas águas e muitas hortas e pomares bem cultivados. Há neles varias ermidas. O termo produz cereais, legumes, frutas, vinho, azeite algum gado e caça. Os figos e alfarroba constituem um dos principais ramos da sua cultura.

Segundo se lê em vários autores nacionais, a três léguas desta vila, junto ao lugar de Alte, que está situado nas faldas de um monte, existem duas minas, uma de prata e outra de cobre.

A 29 de Agosto tem Loulé a sua feira anual de três dias.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 Loulé conta com 70 240 habitantes

Loulé é uma cidade do distrito de Faro

Freguesias de Loulé

Almancil, Alte, Ameixial, Benafim, Boliqueime, Quarteira, Querença, Salir, São Clemente (Loulé), São Sebastião (Loulé), Tôr

terça-feira, 11 de outubro de 2011

História de Idanha-a-Nova e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Idanha-a-Nova e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA DE IDANHA-A-NOVA

Na província da Beira Baixa, cinco léguas a este da cidade de Castelo Branco, está assentada Idanha a Nova, em terreno alto e acidentado.

Apesar do seu cognome, a sua origem anda ligada ao principio da monarquia. Um forte Castelo que o mestre do Templo, D. Gualdim Pais, edificou nesse lugar, correndo o anno de 1187, foi o núcleo de uma povoação que, pouco a pouco, se foi aglomerando junto ás muralhas da fortaleza e que mais tarde constituiu uma vila, a que el rei D. Manuel deu foral.

Chamou-se Idanha a Nova, em memoria de uma cidade antiquíssima, sua vizinha, que tendo florescido com o nome de Egiditania no tempo dos romanos, que a fizeram município, e no dos godos, em que foi sede episcopal, se achava despovoada, caída em ruínas e convertida em uma pobre aldeia, apenas decorada com o titulo de vila. Falamos da vila de ldanha a Velha, situada a pouco mais de duas léguas oeste de Idanha a Nova. Os seus habitantes, que subiam a alguns milhares quando era cidade, mal chegam hoje a duzentos. Todavia, mau grado das injurias do tempo e das devastações dos homens, ainda mostra muitos vestígios das passadas grandezas da Egiditania dos romanos e ainda conserva, como recordação do domínio dos godos e da sua extinta hierarquia eclesiastica, a velha catedral de três naves, sustentadas em colunas e agora simplesmente paroquia.

A vila de Idanha a Nova consta de uma só freguesia, que compreende uns mil e trezentos moradores. Tem casa da Misericórdia, um hospital e sete ermidas; e nos subúrbios está o edifício do extinto convento de Santo António, de frades piedosos, fundado em 1630.

É cercada de muros, que o rio Ponsul banha. Tem boas pontes de pedra sobre este rio e sobre a ribeira de Alpreada. O termo produz cereais, legumes, algum azeite e vinho, muito gado e caça. O seu brasão de armas é a esfera armilar del rei D. Manuel. A 13 de Dezembro faz-se aí uma feira de três dias.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 Idanha-a-Nova conta com 9597 habitantes

Freguesias de Idanha-a-Nova

Alcafozes, Aldeia de Santa Margarida, Idanha-a-Nova, Idanha-a-Velha, Ladoeiro, Medelim, Monfortinho, Monsanto, Oledo, Penha Garcia, Proença-a-Velha, Rosmaninhal, Salvaterra do Extremo, São Miguel de Acha, Segura, Toulões, Zebreira

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

D. Gil Afonso, Comendador Templário da Igreja de S. Brás em Lisboa

D. Gil Afonso, Comendador Templário da Igreja de S. Brás em Lisboa

Cavaleiro templário.

Bailio (Comendador) da Igreja de S. Brás em Lisboa, onde está sepultado.

D. Fernando Afonso, Templário morto por frades em Évora

D. Fernando Afonso, Templário morto por frades em Évora

Foi cavaleiro Templário.

Era filho de Dona Chamoa Gomes, filha do conde D. Gomes Nunes,

Foi morto em Évora pelos Freires de Veles e sepultado na Igreja de S. Brás em Lisboa.


História de Évora e antigo brasão (imagem de 1860)




História de Évora e antigo brasão (imagem de 1860)

A CIDADE DE ÉVORA



Évora a capital da rica província do Alentejo é uma das mais antigas cidades do reino e, como tal, a sua origem é desconhecida, ou pelo menos muito duvidosa.

Alguns autores atribuem a sua fundação aos celtas iberos, outros aos tartesios andaluzes. Carvalho, na sua Corographia portugueza, diz que foi fundada pelos eburones ou eburonices, antigos povoadores da península hespanica, 2059 anos antes do nascimento de Cristo, pondo-lhe o nome de Ebora.

O que se pode ter por verdade, é que já existia anteriormente ao domínio dos romanos. Durante a porfiosa luta que os lusitanos sustentaram em defensa da sua independência, foi Évora a principal residência dos dois grandes capitães, Viriato e Sertório, que em épocas diversas conseguiram, por seu heróico esforço, impedir o passo e levar de vencida os poderosos conquistadores que assoberbavam o mundo.

Ao segundo destes heróis deveu a cidade de Évora muita prosperidade e importância e belos monumentos, alguns dos quais, atravessando tantos séculos, nos falam ainda hoje do ilustrado governo de Sertório, da sua grandeza e gloriosas empresas.

No seu tempo ainda a cidade se denominava Ebora; porém, depois, tendo-se curvado toda a Lusitânia ao jugo de Roma. tomou Ebora o nome de Liberalitas Julia, em comemoração da visita que lhe fez Júlio César e dos favores que lhe concedeu, elevando-a á categoria de município romano e dando aos seus habitantes os mesmos privilégios que desfrutava a cidade de Roma.

Os bárbaros que destruíram o império dos Césares, invadiram e sujeitaram também a Lusitânia, onde se civilizaram e conservaram, principalmente os visigodos, pelo espaço de duzentos anos. Do domínio destes passou Évora para o dos moiros, que se assenhorearam da península no começo do século oitavo.

No fim de quatrocentos e cinquenta e um anos, que tanto durou este novo cativeiro, foi resgatada a cidade de Évora, em 1166, pelo esforço temerário de Giraldo Giraldes que, adquiriu por este glorioso feito, o cognome de Sem pavor.

Giraldo era um cavaleiro da corte del rei D. Afonso Henriques, que por certo crime que cometera, andava fugido e perseguido pela justiça. Para se reabilitar e obter o seu perdão resolveu, com outros mais companheiros nas mesmas circunstancias, tomar aos moiros por surpresa a cidade de Évora, o que alcançou numa noite, começando por trepar à torre da atalaia, onde surpreendeu e matou o moiro vigia e sua filha. Em memoria desta acção, que D. Afonso Henriques recompensou generosamente, tomou a cidade por brasão de armas um escudo coroado e nele, em campo azul, a figura de Giraldo montado num cavalo, empunhando a espada na mão direita e com a esquerda segurando pelos cabelos as cabeças dos dois vigias.

Quase todos os nossos Reis, até D. Sebastião, tiveram por vezes a sua corte em Évora, pelo que esta cidade foi teatro de muitos sucessos importantes. Em diversos reinados, aí se reuniram em cortes os três estados do reino. Entre as festas que aí se fizeram por ocasião de consórcios reais, foram mui celebradas pelo seu aparato e magnificencia, as do casamento do príncipe D. Afonso, filho único de el rei D. João II, com a infanta D. Isabel, filha de Fernando e Isabel Reis de Castela.

Em 20 de Junho de 1483 foi justiçado na praça principal da cidade o infeliz duque de Bragança, D. Fernando II, acusado de conspiração contra el rei D João II, que era seu cunhado.

Nas guerras da restauração de 1640 foi sitiada e tomada pelo exercito espanhol comandado por D. João de Áustria, correndo o ano de 1663. Pouco depois foi recuperada por D. Sancho Manuel de Vilhena, conde de Vila Flor.

A cidade de Évora está edificada no centro da província do Alentejo e por todos os lados rodeada de dilatadissimas planícies.

Três vezes foi esta cidade fortificada. A primeira por Sertorio, que a cercou de muros com varias torres e cinco portas, cuja obra se demoliu no reinado de D. Fernando I. A segunda por D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando I, que construíram uma mais larga cerca de muralhas, que ainda existem bem conservadas, com maior numero de torres e dez portas. A terceira, nos reinados de D. Afonso VI e D. Pedro II, que principiaram e adiantaram um plano de fortificações que se não chegou a concluir e que devia constar de doze baluartes e dois meios baluartes, ligados na maior parte do seu recinto aos muros de que acabámos de falar.


Presentemente tem a cidade sete portas. chamadas da Lagoa, de Avis, de Mendo Esteves, da Piedade, do Rossio, do Raimundo e de Alconchel. As outras três perdeu-as com a edificação de dois conventos e de um baluarte.


No centro da cidade eleva-se um pouco o terreno com mui doce subida. Sobre essa pequena altura está situada a Sé. Foi fundada esta catedral pelo bispo D. Paio, no ano de 1186; e gastaram-se dezoito anos na sua construção. É um grande templo de arquitectura gótica, com cento e noventa e três palmos de comprimento, oitenta e nove de largura e cento e quinze de altura, dividido em três naves e contendo vinte capelas. Em 1721 foi demolida por ser pequena a antiga capela mor, começando-se então a actual, pelo risco de Ludovice arquitecto do palácio de Mafra. Toda construída de finos mármores e ornada de excelentes esculturas, é sem duvida uma das obras mais sumptuosas que neste género há em Portugal.


O primeiro bispo de Évora foi S. Manços, discípulo dos apóstolos, no ano 35 da era de Cristo. Tendo perdido a cidade a sua cadeira episcopal pela invasão dos moiros, recuperou- a logo que foi resgatada do poder dos infiéis, dando-lhe D. Afonso Henriques por bispo a D. Soeiro. Em 1540, por morte do cardeal infante D. Afonso, ultimo bispo de Évora, foi elevada esta mitra á dignidade arquiepiscopal, sendo o seu primeiro arcebispo o cardeal infante D. Henrique, depois rei.

As rendas desta Sé elevavam-se, no principio do século passado (18), a cento e quarenta mil cruzados.

Pegado á Sé está o palácio arquiepiscopal e, contíguo a este, o edifício da biblioteca publica e museu.

Além da freguesia da Sé, há na cidade mais quatro paroquias, que são: S Pedro, que foi igreja de templários e posteriormente reedificada; a de Santiago; a de Santo Antão, edificada na praça principal da cidade em 1558 pelo cardeal infante D. Henrique, a qual é um bom templo de três naves; e a de S. Mamede.

A igreja da Misericórdia foi fundada em 1533, bem como o seu hospital.


Contava Évora, antes da extinção das ordens religiosas, em 1833, vinte e dois conventos e colégios dentro da cidade e próximo dos seus muros. Dos de frades são dignos de menção, pelas suas magnificas igrejas, que se conservam em bom estado, os seguintes: o de S, Francisco cujo vastíssimo templo de uma só nave e sem colunas, que sustentem a sua singular abobada, foi construído nos reinados de el rei D. João II e de el rei D. Manuel; o de Nossa Senhora da Graça, de religiosos agostinhos, fundado por el rei D. João III no principio do seu governo; o de Ara Coeli, de religiosos cartuchos edificado em 1598 pelo arcebispo D. Teotónio de Bragança; o de Nossa Senhora do Espinheiro, de monges de S. Jerónimo, começado em 1452 e concluído em 1558; e o colégio do Espírito Santo, de jesuítas, obra do cardeal rei.

Os conventos de freiras são oito: o de Santa Helena, de religiosas capuchas, fundado pela infanta D. Maria, filha de el rei D. Manuel; o de Santa Clara, de franciscanas, levantado em 1458; o de Santa Catarina, de dominicas, edificado em 1547; o do Salvador, de franciscanas, fundado era 1605; o de Nossa Senhora do Paraíso, de dominicas, construído em 1516; o de S. Teresa, feito em 1681; o de S. Bento, de bernardas, cuja primeira fundação teve lugar em 1169; e o do Menino Jesus, de agostinhas, edificado em 1380.

Iríamos muito além dos limites se mencionássemos todos os edifícios religiosos que Évora possui. Bastará pois dizer, que além dos já referidos, conta muitos recolhimentos, confrarias e ermidas. Ainda existe o palácio da antiga inquisição, hoje propriedade particular.

Á frente dos seus estabelecimentos de caridade, figuram a Casa Pia, fundada em 1836, o hospital da Misericordia e o Celeiro para empréstimos aos lavradores pobres, chamado Monte de Piedade, instituído pelo cardeal infante D. Henrique em 1576.


Este mesmo príncipe honrou a cidade de Évora com uma universidade, que foi a segunda que houve no reino, e á erecção da qual muito se opôs a de Coimbra.


Nenhuma cidade de Portugal mostra como esta tantos vestígios da sua antiguidade e passadas grandezas. O aqueduto, chamado da Prata, com os seus dois elegantes pavilhões ou mães de agua; o templo de Diana, ornado do uni formoso vestíbulo de colunas corintias do mármore branco. O palácio de Sertorio, hoje ocupado pelas freiras do Salvador e do qual ainda restam algumas partes, apesar das reedificações posteriores; uma das portas e parte de uma torre da cerca da cidade, mandada fazer por Sertorio, são, além de varias inscrições e cippos, os padrões, que comemoram a prosperidade e importância de Évora, no tempo dos romanos.



Os restos do palácio real, com suas formosas janelas góticas, junto ao convento de S. Francisco e no fundo de um espaçoso terreiro, obra dos Reis D. João II e D. Manuel; o antiquíssimo palácio acastelado dos duques do Cadaval, e os de outras antigas casas titulares, mais ou menos bem conservados, atestam o esplendor de Évora, nas épocas em que foi corte de nossos Reis e principal residência de muitas das mais nobres famílias de Portugal.


Évora é sede das diversas autoridades e repartições, que competem á capital de um distrito. Possui um liceu nacional, um seminário arquiepiscopal, uma biblioteca publica, um museu de antiguidades, achadas pela maior parte em escavações nos arredores da cidade, dois teatros, onde representam companhias volantes e uma casa de assembleia. O regimento de cavalaria nº 5 tem o seu quartel nesta cidade, cujo edifício é talvez o mais belo e vasto de entre todos os quartéis militares do reino.



Não há na cidade nenhuma praça regular; porém a maior praça é bastante grande e tem alguns bons edificios. Na extremidade da praça, fazendo frente á igreja de Santo Antão, fica a casa da câmara e a cadeia, edificadas no reinado de D. Afonso V. As outras praças são pequenas. O Rossio é fora dos muros da cidade e junto á porta do mesmo nome. É um grande campo sem mais edificações do que um chafariz. Tem uma alameda de árvores plantadas modernamente, que oferece um agradável passeio, porém pouco concorrido. É aqui que se fazem as feiras anuais, a 24 de Junho e a 12 de Outubro. Esta é só de gados e muito concorrida, porém aquela e a de Viseu são as duas mais importantes de todo o reino.


Próximo do Rossio e junto ás muralhas da parte de fora, está a horta dos soldados, com seus arvoredos, tanques e flores. É um bonito passeio, com vista desafogada para os lados de Beja, mas pouco frequentado.



A cidade é bem abastecida de agua pelo aqueduto da Prata, que alimenta vários chafarizes no interior da povoação e por outras fontes que estão fora dos muros.

Os arrabaldes de Évora não são formosos. Em torno das muralhas há varias hortas e, mais distante, espalhadas aqui e ali, vêem-se algumas quintas arborizadas, mas poucas e pequenas. Tudo o mais são campos de trigo, perfeitamente planos. Só ao longe se avistam montes, olivais e frondosos arvoredos dos montados.

Os mercados da cidade são abundantemente fornecidos de frutas e de todo o género de criação e caça, que lhe vem de diferentes terras, e até da Beira. O termo cujos terrenos são de extraordinaria fertilidade, produz muitos cereais, azeite e algum vinho. Cria-se nele grande quantidade de gados de diversas espécies, que constituem, juntamente com as lãs, um dos mais importantes ramos do seu comercio.

Évora gozava, no antigo regímen, de voto em cortes sentando se os seus procuradores no primeiro banco. A sua população excede hoje talvez a dez mil almas. Nos tempos em que foi corte tinha mais do dobro.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa

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Pelo Censos 2011 Évora conta com 57 073 habitantes

Évora é capital do Distrito de Évora

Freguesias de Évora

Bacelo, Canaviais, Horta das Figueiras, Malagueira, Nossa Senhora da Boa Fé, Nossa Senhora da Graça do Divor, Nossa Senhora da Tourega, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Machede, Santo Antão, São Bento do Mato, São Mamede, São Manços, São Miguel de Machede, São Sebastião da Giesteira, São Vicente do Pigeiro, Sé e São Pedro, Senhora da Saúde, Torre de Coelheiros 

Eleições Autárquicas - 11/10/2009


Votação por Partido em EVORA

PS: 40% - 3 mandatos
PCP: 34,7% - 3 mandatos
PSD: 17,5% - 17,5%

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Évora

PS - José Ernesto Ildefonso Leão d'Oliveira
PCP-PEV - Eduardo Lorge Pratas Fernandes Luciano
PS - Manuel Francisco Grilo Melgão
PPD/PSD - António José Costa Romenos Dieb
PCP-PEV - Jesuína Francisca Rosa Pedreira
PS - Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira
PCP-PEV - Joaquim José Abreu Soares

terça-feira, 20 de setembro de 2011

História de Castro Marim e brasão antigo (imagem de 1860)





História de Castro Marim e brasão antigo (imagem de 1860)

A VILA DE CASTRO MARIM

É esta vila um dos portos marítimos do reino do Algarve e uma das suas principais praças de guerra. Está edificada na margem direita do Guadiana, uma légua distante da foz do rio e quase defronte da cidade espanhola de Ayamonte. Sentada nas faldas de duas montanhas, que aí se unem por meio de duas linhas de muralhas, não se espelham seus edifícios nas águas do Guadiana. Fica um pouco arredada do rio, porém um pequeno esteiro ou canal facilita ás embarcações chegarem junto aos muros da vila.

EI rei D. Afonso III mandou- a povoar em Julho de 1277, concedendo-lhe vários foros e privilégios. Não consta porém ao certo se a fundou ou simplesmente reedificou. El rei D. Dinis, deu-lhe novo foral em Maio de 1282 e quando, pela extinção dos templários se criou a ordem de Cristo, fê-la cabeça da nova ordem, que depois se mudou para Tomar. Parece que o mesmo soberano lhe fez as primeiras obras de fortificação. As mais consideráveis foram empreendidas no tempo das guerras da aclamação de D João IV.

Castro Marim tinha voto nas antigas cortes e os seus procuradores tomavam nelas assento no banco décimo terceiro. 

Na parte mais aliada vila está o seu antigo castelo, de forma circular com cinco torres e cinco portas, que comunicam para a povoação e para os arrabaldes. Os condes de Soure, como alcaides mores que eram de Castro Marim, tinham casas dentro deste castelo. Também nele se acha fundada a igreja matriz, única paroquia da vila, a qual é dedicada ao apostolo Santiago. Tem casa e hospital da Misericórdia e quatro ermidas. A de Nossa Senhora dos Mártires, que é um santuário de muita devoção daquele povo, e á qual concorrem muitas romarias, tem junto um hospital militar.

As vizinhanças do Guadiana fazem aprazíveis os seus subúrbios, que produzem cereais, vinho, azeite, amêndoas e figos e criam muito gado e caça. O rio e o mar fornecem na abundantemente de muita variedade de pescado. Recolhe muito sal das suas marinhas, de que se abastecem quase todas as terras do Algarve. Este produto, juntamente com os figos, amêndoas e pescaria salgada, constitui os seus principais géneros de exportação que é importante e lhe entretém activo comercio com Lisboa e outros portos do reino.

Castro Marim tem perto de dois mil e trezentos habitantes. O seu brasão de armas é um escudo com uma povoação cercada de muralhas e por cima as armas reais de Portugal.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa

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Pelo Censos 2011 Castro Marim tem 6719 habitantes

Castro Marim é uma vila do Distrito de Faro

Freguesias de Castro Marim

Altura, Azinhal, Castro Marim, Odeleite

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em CASTRO MARIM

PSD: 54,3% - 3 mandatos
PS: 40,1% - 2 mandatos

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Castro Marim

PPD/PSD - José Fernandes Estevens
PS - Manuel de Almeida Martins
PPD/PSD - Filomena Pascoal Sintra
PS - Sílvia Martins Paulino da Cruz
PPD/PSD - Nuno Miguel Gonçalves Pereira


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História de Celorico da Beira e brasão antigo (imagem de 1860)


História de Celorico da Beira e brasão antigo (imagem de 1860)


A VILA DE CELORICO DA BEIRA

Na província da Beira, junto á serra da Estrela e três léguas ao ocidente da cidade da Guarda, está situada a antiquíssima vila de Celorico, em lugar alto.

Da sua fundação não há noticia certa, pois se deve ter por fabulosa a que lhe assinam alguns dos nossos antiquários, que tomaram a palavra brigo, em que terminavam os nomes das idades anteriores ou do tempo da dominação romana, pelo nome de um suposto rei de Hespanha, atribuído a épocas inteiramente desconhecidas ou de que há apenas mui confusas noticias.

Como Celorico se chamou em antigas eras Celiobriga, tiraram daqui argumento, os escritores a que nos referimos, para lhe darem por fundador Brigo, rei de Hespanha, que dizem reinara no ano de 1890 antes do nascimento de Cristo. Muitas razões, porém, levam a crer que essa palavra brigo designava, na língua dos antigos lusitanos, cidade ou povoação, como nos primeiros tempos da monarquia portuguesa se dava o nome de burgo ás povoações que se iam levantando junto dos castelos ou dos mosteiros, nome que depois se aplicou aos arrabaldes das cidades e vilas.

Partindo pois de épocas mais conhecidas na historia, diremos que a terra de que nos ocupamos já existia sob o domínio dos romanos, chamando-se então Celiobriga.

Nas invasões que a Lusitânia padeceu quando acabou aquele domínio, Celiobriga foi a seu turno destruída e reedificada. Nestas diversas transformações parece que se corrompeu o seu nome vindo a ser denominada Corrorico.

Passado apenas meio século depois que D. Afonso Henriques fundara, nos plainos de Campo de Ourique, a monarquia portuguesa, veio um exercito de castelhanos e leoneses pôr cerco ao seu castelo no ano de 1187. D. Gonçalo e D. Rodrigues Mendes, filhos do conde D. Mendo, que eram alcaides mores deste castelo por el rei D. Sancho I, acometeram de noite os sitiadores, e auxiliados pelo sobressalto de tão repentino e inesperado ataque e pela claridade da lua que, apesar de ser nova lhes alumiava suficientemente o Campo, venceram e desbarataram completamente os inimigos. Por esta acção tomaram por brasão de armas o castelo e a vila um escudo com uma meia lua e cinco estrelas.

Pelos anos de 1245, tendo sido deposto do trono el rei D. Sancho II, e sendo chamado ao governo do reino, com o titulo de governador ou regente, seu irmão, o infante D. Afonso, que era conde de Bolonha pelo seu casamento com D. Matilde, condessa soberana daquele estado, veio este príncipe cercar o castelo de Celorico, porque o seu alcaide mor, D. Fernando Rodrigues Pacheco, que o tinha por D. Sancho II, o não queria entregar. Durou o cerco muitos meses e, estando castelo para se render pela fome, foi salvo por astucia de D. Fernando, e por meio de uma truta que uma águia deixou cair sobre o mesmo castelo. Este sucesso foi causa de que se acrescentasse ao brasão de armas um castelo, tendo por cima uma águia com uma truta nas garras.

Querem alguns autores, que do zelo com que foi defendido este castelo nestes dois cercos, se principiou a denominar a terra Zelo Rico, de que se derivou por corrupção o de Celorico.

El rei D. Manuel deu lhe foral de vila, acrescentando-lhe os privilégios que lhe havia dado D. Afonso II.

Na curta guerra que houve entre Portugal e Espanha, reinando el rei D. José, foi tomada a vila de Celorico pelos espanhóis. em 1762. O senhorio desta terra andou em diversas famílias. Antes do reinado de D. Fernando, pertenceu a Martim Vasques da Cunha. Este soberano deu-a em dote a sua filha bastarda, D. Isabel, que casou em 1373 com o conde de Gijon, filho natural de D. Henrique II de Castela. El rei D. Manuel fez mercê deste senhorio ao primeiro conde de Portalegre, e vagando para a coroa pela extinção desta família, deu-o D. Pedro II a André Lopes de Lavre.

A vila de Celorico tem três paroquias intituladas: Santa Maria, que é Colegiada; S Martinho e S Pedro. O templo da segunda é de fabrica muito antiga. Foi fundado pelos templários no ano de 1302. O de S. Pedro tem a mesma origem, com a diferença de alguns poucos anos de menos.

A casa e hospital da Misericórdia foram instituídos no reinado de D. João III, numa igreja que já existia e fora por muitos anos paroquia com a invocação de Santo André. Na vila e nos subúrbios há nove ermidas e umas oito fontes.

Os arrabaldes de Celorico possuem alguns sítios de muita beleza e amenidade. O Mondego fertiliza os seus campos e fornece algum peixe. O termo produz cereais, legumes, frutas, azeite e algum vinho, e cria-se nele bastante gado e caça.

Celorico tem uns mil e setecentos habitantes.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 Celorico da Beira tem 7695 habitantes

Celorico da Beira é uma vila do Distrito da Guarda

Freguesias de Celorico da Beira

Açores, Baraçal, Cadafaz, Carrapichana, Casas do Soeiro, Cortiçô da Serra, Fornotelheiro, Lajeosa do Mondego, Linhares, Maçal do Chão, Mesquitela, Minhocal, Prados, Rapa, Ratoeira, Salgueirais, Santa Maria, São Pedro, Vale de Azares, Velosa, Vide Entre Vinhas, Vila Boa do Mondego

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em CELORICO DA BEIRA

PS: 53,2% - 3 mandatos
MAJUSP: 22,1% - 1 mandato
PSD/CDS: 21,2% - 1 mandato

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Celorico da Beira

PS - JOSÉ FRANCISCO GOMES MONTEIRO
PS - JOSÉ LUÍS SAÚDE CABRAL
MAJUSP - JÚLIO MANUEL DOS SANTOS
PPD/PSD . CDS-PP - VICTOR MARTINS SANTOS
PS - MARIA JOSÉ MARQUES COSTA

domingo, 18 de setembro de 2011

História de Castelo Branco e brasão antigo (imagem de 1860)



História de Castelo Branco e brasão antigo (imagem de 1860)

A CIDADE DE CASTELLO BRANCO

A doze léguas de distancia da cidade da Guarda, para o sul, e a quatorze da vila de Abrantes, para o sudoeste, está situada a cidade de Castelo Branco, em lugar elevado, na província da Beira Baixa, de que é capital.

Não há noticias certas sobre a época e autores da sua fundação. Sabe-se, porém, que é de origem antiquíssima. Alguns cippós, e outras pedras com inscrições romanas, achadas dentro da cidade e nos arredores, por ocasião de se abrir alicerces ou demolir muros, provam que ali existiu alguma povoação importante no tempo da dominação romana.

Um nosso distinto escritor, que se deu muito ao estudo de antiguidades, chamado Gaspar Álvares de Lousada, encontrou fundamento naquelas pedras, para se convencer e afirmar que ali teve assento a cidade romana de Castralenca, e que das suas ruínas saiu Castelo Branco.

As memorias mais certas desta terra datam do reinado de D. Sancho I, que lhe deu foral. D. Sancho II, na doação que fez dela, pelos anos de 1229, a D. Simão Mendes, mestre dos templários, menciona-a como povoação importante. El rei D. Dinis fez lhe a segunda cerca de muros, com quatro portas, chamadas do Pelame, de Santiago, da Traição e do Oiro; e com sete torres. A primeira cerca, que era mais pequena, e o castelo são obra muito mais antiga. D. João II deu-lhe o titulo de notável.

El rei D. José I elevou Castelo Branco à categoria de cidade e obteve do papa Clemente XIV, que a erigisse em sede episcopal, desmembrando-se do bispado da Guarda o território de que se formou a nova diocese.

Edificada numa encosta, tem esta cidade as suas ruas com grande declive e sem construções notáveis. Na parte mais alta está o velho castelo, bastante arruinado, que foi fundado pelos templários e que pela extinção desta ordem passou para os cavaleiros de Cristo. Dentro do castelo ainda se vêem as casas em que residiam os comendadores. Os últimos que ali viveram foram D. Fernando de Menezes e D. António de Menezes, que se retiraram para Lisboa logo depois da aclamação de D. João IV.

A antiga igreja matriz também ficava dentro da fortaleza, pelo que se denomina Santa Maria do Castelo. Arruinada nas guerras da restauração contra a usurpação castelhana, mudou-se para a ermida de S. Braz, contigua ao mesmo castelo.

A outra paroquia é a sé, que antes da erecção deste bispado era dedicada a S. Miguel e que depois foi consagrada, como Iodas as catedrais do reino, a Nossa Senhora da Assunção. É um templo de uma só nave. A fachada, ornada de duas torres um pouco acanhadas, é singela e sem elegância. Está situada numa praça fora dos muros.

Havia em Castelo Branco dois conventos de frades, ambos extra muros, um de religiosos da província da Soledade, da invocarão de Santo António, e o outro de eremitas de Santo Agostinho. Tem esta cidade varias capelas, casa de Misericórdia e dois hospitais.

O palácio episcopal é reputado o melhor edifício deste género em toda a província. Tem anexos, uma quinta e bons jardins. Foi mandado fazer pelo bispo da Guarda, D. Nuno de Noronha, para sua residência de campo e dos seus sucessores. O bispo D. João de Mendonça, fez muitas obras e aformoseamentos, tanto no paço como na quinta e jardins. Tudo porém se acha actualmente em grande decadência.

Os subúrbios de Castelo Branco abundam em cereais, legumes e hortaliças. Não produzem muita quantidade de fruta, mas a que ali se cultiva é de excelente qualidade, principalmente as pêras do tarde, que são afamadas em todo o reino.

Passam pelo termo desta cidade, em alguma distancia, os pequenos rios Ponsul, Ocresa e Liria, que criam algum peixe miúdo. Se se der credito a uma tradição daquelas terras, a meia légua de Castelo Branco, junto ao rio Ponsul, no sitio ao presente chamado «o porto dos Belgaios», existiu uma cidade em eras remotas, denominada Belcagia.

Conta Castelo Branco uma população de seis mil e oitocentas almas, e é a residência d um governador civil, de um general comandante da divisão militar, de um juiz de direito, etc. O regimento de cavalaria nº 8 tem ai o seu quartel. Fazem-se nesta cidade as seguintes feiras: No 1º de Janeiro, e a 4 de Outubro, que duram três dias, e mercado na primeira e terceira segunda feira de cada mês.

No antigo regímen gozava esta cidade de voto em cortes onde os seus procuradores tinham assento no banco sétimo. Tem por brasão de armas um escudo coroado e nele um castelo de oiro em campo vermelho.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa



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Pelo Censos de 2011 Castelo Branco conta com 56 033 habitantes

Castelo Branco é a capital do Distrito de Castelo Branco

Freguesias de Castelo Branco 

Alcains, Almaceda, Benquerenças, Cafede, Castelo Branco, Cebolais de Cima, Escalos de Baixo, Escalos de Cima, Freixial do Campo, Juncal do Campo, Lardosa, Louriçal do Campo, Lousa, Malpica do Tejo, Mata, Monforte da Beira, Ninho do Açor, Póvoa de Rio de Moinhos, Retaxo, Salgueiro do Campo, Santo André das Tojeiras, São Vicente da Beira, Sarzedas, Sobral do Campo, Tinalhas

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em CASTELO BRANCO

PS: 69,8% - 8 mandatos
PSD: 17,1% - 1 mandato

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Castelo Branco

PS - JOAQUIM MORÃO LOPES DIAS
PS - LUIS MANUEL DOS SANTOS CORREIA
PS - MARIA CRISTINA VICENTE PIRES GRANADA
PS - ARNALDO JORGE PACHECO BRAZ
PPD/PSD - MANUEL DE SOUSA EUSÉBIO
PS - JOÃO NUNO MARQUES CARVALHINHO
PS - MARIA JOSÉ BARATA BATISTA
PS - LUIS RAFAEL LOURENÇO DIAS
PS - MARIA DA GRAÇA VILELA VENTURA