Foto de 1920 de carro de bois transportando pipa de Vinho do Porto
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segunda-feira, 16 de abril de 2012
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
História de Penafiel e imagem de 1860 do antigo brasão
História de Penafiel e imagem de 1860 do antigo brasão
A CIDADE DE PENAFIEL
Está situada a cidade de Penafiel na encosta de um monte, a seis léguas do Porto, dominando um formoso vale de duas léguas de extensão. Fazia parte, outrora, da antiga província de Entre Douro e Minho. Pela divisão do reino decretada em 1834, ficou pertencendo á província do Douro e, pela moderna divisão administrativa, pertence ao distrito do Porto e é cabeça de comarca.
Conta-se que, no ano de 850, achando se o nosso país sob o domínio dos moiros, um cavaleiro cristão chamado D. Faião Soares, descendente dos godos e tronco da ilustre família dos Sousas, fundara, com beneplácito dos dominadores, uma povoação a pouca distancia do rio Sousa, á qual deu o nome de Arrifana de Sousa.
O Bispado de Penafiel
Este lugar veio mais tarde a ser cabeça do concelho de Penafiel. Erigiu-o em vila el rei D. João V, no ano de 1741. Seu filho, el rei D. José, elevou-a á categoria de cidade em 1770, mudando- lhe o nome no de Penafiel, ao mesmo tempo que alcançou do papa Clemente XIV a criação de um novo bispado, cuja sede colocou na nova cidade. Por morte deste ilustrado soberano, os ódios que perseguiram o grande marquês de Pombal e que pretenderam anular a maior parte dos actos do seu governo, não pouparam o bispado de Penafiel. O seu primeiro e único bispo, que era confessor da rainha D. Maria I e que governara o bispado durante oito anos, renunciou à sua mitra e esta diocese foi outra vez incorporada no bispado do Porto, por bula do papa Pio VI, de Dezembro de 1778.
Penafiel é uma pequena cidade de três mil almas, quase toda edificada ao longo de uma comprida rua, por onde passa a bela estrada macdamisada que do Porto conduz a Amarante, á Régua e Vila Real.
A industria dos seus habitantes e a fertilidade dos terrenos que a cercam, lutaram debalde por muito tempo contra os estorvos que ao seu desenvolvimento opunha a falta de boas estradas. Hoje, porém, que se acha em fáceis comunicações com uma parte da província de Trás os Montes, com a principal povoação e porto do país vinhateiro do Douro e, enfim, com o grande centro comercial da cidade do Porto, pode considerar-se em caminho de prosperidade.
Tem esta cidade uma só paroquia, dedicada a S. Martinho. É um templo de três naves, edificado no meio da povoação no ano de 1570. A igreja da Misericórdia, fundada no Rossio das Chãs pelo abade de Ermelo, Amaro Moreira, é um bom templo de três naves. Serviu de sé durante os oito anos que a cidade logrou a preeminencia de sede episcopal.
De entre as diversas ermidas que possui Penafiel, citaremos a do Senhor do Hospital e a de Nossa Senhora da Piedade. A primeira, porque nela teve principio, em 1509, a humanitária confraria da Misericórdia daquela terra e porque se venera, no seu altar, um crucifixo que um chamado João Correia trouxe de Inglaterra, quando Henrique VIII, tendo mudado a religião do estado, perseguia os católicos e mandava queimar as imagens dos santos; a segunda, porque a imagem de Nossa Senhora da Piedade tem a mesma procedência.
Havia dois conventos hoje ambos extintos, um de frades capuchos, fundado em 1666 e o outro de recolhidas, intitulado de Nossa Senhora da Conceição, o qual se construiu no Rossio das Chãs no começo do século passado (18). Neste mesmo rossio está a casa das audiências do juiz de direito e cartórios dos escrivães. É o principal edifício publico. Tem esta cidade um hospital, sofríveis hospedarias e algumas casas particulares de boa aparência.
Os arrabaldes são muito agradáveis e bem cultivados, principalmente o delicioso vale por onde corre o rio Sousa, que passa a uma légua da cidade e vai entrar no Douro, duas léguas acima do Porto. Existem neles dois monumentos de antigas eras, dignos de menção e de serem vistos. Um é o celebre convento de Paço de Sousa, distante de Penafiel uma légua. O outro é conhecido pelo nome popular de Marmoiral.
O convento está situado junto ao rio Sousa, em lugar baixo. Fundou-o D. Truicrozendo Juedes pelos anos de 956 e aumentou-o seu neto Egas Moniz, o dedicado aio de D. Afonso Henriques. De tão remota época parece que apenas existe o túmulo deste herói. Todavia a igreja é um curioso espécimen da arquitectura gótica. Pertenceu este mosteiro á ordem beneditina.
O Marmoiral ergue-se numa bouça, ao norte da estrada que vai do lugar da Ermida para o da Cadeada. É um arco de quinze palmos de altura, de forma ogival, elevado sobre quatro degraus e coroado de uma cimalha com seus lavores, a qual se acha um pouco arruinada. Consta de um documento de 1152, que é o túmulo de um cavaleiro chamado D. Souzino Álvares. O nome que o vulgo dá a este monumento é provavelmente corrupção da palavra memorial. Ao que parece houve ali próximo deste mausoléu um castelo, denominado de Bugefa, do qual D. Souzino talvez seria o alcaide ou senhor.
Em distancia de uma pequena légua de Penafiel, para o norte, vê-se também o edifício do antiquíssimo mosteiro de S. Miguel de Bustelo, que foi igualmente de beneditinos.
As principais produções do termo são milho grosso e miúdo, trigo, cevada, centeio, azeite, vinho verde, linho, castanha e outras frutas. Cria-se nele muito gado de diversas espécies e caça.
A 11 de Novembro começa a feira anual de Penafiel, que é uma das mais concorridas do nosso país, tanto de gente como de produtos agrícolas e de industria. Faz-se ali muito comercio em gado, principalmente cavalar.
Tem esta cidade por armas um escudo com coroa e nele duas espadas e uma águia coroada. Dizem que este brasão lhe foi dado pelo seu primeiro fundador.
Penafiel está ligada com o Porto, Amarante e Régua por meio de carreiras regulares de diligencias. A rainha D. Maria I erigiu esta cidade em condado no ano de 1798, em favor de Manuel José da Matta de Sousa Coutinho. Ao presente é segunda condessa sua filha a ex.ma senhora D .Maria da Assunção.
Esta terra finalmente serviu de berço a muitos homens distintos nas armas, na magistratura e no magistério da universidade de Coimbra.
***
Pelo Censos 2011 Penafiel conta com 72 258 habitantes
Freguesias de Penafiel
Abragão, Boelhe, Bustelo, Cabeça Santa, Canelas, Capela, Castelões, Croca, Duas Igrejas, Eja, Figueira, Fonte Arcada, Galegos, Guilhufe, Irivo, Lagares, Luzim, Marecos, Milhundos, Novelas, Oldrões, Paço de Sousa, São Miguel Paredes, Penafiel, Perozelo, Pinheiro, Portela, Rans, Rio de Moinhos, Rio Mau, Santa Marta, Santiago de Subarrifana, São Mamede de Recezinhos, São Martinho de Recezinhos, Sebolido, Urrô, Valpedre, Vila Cova
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Relíquias Sagradas em Portugal - Amarante
Relíquias Sagradas em Portugal - Amarante
Venera-se em Amarante o corpo do milagroso S. Gonçalo, que jaz na Capela Mor do seu Convento em preciso túmulo, fechado por grades e alumiado por perpétuos lumes.
Concorre todo o ano e com especialidade no seu dia, grande número de gente em romaria devota para venerarem tão inestimável tesouro.
Relíquias Sagradas em Portugal - Ariz (Marco de Canaveses?)
Relíquias Sagradas em Portugal - Ariz (Marco de Canaveses?)
Na Freguesia de S. Martinho, neste Lugar de Ariz, que fica no Concelho de Bem-Viver, Bispado do Porto, conservam-se muitas relíquias notáveis, a saber:
- uma boa porção do Santo Lenho:
- parte de um espinho da coroa de Cristo;
- parte de uma vara, com que foi açoitado;
- do Santo Sudário
- leite da puríssima Virgem;
- ossos dos Apóstolos S. Bartolomeu, Santo André, Santiago Menor, S. Matias e outros Santos, que todas se festejam aos 3 de maio.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Imagens Milagrosas em Portugal - Porto
Imagens Milagrosas em Portugal - Porto
Numa Ermida de S. Nicolau da cidade do Porto é venerado um santo Crucifixo com grande devoção, porque nas públicas necessidades de Sol ou chuva, tem obrado evidentes maravilhas, levando-o em procissão da Ermida para a Sé; e quando o restituem, é com igual numero de pessoas.
***
Nesta mesma cidade do Porto, têm os Religiosos Dominicanos no seu Convento uma devota imagem de Cristo crucificado, pela qual o mesmo Senhor obra muitos milagres, especialmente por meio de uma toalha, chamada Toalha de Jesus, por onde têm conseguido saúde muitos enfermos.
Imagens Milagrosas em Portugal - Matosinhos, Santo Cristo de Bouças
Imagens Milagrosas em Portugal - Matosinhos, Santo Cristo de Bouças
Em Matosinhos, lugar marítimo distante uma légua da cidade do Porto é venerada a respeitosa imagem chamada do Santo Cristo de Bouças.
Esta imagem é a mais antiga que há em Portugal e dizem ter sido feita pelo nobre Decurião Nicodemus, discípulo de Cristo; foi milagrosamente encontrada por uns pescadores, toda coberta de limos, no sítio do Espinheiro, onde a expulsaram as ondas.
O vulto será pouco maior que a Imagem do Senhor jesus que está na Igreja de S. Domingos de Lisboa: tem nome palmos de alto e 8 de braço a braço; o venerável rosto levantado; dos olhos, o direito está fechado para a terra e o esquerdo aberto para o Céu.
Sem ter músculos, veias ou feições polidas, não há imagem mais perfeita nem mais excelente. Causa-nos que empregam nela a vista um venerável temor e quase sobrenatural compulsão.
É asilo e refúgio dos moradores do Porto, que cada dia experimentam por meio desta imagem infinitas misericórdias.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
História do Mosteiro de Santo Tirso
Santo Tirso
História do Mosteiro de Santo Tirso - imagem de 1863
O mosteiro de Santo Tirso foi fundado pelos godos, em data desconhecida. Sabe-se que no ano de 770 já existia e era habitado por monges beneditinos.
Pretendem alguns que foi seu fundador S. Martinho, bispo de Dume; outros que foi S. Frutuoso, arcebispo de Braga.
Em 714 as hordas sarracenas caíram sobre a Península e os poucos edifícios religiosos cristãos que escaparam à destruição foram convertidos em mesquitas.
É provável que p mosteiro de Santo Tirso tenha sido destruído e novamente reconstruído pelos monges. No começo da Reconquista terá sido novamente destruído. E foi D. Alboazar Ramires, filho de D. Ramiro II de Leão e de Zahara, a bela irmã do alcaide ou régulo do castelo de Gaia, quem, em 967, reconstruiu o mosteiro de Santo Tirso, maior que os anteriores.
Nos primeiros tempos da monarquia portuguesa, o mosteiro sofreu grandes obras e nos séculos XVII e XVIII foi completamente reedificado, restando apenas o claustro antigo.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
História: Igreja da Cedofeita no Porto
História
Porto
Igreja de Cedofeita no Porto (Imagem de 1842)
Nem só o grandioso da estrutura e a dos materiais fazem célebres os edifícios; recordações históricas dão a uns categoria monumentos; e a outros basta a veneranda antiguidade de sua fundação para serem estimados. Neste caso está a igreja de Cedofeita, hoje uma das freguesias da nobre cidade Porto. Sobre qual fosse o seu fundador correm opiniões encontradas; as duas mais gerais apresenta D. Rodrigo da Cunha no Catal. Hist. do Bispos do Porto, 2ª part. pag. 406 e 407; a primeira, citando Fr. Luiz dos Anjos, o qual diz ter sido levantado o templo pelo rei suevo Reciario, o primeiro católico destes Reis na Galiza, e que fora educado na seita de Ario; dando-se por motivo de sua conversão a saúde de um filho, que muito amava, recobrada depois de perigosa enfermidade por virtude da devoção, que por conselhos tomara com S. Martinho bispo de Tours; e conta-se que ao mandar vir de Franca uma relíquia do santo fizera logo começar a igreja, a qual tão prestes se aprontou que ao chegar a relíquia já estava concluída, donde lhe veio (dizem) o nome de citofacta ou Cedofeita. S. Gregório Turonense, referindo a vida de S. Martinho, diz que esta obra se fizera de um modo portentoso.
A segunda é de Fr. Bernardo de Brito, que (Mon. part. 2 liv. 6 cap. 12) sem discrepar das circunstancias do milagre tem para si que o rei de que fala S. Gregorio era Theodomiro, e a igreja edificada a de Dume junto a Braga. S. Máximo, bispo de Saragoça, expressamente narra que a de Dume fora erecta por ordem Reciario para se recolher S. Martinho a que chamamos Dumiense, depois de ter pregado a fé em Portugal, e já depois de estarem as relíquias de S. Martinho Turonense em igreja, que não podia ser a de Dume, construída. O P. Agostinho Rebello na sua Descrip. do Porto traz inteira uma inscrição lapidar collocada por cima da porta da igreja em 1767; no fim da mesma inscrição se diz ter sido trasladada de outra mais antiga e que constava dos arquivos da Colegiada, e no corpo dela se relata com especificação que o rei suevo Theodomiro a fundara 559, dedicando-a á honra de Deus e da Virgem, e a S. Martinho de Tours, recebendo aí o baptismo com seu filho Ariamiro, porque ambos eram hereges arianos; Iê-se que foi sagrada por Lucrécio, prelado de Braga sob o pontificado de João III. Teve comunidade de cónegos que abraçaram a regra de St. Agostinho, e que em tempos possuíram grandes rendas e privilégios, como o senhorio dos direitos de todo o pescado que se colhia desde Aveiro até Galiza; com o decurso do tempo alcançaram eles bulas apostólicas para viverem separados a exemplo cónegos das catedrais. Durante o dos árabes se celebraram nela sem interrupção os divinos ofícios. «Mas (diz D. Rod. da Cunha) sem averiguarmos estas antiguidades, que estão tão longe de nós, a igreja de Cedofeita é Colegiada e uma das insignes do reino.» Salvas as recordações, não o dirá hoje quem olhar para o edifício, que nem tem arquitectura notável, nem coisa que o recomende. Apontaremos de passagem que o mesmo Cunha, a pag 61 do citado catalogo, primeira edição, diz que em Abril de 1263, reinado de D. Afonso II, deu Nuno Soares, abade de Cedofeita e conego na Sé do Porto, ao bispo, desta D. Martinho, e a seus sucessores todo o direito que tinha na igreja Campanhã e seu padroado. Este direito viera ao dito Nuno de seus maiores, consta do Censual da sé do Porto, e vemos extracto de João Pedro Ribeiro, Dissert. 19ª, pag. 25, do vol 5, onde se acha aquela doação feita sendo rei D. Sancho II; além desta prova bastava a data para se conhecer que não fora no reinado antecedente.
O P. Rebello, querendo exaltar grandemente Cedofeita, a pag. 94 diz que em mais de doze séculos de duração (até o tempo dele) nunca fora reedificada. Cremos que tão pequeno e fraco edifício ha-de ter sido reparado; nem é, como pertendem, o templo cristão mais antigo do reino; porque, por exemplo, lá tem a sua incontestável prioridade a sé bracarense. Distingue-se também a de Cedofeita por muitos varöes ilustres nela tiveram cadeira, entre eles о prior D. Nicolau Monteiro, natural do Porto, e bispo desta cidade, que fora conselheiro de estado, mestre dos filhos de D. João IV, e embaixador deste monarca ao pontifice Urbano VIII, advogando em Roma eficazmente a justiça de Portugal contra as pertenções de Castela, assim com a voz como pela pena publicando o livro Vox turturis. A este prelado de grandes virtudes deveu muito a diocese portuense. O P. Carvalho, na Chorog. tom I, pag. 354, põe na série dos bispos D. Nicolau logo imediato a D. Rodrigo da Cunha, segundo do nome (o A, dos Catálogos), omitindo D. Fr. João de Valadares, transferido de Miranda, que sucedeu a D. Rodrigo em 1627; D. Gaspar do Rego, seu sucessor em 1637; e os trinta e dois anos de sé vacante, em que o cabido nomeou governadores interinos, porque nem regeu D. Francisco Pereira Pinto, nomeado por Filipe de Castela, nem Sebastião Cesar de Menezes, escolhido por D. João IV; durando então as contestaçôes com a curia romana. D. Nicolau Monteiro só tomou posse em Abril de 1671.
41º 09' N 08º 36' W
Porto
Portugal
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Póvoa de Varzim: Festas de S. João, Santo António e S. Pedro
História
Póvoa de Varzim: Festas de S. João, Santo António e S. Pedro
Procissão de 15 de Agosto
Na Póvoa de Varzim, não obstante ser terra de pescadores, que deviam dar a primazia a S. Pedro acontece - e apesar dos três santos populares ali terem, com efeito, fervorosos devotos e abundância de alegrias e folgares, o preferido é o S. João, aliás como em todo o Reino.
Nesse dia todas as classes se divertem. Nas lojas arma-se um trono com a imagem do santo, e na véspera á noite acendem-se fogueiras em frente das portas.
Vão todavia mais adiante os pescadores. Defronte das suas casas levantam um pinheiro verde, cujos ramos presos ás janelas vizinhas são vistosamente embandeirados com bandeiras e lenços de cores. A este uso se refere a seguinte quadra que ali se canta:
Sentemo-nos, raparigas,
Á sombra deste pinheiro;
Há um ano já que esperamos
O S. João verdadeiro
A pequena distancia do pinheiro acende-se uma fogueira, e em volta se compõe uma dança que não sabemos que exista em outra terra do Minho. Chama-se a esta dança «dos solteiros», porque nela só entram rapazes e raparigas, em número de trinta ou quarenta, formando quinze ou vinte pares. Os que têm de entrar na dança vêm uniformisados, assim de um como de outro sexo, e os trajos são originais. As raparigas trazem colete encarnado e camisa branca, sem jaqueta nem roupinhas, e saia branca; na cabeça e nos ombros lenço branco; e ou vêm descalças ou resguardam os pés em pequenas chinelas de cabedal preto. Os rapazes trajam também colete encarnado sobre camisa branca, calça branca, faixa encarnada a tiracolo da direita para a esquerda, cinta encarnada (e isto é para os mais garridos), chapéu de palha ou barrete vermelho posto a direito (como ás vezes se vê nos campinos do Ribatejo), e tendo enrolado um lenço branco em forma de fita; e chinelas de cabedal amarelo, quando não trazem os pés nus como as suas interessantes companheiras.
Figurai agora estes trinta ou quarenta pares em duas linhas separadas, os do sexo feminino defronte dos do masculino, avançando, pulando ora num, ora n outro pé, recuando, e entoando quadras em que mostram desejos de que se encapele o mar para que não afaste daqueles folguedos os rapazes da vila.
Ó meu S. João Baptista,
Dai sardinha em demasia,
Mas ao vir a vossa véspera,
Mandai ao mar maresia
ou em que procuram exaltar o santo do dia:
Alegrai-vos, raparigas,
E mais toda a nossa gente,
Que S. João está no céu
Gozando glória eminente.
Raparigas cantai a vitória,
Pois S. João está na glória;
ou outros versos alegóricos cujos estribilhos são repetidos em coro, quando as linhas dos dançantes avançam ou recuam; e tereis feito ideia deste singular uso dos póveiros.
O acompanhamento para tais dansas e descantes, compõe-se de violas, rebecas e pandeiros, e diga-se com verdade, pelo que respeita a harmonia, nem sempre se presta culto á deusa Euterpe.
Nas vésperas de Santo António e S. Pedro, as festas são mais limitadas; nem delas participam todas as classes, nem se forma a dança dos solteiros, nem se levanta e embandeira o pinheiro verde, nem se acende número tão abundante de fogueiras.
A alegria no entretanto reina desafogadamente; os rapazes e as raparigas dançam e cantam ao som rouco de uma coisa a que chamam tamboril (instrumento feito de pele de peixe esticada na boca de algum cantaro quebrado), para testimunharern que tanto lhes valia pularem nas areias da Póvoa de Varzim como nas margens de Biscaia.
Na véspera e no dia de S. Pedro há mais entusiasmo, sobretudo entre os pescadores, mas ainda não é esta a festa religiosa deles. A sua piedade e devoção reserva-se mais particularmente para Aquela, cuja protecção imploram no momento do perigo todos os mareantes, e que a igreja celebra no dia 15 de agosto.
Estamos a 15 de agosto. Neste dia celebra-se com pompa a festividade de Nossa Senhora da Assunção, sob cuja invocação os pescadores composeram a sua irmandade.
A irmandade dos pescadores, além da solenidade da manhã, sai à tarde em procissão de triumfo, com diversos andores muito vistosos e bem adornados, sendo o último aquele em que se apresenta a bella imagem da indicada Senhora da Assunção.
Os pescadores moços, pela maior parte solteiros, que têm que ir na procissão, trazem nesse dia ao peito, como eles dizem, «em signal de luxo e consideração», um raminho de odorifera alfavaca, simbolo, conforme alguns, de tristeza e misantropia.
Ora a procissão no seu regresso, vai pela beira mar; e quando tem de descançar os que levam os andores, voltam estes com a frente para o Oceano, como se quisessem suplicar aos santos, cujas imagens ali conduzem em triunfo, que intercedessem por eles para que as águas fossem menos perigosas e mais copiosas em peixes.
No trânsito desta procissão pela praia vêem-se os barcos na maior parte enfeitados com bandeiras e lenços de variadas cores; e quando passa a imagem de Nossa Senhora, os pescadores lançam de dentro deles foguetes de muitas respostas, e em alguns também ardem rodas de fogo, que parece formarem na atmosfera um circulo de estrelinhas.
Há anos em que é tal a quantidade dos foguetes por ocasião da festa de 15 de agosto, que o continuado estalido das bombas de artificio se nos figura uma prolongada batalha; porém isto se presenceia com o mais notável entusiasmo nas epocas em que a pescaria foi abundantissima. Os pobres pescadores julgam assim patentear à Senhora a sua gratidão pelos beneficios recebidos.
Se pelo contrario a pescaria escasseou, o número de foguetes tambem diminuiu consideravelmente; o que prova então o desgosto dos pescadores porque o Oceano não os favoreceu ou porque o mau tempo afastou o peixe daquela costa.
Brito Aranha
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Portugal - Eleições 2011 - Resultados Porto
Resultado das Eleições para a Assembleia da República de 5 de Junho de 2011 - Porto
PSD - 39,14%, 17 deputados (Em 2009: 29,14%, 12 deputados)
Deputados eleitos pelo PSD no Porto: J. P. Aguiar Branco, Teresa Coelho, Miguel Frasquilho, Fernando Macedo, Maria C. Branco, Adriano Moreira, Luís Filipe Menezes, Margarida de Almeida, Paulo S. Santos, Luís Campos Ferreira, Conceição Pinto, Paulo R. Oliveira, Cristóvão Ribeiro, Emília Santos, Mário Ferreira, Fernando Vales, Andreia neto
PS - 32,03%, 14 deputados (Em 2009: 41,81%, 18 deputados)
Deputados eleitos pelo PS no Porto: Francisco Assis, Alberto Martins, Isabel Santos, José Lello, Augusto Santos Silva, Ana Paula Vitorino, Francisco Sampaio, Renato Sampaio, Isabel Porto Oneto, Miranda Calha, Manuel Seabra, Luísa Salgueiro, Nuno Figueiredo, Fernando M. Jesus
CDS/PP - 10%, 4 deputados (Em 2009: 9,29%, 4 deputados)
Deputados eleitos pelo CDS/PP no Porto: José Ribeiro e Castro, João P. Almeida, Cecília Meireles Graça, Michael Seufert
CDU - 6,23%, 2 deputados (Em 2009: 5,7%, 2 deputados)
Deputados eleitos pela CDU no Porto: Honório Novo, Artur Machado
BE - 5,13%, 2 deputados (Em 2009: 9,21%, 3 deputados)
Deputados eleitos pelo BE no Porto: João Semedo, Catarina Martins
quinta-feira, 10 de março de 2011
História: Cidade do Porto em 1840 - Ruas, Praças, Mercados...
História
Viagem ao passado da Cidade do Porto
Cidade do Porto em 1840 - Ruas, Praças, Campos, Largos, Cais, Mercados, Fontes e Passeios
Ruas da cidade do Porto
A parte mais antiga da cidade do Porto foi circumscripta por muros e fortificações (de que ainda hoje muitos vestígios), e apresenta por isso algumas ruas estreitas e mal alinhadas. Mas quando se vio livre de muros, estendeo- se largamente para os lados do nascente, do norte, e do poente, formando longas e largas ruas, bem alinhadas, que quase todas se acham guarnecidas de passeios laterais, e bordadas de casaria de boa apparencia, com seus quintais mais eu menos extensos. A de S. João, que desemboca na Praça da Ribeira, fronteira ao rio Douro, he de todas a mais regular. As de Santo António e dos Clérigos, que se seguem uma outra, passando ao sul da praça de D. Pedro, inclinadas ambas, para esta praça, e terminando nas extremidades opostas, a dos Clérigos pela elegante igreja e elevada torre deste nome, e a de Santo António, por um obelisco levantado em frente da igreja de Santo Ildefonso; são largas, bem alinhadas, guarnecidas de cómodos passeios, e de belas casas; contèem as mais elegantes lojas e armazéns de objectos de modas; e oferecem, de qualquer de seu pontos, um interessante golpe de vista. Depois destas, as ruas de Santa Catarina, do Almada, e de Cedofeita, são as mais notáveis por sua extensão e airosa casaria; as do Rosário, Boavista, Formosa e da Alegria, por sua extensão, excelente ar que disfructão; e as das Flores, e Ingleses, por sua largura e movimento comercial.
Praças da cidade do Porto
As principais são as de D. Pedro, da Ribeira, da Feira do Pão, e dos Ferradores. A de D. Pedro, no centro da cidade, contém num de seus ângulos o palácio do município, e noutro uma grande e mui abundante fonte. Na da Ribeira desemboca a rua mais regular e bela da cidade; e o lado oposto assenta sobre hum cais, que banhão as águas do Douro. He dele que deve partir a ponte pênsil que para este local se acha projectada, e que deve substituir a de barcas, que se acha hum pouco mais acima. A praça da Feira do Pão terá enobrecida com a fachada principal do edifício da academia, quando for terminada a sua construção. A dos Ferradores, menos regular do que as outras, he com tudo notável pela bela e simples fachada do hospital do Carmo, e pela nobre casa da família Balsemão, que lhe está fronteira.
Campos da cidade do Porto
Os de Santo Ovídio, e Torre da Marca, e o chamado Grande, são os mais notáveis. O primeiro em frente da fachada do quartel militar, he regular, circulado por largas ruas, e com árvores recentemente plantadas, próprio e destinado para os exercícios militares, paradas e grandes reuniões, para o que tem vastas proporções. No da Torre da Marca se projecta plantar uma alameda para passeio de verão, e erigir o monumento á memoria do Duque de Bragança. O chamado Grande he o menor dos três, e nele se fazem as feiras de cavalos e de bois.
Largos da cidade do Porto
O da Batalha he o mais notável, por seu tamanho e localidade, e por ser decorado por três dos nobres edifícios da cidade, a saber, o teatro de S. João, a chamada Casa Pia, e o palácio da família dos Guedes. O de Santo Ildefonso he contíguo ao primeiro, e dele partem duas das mais largas e mais belas ruas do Porto. O da Trindade, hum de cujos ângulos ocupa a da bela igreja da Trindade, que se anda construindo. O da Cordoaria he o mais vasto de todos, plantado de novas árvores: alguns cordoeiros ainda ali têm as suas rodas; mas quando este espaço for delas desaffrontado, como das ignóbeis casas e barracas que nele se observam, e reduzido a hum passeio público, e a hum jardim botânico (para o que he próprio por sua situação elevada central e proximidade da academia e do grande hospital de Santo António), elle se tornará uma espécie Fórum da cidade do Porto, porque alem dos dois sobreditos edifícios da academia e hospital de Santo António, será ainda circundado por outros dos mais nobres, a saber, a casa da relação o novo mercado do Anjo, e a esbelta torre dos Clérigos. Ha muito tempo que este passeio e jardim botânico se projectão, mas as grandes despesas que isso demanda, tem desviado para outros a atenção da camara municipal.
Cais da cidade do Porto
O dos Guindaes he guarnecido de muitas e lingoetas, e destinado para o comercio importante do Alto Douro. O da Ribeira segue ao outro; he dele parte a excelente ponte de barcas, que dá comunicação para o lado de Vila nova de Gaia; e hum pouco abaixo intesta com a praça da Ribeira. Em seguida o caes da alfandega, construído de novo, com muito luxo, e com largas e commodas lingoetas para a das fazendas. O cais de Miragaia, parte do qual já concluído, e plantado de arvoredo. A este segue o Monchique, sobre o qual estão os armazéns da alfandega para o deposito das fazendas de estiva e baldeação. Neste prende o de Massarellos, e a sucessão não de outros planos espaçosos, e assombrados de arvoredos, que só terminam no castelo de S. João da Foz na embocadura do Douro; e que, em distancia de uma pequena légua, formam o mais agradável e frequentado passeio no exterior da cidade.
Mercados da cidade do Porto
Em vários pontos da cidade os há, irregulares, mas notáveis pela abundância e baixo preço dos comestíveis. Mas hum mercado regular, e proporcionado á grandeza da cidade, acaba de ser construído e aberto ao público no sitio outrora ocupado pelo recolhimento e cerca do Anjo. Outro mercado regular se projecta estabelecer na nova praça do Bulhão, que o município anda fazendo terraplanar.
Fontes da cidade do Porto
São muitíssimas as públicas, e muito abundantes de excelente agua. A mais notável he a que decora a praça de D. Pedro; e depois desta a da Ribeira, a da Batalha, a do largo de Santa Thereza, e outras. Além das públicas são innumeraveis as que pertencem a casas e jardins particulares, cujas nascentes ou são mesmo dentro da cidade, ou nos subúrbios mais próximos. E isto faz que he o Porto uma das cidades da Europa mais abundantes de agua.
Passeios da cidade do Porto
O Porto ainda não tem passeios propriamente ditos, que por sua extensão e arranjo correspondam grandeza da cidade, á opulência de seus habitantes, e beleza de seus edifícios públicos e particulares. Os chamados passeios das Fontainhas e da Lapa, com quanto assombrados, guarnecidos de bancos e de fontes, e ofereçam largas e aprazíveis vistas, o primeiro sobre o rio Douro e suas margens, e o outro sobre o ameno paiz que decorre até ao mar, e por largo espaço deste; contudo, por suas acanhadas dimensões, mais se lhes deve chamar logradouros que passeios. Recentemente se plantou hum jardim público no antigo campo de S. Lazaro; as dimensões deste jardim não são tão extensas como o deveriam ser se o local o permitisse; mas não obstante, este jardim decorado com huma hella taça e seu repuxo, circulado de gradaria de ferro, mantido no maior aceio, guarnecido de bancos, e sempre matizado de verdura, e de frescas e odoríferas flores, oferece nos habitantes do Porto hum agradável passeio de inverno. Outros logradouros ha no centro mesmo da cidade, plantados de árvores e de onde a vista se espraia agradavelmente sobre sua casaria, e pitorescos arredores; e entre eles merecem particular menção o das Virtudes, o da Victoria, e o da Sé; o gosto por arvoredos vai-se generalizando muito na cidade; muitíssimas árvores se têem plantado ultimamente dos logares que para isso pareciam mais próprios. A necessidade de uma vasta alameda, para passeio de verão, he geralmente sentida; e grande serviço fará a seus concidadãos a camara municipal que desse objecto se ocupar.
41º 09' N 08º 36' W
Porto
Portugal
Oporto
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Porto, História e imagens antigas
quinta-feira, 3 de março de 2011
História: Viagem ao passado da cidade do Porto, imagem de 1840
História
Cidade do Porto
Viagem ao passado da cidade do Porto, imagem de 1840
A antiga e heróica cidade do Porto está assentada em vasto anfiteatro sobre as encostas de dois montes na margem direita do rio Douro, a uma légua pequena da sua foz. Foi a sua primitiva fundação pelos galos Celtas, 296 anos antes da vinda de Cristo, no sitio fronteiro que chamam Gaya. Depois pelos anos 416 da era Cristã, havendo grandes guerras entre Ataces, rei dos Alanos, e Hermenerico, fundarão os suevos nova povoação na outra parte do Douro, á qual chamaram Fastabole, que na sua língua queria dizer Porto ou Praia nova.
A esta nova povoação destruirão os moiros pelos anos de 716, e no de 905 a reedificou elrei D. Afonso 3.º de Leão. Depois foi outra vez arrasada por Almançor, califa de Córdova, permanecendo despovoada até ao ano de 982, no qual, reinando em Leão e Astúrias elrei D. Ramiro 3.º, segundo escreve o conde D. Pedro, entrou pela foz do Douro D. Moninho Viegas com uma armada de gascões, e chegando ao Porto, começou com os seus a reedificar a cidade destruída, cercando-a de muros de que ainda existem ruínas, e fortificando-a de maneira que pudessem seus moradores rebater e expulsar os moiros de toda aquela comarca.
Nesta obra da reedificação do Porto puseram todas as suas forças Sisnando, irmão de D. Moninho, que depois foi bispo desta cidade, e D. Nonego, bispo de Vandoma em França, que tinham também vindo na armada dos gascões, para os ajudarem na expulsão dos moiros, e de novo restaurarão a igreja catedral, edificando outras obras com que a cidade melhorou, e ficou livre da sujeição dos bárbaros.
No tempo em que D. Moninho reedificou esta cidade, tinha dois filhos, D. Egas e D. Garcia; este morreu em uma batalha que deu aos moiros em terra de Santa Maria; e aquele teve descendência, e foram seus netos Egas Moniz, aio d'elrei D. Afonso Henriques, e Mem Moniz, que acompanhando o mesmo rei na tomada de Lisboa, ai sacrificou generosamente a vida, para dar aos cristãos entrada na cidade, atravessando-se entre as portas.
Foi a cidade do Porto muito tempo governada pelos descendentes de D. Egas, que para ela e para si ganharão muita gloria, fazendo muitas conquistas, e chamando a toda a comarca que ião ganhando, Terra de Santa Maria, em que entravam a vila da Feira e a de Guimarães, onde naqueles tempos era a fronteira dos moiros. Por suas obras valorosas forão estes cavaleiros muito estimados dos Reis de Leão D. Afonso 5º e D. Fernando 1º, e por eles honrados com muitos privilégios, de que tiveram origem os que depois gozou a mesma cidade, por doação d'elrei D. João l de Portugal, prémio dos notáveis serviços que seus cidadãos lhe fizeram nas guerras que teve com Castela para sustentar a independência deste reino.
Foi esta cidade novamente cercada por D. Gonçalo Pereira, arcebispo de Braga, com soberbos muros de cantaria que tinhão três mil passos de circunferência e de altura, com elevadas torres e muitas portas para a serventia pública, das quais eram as principais, a Porta Nova, a dos Banhos, Lingueta, e Ribeira, para o do rio e a do Sol, Cima de Vila, Carros, Olival Virtudes para a parte da terra. Começava a muralha ao poente junto á Porta Nova, e d'alli voltando seguia em linha recta pela margem do Douro, formando hum belo passeio. Chegando aos Guindaes subia ao nascente á Porta do Sol, e continuava até Cima de Vila, onde começava a descer pela Calçada da Teresa, até á porta de Carros, que era a mais frequentada. Seguia d' ali á porta de Santo Eloy, e subindo outra vez á porta do Olival, continuava pelo largo da Cordoaria ás Virtudes, Esperança, até ir fechar na Porta Nova onde havia principiado. Quarenta anos levou esta obra para se acabar.
Tem a cidade alguma ruas mui alegres, largas e bem calçadas, com passeios de lagedo, como a de S. Nicolau, mandada abrir por elrei D. João 1º, a das Flores por elrei D. Manuel, e a rua nova de S. João assentada sobre fortes arcadas de cantaria. Ultimamente os estragos e ruínas, que sofreu a cidade durante o cerco de 1833, deram lugar a abrirem-se nova ruas e praças que muito a aformoseiam, e facílitão as comunicações.
Os principais edifícios público da cidade do Porto são: a catedral, cuja primeira fundação data dos anos de 580, mas depois a reedificarão quase inteiramente de novo o conde D. Henrique e sua mulher a rainha D. Teresa, e a sagrou D. Bernardo, arcebispo de Toledo; é de três naves, com muitas e excelentes capelas, especialmente a maior, que pode competir com os melhores templos da Espanha; tem o pavimento em xadrez de mármore branco e vermelho, e toda ela é de pedra mui bem lavrada. A sua fachada principal é nobre e bem lançada, rematando com duas torre laterais. A soberba igreja dos clérigos, cuja torre é a mais alta do reino, e excede as de Hamburgo, Bristol, Bolonha e Riga; tem de altura ate á bola 316 palmos e meio; foi começada em 1732, e levou mais de trinta anos a acabar. O logar elevado em que está colocada, ajudando sua própria altura, faz que seja avistada de uma grande distancia. A igreja de S. Francisco, obra grandiosa e de bela e nobre arquitectura, hoje pertencente aos terceiros da ordem seráfica. A casa da Relação e cadeia pública, neste género é um dos melhores edifícios do reino. O paço episcopal, edifício vastíssimo e magnifico, reedificado pelo bispo D. João Rafael de Mendonça, mas hoje mui danificado pelo ultimo cerco; nele se nota uma bela e grandiosa escadaria, que pode competir em beleza, senão em primor, com a do convento de Mafra. O hospital novo, que seria dos melhores edifícios do reino se estivesse acabado. O quartel de Santo Ovídio, o teatro de S. João, e o edifício da Casa Pia, são cada hum no seu género d grande merecimento. Merecem também atenção a igreja de S. Martinho de Cedofeita, fundada pelo rei suevo Reciario pelos anos de 446; a de S. Pedro de Miragaia, edificada por S. Basílio, primeiro bispo do Porto, e onde esteve por muitos séculos o corpo do mártir S. Pantaleão, padroeiro da cidade, até que o bispo D. Diogo de Sousa o mandou trasladar para a igreja da Sé pelos anos de 1500; e a capela de Nossa Senhora da Lapa, hoje notável por nela se conservar em deposito o Coração do imortal Duque de Bragança.
Muitos e nobres edifício particular ornam também esta cidade, distinguindo-se d'entre todos o sumptuoso palácio da Torre da Marca, chamado dos Carrancas; e a Feitoria inglesa.
A povoação da cidade do Porto, segundo os últimos recenseamentos oficiais, é hoje de 60 mil almas, e incluindo a de Vila Nova de Gaia. 71 400.
Depois de Lisboa é o Porto a principal cidade do reino, pela sua riqueza e comercio, principalmente no importantíssimo ramo dos vinhos do Douro, de que exporta anualmente de trinta a quarenta mil pipas.
41º 09' N 08º 36' W
Porto
Portugal
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Porto, História e Imagens Antigas
domingo, 13 de fevereiro de 2011
História: Cidade de Gaia, tradições do Convento da Serra do Pilar
História
Gaia
Tradições do Convento da Serra do Pilar
A festa dos Mártires de Marrocos
Quando o convento da Serra do Pilar (Gaia), nome presentemente tão ilustre pela brilhante e heróica defensa, e gentilezas d'armas, que ai fizeram os constitucionais durante um ano, contra as numerosas forças da usurpação, era habitado pelos frades da ordem dos Cruzios, venerava-se na sua igreja a relíquia de um dos cinco mártires de Marrocos. Como estes santos haviam sido da ordem seráfica de S. Francisco, e na cidade do Porto, num cabeço fronteiro á Serra, da outra parte do Douro está o convento de Santa Clara da mesma ordem de S. Francisco; todos os anos no dia 16 de Janeiro, em que a Igreja celebra o martírio daqueles santos, a horas de vésperas, vinham os frades em procissão a uma janela do seu convento, trazendo a relíquia, e ao mesmo tempo da parte oposta, saiam as freiras do coro ao mirante, e cantando huma antifona, incensavão de lá o relicário.
Neste mesmo dia saia uma procissão da irmandade do Cordão, da igreja dos Franciscanos, na qual iam cinco rapazes vestidos de frades e todos ensanguentados, levando cada um sua espada presa ao pescoço, e atraz deles um membrudo galego vestido de mouro, brandindo nas mãos um alfange, para representar o martírio dos santos; cena ridícula e indigna da venerável singeleza e respeitosa seriedade com que devem fazer- se as cerimonias santas; mas que agradava muito á populaça que corria a presencia-la.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
História: Farol da Senhora da Luz, 1848
História
Farol da Senhora da Luz, 1848 (imagem)
A uma légua pouco mais ou menos, da illustre e invicta cidade do Porto, está situado em posição elevada, o pharol de Nossa Senhora da Luz, que a nossa estampa fielmente representa. Este farol, como todos os pharoes de Portugal, pertence ao antigo systema; é um pharol catoptrico, com todas as imperfeições e inconvenientes deste systema. A construcção da sua torre, sem ser deselegante, não se torna notável pelo merecimento da architectura; a vista porém que se gosa da sua varanda é deliciosa, nem ha pincel que a possa reproduzir, nem penna que a saiba descrever. Por esta occasião lembrámos uma circumstancia que parece ter esquecido a todos os governos que tem regido esta nossa infeliz terra - a direcção dos pharoes deve deixar de pertencer ás Alfândegas, onde, em geral, não se encontram pessoas sufficientemente habilitadas nesta especialidade, para que não aconteça construir- se - como se fez já este anno á entrada da barra de Lisboa, na torre de S. Julião - um pharol do antigo systema, em despeito de todas as indicações da sciencia, contra todas as regras de economia, e apezar da opinião de homens competentes que o governo consultou. Abstemo-nos de fallar mais detidamente neste objecto; porque nos reservámos para o fazer mais tarde em artigo especial; então trataremos esta questão tão largamente como ella o merece. E estávamos tentados agora a fallar nessa temerosa barra, cujo estado é uma das nossas mais indisculpaveis vergonhas; fadaremos porém nella mais d'espaço, quando podermos apresentar aos nossos leitores uma linda vista da Foz, que o nosso gravador está preparando.
41º 09' N 08º 36' W
Porto
Portugal
Revista Popular, 1848
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
História: Porto em 1755
História
Porto, 1755
Comarca do Porto
Em 41 gr. e 11 min. de lat. e 9 e 58 min. de longit. na foz do rio Douro foi fundada pelos Galos Celtas duzentos e trinta e seis annos antes da vinda de Cristo a famosa Cidade do Porto, de quem todo este Reino toma o nome, e a que em grandeza e opulência não cede a outra alguma destes Estados senão à Corte de Lisboa, da qual dista cinquenta e duas legoas. O seu porto ainda que perigoso lhe facilita um grande comércio, porque nele se embarcam todos os frutos das Províncias setentrionais do Reino.
Os edifícios públicos de maior formosura, além das casas da muita fidalguia, que nella habita, são o 1)Convento de S. Domingos fundado pelos anos de 1283, o de 2)S. Francisco cm 1233. O de 3)N. Senhora da Consolação de Cónegos de S. João Evangelista, vulgarmente chamados Loyos em 1490. O 4)Colégio de S. Lourenço de Padres da Companhia de JESUS em 1560. O 5)Mosteiro da Ave Maria de Religiosas de S. Bento em 1518. O de 6)N. S. da Victoria de Monges do mesmo instituto em 1597. O 7)Convento de S. Clara de Religiosas Franciscanas em 1416 e o dos 8)Religiosos Gracianos, e nos arrabaldes o 9)Convento da Madre de Deus de Monchique de Freiras Franciscanas em 1545, de 10)N. Senhora do Carmo de Carmelitas descalços em 1619, o da 11)Congregação de S. Filippe Neri, e o de 12)S. Teresa de Carmelitas descalças.
A sua povoação se divide em sete Freguesias a saber: S. Nicolau, N. Senhora da Victoria, S. Pedro de Miragaya, S. Ildefonso, N. Senhora da Boa Viagem de Mazarelos, S. Martinho de Sodefeita, e a Sé, templo sumptuoso, reedificado pelo Conde D. Henrique, dos mais famosos, que se confervam de sua antiguidade.
Compõem-se o seu Cabido de Deão, Chantre, Mestre Escola, Thesoureiro mór, dos Arcediagos do Porto, de Oliveira, e da Régua, Arcipreste, doze Cónegos, cinco meios Conegos, dez Bachareis, e outros muitos Ministros. Cada Prebenda rende mais de quatrocentos mil reis, as Dignidades menos, o Tesoureiro mór tem duas, o Deão, que apresenta o Papa, tem mais os frutos da Igreja de Sovereira, e todas as outras Dignidades, e benefícios são data do Bispo.
Toda a Diocese consta de trezentas e quarenta e uma Freguesias nas Comarcas Eclesiásticas da Maia, Penafiel, sobre Tâmega, e da Feira, que compreende. Até agora teve esta Igreja sessenta e três Prelados, e as rendas delles chegam a sessenta mil cruzados.
Tem esta Cidade voto em Cortes com assento no banco primeiro.
Adorna-se com um tribunal de Relação, que se compõem de Chanceller, Juiz da Coroa, oito Desembargadores dos Agravos, Corregedores do civel, e crime beca, três Ouvidores do crime, e oito Desembargadores extravagantes com muitos Escrivães, Porteiros, Procuradores, Contadores, Meirinhos, Distribuidores, Solicitadores, e Guardas, todos com bons ordenados e propinas, que ae pagam dos direitos da Alfandega aos quartéis; tem um tribunal de Alfandega, e Casa de moeda.
Toda a Comarca consta de tres Vilas, treze Concelhos, quatorze Coutos com duzentas e sessenta e oito Freguesias, e cento e noventa mil almas, e os Conventos seguíntes.
N. Senhora da Conceição de Franciscanos Recoletos.
S. Salvador de Moreira de Cónegos Regrantes, 862.
S. Maria de Vila boa. Dos mesmos 992.
S Agostinho de Quebrantoens de Vila nova do Porto de Cónegos Regrantes.
Corpus Christi Convento de Religiosas Dominicas da mesma Villa, 1345.
S. António de Capuchos Franciscanos da mesma Villa.
S. Salvador de Vairão de Religiosas de S. Bento, 1110.
S. Tirso de Religiosos da mesma Ordem, 808.
S Salvador de Paço de Sousa. Dos mesmos, 1000.
S. João de Pendorada. Dos mesmos, 1024.
S André de Ansede de Religiosos Dominicos, 1558
sábado, 15 de janeiro de 2011
História: Duas mil pessoas a banhos na Póvoa de Varzim
História
Duas mil pessoas a banhos na Póvoa de Varzim
Foi lançada ás aguas do rio Ave a galera Nova Fama II, de que são proprietarios os commerciantes armadores da praça do Porto, srs. Soares & Irmão, aos quaes tambem pertence a antiga galera Nova Fama. Mais de duas mil pessoas que estavam a banhos na Póvoa de Varzim vieram abrilhantar esta festa maritima, que enche sempre de verdadeiro jubilo os que passam a vida luctando com as vagas.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
História: Monumento de Arenosa de Pampelido - Matosinhos - sem verbas!
História
Monumento de Arenosa de Pampelido, concelho de Bouças
A câmara da cidade invicta pediu ao governo que mande concluir o monumento de Arenosa de Pampelido, para comemorar o desembarque do exercito constitucional em 8 de Julho de 1832. O governo pediu os esclarecimentos necessários ao respectivo director das obras publicas.
Arenosa de Pampellido pertence ao concelho de Bouças.
Concelho de Bouças é o antigo nome de Matosinhos.
Foi Notícia em Portugal, é Notícia em Antikuices
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