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terça-feira, 10 de março de 2015

Como é que os Visigodos entraram na Hispânia?

Como é que os Visigodos entraram na Hispânia?

No outono de 409 entra na Hispânia uma bizarra aliança de povos bárbaros que tinham passado os três anos anteriores a abrir caminho pela Gália a partir da Renânia. Eram os Alanos, os Suevos e os Vândalos. Os romanos consideravam vândalos e suevos como povos germânicos, com origem em terras a leste do Reno. Quanto aos alanos, parecem ser de origem iraniana e provenientes do norte do Cáucaso. Foram provavelmente forçados a deslocarem-se para oeste nos anos seguintes à chegada dos Hunos às proximidades do Cáucaso, na década de 370. Como é que acabaram por se juntar aos vândalos e suevos nos finais de 406 na margem oriental do Reno, frente a Mogúncia (ou Mainz, no actual estado alemão da Renânia-Palatinado), não se sabe.

O que se sabe é que durante aquele inverno o rio ficou gelado e os três grupos entraram em território romano, enfrentado fraca oposição dos francos, aliados do Império. Foram abrindo caminho pelas províncias da Gália, que se encontravam sem defesa e, durante três anos por lá andaram até chegarem aos Pirinéus ocidentais em 409. Surpreendentemente, ou talvez não, atravessam as montanhas em oposição.

Isto pode explicar-se porque as guarnições romanas que controlavam as passagem das montanhas estavam ao serviço do imperador rebelde Constantino III (407-411), que tinha sido eleito pelas suas tropas na Britânia e imediatamente, aproveitando a confusão que se seguiu à sua proclamação, se tinha apoderado  da Gália e da Hispânia. 

O sacerdote hispânico Paulo Orósio, que em 417 escreveu "Historiæ adversum Paganos" (Histórias contra os Pagãos) afirma que os soldados de Constantino tinham deliberadamente deixado passar os bárbaros pelos Pirinéus para encobrir as suas próprias pilhagens contra a população civil. O certo é que, desde então, Honório (395-423) o legítimo Imperador Romano do Ocidente, nunca mais foi capaz de impor a sua autoridade sobre as províncias hispânicas. 

Alanos, Vândalos e Suevos, depois de um breve mas selvagem período de pilhagem e destruição, devem ter acabado por estabelecer algum tipo de tratado com as autoridades romanas. As principais fontes hispânicas que abarcam este período - Orósio, que foi contemporâneo e Idácio  de Chaves, que escreveu uma breve crónica do noroeste da Hispânia por volta de 468 - referem um período de fome, inanição e canibalismo, logo a seguir à entrada dos alanos, suevos e vândalos na Hispânia em 409.

A partir do momento em que os invasores se apoderaram de todos os alimentos disponíveis e condenaram as populações à fome, só tinham duas opções: ou continuavam a avançar para zonas que ainda não tinham atacado, ou mudavam a sua relação com as autoridades romanas locais. Não podiam voltar para trás, pois já tinham devastado a Gália; e ainda não estavam em condições de poder avançar para África. Para não se condenarem a si próprios à miséria que tinham causado nas populações locais, só lhes restava pactuar com o regime imperial rebelde que se implantara na Península em 409.

E estabeleceram um pacto com o imperador rebelde Máximo, cujo domínio se centrava em Tarragona e Barcelona.  Máximo tinha sido proclamado imperador por Gerôncio, um dos generais de Constantino III que se rebelara contra o seu antigo imperado e em 410-411 punha cerco a Arles. Nem Máximo nem Gerôncio estavam em condições de fazer frente aos alanos, suevos e vândalos, mas podiam esperar valer-se deles para derrotar Constantino III e conseguirem o controlo da Gália.

Mas nada disto aconteceu. Durante o inverno de 410-411 os visigodos retiraram-se da Itália, o que permitiu ao exército do Imperador Honório tentar estabelecer o seu domínio sobre a Gália. E tudo aconteceu muito rapidamente durante o ano de 411. Gerôncio teve que abandonar o cerco a Arles e foi assassinado pelas suas próprias tropas e Constantino III teve que render-se a Honório, que o mandou executar. Máximo teve que se refugiar entre os seus novos aliados, alanos e vândalos, no interior da Península, enquanto aguardava o ataque dos exércitos imperiais.

Mas este ataque não ia acontecer, pois a caótica situação na Gália atrasou a tentativa de recuperar o controlo da Península Ibérica pelas forças do Império Romano. Mais ainda, esta operação militar não seria levada a cabo pelas forças imperiais, mas por um novo aliado de Roma, o rei visigodo Vália (415-419). E foi esta campanha do imperador Honório contra Máximo e os seus aliados alanos, suevos e vândalos quem trouxe pela primeira vez os visigodos à Hispânia.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

História: O esqueleto de Ricardo III de Inglaterra revela um adultério

O esqueleto de Ricardo III de Inglaterra revela um adultério


"Um cavalo! O meu reino por um cavalo! " - gritou o terrível monarca da peça de Shakespeare " Richard III ".

Em 2013, num parque de estacionamento em Leicester apareceram os restos mortais que, em 2014, demonstraram pertencerem a Ricardo III, último rei inglês morto em batalha.

Sem capacete contra os seus inimigos, o crânio aparece ferido em nove locais, alguns fatais.

Além de verificar a autenticidade dos ossos do último Plantageneta, que sofria de escoliose e não foi corcunda ou horrível como disse o Bardo, mas de rosto bonito (louro, olhos azuis, de acordo com reconstruções forenses), o achado deu mais material de trabalho aos pesquisadores.

O ADN mostrou que houve uma quebra na linha masculina, ou seja, um adultério que mudou o material genético na linha de sucessão.


O que realmente aconteceu ao povo da Ilha da Páscoa?

O que realmente aconteceu ao povo da Ilha da Páscoa?


Alguns investigadores defendem que o colapso populacional dos Rapa Nui, como eram conhecidos os habitantes da ilha da Páscoa, aconteceu quando esgotaram os recursos naturais da pequena ilha de 163 km quadrados que habitavam.

Outros defendem que a população da ilha foi praticamente exterminada depois da chegada dos europeus em 1722, que levaram doenças e escravizaram os sobreviventes.

Mas novas investigações sugerem que, as rigorosas condições ambientais da ilha causaram o declínio, mas não o colapso da população nativa, antes da chegada dos europeus.

Datando objectos e rochas, os investigadores foram capazes de determinar onde e quando a população de Rapa Nui usou a terra e os recursos naturais em diferentes partes da ilha, chegando à conclusão que o uso da terra e dos recursos variava ao longo da ilha, mostrando mais limitações ambientais que abuso do meio ambiente.

Tradução parcial do artigo publicado no Huffington Post de 11 de Janeiro de 2015.

Jesus, os Nazis e os Templers

Jesus, os Nazis e os Templers



A seita dos Templers, sem ligação aos Templários, acreditava que Belém da Galileia, a 14 quilómetros a Oeste de Nazaré, era o verdadeiro lugar do nascimento de Jesus, e não a cidade do mesmo nome na Cisjordânia.

Para o arqueólogo Aviram Oshiri (1), esta hipótese faz todo o sentido, tendo em conta que Maria estava grávida de nove meses e estamos a falar da diferença entre viajar 14 km ou 175 km.

A seita dos Templers, instalou uma colónia em Belém da Galileia em 1906, considerando o local como o mais apropriado para o regresso de Cristo.

Os Templers tinham sido expulsos da Igreja Evangélica Luterana da Alemanha no século XIX. Acreditavam que, vivendo na Terra Santa, que consideram sua, estavam mais a salvo do pecado.

Muitos apoiaram abertamente o Partido nazi de Hitler dos anos de 1930, abrindo as suas próprias filiais e erguendo a suástica em Belém. Boicotaram os negócios de judeus, saudavam em nome do Fuhrer e mandavam os filhos para a Juventude Hitleriana.

A sua presença na Galileia tornou-se importante quando Hitler tentou reescrever o Cristianismo. Com Himmler, o chefe das S.S., Hitler acreditava que longe de ter sido rei dos odiados judeus, Jesus nascera em tribos arianas nunca expulsas da Galileia.

Em 1939, muitos Templers foram lutar pela Alemanha Nazi; os que ficaram na Palestina, sob dominação britânica, foram declarados inimigos; Belém da Galileia foi transformada num campo de internamento.

Em 1941, mas de 500 Templers foram deportados para a Austrália e antes de 1944 outros 400 foram trocados por judeus prisioneiros em campos de concentração.

Em 1950, os últimos Templers, na sua maioria velhos, deixaram Belém da Galileia.

Tradução parcial do artigo publicado no Mirror de 27 de dezembro de 2014

Mais informações sobre os Templers na Wikipedia

sexta-feira, 18 de julho de 2014

História: Saúde em Pombal




Jornal de Coimbra, 1818

História: Saúde em Vila de Lama, Moncorvo





Jornal de Coimbra, 1818

História: Criança mordida por cobra em Porto de Mós

História: Criança mordida por cobra em Porto de Mós



Jornal de Coimbra, 1818

História: Saúde em Peniche de Atouguia da Baleia





Jornal de Coimbra, 1818

História: Saúde em Aveiro e Vila d'Esgueira





Jornal de Coimbra, 1818

História: Sarampo ataca Concelho d'Amiens, Moncorvo





Jornal de Coimbra, 1818

História: Torre de Moncorvo detesta Vacinas

História: Torre de Moncorvo detesta Vacinas




Jornal de Coimbra, 1818

História. a Saúde em Murça de Panocús





Link: Jornal de Coimbra, 1818

História: a Saúde em Coja (Arganil) e a morte de Maria Luiza em Espariz (Tábua)

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História: Por causa da guerra população da Covilhã refugia-se nas montanhas

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História: 40 crianças com Sarampo na Covilhã





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História: Celorico da Beira, o clima mais saudável de Portugal





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História: Início de Primavera seca e quente em Penafiel





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História: Epidemia de Sarampo em Almeirim

História: Epidemia de Sarampo em Almeirim




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Site da Câmara Municipal de Almeirim

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Roberto I de Borgonha - bisavô de Afonso Henriques era um bandido

Roberto I de Borgonha - bisavô de Afonso Henriques era um bandido


O avô do nosso conde D. Henrique, Roberto I de Borgonha, morre de forma vergonhosa a 18(ref) ou 21(ref) de Março de 1076 na igreja de Fleurey-sur-Ouche. Com ele morre também a sua segunda mulher, Ermengarde d'Anjou, sua prima em terceiro grau, com quem casara em 1048(ref), depois de repudiar Helie de Semur, mãe dos seus filhos Hugo, Henrique e Constança.

(ref)

Robert I, duque da Borgonha, era filho do rei de França Roberto II, por sua vez filho de Hugo Capeto e de Adelaide da Aquitânia. A mãe era Constance D'Arles que, em 1030, instiga os dois filhos - além de Robert havia o primogénito, Henrique - a revoltarem-se contra o pai. Esta revolta termina graças à intervenção do abade Guillaume de Volpiano, mas pouco depois depois da morte do pai, em 1031, Robert, novamente instigado pela mãe, revolta-se contra o irmão, já Henrique I, rei de França, numa tentativa de se apossar do trono. Esta revolta acaba por dar em nada e Robert acaba por ficar com o que lhe destinara o pai, o ducado de Borgonha.

Em 1033 casa com Helie de Semur, filha de Dalmas de Semur e irmã de Hugo, futuro abade de Cluny e santo. Deste casamento nascem Hugo, em 1034 (que morrerá em batalha em 1058-59, talvez em Espanha), Henrique, em 1035, que morrerá antes do pai, por volta de 1070-72 e que é o pai do nosso conde D. Henrique; e Constança (1036), que casará em segundas núpcias com o rei Afonso VI de Leão.


(ref)

Em 1048 repudia Helie de Semur, mata o sogro e o cunhado(ref), casando depois com Ermengarde d'Anjou, viuva de Geoffroy II de Gatinais, falecido em 1043 ou 1045. deste casamento nascem Robert e Simon. 

Em 1058, Robert surge em Espanha numa expedição de apoio ao conde de Barcelona, Raymond Borel, contra os mouros, acompanhado pelo seu segundo filho, Henrique, que acabará por casar com uma parente do conde, que talvez se chamasse Sibila. O apelido Borel acaba por passar para os seus descendentes. Deste matrimónio, nasceram Hugo I (certamente não em 1057 mas depois de 1058), Eudes I (Odo), le Borel, Roberto, Hélia, Beatriz, Reinaldo e, o sétimo filho, Henrique, futuro pai do primeiro rei de Portugal. Henrique terá nascido entre 1066 (o irmão Renaud (Reinald nasce em 1064-65) e 1070-72, data aproximada da morte do pai.

(ref)

Voltando a Robert I de Borgonha, a sua vida continua marcada pela violência e pelo banditismo. Além de muito provavelmente ter morto o sogro e o cunhado, também atacou igrejas e mosteiros, roubando colheitas, apossando-se de dízimos, assaltando adegas. Tais crimes não podiam passar sem punição, e Robert acabou excomungado. Os religiosos convocam-no para um concílio em Autun, por volta de 1060, onde o duque consegue reconciliar-se com a Igreja e onde terá sido decidida a sua viagem a Roma, que deve ter acontecido entre os anos de 1060 e 1064 e cujo objectivo era ele arrepender-se dos seus pecados.

Chegamos pois a 1076, à igreja de Fleurey-sur-Ouche. Robert I queria que lhe sucedesse o seu filho Robert, filho do seu casamento com Ermengarde d'Anjou, em detrimento do seu neto Hugo, filho do seu filho Henrique. Acontece que depois da morte de Robert e da esposa, Hugo é aclamado duque em Dijon com o apoio dos vassalos e os filhos de Robert I e Ermengarde são expulsos do ducado. 

Temos pois a clara antipatia da Igreja, a oposição dos vassalos a um senhor extremamente violento, que queria impor um herdeiro. Tudo indica que algo de extremamente violento aconteceu na igreja de Fleurey-sur-Ouche. Robert I, duque de Borgonha e sua esposa, Ermengarde d'Anjou foram assassinados e o ducado passou para as mãos do seu neto Hugo.

Podemos acrescentar que o duque Hugo I, apesar de ter participado numa expedição em Espanha contra os mouros e em apoio a Sancho, rei de Aragão, depois da morte da esposa, Yolande ou Sybille de Nevers em 1079, retirou-se como monge para a abadia de Clunny. Quem sabe se não carregava na consciência as mortes do avô e da esposa deste.  

Quanto aos meio-irmãos, sabemos que Robert aparece em Espanha em 1087 combatendo os mouros e daí parte para a Sicília, onde casa com a filha de Roger I, tendo a viúva deste, Adelaide de Monteferrat, confiado nele a regência dos seus estados até à maioridade dos seus filhos. Ora segundo o cronista Orderic Vital, é esta sua sogra quem o manda envenenar em 1112 ou 13.

No ducado da Borgonha, depois de Hugo I se retirar para a abadia de Cluny em 1079, sucede-lhe o irmão Eudes I, le Borel (Odo), que parece ter herdado as piores características do avô Robert. Algumas crónicas colocam-no em Espanha em 1087 (curiosamente a mesma data em que o seu meio irmão Robert também está presente), mas referem-no como apoiando Afonso VI na tomada de Toledo, o que aconteceu em 1085. O mais provável é Eudes I ter respondido ao apelo que Afonso VI fez aos reinos cristãos da Europa depois da derrota na batalha de Zalaca e consequente perda para os almorávidas de muitos territórios antes controlados por Afonso.

Mas Eudes I, le Borel era um homem violento e saqueador de estradas. A propósito dele, conta-se a história da passagem de Anselmo de Cantuária, futuro Santo Anselmo, por terras de Eudes, em 1097, quando o prelado se dirigia a Roma. Na esperança de um bom saque ou de soberbo resgate pela vida de Anselmo, Eudes prepara uma emboscada ao séquito. Quando se aproxima e pergunta por Anselmo, este aproxima-se e abraça-o. Desconcertado, o duque declara-se humilde servidor de Anselmo.

Não parece ter feito parte da Primeira Cruzada, mas faz parte da fracassada Cruzada de 1101 e acaba por morrer a 23 de Março de 1103 em Tarso, na Cilícia (atual província turca de Mersin).