História de Loulé e imagem de 1860 do antigo brasão
A VILA DE LOULÉ
É esta vila uma das mais antigas povoações do reino do Algarve. Nada se sabe ao certo sobre a sua origem, apesar de que alguns antiquários lhe assinalem por fundadores os cartagineses. Outros, menos positivos, pretendem que se erigira das ruínas da antiquíssima cidade de Querteira, isto é, que se serviu para a sua edificação dos materiais da destruída cidade. Dizem que esta existira junto ao mar, entre Faro e Albufeira, sobre um rio que conserva o mesmo nome de Quarteira e que ainda no começo do século passado (18) se mostravam nesse lugar vestígios de edifícios antigos.
De entre tantas noticias inverosímeis ou confusas, o que há de mais averiguado é que a vila de Loulé já existia ao tempo da invasão dos moiros na Península, fosse qual fosse então o seu nome e a sua categoria.
Esteve portanto sujeita aos árabes em todo o seu longo domínio no nosso país, sendo das ultimas terras que a espada vitoriosa dos nossos Reis resgatou do poder dos infiéis para a coroa portuguesa. Coube esta empresa a D. Afonso III, o conquistador do Algarve, no ano de 1249.
Como depois da conquista a maior parte dos moiros se recolhesse ás cidades africanas do litoral do Mediterraneo, deixando as terras do Algarve despovoadas e arruinadas, el rei D. Afonso III, logo que se viu desassombrado de inimigos, cuidou de as reconstruir e povoar de novo. Para este fim em Agosto de 1266 concedeu a Loulé o mesmo foral que havia dado a Faro, Silves e Tavira, o qual se compunha de grandes privilégios e isenções, próprios para chamar a estas terras novos moradores. D
Afonso V fez conde e senhor de Loulé a D. Henrique de Menezes, filho de D. Duarte de Menezes, conde de Viana. Depois passou este senhorio para D. Francisco Coutinho, conde de Marialva, que o deu em dote a sua filha, D. Guiomar Coutinho, quando casou com infante D. Fernando, filho mais novo del rei D. Manuel. Não ficando geração deste matrimonio, vagou a vila para a coroa. Depois foi dada a alcaidaria mor aos condes de Vale de Reis.
Em 1799 foi criado marquês de Loulé pelo príncipe regente, em nome da rainha D. Maria I, Agostinho Domingos José de Mendonça Rolim de Moura Barreto, oitavo conde de Vale de Reis, pai do actual marquês.
Loulé gozava, no antigo regímen, da prerogativa de enviar procuradores ás cortes, os quais tomavam lugar no banco nono. O brasão de armas desta vila consta de um simples escudo branco, sem mais divisa, conforme se acha na Torre do Tombo.
Está situada numa arborizada colina, duas léguas ao norte da cidade de Faro e cinco ao oeste da cidade de Tavira, contendo uma população de pito mil e duzentas almas, pouco mais ou menos.
Apesar da sua grandeza, não tem mais de uma paroquia, da invocação de S. Clemente. Os seus edifícios religiosos, além deste, limitam se á igreja da Misericordia, com um hospital bem dotado e a duas ou três ermidas. Antes da extinção das ordens religiosas em 1834, contava dentro dos seus muros e fora, a pouca distancia os seguintes conventos: um de eremitas de Santo Agostinho, que pertenceu primitivamente aos Templários e fora fundado em 1312; o de capuchos da província da Piedade, erigido em 1546, por Nuno Rodrigues Barreto e feito de novo, mudando de lugar em 1692; o de religiosos Agostinhos Descalços, construído no século XVII; e um convento de freiras da Conceição, que começou em recolhimento de mulheres pobres e que também se acha suprimido.
Era antigamente a vila toda cercada de muros, com seis portas e um forte castelo. Com o tempo, porém, cresceu a população e se foi estendendo para fora da cerca. Hoje vêem-se ainda os muros, mas no centro da vila. O castelo está arruinado.
São muito formosos os subúrbios de Loulé. Por toda a parte se encontram copados arvoredos, fontes e arroios de boas e fresquíssimas águas e muitas hortas e pomares bem cultivados. Há neles varias ermidas. O termo produz cereais, legumes, frutas, vinho, azeite algum gado e caça. Os figos e alfarroba constituem um dos principais ramos da sua cultura.
Segundo se lê em vários autores nacionais, a três léguas desta vila, junto ao lugar de Alte, que está situado nas faldas de um monte, existem duas minas, uma de prata e outra de cobre.
A 29 de Agosto tem Loulé a sua feira anual de três dias.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Pelo Censos 2011 Loulé conta com 70 240 habitantes
Loulé é uma cidade do distrito de Faro
Freguesias de Loulé
Almancil, Alte, Ameixial, Benafim, Boliqueime, Quarteira, Querença, Salir, São Clemente (Loulé), São Sebastião (Loulé), Tôr
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