quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

História: Censos 2011 versus Censos 1864




História


Portugal

Censos 1864

Notícia do "Recenseamento Geral de 1864"

«A estatística, que já e utilíssimo guia para governo dos povos, há de por certo acabar por ser o melhor e mais valioso auxilio dos governos.

A cinco congressos internacionais, celebrados nos últimos dez anos, se deve a propagação do gosto e cultura da estatística em todo o mundo civilizado, o apuramento de suas formulas, a vulgarização das suas mais importantes noções criticas.

Portugal, que teve delegados oficiais no primeiro, segundo e quinto desses congressos, incorreria em grande responsabilidade moral, se não acompanhasse os outros estados na senda aberta ao melhoramento da estatística oficial.

A criação d'uma repartição de estatística geral no ministério das obras publicas, comercio e industria.foi o primeiro passo dado para aquele fim pelo governo português. O primeiro cuidado d'essa repartição foi a publicação d'um Relatório-Consulta, acerca da organização da estatística geral, e d'um projecto de desiderato.

Se a ocasião de converter em obra muitas das partes d'esse plano não chegou ainda, podemos contudo anunciar com prazer, que em consequência d'elle foi decretado o recenseamento geral da população, que em todos os distritos do reino continental e insular se verificou no dia 31 de Dezembro próximamente findo.

É o primeiro ensaio do censo feito em Portugal pelos métodos modernos.O recenseamento teve por a população de facto. O boletim de família registou as pessoas d'ella que n'essa noite pernoitaram nos seus lares, e mais os que, fazendo parte habitual da família, estavam na mesma noite temporariamente ausentes. Os estranhos que acidentalmente estavam no seio d'uma família foram no boletim dela relacionados como transeuntes. A população de facto, combinada com estas notas, servirá facilmente para estabelecer em cada freguesia ou concelho a população de direito, por meio d'aquella bem conhecida fórmula estatística de: população de direito igual a população de facto, menos transeuntes, mais ausentes.

O material impresso, fornecido pelo estado para tamanha operação foi considerável. A disposição dos agentes especiais retribuídos, foram postas mais de 20:000 folhas para a relação dos fogos, e para a inscrição das famílias quase 1.200:000 folhas.

As operações do recenseamento foram simultâneas em todo o reino. Nenhum agente pôde encarregar-sc de secção que demandasse trabalho superior ao que comportava um dia bem aproveitado. A retribuição que o estado lhe ofereceu foi a de cinco réis por pessoa recenseada. Em muitas partes, subsídios suplementares ministrados por confrarias, juntas de paroquia, câmaras municipais, e juntas gerais de distrito, melhoraram essas gratificações.

O que sairá d'esta primeira tentativa? Ainda é cedo pára o saber. Diz-se que em geral o processo correu regularmente. Ainda agora os elementos do censo vão recolhendo às comissões paroquiais: sujeitos ai a um primeiro exame, passando por outro nas comissões de concelho, e por terceiro comentário nas comissões de distrito; só depois é que recolherão ao respectivo ministério para serem apurados e apreciados em ultima instância, em todo o caso, estamos seguramente convencidos que o resultado deste ensaio sempre valerá muito mais do que as cifras gratuitas, que ate agora, oficial e extra-oficialmente, circulavam acerca da nossa população; podendo bem servir de ponto de partida para aperfeiçoamento e estudo comparado de ulteriores operações da mesma espécie.

Se não é licito pretender que o resultado do primeiro censo português seja matemático, coisa a que a ciência não aspira, e nenhum país esperou nunca atingir, ainda assim, ousámos esperar que há de conter-se dentro de limites verosímeis.

No nosso próximo numero seremos mais explícitos sobre outros trabalhos estatísticos, recentemente empreendidos.»

Foi Notícia em Portugal no Século XIX - é Notícia em Antikuices

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