História
Itália
Entrada do Papa Pio IX em Roma, imagem de 1850
A questão da divisão do poder espiritual e temporal dos papas está decidida, ou antes indefinidamente adiada, com a entrada de Pio IX na capital dos seus estados.
O papado logrou sair triunfante ainda uma vez dos seus inimigos; se a unidade, se a independência, se o futuro da Itália, foi ou não sacrificado aos interesses, aliás respeitáveis, do pontífice romano é questão separada que não podemos nem devemos tratar neste lugar.
Os jornais políticos vêm recheados de pomposas descricões dos festejos que se fizeram em Roma, por ocasião do regresso de Pio IX.
Extractaremos fielmente o que a semelhante respeito dizem os jornais romanos:
«Davam quatro horas da tarde do dia 12 de abril, quando o Santo Padre, acompanhado de tropas francesas, entrou na cidade. Foi saudado com salvas de artilharia, sendo porém mais expressiva a saudação do povo, que se apinhava para saciar o desejo de ver o Vigário de Cristo, e se alegrar com a sua entrada em tão feliz momento. No meio dos soluços e de copioso pranto de ternura, resoavam entusiásticos brados: «Viva o Papa», «Viva a Religião», «Santo Padre, abençoae-nos!»
Finda a cerimónia da recepção, subiu o Papa á carruagem que para ele estava preparada, e a comitiva se pôs em movimento. A guarda nobre seguia o coche do Pontífice, a cujo postigo direito ia o general Baraguay, á esquerda o comandante da guarda nobre, e de ambos os lados muitos oficiais franceses a pé. Atrás do coche ia o estado maior francês, a guarda nobre, e meio esquadrão de dragões franceses, Fechavam a comitiva as carruagens dos cardeais, da câmara municipal e do corpo diplomático.
Em toda a parte era imenso o concurso. Parecia que a povoação voltava aos tempos da antiga Roma; porque apenas o séquito passava num ponto, corria logo a multidão a vê-lo de outro ponto; de modo que podia muito bem dizer-se que os espectadores ocupavam sem interrupção, a entrada desde a praça de S. João de Latrão, até à de S. Pedro.
São nove e meia da noite; e Roma parece um brazido com as suas inumeráveis luzes. Desde o capitólio até á praça del Popolo, e desde o Vaticano até o Pincio não há na cidade, rua nem beco, por mais remoto que seja, que não esteja iluminado, e que com a sua iluminação não represente achar-se no meio do mais claro dia.»
Em Portugal foi o regresso do pontífice romano festejado em todas as dioceses, cantando-se por tal motivo solenes Te Deum; e particularmente o foi em Lisboa, no dia 5 do corrente mês de maio, na igreja de Nossa Senhora do Loureto.
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