História do Palácio de Queluz
O Palácio de Queluz está situado no lugar de Queluz que conta com 221 fogos e 660 habitantes.
Até ao século XVII era uma pequena e pobre aldeia, onde os marqueses de Castelo Rodrigo tinham uma quinta com boa casa de residência.
Quando os portugueses sacudiram o jugo espanhol (1 de Dezembro de 1640), o segundo marquês de Castelo Rodrigo, D. Manuel de Moura Corte-Real, retirou-se para Madrid com os inimigos da pátria. Os seus bens foram confiscados pela coroa portuguesa e, em 1654, foram doados, assim como os bens de outros traidores à pátria, à Casa do Infantado, instituída a 11 de Agosto de 1654 por D. João IV em favor do seu filho segundo.
Portanto o primeiro possuidor desta grande casa foi o infante D. Pedro, que, apesar de ser o terceiro filho varão do rei D. João IV, se viu beneficiado pela morte do seu irmão mais velho, D. Teodósio, com 17 anos de idade, em 1654.
Começou o infante D. Pedro a frequentar o seu palácio e quinta de Queluz, quando o seu irmão Afonso VI se tornou rei, o q ia contra os planos dos Jesuítas que pretendiam a coroa na cabeça do infante D. Pedro. As visitas deste a Queluz não eram estranhas à política, pois aqui podiam falar e conspirar sem receio dos espiões do conde de Castelo Melhor.
Mais tarde, petextando o infante agravos recebidos do rei e do seu ministro, saiu da corte e foi habitar o Paço de Queluz. E foi aí que urdiu o plano que tirou a Afonso VI a coroa, a esposa e a liberdade.
Poucas modificações sofreu a propriedade durante a administração de D. Pedro. Por sua morte sucedeu na casa do Infantado o seu filho, o infante D. Francisco, que gostava tanto da sua quinta de Queluz que aí costumava passar os Verões.
Quem não gostava destas visitas eram os habitantes do lugar, pois eram assinaladas normalmente por grandes travessuras do infante, travessuras que tocavam muitas vezes os limites da crueldade; de tal forma que, depois da morte do infante, os habitantes do lugar continuavam a acreditar que a sua alma vagueava todas as noites dentro e nos arredores da quinta de Queluz.
Mas foi durante os 35 anos que a residência pertenceu a D. Francisco, que se começou a aumentar o palácio. D. Francisco nunca se casou, mas reconheceu um filho bastardo, D. João da Bemposta e, quando morreu, começou um litígio sobre a sucessão da casa do infante entre os infantes D. António, filho de D. Pedro II, e o infante D. Pedro, seu sobrinho e filho de D. João V. Os tribunais decidiram a favor de D. Pedro, que veio a ser D. Pedro III pelo seu casamento com a rainha D. Maria I.
E este príncipe resolveu-se a transformar Queluz na Versalhes de Portugal, pelo que comprou propriedades confinantes e encarregou os arquitectos Mateus Vicente de Oliveira e João Baptista Roillon (francês) dos planos do novo palácio e jardins.
As obras começaram poucos meses antes do terremoto de 1744, e prosseguiram com maior ou menor actividade até à morte de D. Pedro III em 1786. Pararam durante 8 anos até que a rainha D. Maria I fez edificar um novo corpo do palácio, onde habitou. Mas não chegou este tempo, nem os rendimentos da casa do infantado, nem os dinheiros do tesouro público, para que a obra ficasse completa.
Mas mal ficaram prontos as acomodações para a família real, esta foi para lá passar os meses de Verão.
Em consequência do incêndio que destruiu boa parte do palácio da Ajuda, a família real fixou residência em Queluz até 1807, quando teve que fugir para o Brasil por causa da invasão francesa.
Regressando D. João VI e a sua família a Portugal em 1821, foi morar para o Paço de Queluz. Mas pouco tempo depois, renovando-se as desinteligências entre este soberano e a sua esposa D. Carlota Joaquina, D. João VI mudou-se com os filhos para o palácio da Bemposta, ficando em Queluz a rainha com a filha mais nova, a infanta D. Ana de Jesus Maria.
Com a morte de D. João VI, em Março de 1826, e até ao ano em que a infanta D. Isabel Maria entregou a regência do reino ao seu irmão D. Miguel de Bragança, o palácio de Queluz foi o centro das conspirações contra a liberdade dos portugueses.
Ate 1833 foi o palácio habitado por D. Miguel e pelas infantas D. Isabel Maria e D. Maria da Assunção.
Depois ficou vazio até que em Setembro de 1834 D. Pedro, regente do reino, para ali se fez transportar nos últimos dias da sua vida, que terminou a 24 de Setembro nos braços de sua esposa, a imperatriz D. Amélia e de sua filha D. Maria II.
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