Filhos do rei D. João I de Portugal ou a Ínclita Geração e um par de bastardos
D. João I era filho bastardo do rei D. Pedro I de Portugal e de uma dama galesa chamada Teresa. Temos assim que o bastardo chegou a rei espoliando a legítima herdeira com legítimas razões que se prendiam com a independência do Reino de Portugal.
Nasceu D. João I em Lisboa, a 11 de Abril de 1357 e em Lisboa morreu a 14 de Agosto de 1433. Casou com D. Filipa de Lencastre, que era mais velha que ele dois anos, em 1387.
E lá vamos nós à tão esquecida Ínclita Geração.
A Infanta D. Branca nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1388, mas Santo António não ajudou a pobre bebé que em 1389 já estava morta. Jaz na Basílica de Santa Maria, antiga Metropolitana de Lisboa, junto de seu bisavô, o rei D. Afonso IV.
O Infante D. Afonso nasceu em Santarém a 30 de Julho de 1390. Foi jurado sucessor do Reino, mas morreu com 10 anos de idade, a 22 de Dezembro de 1400. Jaz na Catedral de Braga num túmulo de bronze dourado, que lhe mandou da Borgonha a Infanta D. Isabel.
Finalmente nasceu o sucessor ao trono, D. Duarte.
Seguiu-se D. Pedro, nascido em Lisboa a 9 de Dezembro de 1392. Foi Duque de Coimbra e Senhor de Montemor-o-Velho e de outras terras do Infantado. Casou com D. Isabel de Aragão, filha do conde de Urgel, D. Jaime II, no ano de 1429. Foi este Príncipe ilustre na paz e na guerra. No ano de 1424 saiu de Portugal e, fazendo uma larga peregrinação na companhia de alguns fidalgos, visitou as Cortes dos principais soberanos da Europa, África e Ásia. Na do Imperador Segismundo demorou-se mais tempo, ajudando-o na guerra contra os Turcos. Ficou como tutor del rei D. Afonso V, seu sobrinho e, no governo do reino mostrou singular prudência, mas não lhe faltaram inimigos invejosos. Saindo el rei da idade pupilar e tomando o governo do seu Reino, em vez de agradecimentos, que devia ao Infante seu tutor, tio e sogro, desterrou-o; e pelas calúnias de seu irmão D. Afonso, Conde de Barcelos e de outros, vindo o infante a Santarém para se desculpar, o rei saiu-lhe ao encontro com um exército. Pôs-se o Infante em natural defesa com alguma gente sua e deu-se a vergonhosa batalha chamada da Alfarrobeira, onde o Infante foi morto por uma seta a 20 de Maio de 1449. Foi sepultado na Igreja de Alverca e depois o corpo foi transladado para Abrantes; daí levaram-no para Santo Elói em Lisboa e de Lisboa para a Batalha, onde jaz. Teve seis filhos: D. Pedro, Condestável de Portugal e aclamado rei de Aragão; D. João, chamado de Coimbra; D. Isabel, Rainha de Portugal, mulher de quem o matou, el rei Afonso V; D. Brites, que casou na Flandres com Adolfo de Cleves, senhor de Revestein; D. Filipa, que morreu recolhida em Odivelas; e D. Jaime, Arcebispo de Lisboa e depois Cardeal do título de Santo Eustáquio.
O Infante D. Henrique, nascido no Porto a 4 de Março de 1394, Duque de Viseu e Mestre da Ordem Militar de Cristo, em glória da qual pelejou contra os infiéis em muitas ocasiões, dando sempre mostras do seu grande valor. Desde os seus primeiros anos se aplicou às Matemáticas, que a puras contemplações e igual constância de quarenta anos, empreendendo novos descobrimentos de Céus, terras e climas diferentes, deu a conhecer ao mundo o que o mundo ignorava. Além de tanto valor e ciência era dotado de um espírito heróico, vida santa e pura, até que virtuosamente morreu em Sagres, no Reino do Algarve a 13 de Novembro de 1460. Jaz na Batalha.
A Infanta D. Isabel, nasceu em Évora a 21 de Fevereiro de 1397 e, a 10 de Janeiro de de 1430 casou com Filipe III, o Bom, Duque da Borgonha e Conde da Flandres que, para que esse dia fosse celebrado com mais solenidade, instituiu a Ordem Militar do Tosão de Ouro, na cidade de Bruges, onde se celebravam as bodas com uma rara e extraordinária magnificência. Teve esta Princesa uma grande influência sobre o seu marido, que nada fazia sem lhe pedir conselho, mesmo em questões militares; porque nela, além de grande inteligência, existia um valor verdadeiramente varonil. Morreu a 17 de Dezembro de 1471 e jaz no Convento da Cartuxa de Dijon.
O Infante D. João nasceu em Santarém a 13 de Janeiro de 1400. Casou em 1424 com a Infanta D. Isabel, sua sobrinha e filha de D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, seu irmão. Era o Infante terceiro Condestável de Portugal, Mestre da Ordem de Santiago e Príncipe muito prudente e valente, benquisto por todos. Morreu em Alcácer do Sal a 18 de Outubro de 1442 e jaz na Batalha.
O Infante D. Fernando nasceu em Santarém a 29 de Setembro de 1402. Foi Mestre de Avis com o título de Governador e Governador perpétuo da mesma Ordem. Sendo feito refém pelos Mouros em troca da cidade de Ceuta, acordo que os Portugueses fizeram com os Mouros depois da infeliz jornada de Tânger, no tempo do rei D. Duarte, padeceu ignomínias e injúrias naquele cativeiro até que morreu depois de seis anos de escravidão a 5 de Junho de 1443. Jaz no Convento da batalha.
Bastardos de D. João I
Sendo ainda Mestre de Avis e antes de casar, teve el rei D. João I o senhor D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que nasceu no Castelo de Veiros, no Alentejo, no ano de 1370, sendo a mãe da criatura D. Inês Pires, mulher nobre, que foi Comendadora dos santos. Casou a 8 de Novembro de 1401 com a Senhora D. Brites Pereira, Condessa de Barcelos, filha única do Condestável D. Nuno Álvares Pereira. E deste infeliz consórcio descende a Sereníssima Casa de Bragança. O bastardo de D. João I, o ignóbil D. Afonso morreu em Chaves em Dezembro de 1461, num dia de saraiva e nortada. Foi sepultado na Igreja dos Capuchos da mesma vila de Chaves.
Outra bastarda de D. João I foi a Senhora D. Brites, que não se sabe quando nasceu, mas que casou a 26 de Novembro de 1405 com Thomas Fitz, Conde de Arundel em Inglaterra, onde foi recebida dom grande pompa. Deste casamento não houve filhos e depois da morte do marido casou em segundas núpcias com Gilbert Talbot, Barão de Irchenfield, de que também ficou viúva, isto em 1419. Não se sabe em que ano morreu.
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