quinta-feira, 15 de setembro de 2011

História de Almeida e imagem do antigo brasão de 1860


História de Almeida e imagem do brasão de 1860


Atribui-se a fundação desta vila aos moiros. e segundo os nossos antiquários chamavam- lhe eles Talmayda ou Talmeida, de onde provém, por corrupção, o seu nome de Almeida.

A palavra Talmayda, na opinião destes últimos, significava mesa e era uma alusão ao sitio perfeitamente plano em que a vila fora edificada, nesta sua primeira fundação. Era este sitio num campo próximo da actual povoação, para o lado do norte, no vale agora chamado o Enxido da Sarça.

Posto que aquela etimologia seja seguida por todos os nossos escritores, fundando-se na opinião do cronista mor frei Bernardo de Brito. que fundou a sua numa escritura antiga que dava a vila de Almeida o nome de Talmeida. parece-nos, apesar de tudo isto, mais provável que o nome desta vila se derive da palavra Âtmeidan, que quer dizer campo ou lugar de corrida de cavalos. A predilecção que os árabes tinham por este divertimento, o assento plano da primitiva povoação e das suas imediações, podem dar algum fundamento a esta nossa opinião. Como a escritura a que se refere frei Bernardo de Brito é em latim (e diz Per Villam Turpini Talmeida etc) não admira, que ali se estropiasse a palavra Atmeidan, quando naquelas eras se estropiaram os próprios vocábulos portugueses, acontecendo amiúde verem-se alguns destes escritos de diferente modo por autores contemporâneos.

Conquistada por el rei D. Fernando Magno, primeiro de Castela, recuperada depois pelos sarracenos e finalmente outra vez tomada pelo nosso rei D. Sancho I, padeceu tais estragos e devastações nestas guerras e nas que ainda se seguiram até á completa expulsão dos moiros do território de Portugal, que no reinado de D. Dinis achava se inteiramente arruinada e despovoada. Foi então que este monarca resolveu reconstrui-la, ou diremos melhor funda-la de novo no lugar aonde ao presente a vemos. Das ruínas da antiga povoação mandou vir el rei D. Dinis os materiais, tanto para a edificação das casas, como para a fundação do castelo que aí levantou no lugar mais alto.

As continuas dissensões entre Portugal e Espanha, trouxeram a necessidade de se fortificar melhor aquela vila, tão próxima da fronteira. Assim pois, guarnecendo-a de muralhas com cinco redutos e outros tantos revelins, fossos, caminhos cobertos, esplanadas, quartéis, armazéns, etc., fizeram dela uma das principais praças de guerra de Portugal. O velho castelo de S. Dinis, reconstruído por el rei D. Manuel, e depois ainda melhorado, ficou servindo de cidadela. Danificou-o muito um raio que nele caiu no século passado (18), mas foi logo reparado.

Depois de constituída em praça de armas, Almeida tem sido teatro de acontecimentos mais ou menos notáveis em todas as guerras que o nosso país tem tido com Espanha e com a França. Não permitindo os limites deste artigo que entremos em miúdas descrições, referiremos somente os sucessos principais.

Na guerra entre Espanha e Portugal, declarada em 15 de Junho de 1762, vindo sobre Almeida uma parte do exercito invasor, sob o comando do conde de O' Reilli, viu-se esta praça forçada a entregar-se por capitulação em 25 de Agosto desse mesmo ano. Fazendo-se a paz em 10 de Fevereiro do ano seguinte, foi restituída á coroa portuguesa.

Na terceira invasão dos franceses, em 1810, o exercito de que era comandante em chefe o marechal Massena, veio pôr cerco a Almeida em 10 de Agosto, e dezassete dias depois, tendo sido destruídos por uma grande explosão os armazéns da pólvora e parte das obras de defesa, rendeu-se a praça por capitulação. Porém em 10 de Maio de 1811, quando o exercito de Massena ia em retirada, acossado pelas forças aliadas de Portugal e Grã-Bretanha, comandadas pelo duque de Wellington, a guarnição francesa de Almeida, sem esperar que a fossem atacar, saiu e escapou-se por entre os aliados, que tomaram posse da praça no dia seguinte.

No triste quadro das nossas lutas civis, foi Almeida o principal teatro da revolução, que tendo principio em Torres Novas no ano de 1844, foi acabar alguns meses depois dentro daquela praça, que por essa ocasião padeceu um cerco.

Está situada a vila de Almeida na província da Beira, em chão plano mas alto, distante três léguas da cidade de Pinhel, seis da cidade da Guarda, e junto á fronteira de Espanha. Na distância de um quarto de légua, corre o rio Côa, que já aí leva bom volume de agua com bastante peixe.

Tem uma só paroquia da invocação de Nossa Senhora das Candeias, fundada dentro do antigo Castelo, a qual é um bom templo de três naves. O hospital e casa da misericórdia foram edificados no fim do século XVII, concorrendo para esta obra a rainha D. Catarina, filha do nosso rei D. João IV e viúva do rei de Inglaterra Carlos II.

Possui esta vila um hospital militar e casa de alfandega, e teve um convento de freiras da terceira ordem de S. Francisco, intitulado Nossa Senhora do Loreto, que foi modernamente suprimido. A sua população regula por uns mil e duzentos habitantes, não contando a tropa da guarnição da praça.

Esta terra é abastecida de boas águas e farta de óptimas frutas e hortaliças, que lhe fornecem as hortas e quintas dos seus arrabaldes. Nestes, a distancia de uma légua, existe uma ermida de Nossa Senhora do Mosteiro, que segundo a tradição, foi igreja de um convento de templários. D. João II, reedificando-a, pôs-lhe o escudo das armas reais sobre a cruz d Avis, de que era grão mestre. A reconstrução, feita no começo do século passado (18), despojou-a de todos ou de quase todos os vestígios da sua muita antiguidade.

Por um uso imemorial, costumavam ir a câmara, o pároco e cleresia da vila e dos lugares vizinhos, em procissão, todos os sábados de Março, o de Ramos, e na segunda feira de Prazeres, á ermida de Nossa Senhora do Mosteiro, onde faziam festa com sermão. Não sabemos se ainda dura este uso.

O castelo, como dissemos, fica na parte mais elevada, dominando não só a vila, mas uma grande extensão de terras. Avistam-se daí os territórios de onze bispados de Portugal e Espanha. Entre outras povoações portuguesas que dali se descobrem, mencionaremos como mais importantes, a cidade da Guarda, e as vilas de Castelo Rodrigo, Castelo Bom e Trancoso.

A meia légua da vila, e junto ao rio Côa, há uma fonte de águas sulfúricas chamada a Fonte Santa, á qual concorrem com proveito muitos enfermos daquelas vizinhanças.

Nas modernas tabelas dos mercados e feiras que há no reino, não vemos figurar Almeida; entretanto, achamos noticias de que ainda não há muitos anos, tinha um mercado bem provido nos primeiros domingos de cada mês, e uma feira de três dias em 1 de Setembro, que anteriormente se fazia em Maio.

As armas d Almeida são um escudo com as armas reais, sendo a coroa destas aberta ao uso antigo e, ao lado, a esfera armilar, divisa del rei D. Manuel que foi quem lhe deu este brasão.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos de 2011, Almeida possui 7210 habitantes


Almeida é uma vila portuguesa pertencente ao Distrito da Guarda.



Freguesias de Almeida


Ade, Aldeia Nova, Almeida, Amoreira, Azinhal, Cabreira, Castelo Bom, Castelo Mendo, Freineda, Freixo, Junça, Leomil, Malhada Sorda, Malpartida, Mesquitela, Mido, Miuzela, Monte Perobolço, Nave de Haver, Naves, Parada, Peva, Porto de Ovelha, São Pedro de Rio Seco, Senouras, Vale da Mula/Val de Lamula, Vale de Coelha, Vale Verde, Vilar Formoso.



Eleições Autárquicas - 11/10/2009




Votação por Partido em ALMEIDA


PSD/CDS - 3101/52% - 3 mandatos
PS - 2520/ 42,4% - 2 mandatos




Candidatos Eleitos pelo Circulo: Almeida


PPD/PSD - CDS-PP - ANTÓNIO BAPTISTA RIBEIRO
PS- ORLINDO BALCÃO VICENTE
PPD/PSD - CDS-PP - JOSÉ ALBERTO ALMEIDA MORGADO
PS - CARLOS ALBERTO MAIA PEREIRA
PPD/PSD - CDS-PP - ANTÓNIO JOSÉ MONTEIRO MACHADO

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