Imagens Milagrosas em Portugal - Lisboa
No Mosteiro do Salvador, de Religiosas Dominicas, em Lisboa, existe com grande veneração uma antiquíssima Imagem do Santo Crucifixo, encontrada naquele sítio entre umas espessas matas, logo nos princípios, quando o rei D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros. Foi descoberta por um nobre Cavaleiro, que, ao pé da Cruz em que a Imagem pendia, achou um Altar de cera, que as abelhas prodigiosamente tinham feito.
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Ilustrava muito ao famoso Templo de S. Domingos a antiga e respeitável Imagem do Senhor Jesus Crucificado, ao lado do qual estava continuamente exposto o Santíssimo Sacramento. A eles recorria o devoto povo Lisbonense nas suas urgentes necessidades, certo da sua infalível clemência.
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Na Igreja de Santa Bárbara do Castelo adora-se um Cristo de vulto pouco menor que a estatura natural; existe a tradição de que falava muitas vezes com a Rainha Santa Isabel.
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Entre as mais notáveis Imagens de Cristo existentes em Lisboa, o Convento da Graça possui duas muito respeitáveis: uma é o Santo Crucifixo, o qual dizer ter sido levado ao Venerável Padre Montoia pelos Anjos; e é tradição antiquíssima, que muitas vezes se ouvia falar com o dito Padre.
A outra Imagem é do Senhor Jesus dos Passos, que tem feito grandes prodígios. Sucedeu na sua compra um mistério memorável; porque andando o grande servo de Deus Luís Álvares de Andrade com o piedoso intento de estabelecer nesta Corte, pelos anos de 1587, a devoção dos Passos - como com efeito estabeleceu -, veio a sua casa um estrangeiro, que trazia várias cabeças de imagens para vender; e entre elas a devotíssima do Senhor Jesus, a qual comprou o dito devoto por três cruzados, preço com que alguns contemplativos querem que fosse vendido o divino Original. É tida esta Imagem por uma das de maior veneração que tem esta Corte e assim é servida com uma grandiosa Irmandade, em que entra a maior parte da Nobreza.
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Adorava-se no Convento do Carmo a Imagem do Santo Cristo cativo, porque o esteve em Argel. No seu resgate concorreram circunstâncias prodigiosas, que o faziam mais venerável.
Neste mesmo Convento do Carmo em Lisboa, numa Capela dos claustros, estava colocada a sagrada Imagem do Senhor Jesus dos Agonizados, que veio do Convento de Moura; consta que falara a um Religioso Leigo e que obrava inumeráveis prodígios.
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Em S. Francisco de Xabregas, numa nave da Igreja, para a parte da Sacristia, está colocada numa Capela a devotíssima Imagem com o título do Senhor Jesus do Bom Despacho, que diz a tradição, corria a Via Sacra o Venerável Padre frei António das Chagas, assistindo ainda neste Convento. Desta santa Imagem foi devotíssimo o Servo de Deus, Frei José de Santa Ana, Religioso do mesmo Convento, que morreu com fama de virtude.
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Enriquecia o Convento da Santíssima Trindade a Imagem do Santo Crucifixo, que no ano de 1140, estando no Coro e caindo este quando por baixo passavam dois Religiosos, ficando ambos oprimidos na ruína, de tal forma os amparou o Crucifixo, a que se encontraram abraçados, que eles não receberam dano algum; porém a Imagem ficou com a marca de uma grande pisadura no peito.
Também aqui era venerada a Imagem do Senhor Jesus do Resgate.
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No Mosteiro das Inglesinhas venera-se um Crucifixo chamado do Milagre; guarda-se na cela das Abadessas, da qual é levado ao Coro em Procissão todas as sextas feiras. Trouxe-o a Madre Sóror Isabel Arte, a qual, quando residia numa Cidade que os hereges saquearam no tempo do cisma de Henrique VIII, tirando-lhe um das mãos por força a tal Imagem, com que a Serva de Deus estava abraçada e lançando-a numa fogueira, ela com grande coragem correu e a tirou do meio das labaredas sem lesão alguma, apagando-se então o fogo.
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O Santo Cristo da Cruz Arquiepiscopal da antiga Sé de Lisboa, merece particular memória, porque no dia da aclamação del Rei D: João IV, despregou o braço defronte da Igreja de Santo António, com geral admiração de todos.
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De igual respeito sãos os veneráveis Crucifixos que se adoram, um no grande Templo da Misericórdia, a que chamam o Santo Cristo dos Padecentes, por ser levado diante deles até ao lugar do suplício; outro na Freguesia de Santa Maria Madalena, chamado Senhor Jesus dos Perdões, cujo cravo da mão direita, que por várias vezes tem deixado cair prodigiosamente, se expõe todas as sextas feiras à pública veneração.
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O Senhor Jesus da Boa-Morte, que se venera no sitio de Buenos Aires e no Convento dos Padres da Caridade, obra maravilhas notórias, não sendo menos prodígio conservar-se há oito anos um pé de feto, que nasceu no pedestal em que assenta a Cruz, que está fora da Igreja, pois estando encerrado onde lhe não entra Sol, nem chuva, nem se lhe lança água alguma, permanece fresco há muito tempo, de que somos testemunhas de vista; e alguns devotos pedem e levam raminhos da tal erva, que pelo antigo contacto com a Cruz e daquela Imagem, tem obrado alguns prodígios febricitantes.
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É tida em grande veneração na Igreja de S. Roquecingidouro da mesma cor. Ultimamente o manto é de cor não totalmente preta, mas tem alguma semelhança com a toga; no mais é segundo o modo dos Hebreus graves e honestos. Também se lhe divisam alparcas, que era calçado muito usado entre os Hebreus.
Este quadro deu a Condessa de Sortelha, que trouxe de Castela e tem feito alguns milagres aplicado a doentes, que já estavam desconfiados dos Médicos. Hoje se vê colocado por cima da porta interior da Capela chamada da Comunidade, num dos dormitórios da Casa.
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