domingo, 9 de outubro de 2011

História do Funchal (Madeira) e imagem de 1860 do antigo brasão



História do Funchal (Madeira) e imagem de 1860 do antigo brasão

A CIDADE DO FUNCHAL

A ilha da Madeira e as de Porto Santo e Desertas estão situadas no Atlântico, distante duzentas léguas da costa de África. A primeira foi descoberta em 2 de Julho de 1419 por João Gonçalves Zarco, enviado pelo ilustre infante D. Henrique, ao descobrimento de novas terras e novos mares. Dos bosques frondosos que os portugueses aí acharam, proveio o seu nome de ilha da Madeira. Tem de comprimento umas quarenta e quatro milhas e de largura quatorze a quinze.

A cidade do Funchal é a capital da ilha da Madeira. Teve principio poucos tempos depois da descoberta e por esforço do próprio Zarco, a quem el rei D João I fizera doação do distrito do Funchal, um dos dois em que a mesma ilha logo foi dividida.

No ano de 1451, deu el rei D. Afonso V foral de vila á nova povoação, que tomou o nome do sitio em que foi fundada, ao qual, pelo muito funcho que nele havia, denominavam o Funchal.


Crescendo com rapidez a povoação pelo desenvolvimento da industria agrícola em terrenos de tão grande fertilidade, como são aqueles e, especialmente, pela cultura da cana de açúcar e da vinha, introduzidas ali pelos patrióticos desvelos do imortal infante D. Henrique, no ano de 1508 elevou-a, el rei D. Manuel, á categoria de cidade. Passados seis anos, foi erigida em sede episcopal por solicitação do mesmo monarca e, no reinado de D. João III, correndo o ano de 1537, criou a metropolitana o papa Clemente VII, assignando-lhe por sufraganeos, os bispados de Angra, de Cabo Verde, de S Tomé, que abrangia Angola e Congo, e o de Goa, que se estendia pela Índia oriental. Os arcebispos do Funchal intitulavam-se então primazes das Índias.

Não lhe durou muito porém tão eminente prerogativa. Em breve se engrandeceram os estados portugueses da Índia. Goa foi elevada á dignidade arquiepiscopal, primaz do Oriente, e o Funchal perdeu a jurisdição metropolitana, ficando outra vez sede episcopal sufraganea do arcebispado, depois patriarcado de Lisboa.


Está edificada a cidade do Funchal na costa meridional da ilha, parte assentada num vale delicioso e parte subindo pelo dorso de um monte, que tem por coroa o castelo do Pico.

Defendem-lhe o porto os fortes da Pontinha, de S. Lázaro, de Fontes ou S. João, de S. Lourenço, da Alfandega, de S. Filipe, de Santiago, de Loures, e o castelo Ilhéu, fundado sobre um grande rochedo no meio do mar, o qual serve de registro do porto. Este é formado pelos cabos Grajão e Ponta da Cruz. Os navios fundeiam aí em perfeita segurança com todos os ventos, excepto os dos quadrantes desde o sudoeste até ao sueste pelo sul.

Estende-se a cidade ao longo da baía e desde o mar até meia encosta do monte do castelo do Pico, pelo que oferece um lindo panorama a quem a contempla de bordo de algum navio.

Divide-se a cidade em quatro paroquias. A Sé é um vasto templo de arquitectura gótica, fundado por el rei D. Manuel. É notável pelos excelentes mármores que lhe vestem as paredes interiormente, pelas pinturas que o ornam e pelos tectos das suas dez capelas, fabricados de cedro com muito primor, principalmente o da capela mor.

Tem o Funchal dois conventos de freiras e teve três de religiosos, um de jesuítas, outro de carmelitas cujos templos são ainda dos melhores da cidade, e o ultimo de franciscanos, notável pela capela dos ossos construída de caveiras e ossos.

Os principais edifícios, além dos mencionados, são o palácio do governo, o paço episcopal, o seminário, o quartel militar de S. João, a alfandega, o hospital real, o teatro, que é excelente e o hospício da princesa Amélia, fundado por sua majestade imperial a duquesa de Bragança, em memoria de sua augusta filha, para receber doentes pobres atacados de moléstias pulmonares.

As praças ou largos são poucos e irregulares e as ruas em geral estreitas e mais ou menos íngremes, porém limpas. As casas são asseadas interiormente e sempre muito caiadas pela parte de fora. Muitas aí há de construção elegante.


Quase no centro da cidade há um passeio plantado de árvores e plantas indígenas e exóticas.

Os subúrbios do Funchal são afamados pela sua muita formosura e amenidade. Os pomares, as hortas e vinhas, que vestem as colinas, os bosques que cobrem os vales, as árvores e plantas dos trópicos que por toda a parte crescem, a par das da Europa, ostentando a mais pomposa vegetação, ribeiros de puríssimas águas despenhando- se de cima das rochas ou correndo mansamente nas planícies, lindas casas de campo alvejando por entre tantos verdores, altas serranias encaixilhando tão formosos painéis, tal é, em resumido esboço, o aspecto encantador dos arrabaldes do Funchal.

De entre as muitas e aprazíveis quintas que os adornam, mencionaremos como mais belas e grandiosas, a do Palheiro do Ferreiro, situada numa eminencia, a uma légua da cidade, e pertencente ao senhor conde de Carvalhal, e a do Jardim da Serra, fundada num vale assim chamado, a duas léguas e meia para o noroeste do Funchal, e propriedade do senhor Veitch súbdito britânico.

As produções do pais são muitas e mui variadas, pois que ali se dão perfeitamente bem as da Europa e as dos trópicos. O apreço em que são tidos os seus vinhos fez com que durante muitos anos fosse esta a sua principal cultura, chegando no ano de 1813 a recolher-se, em toda a ilha, vinte e duas mil trezentas e quatorze pipas. Afectada esta produção pelo oidium, que a aniquilou quase inteiramente, arrancando os proprietarios uma boa parte das vinhas, começou a introduzir- se de novo a cultura da cana de açúcar.

Os outros produtos agrícolas são: cereais, batata doce e comum, inhame, frutas das nossas e do Brasil, avultando bastante a castanha. Cria algum gado principalmente lanigero.

O clima temperadissimo que se goza no Funchal em todas as estações do ano, faz a sua residência muito saudável e proficua para moléstias de peito, por cuja razão é a cidade frequentada por muitos nacionais do continente e por grande numero de estrangeiros, que aí vão passar o inverno, além dos muitos ingleses que nela residem todo o ano.

O comercio está decadente, desde que diminuiu a produção do vinho. Todavia no porto do Funchal ainda entram anualmente uns trezentos navios.

No Funchal trabalha se primorosamente em rendas, bordados, flores de penas, e em muita variedade de artefactos delicadíssimos.

A população da cidade passa de vinte mil almas.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 o Funchal conta com 112 015 habitantes

Freguesias do Funchal

Imaculado Coração de Maria
Monte
Santa Luzia
Santa Maria Maior
Santo António
São Gonçalo
São Martinho
São Pedro
São Roque

Eleições Autarquicas - 11/10/2009

Votação por Partido no FUNCHAL

PSD: 52,2% - 7 mandatos
PS: 13,3% - 1 mandato
CDS: 10% - 1 mandato
PND: 8,3% - 1 mandato
PCP: 6,8% - 1 mandato

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Funchal

PPD/PSD - MIGUEL FILIPE MACHADO ALBUQUERQUE
PPD/PSD - BRUNO MIGUEL CAMACHO PEREIRA
PPD/PSD - RUBINA MARIA BRANCO LEAL VARGAS
PS - RUI ALBERTO PEREIRA CAETANO
PPD/PSD - JOÃO JOSÉ NASCIMENTO RODRIGUES
PPD/PSD - HENRIQUE MIGUEL FIGUEIREDO DA SILVA COSTA NEVES
CDS-PP - LINO RICARDO SILVA ABREU
PPD/PSD - LINA MARIA FERRAZ CAMACHO ALBINO
PND - GIL DA SILVA CANHA
PPD/PSD - PEDRO MIGUEL AMARO DE BETTENCOURT CALADO
PCP-PEV - ARTUR ALBERTO FERNANDES DE ANDRADE



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