El druida del César - Claude Cueni
No ano 58 a.C., Júlio César inicia uma brutal guerra na Gália. Uma das vítimas é o aspirante a druida, Corisio, que na sua fuga com a bela escrava Wanda, acaba por se cruzar com César.
Claude Cueni - escritor suíço nascido a 13 de Janeiro de 1956 em Basileia - apresenta um relato do confronto entre romanos e celtas, duas filosofias e civilizações opostas, numa trama de aventura, traição, lealdade e todos os ingredientes de que se compõe a vida humana.
« Segundo o druida Santórix, para que um desejo se cumpra basta com que a pessoa o imagine detalhadamente e muitas vezes. Todos os sentidos se preparam para ele e, com o tempo, de forma instintiva age-se de forma adequada para que o desejo se cumpra.»
«Os druidas celtas não eram somente sacerdotes, mas também professores, juízes, conselheiros, políticos, astrónomos, narradores, matemáticos e médicos, numa só pessoa. Na verdade constituíam a porta para o universo da sabedoria e os livros vivos dos celtas. A escrita era considerada algo impuro, e era proibido pôr por escrito a sabedoria sagrada.»
«O três era o número sagrado dos celtas. »
«Nós não empregamos a linguagem para nos entendermos, mas para discutir.»
«Os druidas não comiam carne, nem bebiam vinho.»
«Quando Alexandre, o Grande, perguntou a um emissário celta, durante a campanha do Danúbio, que era o que mais temia, este respondeu, para grande enfado do procer, que não a ele, o grande Alexandre, mas que o céu caísse.»
«Esse destino não era considerado doloroso para os celtas, já que para eles a morte não é mais que um passo para a vida seguinte.»
«Tinha o cabelo comprido, loiro palha, que levava atado numa trança. Essa trança valia uma fortuna. No Egipto pagavam muito dinheiro por algo assim; parece que os melhores cabos de torção para catapulta eram fabricados com o cabelo loiro dos germanos.»
«A roda é o símbolo do deus celta do sol, Taranis.»
«Os druidas são os monarcas secretos dos celtas; os reis, esses são assassinados.»
«É essa estúpida memorização de milhares de versos que nos converte em autênticos artistas da memória; alguém que é capaz de reter seis mil versos pode reter também sessenta mil. A memória é como um músculo que se submete a treino.»
«Para os celtas, a emigração de um povo é tão natural como a transmigração das almas; não consideramos uma perda abandonar o nosso lar, da mesma maneira que não consideramos a morte como uma perda, mas a vemos como um novo começo. Por isso nunca construimos uma casa para toda a vida.»
«Alguns presentes acabam por ser um peso, enquanto que algumas desgraças acabam por resultar em algo frutuoso.»
«A contrário de outros povos, nós (celtas) não separamos o mundo dos vivos do mundo dos mortos. São mundos paralelos que se encontram e fluem juntos em lugares sagrados. Covas, lagos e nascentes servem de entrada, mas por vezes basta uma brisa, uma neblina ou um grito nocturno de uma coruja, para se ver o que permanece oculto às pessoas correntes durante toda uma vida.»
«A verbena, que mitiga as dores, também faz esquecer o que acontece. Se utilizas muitas vezes, cada vez precisarás de mais em futuras profecias. A verbena é poderosa, muito poderosa, tanto que já escravizou alguns druidas.»
«Depois declamou os versos sagrados sobre a batalha das árvores e dos arbustos, um dia orgulhosos guerreiros convertidos em árvores e arbustos para sua protecção. Então compreendi também que, por vezes, quando estava só no bosque, experimentava a vaga sensação de encontrar-me entre milhares de pessoas que me contemplavam em silêncio. Também compreendi melhor porque a palavra "druida", na nossa língua se compunha das palavras "bosque" e "sabedoria": toda a nossa sabedoria se encontrava nos bosques.
«Para os celtas o vermelho é a cor do outro mundo, do ocaso, da perdição, do sangue, do poder totalitário. »
«Gostava de dar às crianças esse conselho da sabedoria celta segundo o qual uma desgraça que se aceita pesa muito menos. »
«O que se amou em criança geralmente ama-se toda a vida.»
«Quem deseja salvar um moribundo deve oferecer (aos deuses) alguém cheio de saúde.»
«O termo "Samhain" significa "o fim do Verão", e é a maior festa de toda a Gália. Celebra-se sempre no primeiro de Novembro e na noite anterior. Nesse dia o gado volta dos pastos de Verão. Os animais que sobram devem ser sacrificados e salgados, e é tempo de pagar impostos e tributos. Essas doze horas nocturnas que separam o Verão do Inverno pertencem aos deuses e aos mortos. É um período indefinido, porque já não é Verão e ainda não é Inverno. Durante essas doze horas nocturnas, passado, presente e futuro fundem-se. O outro mundo mistura-se com o nosso. Quem tem perguntas para os deuses, formula-as na noite de "Samhain".»
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