quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

História: Viagem a Alcobaça em 1865


História


Viagem

Alcobaça 1865

Mosteiro cistersiense, cujos possuidores, conhecidos pelos frades Bernardos, descendiam de oito pobres homens, que descalços de pé e perna, atravessaram desde o bispado Langres, em França, até Portugal, e um dos quais passados poucos anos se assinava:

D. fr. Paulo de Brito, D. abade do real mosteiro de Santa Maria de Alcobaça da ordem de Cister, fronteiro d'estes reinos, senhor donatário, e capitão mor das vilas de Alcobaça, Aljubarrota, Alfazeirão, Alvorninha, Pederneira, Santa Catarina, Paredes, Coz, S. Martinho, Selha do Mato, Maiorga, Évora, Cela, Furquel, e mais lugares e povoações de seus termos e dos coutos do dito mosteiro, do conselho de sua majestade, e seu esmoler mor, reformador geral da congregação de S. Bernardo, nestes reinos e senhorios de Portugal e Algarves, núncio apostólico, e embaixador extraordinario, etc.

Não deve admirar tanta elevação em tão pouco tempo, porque isto foram as luvas que D. Afonso Henriques deu a S. Bernardo, por lhe alcançar do papa Inocêncio III(???) a bula que o fez rei, sendo a paga fazer ele, por escritura pública, a sua pessoa, as dos seus vassalos, os seus bens e os alheios, feudatários dos frades de Santa Maria de Claraval, da ordem de Cister, no bispado de Langres, cujo documento não copiamos por demasiado extenso, mas não resistimos á tentação de transcrever o final d'elle, que diz:« e se alguém intentar cousa contrária a esta vassalagem e testemunho de feudo, sendo vassalo, seja desterrado d'este reino, mas se acaso for rei (o que Deus não consinta) haja nossa maldição, e não se conte em nossos descendentes, e seja despojado da dignidade pelo mesmo Deus que nos deu o reino; seja vencido de seus inimigos e sepultado no inferno em companhia do falso Judas. Foi feita a presente carta na sé de Lamego aos 27 de Abril de 1143. Eu el-rei D. Afonso, etc

A grandeza do edifício era em tudo proporcionada ao esplendor dos títulos com que se enfeitava o seu D. abade; e, apesar do estado de desmoronamento em que vai caindo, ainda é digno de ser admirado, principalmente por causa do túmulo de D. Pedro e D. Inês de Castro.

Uma das cousas que mais dava na vista aos viajantes era a cozinha e o material de que ela se compunha, entre o qual grande vulto um enorme caldeirão de cobre, apreciável não só como antigualha, mas também como troféu das armas portuguesas, porque era um dos despojos da batalha de Aljubarrota, que D João I havia ofertado ao convento.

Em 1834 desapareceu ele d'alli, e talvez tivesse qualidades talismanicas, porque o escamoteador, chegou depois ser ministro da coroa, e ainda não há muito foi ornado com os arminhos de par!

A povoação pouca importância tem, e não admira isso atento o quanto seus moradores eram gravados com os direitos senhoriais, que o mosteiro impunha a uma parte d'ella, e a indolência que incutia na outra.

Apesar d'isso há ali movimento, que sustenta uma hospedaria regular, e que do Carregado faz partir para lá às terças, quintas e sábados, uma diligencia que conduz passageiros de primeira classe a 3 $000 réis, e de segunda 2$000 réis, podendo transportar 15 kilogramas de bagagem.

Alcobaça dista 118 kilometros de Lisboa, e 98 de Coimbra.


ROTEIRO DO VIAJANTE NO CONTINENTE E NOS CAMINHOS DE FERRO DE PORTUGAL EM 1865 João Antonio Feres Abreu




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Pelos Censos 2011 Alcobaça possui 56 569 habitantes


Alcobaça é uma cidade do Distrito de Leiria.


As freguesias de Alcobaça são as seguintes:
Alcobaça, Alfeizerão, Alpedriz, Bárrio, Benedita, Cela, Cós, Évora de Alcobaça, Maiorga, Martingança, Montes, Pataias, Prazeres de Aljubarrota, São Martinho do Porto, São Vicente de Aljubarrota, Turquel, Vestiaria, Vimeiro





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