História
Cascais, 1848 (imagem)
A natureza dotando a nossa Lisboa d'um magnifico porto, um dos melhores, senão o melhor de toda a terra, parece haver destinado a formosa capital portuguesa para cabeça e empório do mundo; com efeito não há nada nem mais maravilhoso, nem mais belo, nem mais grandioso do que a entrada deste soberbo porto; a majestade e a pompa do Tejo excedem toda a expectação... é entrada mais própria de uma capital do mundo, do que da corte de um pequeno reino. Vulgarmente tem comparado a vista gozada pelo ingresso no Tejo com a dos portos de Nápoles e Génova; devo porém confessar que não acho fundamento algum para semelhante paridade. Génova e Nápoles mostram repentinamente tudo quanto tem a offerecer, como um panorama, ou uma decoração de teatro; em Lisboa trocam se os quadros, cresce o interesse, e, finalmente, no último plano é coroada a expectação. Logo ao entrar, a mais larga torrente de águas do antigo continente, o mar verde, o rio azul, torres, aldeias, farois e castelos; Cascais e Oeiras, á esquerda os montes de Sintra, á direita a serra d Arrábida, que se prolonga pelo mar em remotissimo horizonte, até ao Cabo d'Espichei, etc. Tais são as palavras d'um ilustre viajante (príncipe Lichnowsky, 1842), na elegante tradução que temos á vista; tal é o sentimento geral de todos quantos tem visitado as nossas praias.
Cascais e a sua baia, paragem a mais segura da costa, em ocasiões de tormenta, pela sua posição a cinco léguas ao poente de Lisboa, e a duas da torre de S. Julião da barra, atrai logo a atencão dos numerosos turistas, como dizem lá por fora, que vem estudar debaixo do nosso esplêndido céu, nos nossos grandes monumentos, nas nossas heróicas tradições, e nos nossos costumes, o segredo deste povo que pelas suas maravilhosas descobertas, abriu á Europa uma nova era era de civilização e de progresso; patenteando ao comercio mais larga escala, e ás ciencias um novo e vasto horizonte.
Cascais, contudo, é uma povoação insignificante, e só notável pelas suas fortificações, que n'outro tempo eram bem guarnecidas e presidiadas, e hoje estão... como está tudo nesta nossa tão infeliz terra, com quanto ainda agora seja considerada praça de guerra, e tenha seu governador, tenente- coronel, e não sabemos quantos mais oficiais assim, efectivos como adidos e agregados, etc. etc.
Antigamente havia ali sempre de guarnição um regimento d'infantaria paga; e pela nova organização do exército, posta era vigor pelo marechal Beresford, ficou sendo esta praça, quartel permanente do regimento n.º 19, também d'infantaria.
A povoação é pobre - e a sua igreja paroquial, debaixo da invocação de Nossa Senhora d' Assunção, com ser templo de arrezoadas dimensões e decente fábrica, não tem cousa de que mereça fazer-se especial menção.
Cascaes, com o seu termo, forma um concelho, que, segundo os últimos mapas oficiais, contém 1 327 fogos.
Revista Popular, 1848
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Cascais, História e imagens antigas
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