História
França
Castelo de Vaux-le-Vicomte (imagem 1848)
Mais de um dos nossos leitores estremecerá só ao ler este nome, que faz lembrar um grande crime dos tempos modernos - o assassinato da infeliz duqueza de Praslin - a sua recordação tornará ainda mais célebre nos séculos vindouros tão notável c histórica residência.
Este palácio que está situado a dez legoas de Paris, ao pé de Melun, foi principiado, bem como seus magnificos jardins, no anno de 1653; trabalharam nelle os maiores artistas da epocha, Levau, Le Nòtre, Lebrun, e muitos outros de não menos nomeada.
Para se poder imaginar a grandeza e magnificência reaes deste palácio, basta dizer que se gastaram na sua construccão perto de 36 milhões de francos.
Por que tentar uma descripção detalhada de tão soberbo domínio seria tarefa para muitos volumes, diremos em poucas palavras, quem foi Fouquet, seu fundador.
Ora este Fouquet era um honrado superintendente das finanças no tempo de Luiz XIII, discípulo do cardeal Mazarino, cuja magnificência imitara; foi um grande protector das artes e da poesia; o impulso generoso que elle lhes deu, a sua protecção de ouro foi mais fecunda, que a de Colbert, foi elle que creou o systema que fez a glória do seu successor. Na velha monarchia era costume sacrificar a superintendência das finanças ao povo. Deste modo fingiam querer vingar os pobres collectados. A desgraça de Fouquet foi, pois, um dos primeiros actos de Luiz XIV, e a circumstancia que vamos apontar, ainda a tornou mais rápida. Tentou Fouquet seduzir o rei com a sua mesma sumptuosidade; ordenou, portanto, uma funcção estrondosa em sua honra em que gastou dois milhões de francos. Luiz XIV pôde julgar pela magnificência do superintendente, que cousas não podia fazer com a sua immensa riqueza, e quanto não seria popular punir um tal luxo; para logo decidiu a prisão de Fouquet.
O preso viveu na cidadella de Pinherol, até que succumbiu á dor de tanta grandeza e de tanto fausto perdidos.
Depois da morte de Fouquet, tem passado este domínio por diflerentes mãos, até que hoje se conserva na casa de Praslin.
Esta soberba residência não é já o que foi n'outro tempo - os seus jardins estão perdidos, quasi que nem se conhecem - o palácio cae em ruínas; mas o tempo não pôde tirar áquellas paredes a magia das suas grandes recordações. O grande século está alli todo estampado, Praslin ha de viver em quanto viver a memória do século de ouro das artes francezas.
A nossa estampa representa a fachada do palácio, que deita para o lado do jardim.
Revista Popular, 1848
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