quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

História de Évora com imagem de 1848



História

Viagem ao passado de Évora, 1848

EM sitio não muito levantado mas sobranceiro a uma dilatada campina, que vai terminar a grande distancia, em várias montanhas, a saber a Serra d'Ossa, ao norte e nascente, os montes de Portel e Viana, ao meio dia, e a Serra de Montemuro ao ocidente, está edificada a famosa Évora, capital da província do Alentejo, cidade tão notável pela antiguidade da sua fundação, como pelas vicissitudes porque tem passado.

Dizem alguns escritores, que esta cidade deve a sua existência aos celtas, que habitavam esta região; outros opinam que aos tartezios andaluzes; todavia, deixando de parte na historia de Évora, o que nela pôde haver de exagerado ou duvidoso, é certo que já no tempo dos romanos foi povoação muito mais importante do que porventura é hoje, sendo aqui que tinha residência o ilustre Sertório, capitão romano, que á frente dos valentes lusitanos do Marão e do Hermínio, fez recuar as águias, e vacilar a fortuna do império. O grande povo ai deixou bastantes monumentos do seu génio nas obras que ainda hoje são dignas de notar-se: o templo chamado de Diana, e o aqueduto da Prata. Foi também Évora um dos municípios estabelecidos na Espanha, honra que só se concedia a bem poucas povoações; e porque devera os privilégios que lhe cabiam por esta distinção, ao imperador Júlio Cesar, intitulou-se desde então Liberalitas Júlia.

Quando os bárbaros da Germânia invadiram o ocidente da Europa, aniquilando na sua passagem o robusto poder romano, já fortemente abalado pelas novas ideias que a religião do Crucificado implantara na terra, e selara com o seu sangue precioso, entrou Évora, como todas as povoações peninsulares no domínio daqueles povos, até que em maio de 715 foi entrada dos mouros, em cuja obediência permaneceu 451 anos. Foi só em 1166, e não em 1155, como dizem alguns, que um tal Giraido, denominado sem pavor, salteou esta cidade e a conseguiu, por surpresa, passar ao poder dos cristãos. Em 1663, por ocasião da guerra que se travara, havia muito, com o país vizinho, foi tomada por D. João d' Áustria; mas logo restaurada pelas tropas portuguesas, em seguida á batalha do Ameixial, dada e ganha pelo conde de Vila-Flor.

É bem sabido, como quais dois séculos depois, em 1808, os briosos habitantes d' Évora, capitaneados pelo honrado general Leite, tentaram resistir ás hordas francesas de Loison; ninguém ignora também as barbaridades que os vencedores cometeram depois de entrada a cidade; nada respeitou o seu ferro; nem o sexo, nem a idade; nem o valor, nem a fraqueza; nem a inocência, nem o pudor.

Évora foi defendida da boas muralhas pelo romano Sertório; no sistema geral de defesa, empreendido e posto por obra pelo rei Fernando I, foi Évora compreendida, sendo torneada de fortes muralhas, em que se abriram dez portas. Em tempos mais recentes começou de fortificar-se á moderna; não se concluiu, porém, esta fortificação. Da primeira cerca nenhuns vestígios restam; e o que ainda se conserva das duas últimas, pouco mais é que um montão de ruínas.

A igreja d'Évora é das mais antigas de Portugal e da Espanha; porque parece que fora S. Mancio o seu primeiro bispo; este santo era um dos setenta e dois discípulos de Jesus Cristo. Subiu a cadeira d'Évora á dignidade metropolitana,, no reinado de D João III; o cardeal-infante D. Henrique foi o seu primeiro arcebispo. Évora honra-se de contar no avultado número dos seus prelados, muitos varões de merecida reputação pelas suas virtudes e letras. D. Fr. do Cenáculo, glória da religião de era um dos digníssimos filhos, foi também seu arcebispo.

Era esta catedral das mais ricas da Hespanha, pela grossura das rendas: hoje acha-se reduzida, como todas as outras, a um estado muito próximo da miséria.

Évora, pode-se dizer, que é inteiramente monumental - ali cada pedra é uma recordação dos tempos que foram.

Tornam-se, porém, mais notáveis, além do templo de Diana e do aqueduto da Prata, já citados, a sé, templo de vastas dimensões, fundado pelo bispo D. Paio, em 1186; a egreja de S. Francisco, notável por uma capela inferior, cujas paredes são revestidas de caveiras; a casa da Misericórdia; a Casa Pia, estabelecimento utilíssimo, e bem administrado, que ocupa o belo edifício em que outrora estava a universidade, fundada em 1559 pelo cardeal infante; a livraria pública, rica de preciosos códices manuscritos, e muitos outros edifícios apreciáveis pela sua construção curiosa, ou pelas suas recordações históricas.

Évora tem sido corte de muitos de nossos Reis, e nomeadamente de D. João III; nela se celebraram cortes nos reinados de D. Duarte, D. Afonso V, D. João II.

Esta cidade tem-se tornado sempre célebre pelo acrisolado patriotismo dos seus habitadores, que nunca foram os últimos a pugnar pela liberdade e independência da sua pátria.

Tem também Évora a glória de ser pátria de três bem conhecidos escritores: André de Resende, Manoel Severim de Faria, antiquários de grandes créditos, e Garcia de Resende, colector do raro e precioso Cancioneiro.

Esta cidade foi cabeça de correição, e residência de um corregedor, de um juiz de fora, e juiz dos órfãos; actualmente é capital da província, e residência do governador civil do distrito.

A sua povoação, conforme esses imperfeitíssimos dados de que podemos dispor, anda por 3,714 fogos, ou 10,763 habitantes, distribuídos por 4 paroquias.

A nossa estampa representa a praça principal, em que só há de notável a casa da câmara, a cadeia, que se vê em frente, e o chafariz que se acha no primeiro plano, e que não deixa de ter sua elegância, com quanto não pertença a sistema algum regular de arquitectura.



38° 34' N 07° 54' W
Évora
Portugal


***

Pelo Censos 2011 Évora conta com 57 073 habitantes

Évora é capital do Distrito de Évora

Freguesias de Évora

Bacelo, Canaviais, Horta das Figueiras, Malagueira, Nossa Senhora da Boa Fé, Nossa Senhora da Graça do Divor, Nossa Senhora da Tourega, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Machede, Santo Antão, São Bento do Mato, São Mamede, São Manços, São Miguel de Machede, São Sebastião da Giesteira, São Vicente do Pigeiro, Sé e São Pedro, Senhora da Saúde, Torre de Coelheiros 

Eleições Autárquicas - 11/10/2009


Votação por Partido em EVORA

PS: 40% - 3 mandatos
PCP: 34,7% - 3 mandatos
PSD: 17,5% - 17,5%

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Évora

PS - José Ernesto Ildefonso Leão d'Oliveira
PCP-PEV - Eduardo Lorge Pratas Fernandes Luciano
PS - Manuel Francisco Grilo Melgão
PPD/PSD - António José Costa Romenos Dieb
PCP-PEV - Jesuína Francisca Rosa Pedreira
PS - Cláudia Maria Ferreira de Sousa Pereira
PCP-PEV - Joaquim José Abreu Soares



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