História
Visita ao Convento dos Capuchos (Santa Cruz) de Sintra em 1848
Uma visita ao convento Santa Cruz
Seguindo por esta vereda, servem-lhe de signaes para chegar ao convento, cruzes de pedra que se acham em ponto elevados da serra.
Pouca gente se resolve a ir a pé por estes caminhos; é um prazer de montanhez, que tenho de gosar só quasi sempre.
O nevoeiro que de noite se accumula ordinariamente sobre as cumiadas, tinha-se desfeito - corria uma aragem agradável - e a serra projectando os seus contornos irregulares sobre o azul do céu, formava um quadro digno de ver-se; talvez - que sei eu? - não desagradasse mesmo a esta nossa boa gente de Lisboa, que vae mudar d' ares para uma rua de Benfica!...
Eu não sei se acontece a todos o mesmo; mas parece-me que a alma se eleva na contemplação destes quadros - sendo a natureza tão grande, parece me que não sou tão pequeno, quando me acho só em frente della. É porque a alma do homem acha-se alli solta de todos esses laços, sem conto, que a tornam mesquinha e apoucada no meio da sociedade - é porque, longe do mundo, o espirito tende para Deos, e esquece as misérias da terra.
Caminhei - ora subindo ao cume de um monte, para descer depois; ora andando em torno d'outro, por veredas mais ou menos escabrosas, até que cheguei enfim a esse conventinho humilde, em que já viveram monges, e que está hoje arruinado e deserto.
Por ordem de D. João de Castro, fundou D. Álvaro de Castro, seu filho, este convento de Franciscanos, no anno de 1560. É um recolhimento pobríssimo, cuja fábrica apenas custou, em seus principios cem cruzados.
«Dizia Filippe II, que duas cousas tinha em seus reinos, celebre, o Escurial por muito rico, e este conventinho por muito pobre; julgámos ser motivo para o encarecimento do monarcha, a pobreza que observou neste convento, quando o visitou. Pedindo o dito monarcha um púcaro d' agua, advertiam os fidalgos ao guardião, que mandasse vir algum doce, e elle obedecendo com toda a singeleza, lhe presentou em um prato alguns cachos de passas, dizendo ser o único que tinha em casa; desejoso el rei de que o guardião lhe pedisse alguma cousa, instou com elle para que lhe dissesse de que tinha mais necessidade o convento. Chamou o guardião o cosinheiro, e perguntando-lhe se a almotolía tinha bastante azeite (não se pedia naquelle tempo para mais de uma semana); respondeu-lhe que parecia ter o que bastava - nesta forma com demonstrações de agradecimento, beijou a mão del rei, e disse que de nenhuma outra cousa necessitava. Não podendo Filippe II reprimir o assombro, que lhe causava tanto desapego, e olhando para o convento da Pena, rompeu nestas palavras: Allà es Ia Pena, e esta Ia Gloria! alludindo, talvez, ao enfado produzido pelas petições dos outros religiosos.
As cellas são tão estreitas, que mais se podem chamar sepulturas de homens vivos; as paredes que as dividem são de barro e palha, forradas de cortiça, a qual serve também de forro ás portas. O refeitório é tão pequeno, que apenas tem quatorze palmos de comprido e sele de largo; serve-lhe de mesa uma lage tosca, levantada um palmo do chão, que para este efeito mandou arrancar da serra o cardeal infante D. Henrique. Eram os guardanapos da mais áspera estopa, os vasos de que se serviam os religiosos, do mais grosseiro barro, guardando-se ahi sempre abstinência de carne, e não se comendo no advento e quaresma, cousa que fosse ao lume.»
Na cerca vê-se a cova do beato Honorio, em que viveu, durante trinta annos. Foi penitencia longa e áspera, para culpa mui leve, se é verdadeira a tradição. Conta-se que Honorio, indo pelos campos, encontrara uma rapariga formosa, que o obrigou a parar pedindo- lhe que a confessasse. Recusou-se o monge a ouvi-la naquelle logar; e mandou-a para o convento, onde alguém poderia confessa-la; mas a rapariga insistiu e continuou a persegui-lo. Sentiu Honorio que aquella formosura o tentava, e fez-lhe o signal da cruz, crendo que o diabo tomara as formas da moça para vir seduzi- lo. A rapariga fugiu, e o santo homem recolheu-se áquelle retiro, onde se martyrisou trinta annos para expiar a tentação que tivera. Mil vidas não bastariam a noventa e nove centessimos dos meus leitores, para expiar tentações como esta. E apezar disto, ninguém vac metter-se na cova.Como os tempos mudam
O convento de Santa Cruz acha-se hoje em ruina. O tempo e os homens tem devastado á porfia este monumento da era piedosa, em que as barbas de um homem honrado eram penhor seguro de grossas quantias. Até a cortiça das portas tem sido arrancada, para enriquecer os muzeus britannicos, e para deixar a descoberta a madeira, em que os nossos compatriotas patriotas escrevem semsaborias, que fazem vergonha!
Saíram do convento os frades ha quinze anos, e vive alli, ha doze, um guarda a que chamam geralmente o ermitão, ainda que o pobre homem se pareça pouco, ou antes nada, com um verdadeiro ermitão. José vive só naquelle retiro, tem o usofructo das hortas, que amanha á sua vontade, tirando d'alli, e de algumas esmolas que recebe no verão, dos viajantes, o sustento necessário para o anno todo. Custou-lhe a afazer-se áquelle modo de viver; mas hoje está costumado ao nevoeiro da serra, ás ventanias, e á solidão - só tem medo dos trovões, segundo elle me confessou com a maior ingenuidade.
Algumas horas que se passam alli, são horas de paz - quando voltámos depois para o mundo, sentimos mais áspera a sociedade, e temos saudades daquelle deserto.
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Pelo Censos 2011 Sintra tem 377 249 habitantes
Sintra é uma vila do Distrito de Lisboa
Freguesias de Sintra
Agualva, Algueirão-Mem Martins, Almargem do Bispo, Belas, Cacém, Casal de Cambra, Colares, Massamá, Mira-Sintra, Monte Abraão, Montelavar, Pêro Pinheiro, Queluz, Rio de Mouro, Santa Maria e São Miguel, São João das Lampas, São Marcos, São Martinho, São Pedro de Penaferrim, Terrugem
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido em SINTRA
PSD/CDS: 45,2% - 6 mandatos
PS: 33,7% - 4 mandatos
PCP: 11,1% - 1 mandato
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Sintra
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Fernando Jorge Loureiro de Roboredo Seara
PS - Ana Maria Rosa Martins Gomes
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Marco Paulo Caldeira de Almeida
PS - Domingos Linhares Quintas
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Ana Isabel Neves Duarte
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - José Lino Fonseca Ramos
PS - Ana Isabel Queiroz do Vale
PCP-PEV - José Manuel Baptista Alves
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Luís José Vieira Duque
PS - Eduardo Jorge Glória Quinta Nova
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Maria Paula Gomes Pinto Simões
38º 47' N 9º 25' W
Sintra
Portugal
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