domingo, 12 de junho de 2011

Cultivo e preparação da mandioca - Imagem de roça em 1867



Cultivo e preparação da mandioca

Imagem de uma roça de 1867

A nossa estampa representa o interior de uma casa onde se faz a farinha de mandioca, com todas as suas preparações.

Temos presente a muito instructiva Memoria escrita por José Villela de Barros, publicada no tomo 7º das Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, com o titulo de «Memoria ou exposição do melhodo de plantar e colher no Brasil a mandioca, e fabricar a sua farinha; e dos mais productos e usos desta raiz com a applicaçâo do mesmo melhodo ao fabrico da farinha das batatas». Desta Memoria aproveitaremos as noticias substanciais.

No idioma dos Índios, mandioca significa pão de casa, sendo esta palavra composta de mandi (pão), e oca (casa).

A plantação da mandioca (raiz mais grossa que a cenoura, mas quase do seu feitio) é feita, sem escolha de tempo ou estação, nos montes ou nos vales, mas nunca em lugares muito húmidos. Limpa-se a terra das ervas, cava- se á enxada, e em covas se enterram, a distância de dois palmos, pedaços de mandioca do tamanho de um palmo; e posteriormente se faz a monda, para destruir as ervas daninhas (capim melado e o sapé) em quanto a planta não está bem arreigada; e depois se quebram os grelos supérfluos, afim de fazer engrossar a mandioca.

A colheita da mandioca efetua-se ordinariamente um ano depois da plantação; no entanto alguns conservam na terra a mandioca por espaço de dois anos, e outros chegam a colhe-la  no curto praso de seis meses, segundo a maior ou menor precisão que têm de sustento.

O modo da colheita consiste, ou em arrancar á mão pelo tronco; ou á enxada se a terra está dura. Cada planta traz de ordinário 3, 4, ou 5 raizes, as quais são separadas dela, e em cestos conduzidas para a casa do fabrico. Os troncos são enfeixados e se arrecadam para a plantação.

O fabrico da mandioca segundo a citada Memoria, consta de cinco operações essenciais, a saber: Raspar (para tirar a parte lenhosa que adere ao tronco); ralar (por meio de uma roda de ralar de muito simples construção, com quanto, aliás, a operação seja melindrosa e demande bastante perícia e facilidade resultante do longo hábito); espremer (na prensa ou sem ela); peneirar; cozer.

A mandioca depois de raspada, ralada, espremida, peneirada e cozida, é o que se chama farinha de pão; posta de molho até ficar mole, e depois amassada, feita em bolos ou pastilhas, e seca ao sol, toma a denominação de carimá; a fécula da mandioca lavada e seca ao sol, é o que se chama polvilhos; e os polvilhos humedecidos e cozidos, tomam a denominação de Tapioca.

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