terça-feira, 14 de junho de 2011

História: A Festa do Castelo de S. Jorge em Lisboa


História

Lisboa

A FESTA DO CASTELO DE S. JORGE 

O Castelo de Lisboa, ou antes a Lisboa velha, a Lisboa Romana, e Moira, teve três belos dias de religiosa festa cristã, das suas muralhas e portas adentro. Os bairros mais remotos acudiram lá como filhos e netos, que vão tomar quinhão nos regosijos de uma avó muito querida. Nunca a solenidade da Senhora da Graça passara com tanta pompa como nos dias 18, 19, e 20 do presente setembro. A formosura da estarão em sitio, de onde tanto mar e terra se descobre, estava conspirando com as diligências dos festeiros para a satisfação que geralmente se experimentava.

A iluminação, que obteve os maiores gabos, foi traça e direcção do exm. Governador o Sr. Pinheiro Furtado. Resplandecia ela, não segundo o estilo, entre montes de loiros c buxos; mas distribuída com muita novidade e graça por uma grande e elegante fábrica de madeiras pintadas e doiradas, erecta sobre uma alta plataforma e dividida em cinco vãos - eram os das extremidades para as duas bandas de musica, a do 2 e do 12, que os respectivos comandanles para ali gratuitamente mandaram para tocar todos os três dias - no do centro brilhava a imagem, a que se dirigiam aqueles cultos - um dos dois intermédios era ocupado pelos mordomos o outro pelos cargos. O todo produzia o melhor efeito.

Na Praça nova, parada do batalhão 12, onde se estabelceu o arraial, um alto mastro (chamam-lhe os franceses, de cocagne) com prémios pendentes do tope, mas todo encebado, e resvaladío, para quem os pertendesse ir tomar, desafiava as ambições dos rapazes; e os esforços destes, repetidas vezes malogrados, davam sobejo pasto de riso aos espectadores. Em todos os três dias não ocorreu o mais leve dissabor.

Esta festa deu ocasião a muitos milhares de pessoas para presencearem pelos seus olhos os notáveis melhoramentos, que ultimamente se têm feito nesta parte da cidade, que, se como obra militar é hoje completamente inútil (pelo menos),  como antiqualha, Deus sabe se de mais de dois mil anos, é certamente acredora de veneração.

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