quarta-feira, 29 de junho de 2011

História de Mirandela e imagem antiga de 1850


História

Mirandela em 1850

Imagem de 1850

Mirandela, cuja população há tomado um incremento progressivo, está edificada cm 41º e 2' de latitude setentrional, e 11º e 36' de longitude, á margem esquerda do rio Tua, centro da província de Trás os montes. Sua altura sobre o nível do mar é de 208 metros.

É controverso quando e por quem foi fundada, bem como a etimologia da sua actual denominação; parece-nos todavia que será coeva dos mouros, e que fosse talvez seu fundador o chamado rei Orelhão, que governou por estes sítios, habitando a íngreme e dilatada serra de Santa Comba, onde construiu uma ermida com esta invocação, constando tradicionalmente que, ficando esta vila fronteira àquela, denominaram-na Á mira dela depois Mira-nela e por último Mirandela.

Ainda hoje se repete esta lenda, que alguns invertem, e que coincide com esta tradição:

Mira nella, Mira nella,
Mira-te bem ficarás nella.
Quem nella bem se mirou
Nella se ficou

Mas seja qual for a etimologia da sua denominação, o que é positivo e o que diz o padre António de Carvalho, autor da Corog. Port. notando que ela fora elevada a categoria de vila por el rei D. Afonso III, que lhe deu foral pelos anos de 1288; sendo posteriormente reformado por el rei D. Manuel, no 1º de Julho de 1512; o autografo existe no arquivo da câmara.

É banhada pelo Tua, rio que tendo sua nascente junto ao lugar de Aziveiro, na Galliza, é animado pelos rios Tuella e Rabaçal. Corre aquele direito ao meio dia, e estes de norte a sul, convergindo sempre, até se reunirem sob um ângulo agudo meia légua distante desta vila, perdendo aí seus nomes para tomarem em sinal de fraternização o de rio Tua.

É assaz caudaloso, passando todo espraiado debaixo da bela ponte de granito (obra dos romanos) a mais extensa do nosso país, apresentando em frente da vila uma largura considerável; de sorte que, quando transborda do seu leito, mostra um formoso e respeitável lago, querendo imitar, por suas orlas verdejantes, as amenidades do Mondego, em Coimbra.

Foi antigamente murada com débil muro, e fechada com três portas, do que ainda hoje conserva alguns vestígios.

Eleva-se no meio dela o magnifico palácio do marquês de Távora, que oferece aos olhos do viandante, que entra pelo lado do ocidente uma perspectiva pitoresca.

Infelizmente este amplo edifício, primor da arquitectura gótica, vai-se desmantelando; sendo muito para lamentar que não seja aproveitado por alguém ou mais convenientemente pelo governo, para residência futura do magistrado supremo do distrito, cuja transferencia esperançosa é reclamada por bem fundadas razões de utilidade pública.

A vila era foreira a este marquezado, cuja eminente hierarquia é oriunda segundo a historia nos relata, do combate corajosamente travado por D. Thedão contra os árabes, nas margens do rio Távora, donde tomou titulo.

Próximo a este edifício vê-se a igreja matriz, outrora Colegiada, que foi reedificada segundo o gosto antigo em 1698, exercendo a reitoria João Pinto Cardoso. Tem bastante elegância e suficiente capacidade, em proporção dos habitantes.

Tem também Casa de Misericórdia, construída na praça pública no ano de 1518, reinando o sr D. Manuel; assim como um convento pertencente aos extintos frades Trinos calçados, principiado a edificar numa eminência próxima, extra-muros, ao Escurial, em 1818 mas não ultimado. Para esta casa, situada ao nordeste, transferiram sua residência em 1821, deixando a primitiva habitação da Misericórdia, de onde saíram a esforços desta irmandade, precedendo todas as formalidades legais.

É hoje com sua bela e fértil cerca propriedade particular.

De resto não conta outros edifícios que mereçam atenção, a não ser a casa da municipalidade, concluída apenas de paredes, dando começo o impulso a esta obra, em 1817, o então juiz de fóra José Manoel Tinhela.

Assim jaz, e já perdemos as esperanças de que se conclua.

As ruas são na generalidade estreitas e sinuosas como as das cidades da idade média, evidenciando assim a sua antiguidade.

Os seus arrabaldes, mormente ao norte, e á margem das duas ribeiras Mercês e Lobos, que confluem a pequena distancia do seu desaguamento no rio, no sitio de S Sebastião, apresentam o mais deleitoso panorama, não só pela maravilhosa extensão de seus campos, como pela fecundidade de seu solo alcatifado das mais úteis produções da natureza, indispensáveis ao homem. I.S.R.C.

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