História Carrazeda de Ansiães e antigo brasão (imagem de 1860)
Acha-se esta vila assentada no cume de um alto monte, a quatro léguas a oeste da vila da Torre de Moncorvo, uma das principais da província de Trás os Montes, e a uma légua para o norte do rio Douro. Correm-lhe também próximo, deixando-a no centro, os rios Sabor e Tua.
Da sua fundação nenhuma noticia temos encontrado, mas supomos que tem uma origem antiquíssima. A circunstancia de lhe ter dado foral el rei D. Afonso Henriques e, com mais razão ainda, varias inscrições de caracteres desconhecidos gravados em diversas pedras, que se vêem na sua igreja matriz e no castelo, dão por certo bom fundamento a esta nossa opinião.
O grande e bem construído castelo, cercado de altas torres, que outrora defendia esta vila, e os grossos muros que a cingiam, hoje tudo arruinado, mostram evidentemente que Ansiães foi, em tempos remotos, uma grande povoação, como fora uma importante posição militar, pela natureza do terreno e pelas obras de arte. A tradição dos habitantes, mais do que memorias escritas, confirmando isto, acrescenta que esta vila padeceu apertados cercos e resistiu vitoriosamente a vários assaltos de tropas castelhanas, do que lhe provém o seu brasão de armas, que é um escudo com um castelo e a seguinte letra: Ansiães leal no reino de Portugal. Segundo a mesma tradição, houve uma grande batalha em que os nossos foram vencedores, por ocasião de um destes cercos, num vale não muito longe daqui, que pelo avultado numero de mortos que nele se enterraram depois do combate, se ficou chamando o Ribeiro da Osseira, nome que ainda conserva.
O que a tradição não refere, nem os nossos autores, pelo menos que nós saibamos, é a época da florecencia desta vila e as causas certas que produziram a sua decadência. Esta mesma incerteza e falta de noticias, provam que tanto a sua prosperidade como a sua decadência são factos de muita antiguidade. Entretanto as causas prováveis de se haver despovoado e reduzido tanto que mais parece aldeia do que vila, foram talvez a aspereza do clima, que é extremamente frio, o desconforto da situação, que por todos os lados é açoitada do vento, e a falta de agua para uma povoação numerosa. O que é certo é que de tantas famílias nobres que ainda ali existiam no meado do século XVI, já não conta uma só. Pouco a pouco todas foram abandonando esta terra inóspita.
O seu castelo, apesar de se achar em bastante ruína, ainda deixa ver a grandeza e solidez da sua construção. A torre principal era de muita altura e chamava-se Torre do Sol. Tinha este castelo duas portas; saindo da principal, vê-se á esquerda uma pedra com uma inscrição em caracteres que não são romanos, nem góticos, nem árabes. A vila está encostada ás muralhas deste castelo pelo lado do oriente.
A única paroquia de Ansiães é a igreja de S. Salvador, situada próximo da porta do castelo. Não se sabe quando foi fundada, porém a sua fabrica deixa conhecer que é antiquíssima, apesar de algumas obras de reedificação também antigas. A porta principal, de arco de volta redonda e toda ornada de figuras é muito curiosa. Numa coluna do arco está uma inscrição antiga, de caracteres romanos, e dentro da igreja, entrando da parte esquerda, vêem-se três inscrições em caracteres semelhantes aos da inscrição do castelo.
Ansiães, apenas habitada de algumas famílias de lavradores, acha-se reduzida, como dissemos, ás proporções de uma pobre aldeia. A sua paroquia pouco mais conta de uns cinquenta fogos, e destes nem todos dentro da vila. Todavia o seu termo abunda em trigo, centeio, cevada, milho, legumes, castanhas, azeite, vinho e frutas, que exporta para a cidade do Porto e vão embarcar á foz do Tua, que lhe fica perto e onde tem o seu porto comercial.
No lugar do Pombal, pertencente ao seu termo, há uma boa nascente de águas de caldas, muito estimadas, e ás quais concorrem muitos enfermos, e no monte chamado a Reborosa tem minas de estanho, bem como nos lugares de Luzelos e Marzagão, as quais já estiveram em lavra por conta do estado no começo do reinado del rei D. João V.
Foram naturais de Ansiães, entre outras pessoas distintas, D. Manuel de Sousa, arcebispo primaz de Goa, e Lopo Vaz de Sampaio, oitavo governador da Índia.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
***
Pelo Censos 2001 Carrazeda de Ansiães tem 6322 habitantes
Carrazeda de Ansiães é uma vila do Distrito de Bragança.
O concelho tinha sede na antiga vila de Ansiães (Carrazeda de Ansiães); as suas ruínas, a sul da actual sede concelhia, situam-se perto da aldeia de Lavandeira. O concelho obteve foral em 1075, tendo o estatuto de vila sido confirmado por alvará de D. João V de 6 de Abril de 1734. No século XIX a sede concelhia foi transferida de Ansiães para Carrazeda, e a antiga vila foi abandonada.
As freguesias de Carrazeda de Ansiães são as seguintes:
Amedo, Beira Grande, Belver, Carrazeda de Ansiães, Castanheiro, Fontelonga, Lavandeira, Linhares, Marzagão, Mogo de Malta, Parambos, Pereiros, Pinhal do Norte, Pombal, Ribalonga, Seixo de Ansiães, Selores, Vilarinho da Castanheira, Zedes
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido em CARRAZEDA DE ANSIÃES
PSD/PP - 1766/35,4% - 2 mandatos
cp - 1699/ 34% - 2 mandatos
PS - 1169/ 23,4% - 1 mandato
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Carrazeda de Ansiães
PPD/PSD . CDS-PP - JOSÉ LUÍS CORREIA
cp - MARIA OLÍMPIA DO NASCIMENTO CASTRO CANDEIAS
PS - AUGUSTO DOS SANTOS FAUSTINO
PPD/PSD . CDS-PP - ADALGISA MARIA CAPELA RODRIGUES BARATA
cp - MARCO DE JESUS AZEVEDO FERNANDES
Sem comentários:
Enviar um comentário