sábado, 17 de setembro de 2011

História de Beja e brasão antigo (imagem de 1860)




História de Beja e brasão antigo (imagem de 1860)

A CIDADE DE BEJA

A fundação desta cidade atribui-se aos celtas, os mais antigos povoadores das Hespanhas de que há noticia. Dizem que os cartagineses a ocuparam; porém o que é fora de toda a duvida é que, senhoreada pelos romanos, esteve muitos anos sob o seu domínio e tanto floresceu nessa época, que logrou a proeminência de ser um dos três conventos jurídicos da Lusitânia.

Destruído o império romano, esteve sujeita primeiramente aos suevos e depois aos godos. Sob o governo destes últimos foi erecta em sede episcopal.

No começo do seculo VIII, correndo o ano de 715, seguiu a triste sorte das mais terras da península, recebendo o jugo muçulmano. Depois essa luta gigantesca e sem tréguas, que durante séculos fez de todo o solo das Hespanhas um vasto campo de batalha, correu fortuna varia a cidade de Beja, sendo agora cristã, para logo ser outra vez moira. O primeiro rei católico que a disputou e ganhou aos árabes, foi D Afonso I, rei de Leão e das Astúrias, no ano de 750. Retomada pelos sarracenos, foi novamente resgatada por D. Ordonho II em 914, que a perdeu pouco depois, tornando a ser recuperada em 1038 por el rei D. Fernando Magno. Caída de novo em poder dos árabes, conquistou-a primeira e segunda vez o nosso rei D. Afonso Henriques, em 1155 e em 1162. Desde este tempo ficou para sempre cristã.

Não se sabe qual foi o nome que teve anteriormente ao domínio dos romanos. Júlio César deu lhe o nome de Pax Julia em comemoração da paz que acabava de celebrar com os lusitanos. O seu sucessor Octaviano Augusto quis que se chamasse Pax Augusta, porém o primeiro é que prevaleceu e se conservou até á invasão dos moiros, que o foram corrompendo em Pache, depois Baxu, e finalmente Beja.

Pelo efeito natural das guerras que padeceu, foi-se despovoando e empobrecendo, de sorte no tempo dos nossos primeiros Reis estava reduzida ás condições de uma pequena vila.

El rei D. Afonso III deu-lhe foral e cercou-a de muros em 1253, para cuja obra se serviu materiais da celebre via militar construída pelos romanos. El rei D. Dinis mandou-a povoar e edificou- lhe o castelo.

D. João II a fe-la cabeça de ducado, em favor seu primo D. Manuel, e este príncipe, tendo-lhe sucedido no trono, elevou Beja á sua antiga categoria de cidade em 1512. O infante D. Luís, segundo filho de el rei D. Manuel, foi criado por seu pai duque de Beja, e desde então ficou pertencendo este titulo aos filhos segundos dos nossos Reis. Tendo determinado o imortal duque Bragança, o Senhor D. Pedro, quando foi regente na menoridade de sua Augusta filha, que, em galardão á cidade do Porto, se intitulasse duque dela o filho segundo do monarca português, passou o ducado de Beja para o imediato, por cuja goza hoje deste titulo o sereníssimo infante D. João.

No antigo regímen mandava esta cidade os seus procuradores ás cortes, aonde tinham assento no banco terceiro. Eram seus alcaides mores os marqueses das Minas.

Beja é sede episcopal, e capital de um distrito administrativo na província do Alentejo. Está situada em um terreno alto, que de muita distancia vai subindo gradual e quase insensivelmente. Dista de Évora onze léguas para o sudoeste e quatro de Serpa para o noroeste.


Divide-se a cidade em quatro paroquias, todas anteriores ao século XIV. A mais antiga é a matriz, Santa Maria, chamada da Feira. É tradição que fora mesquita dos moiros. Está no centro cidade. As outras freguesias são: S. João Baptista, templo de muita antiguidade; a do Salvador  e a de Santiago.

A casa da Misericórdia foi fundada e dotada pelo infante D. Luís, filho de el rei D Manuel. O seu templo é grandioso, bem como o hospital que esta anexo, que é obra do infante D. Fernando, pai de el rei D. Manuel.

O colégio de S. Sisenando, que pertenceu aos jesuítas, foi fundado em 1670, na rua Cega, aonde aquele santo morou. Não estando concluído, ao tempo da extinção desta ordem, continuou-se para servir o templo de sé e o convento de paço do bispo. Actualmente está ocupado pela câmara, celeiro publico e outras repartições. Guardam-se neste edifício vários objectos de antiguidade, que atestam a dominação dos romanos e a florecencia de Beja nessa remota época.



Antes da extinção das ordens religiosas, em 1834, contavam na cidade e subúrbios três conventos de frades e três de freiras. Aqueles eram: o de S. Francisco, edificado pela rainha Santa Isabel em 1324; o dos carmelitas calçados, fundado sobre um outeiro a um quarto de légua dos muros de Beja no ano de 1526; e o de Santo António, de capuchos, construído junto ás muralhas no ano de 1609. Os de religiosas são: o de Nossa Senhora da Conceição, de freiras franciscanas, situado na rua dos Infantes, e que teve por fundadores os infantes D. Fernando e D. Brites, pais de el rei D. Manuel, que jazem na capela mor; o de Nossa Senhora da Esperança, de carmelitas calçadas, edificado em 1541; e o de Santa Clara, de franciscanas, fundado a pequena distancia dos muro no ano de 1340. Estes três ainda estão habitados.



Conserva-se ainda em bom estado uma grande parte das muralhas da cidade com suas torres. De quarenta, que eram estas, restam vestígios de trinta. Abriam-se em toda esta cerca de muros sete portas, de que existem cinco, chamadas de Évora, de Avis, de Moura, de Mértola e de Aljustrel, pelas quais saem as estradas que conduzem ás povoações que lhes dão o nome. Entre estas antigas fortificações, vêem-se ainda de pé algumas partes mui curiosas pela sua forma e construção. A torre, denominada «a grande», que se ergue junto á porta de Évora, é um belo monumento e perfeitamente conservada.

Beja tem muitas casas nobres, mas não possui fonte alguma. A agua de que se abastecem os seus moradores é tirada de poços, porém é de excelente qualidade.

Os arrabaldes não são formosos, porque consistem em dilatadissimas campinas, sem acidentes de terreno, nem contrastes e cuja principal cultura é trigo. Contudo, em torno da cidade, há bastantes hortas e ao longe extensos bosques de azinheiros, sobreiros, etc. Em compensação a sua fertilidade é extraordinaria. Achamos memorias do século passado (18), que dizem que o dizimo do trigo que a mitra arquiepiscopal de Évora recebia anualmente do termo de Beja regulava por trinta mil moios. Além de trigo e outros cereais abundam em azeite, algum vinho e grandes montados aonde se criam muitos rebanhos, ou, falando mais adequadamente, muitas varas de porcos. Todos aqueles contornos são ricos de caça variada e de minerais infelizmente não explorados.

A posição elevada da cidade, desafrontada de montanhas e de mui suave acesso, dá-lhe a vantagem de gozar de puríssimos ares, os mais proficuos de Portugal para as moléstias de peito. Pela mesma razão se desfruta de muitos pontos da cidade, um dilatadissimo panorama, chegando-se a descobrir o castelo de Palmela a dezoito léguas de distancia.

A 10 de Agosto faz-se, na praça de Beja, uma feira mui concorrida e de grande comercio. A população da cidade eleva-se a cinco mil e trezentas almas.

Beja foi pátria de S. Sisenando, que padeceu martírio em Córdova, no ano de 851; de António de Gouveia, que foi lente em varias universidades estrangeiras e morreu em Turim em 1565; de Amador Arraes, de Jacinto Freire de Andrade e de José Agostinho de Macedo, nosso contemporaneo, e todos três distintissimos escritores.

O seu brasão de armas é um escudo com uns muros torreados á parte direita, e à esquerda uma cabeça de toiro até ao pescoço, sustentando as armas reais de Portugal, com uma águia de cada lado.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelo Censos 2011 Beja tem 35 730 habitantes

Beja é cidade capital do Distrito de Beja, na região Baixo Alentejo.

Freguesias de Beja

Castelo (Beja), Albernoa, Baleizão, Beringel, Cabeça Gorda, Mombeja, Nossa Senhora das Neves, Quintos, Salvada, Salvador (Beja), Santa Clara de Louredo, Santa Maria da Feira (Beja), Santa Vitória, Santiago Maior (Beja), São Brissos, São João Baptista (Beja), São Matias, Trigaches, Trindade

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em BEJA
PS: 8579/45,7% - 4 mandatos
PCP: 7815/ 41,6% - 3 mandatos


Candidatos Eleitos pelo Circulo: Beja

PS - JORGE PULIDO VALENTE
PCP-PEV - FRANCISCO DA CRUZ DOS SANTOS
PS - JOSÉ DOMINGOS NEGREIROS VELEZ
PCP-PEV - MIGUEL DOMINGOS CONDEÇA RAMALHO
PS - CRISTINA MARIA GOMES MARTINS VALADAS
PCP-PEV - MARIA DE JESUS VALENTE ROSA RAMIRES
PS - ANTÓNIO MIGUEL CATARINO GÓIS



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