História de Sintra e antigo brasão (imagem de 1860)
A VILA DE CINTRA
A serra de Sintra é a mais bela e pitoresca montanha de toda a província da Estremadura. Ergue-se a cinco léguas a oes-noroeste de Lisboa, contando outras cinco de circunferencia, e mil e oitocentos pés na sua maior altura e, ao entrar pelo oceano dentro, forma o Cabo da Roca.
Toda eriçada de penhas, coberta de bosques e cortada de águas, encerra muitas curiosidades e belezas naturais, que em todos os tempos a têem feito celebre.
Antigamente era conhecida pelos nomes de Promontório Magno ou da Lua e é fora de duvida que no tempo da dominação romana os povos que habitavam nesta serra edificaram aí um templo que, primeiramente quiseram dedicar ao imperador Octaviano Augusto II, e que por este o não consentir o consagraram á lua. Como chamassem a este planeta Cinthia, passou este nome do templo para a serrania e desta para a principal povoação que se construiu naquela montanha. De Cynthia pois se derivou com pouca corrupção o nome de Cintra. Estas memorias históricas acham- se confirmadas por vários cippos e outras pedras com inscrições, que se descobriram na mesma serra e que se podem ver nas obras dos nossos antiquários.
Sobre a fundação da vila de Sintra, não há noticia certa. A que lhe assignam alguns autores, atribuindo-a aos turdulos ou aos gregos, não tem por base mais do que simples conjecturas. O que se sabe com certeza é que é uma povoação antiquíssima e que já existia no tempo dos romanos.
Na invasão dos povos do norte que destruíram o império dos cesares, e na dos árabes que derrubou a monarquia dos godos, correu esta vila a mesma sorte da Lusitânia, entrando no domínio dos vencedores. Durante a ocupação mauritana, foi varias vezes tomada pelos cristãos e reconquistada pelos árabes. Apossou-se dela el rei D. Fernando Magno, mas logo depois a perdeu. Outra vez tomada por el rei D. Afonso VI de Castela, voltou de novo ao poder dos moiros. O conde D. Henrique, pai do nosso primeiro rei, conseguiu recupera-la, porém pouco tempo a conservou. Finalmente el rei D. Afonso Henriques resgatou-a inteiramente do domínio dos infiéis no ano de 1147 e desta vez ficou para sempre cristã.
Deu-lhe foral este monarca em 1154, o qual seu filho, D. Sancho I, confirmou, e el rei D. Manuel reformou em 1514.
El rei D. Fernando fez conde de Sintra a D. Henrique Manuel de Vilhena, que na guerra civil e estrangeira que se seguiu á morte deste soberano sustentou por algum tempo o Castelo daquela vila em favor da rainha D. Leonor e contra o mestre de Avis.
A vila de Sintra está assentada a dois terços da altura da encosta da serra, que olha para o norte, e por conseguinte em terreno desigual. O antigo castelo dos moiros, fazendo coroa a um dos mais altos píncaros da serra, ergue se a cavaleiro sobre a vila; e esta campeia sobre um vale delicioso, desfrutando dilatadíssimas vistas.
Tem Sintra as seguintes paroquias: S. Martinho, no centro da povoação, que foi fundada por el rei D. Afonso Henriques, destruída pelo terremoto de 1755 e depois reedificada; Santa Maria, que está situada no arrabalde e próximo do castelo, teve o mesmo fundador que a antecedente e também padeceu ruína com o terremoto, a qual foi separada logo depois; S. Miguel, que está igualmente fora da vila. na encosta da serra. A sua origem é a mesma das duas primeiras. Esta paroquia acha-se encorporada á de Santa Maria.
A igreja e hospital da Misericórdia, foram obra de el rei D. Manuel. Há na vila e sua vizinhança varias ermidas e os edifícios de alguns celebres conventos. De entre os segundos, os mais notáveis são o de Nossa Senhora da Pena, que foi de monges de S. Jerónimo, fundado por el rei D. Manuel sobre um elevado serro e hoje transformado por sua majestade el rei D. Fernando num palácio ornado de riquíssimas esculturas; e o de Santa Cruz, outrora habitado por frades capuchos, fundação de D. Álvaro de Castro, filho do grande vice rei da Índia, D. João de Castro. Aquele singular em obras de arte, antigas e modernas, e este ainda mais singular nas obras da natureza, porque é todo um composto de grutas naturais.
Dos magníficos Paços da vila, já tratámos em outro lugar. Das curiosidades que se encontram nas cercanias de Sintra, das formosas quintas que lhe povoam os arrabaldes e dos sítios amenos pitorescos, que por todos os lados a rodeiam, não permitem os limites desta publicação que tratemos miudamente. Portanto apenas mencionaremos, como principais, entre as curiosidades naturais, além do convento dos Capuchos, a gruta de Porto Covo, próxima de Penha Longa; entre as melhores quintas e palácios, os da Pena, de sua majestade el rei D. Fernando; os dos senhores marqueses de Viana, de Pombal e de Valada, duques de Palmela e Cadaval, a quinta de Penha Verde do senhor conde de Penamacor fundada por D. João de Castro, a de Sitiaes, do senhor marquês de Loulé, a da Regaleira da senhora baronesa do mesmo titulo, e a de Monserrate; entre os sítios mais belos, afora estas quintas, o bosque de Diana e o vale delicioso de Penha Longa.
O velho castelo dos moiros, agora remoçado e interiormente todo arborizado e ajardinado, como fazendo parte da cerca do real paço da Pena, é um dos mais antigos monumentos deste género que possui o nosso país. Nada se sabe da sua origem, mas como prova de que pertenceu aos árabes mostra ainda os restos da sua mesquita. Tem uma cisterna ou casa de banho em bom estado de conservação e sempre cheia de agua.
O termo de Sintra é abundantissimo de águas, que por todas as partes o regam e fertilizam, entretendo uma vegetação pomposa e perene. Produz muitas e saborosissimas frutas, que fornecem a capital e se exportam para Inglaterra e também algum vinho e cereais. Na serra cria-se bastante gado e dela se extraem muitos mármores que vêem pela maior parte para Lisboa.
Fazem se em Sintra as seguintes feiras, que são mui concorridas, principalmente de gente da capital, que aí aflui atraída pelas festas de arraial que por essas ocasiões se costumam celebrar; a 13 de Junho; a 29 do mesmo mês; 26 de Agosto; primeiro domingo de Setembro. No segundo domingo de cada mês há mercado em S. Pedro de Penaferrim.
A população de Sintra e seus arrabaldes anda quase por três mil almas. No antigo regímen gozava da prerogativa de enviar procuradores às cortes os quais tomavam assento no banco sexto. Segundo alguns autores, tem por armas um castelo com três torres; porém o brasão que se acha na Torre do Tombo, de onde se copiou o que vai junto a este artigo, é uma torre ou castelo sobre uma serra e em campo verde.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Pelo Censos 2011 Sintra tem 377 249 habitantes
Sintra é uma vila do Distrito de Lisboa
Freguesias de Sintra
Agualva, Algueirão-Mem Martins, Almargem do Bispo, Belas, Cacém, Casal de Cambra, Colares, Massamá, Mira-Sintra, Monte Abraão, Montelavar, Pêro Pinheiro, Queluz, Rio de Mouro, Santa Maria e São Miguel, São João das Lampas, São Marcos, São Martinho, São Pedro de Penaferrim, Terrugem
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido em SINTRA
PSD/CDS: 45,2% - 6 mandatos
PS: 33,7% - 4 mandatos
PCP: 11,1% - 1 mandato
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Sintra
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Fernando Jorge Loureiro de Roboredo Seara
PS - Ana Maria Rosa Martins Gomes
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Marco Paulo Caldeira de Almeida
PS - Domingos Linhares Quintas
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Ana Isabel Neves Duarte
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - José Lino Fonseca Ramos
PS - Ana Isabel Queiroz do Vale
PCP-PEV - José Manuel Baptista Alves
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Luís José Vieira Duque
PS - Eduardo Jorge Glória Quinta Nova
PPD/PSD . CDS-PP . PPM . MPT - Maria Paula Gomes Pinto Simões
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