terça-feira, 4 de outubro de 2011

História das Ordens Religiosas em Portugal - S. Bento ou Beneditinos

História das Ordens Religiosas em Portugal - S. Bento ou Beneditinos

Tão antiga é a Monástica Religião Beneditina em Portugal, que há mais de mil de duzentos anos que teve nele princípio no Mosteiro de Lorvão, vivendo ainda o Proto-Patriarca S. Bento, como se colige de uma antiga memória, que alega Frei Bernardo de Brito.

De Itália mandara o glorioso Patriarca a Hespanha doze Monges, pelos anos de 537, por súplicas que lhe fez a Rainha D. Sancha, mulher de Teudes ou Teodorico, rei Godo, a qual, tendo fundado o Mosteiro de S. Pedro de Cardenha, distante duas léguas de Burgos, meteu de posse dele os tais Monges.

Daqui, para dilatarem a sua Religião, passaram alguns a Portugal e, chegando a Coimbra, escolheram perto do rio Mondego o sítio de Lorvão, onde edificaram o primeiro Convento Beneditino deste Reino, sendo Lucencio um dos primeiros Abades Fundadores, que depois subiu à dignidade de Bispo de Coimbra; e como traziam Relíquias dos Mártires de S. Mamede e de S. Pelágio, dedicaram a Igreja à memória destes Santos. Esta fundação ocorreu entre os anos de 537 e 543, ano quem que morreu S. Bento.

Fundado o Mosteiro, começaram a florescer os novos Monges em tanta virtude que foram tidos em suma veneração por toda a Hespanha, de forma que, quando se celebravam Concílios, eram os Abades deste Convento chamados a eles, como sujeitos de muita importância.

Ainda com a entrada dos Mouros se conservaram com o mesmo respeito, sem que os bárbaros lhes fizessem dano em bens nem pessoas. Os Reis de Leão favoreceram este Convento com muitos donativos e confirmações de privilégios; e depois que Portugal se tornou independente, os Monarcas Portugueses fizeram o mesmo; de maneira que o Mosteiro, que hoje é da Religião Bernarda, foi fértil mina, de onde, pelo tempo fora, emanaram a maior parte dos Conventos Beneditinos deste Reino, chegando a ser cento e sessenta.

Até ao ano de 1400 preservou esta Santa ordem na sua regular observância; depois, descaindo do seu primitivo fervor, por vários motivos, principalmente pelos Comendatários perpétuos que os Reis nomeavam para Administradores dos Conventos e eram confirmados pelos Pontífices, cujo indulto obteve o Cardeal de Alpedrinha, D. Jorge da Costa dos papas Júlio II e Leão X, chegou a Ordem a tal estado que, no ano de 1500, todos os Conventos de S. Bento estavam em poder de Comendatários, que ordinariamente eram Clérigos seculares e não cuidavam mais que em desfrutar as rendas dos Mosteiros, o que causou tais estragos às Comunidades que foi necessário ao zelo de D. António da Silva, ultimo Comendatário do Mosteiro de Santo Tirso de Riba d'Ave, procurar, pelos anos de 1549, a reforma do seu Convento, conseguindo que do Mosteiro de Monserrate viessem por ordem do Geral de Castela dois Religiosos - Frei Pedro de Chaves e Frei Plácido de Villalobos, natural de Lisboa -, os quais actuaram com tanta prudência e sorte que em quatro anos conseguiram o pretendido.

Pareceu tão admirável esta Reforma, que o Cardeal Henrique pediu ao Santíssimo Papa Pio V a reforma de todos os demais Conventos Beneditinos, o que lhe foi concedido por Bula de 22 de Julho de 1659, ficando desde então unidos todos os Mosteiros a um só corpo de Congregação com a formalidade do hábito, escapulário, capelo e coroa, diferente dos antigos Claustrais e governados por um geral independente do de Castela, o qual reside na Casa de Tibães, como cabeça da Congregação, não só por ser a mais antiga, mas por ficar quase no centro dos Conventos do Minho.

Tem o dito geral, que também de chama D. Abade, sobre o seu couto, jurisdição de Capitão-Mor, Coudel-Mor, Alcaide-Mor e Ouvidor.

São os seguintes, os Conventos Beneditinos em Portugal:

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