domingo, 23 de outubro de 2011

História de Melo e imagem de 1860 do antigo brasão



História de Melo e imagem de 1860 do antigo brasão

VILA DE MELO

Está situada esta vila na província da Beira, nas faldas da serra da Estrela, uma légua ao sul da vila de Linhares.

Conta-se a sua origem pelo modo seguinte.

Sabendo D. Soeiro Raimundo que Ricardo Coração de Leão, rei de Inglaterra, se aprestava com grande exercito para ir á conquista da Terra Santa, resolveu acompanha-lo nesta heróica e religiosa empresa. Saiu pois de Portugal, para se unir aos cruzados no ano do 1191. Depois de haver dado provas do seu valor e coragem na expugnação de Chipre, viu-se finalmente com o exercito dos cruzados diante dos muros da tão suspirada Jerusalém. A ordem para o assalto não se fez esperar muito tempo e ao nosso D. Soeiro coube, na disposição das forças para o combate, um lanço do muro que, tomando o nome de um vale ou voragem que lhe ficava vizinho, se chamava Melo. D. Soeiro praticou aí singulares actos de valentia e gentilezas de armas com que deixou maravilhados os seus camaradas que, desde então, começaram a apelida-lo «o Melo».

O fim daquela empresa é sabido, que foi desgraçado, pois que a peste a fome e as dissidências dizimaram os cruzados, obrigando-os a demandar os seus países.

Voltando D. Soeiro a Portugal e querendo comemorar os seus gloriosos feitos, fundou nas faldas da serra da Estrela uma quinta com o nome de Melo e nela deu principio a uma povoação, correndo o ano de 1204, em que reinava D. Sancho I. No seguinte reinado, de D. Afonso II, foi este D. Soeiro nomeado alferes mor e um seu neto, D. Mem Soares de Melo foi feito senhor de Melo e também alferes mor de D. Afonso III. Hoje é seu descendente e representante o senhor conde de Melo, décimo nono senhor de Melo.

Cresceu a povoação e D. Afonso V a fez vila; mas o seu foral foi-lhe dado por el rei D. Manuel, em 19 de Julho de 1515.

Apesar dos progressos do tempo é ainda hoje uma pequena povoação que não chega a contar mil almas. Tem uma só paroquia, da invocação de Santo Isidoro, igreja da Misericórdia, hospital e cinco ermidas.

A sua posição, muito arredada dos portos de mar, dos grandes centros comerciais e até mesmo das principais estradas do reino, a falta absoluta de comunicações fáceis, são as causas que têm obstado ao desenvolvimento desta vila, porquanto o seu território é muito produtivo e adaptado para culturas muito lucrativas.

Assentada entre duas fresquíssimas ribeiras, possui esta vila lindos arrabaldes, pois que lindos são todos os vales da serra da Estrela, pela pomposa vegetação que neles entretêm em todas as estações do ano, os infinitos arroios, torrentes e rios que se desprendem do alto dos serros ou que rebentam da raiz da montanha.

Cereais, legumes, frutas e vinho, são as produções comuns do termo desta vila. Mas o principal ramo da sua industria agrícola consiste na criação de gado de diversas espécies, para o que tem magnificas e abundantissimas pastagens.

A vila de Melo tem por brasão de armas o escudo das armas reais de Portugal, colocadas entre duas árvores verdes, cada uma com um melro em cima.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


***

Melo é uma freguesia do concelho de Gouveia 

Sem comentários:

Enviar um comentário