História
Almada em 1860
A VILA DE ALMADA
É sabido que el rei D. Afonso Henriques foi auxiliado na sua grande empresa da tomada de Lisboa em 1147 por uma armada de cruzados, que aportara ao Tejo. Além dos ricos despojos da vitória que repartiu com eles, como príncipe generoso e bom politico, ofereceu aos que quisessem ficar no país terras para cultivar e povoar, pois era esta uma das necessidades que mais urgiam na monarquia nascente.
Houve muito quem aceitasse a oferta, que o monarca tratou imediatamente de realizar; e como os cruzados pertencessem a diversas nações, bem como os que se resolveram a estabelecer-se em Portugal, foram destinadas para cada nacionalidade terras completamente separadas, e distantes umas das outras. Aos ingleses, sem dúvida por serem em maior número, coube mais extensão de território em diferentes localidades. Uma destas foi o elevado monte em frente de Lisboa, aonde fundaram a vila de Almada.
Até aqui quase todos os autores são concordes; agora porém no que discordam muito é na etimologia do nome desta povoação.
Segundo uns deriva se por corrupção de Vimadel, nome que os primeiros fundadores lhe deram, e que dizem significar povoação de muitos. Conforme a opinião de outros, era Almada o nome de um dos principais ingleses que a edificaram. Querem alguns, que antes da tomada de Lisboa já ali existia uma pequena povoação de moiros, os quais a retomaram aos ingleses, e que ao diante a conquistara de novo um descendente destes últimos, que tinha o apelido de Almada, nome que desde então passou á vila.
A opinião que nos parece mais bem fundada, é a que vemos menos seguida pelos nossos antiquários, e vem a ser, que Almada era uma povoação de origem árabe, chamada pelos moiros AI Maden, e que inteiramente destruída na ocasião da conquista pelas armas cristãs, foi pelos ingleses reedificada e povoada, conservando- lhe o nome, que com pouca diferença tem actualmente.
El rei D. Sancho deu-lhe foral, e fez doação dela aos cavaleiros de Santiago pelos anos de 1187, El rei D. Dinis incorporou-a na coroa, dando em troca aos cavaleiros as vilas de Almodôvar e Ourique, e os castelos de Marachique e Aljezur.
Nos tempos antigos não foi esta vila teatro de acontecimentos notáveis, a não se contar como tal o patriótico despeito de Manuel de Sousa Coutinho, que lançou fogo, e reduziu a cinzas a sua casa, em que então residia, quando por ocasião da peste que afligiu Lisboa no ano de 1599, os governadores do reino por Filipe II de Espanha, querendo refugiar-se naquela vila e pertendendo morar nas ditas casas, o intimaram para despejo.
Em nosso tempo, durante a luta da liberdade, teve lugar nas vizinhanças de Almada, uma das mais sanguinolentas batalhas que se deram em toda aquela guerra fratricida; a qual começando no sitio chamado a Piedade, e vindo acabar em Cacilhas (23 de Julho de 1833), decidiu da sorte de Lisboa, que no dia seguinte abriu suas portas ao exército constitucional comandado pelo marechal duque da Terceira.
Está edificada a vila de Almada em sitio plano na coroa de um monte bastante elevado e fragoso, que para o lado do sul tem suaves declives, e para a parte do norte é cortado quase a prumo, escavando-lhe a base as ondas do Tejo.
Não conserva esta povoação padrão algum da sua antiguidade, mais do que tradição e memórias. Do castelo, que os ingleses aí levantaram no século XII não restam vestígios. Os muros e baterias do actual são de moderna data. Se alguma coisa neles se encerra da fabrica primitiva, as reedificações a ocultaram.
A igreja paroquial de Nossa Senhora da Assunção, conhecida pela invocação popular de Santa Maria do Castelo, em razão da sua situação, foi reconstruída no século passado; e o mesmo aconteceu á outra paroquia de Santiago, que foi reedificada inteiramente no primeiro quartel daquele século pelo infante D. António, irmão del rei D. João V.
A igreja da Misericórdia é a mais antiga em edifício. Foi fundada no século XVI no hospital de Santa Maria, que lhe ficou pertencendo, com as suas rendas, o qual fora obra da caridade da infanta D. Beatriz, mãe del rei D. Manuel.
Próximo da vila, para o ocidente, em terreno igualmente alto e sobranceiro ao Tejo, está o convento de S. Paulo, da extinta ordem dominicana, que foi fundação de frei Francisco Foreiro, confessor dos Reis D. João III e D. Sebastião, no ano de 1569.
O edifício acha-se bastante arruinado. Junto dele está o cemitério público.
A casa da câmara é um edifício de arquitectara regular e sofrível aparência, com sua torre de relógio que domina toda a vila.
Do pequeno passeio modernamente plantado de arvoredo junto ás muralhas do castelo para o poente, e a cavaleiro da praia, goza-se de um dos mais belos e variados panoramas que o viajante pode encontrar. A perspectiva de Lisboa com os seus formosos arrabaldes da beira mar; a poética serra de Sintra, e outras cordilheiras de montes, que fazem um como caixilho aos subúrbios do norte da capital; o seu amplíssimo porto, esse rio, quase mar, orlado de tantas povoações, mais ou menos pitorescas, mas todas resplandecentes de alvura, que nele se vêm espelhar; enfim a larga foz do Tejo com suas nobres atalaias, e depois a imensa vastidão do oceano, tudo isto forma painel encantador, e verdadeiramente maravilhoso, que daquelas alturas se desfruta.
Na encosta do monte em que está sentada a vila de Almada, e perto da praia, onde o rio lhe faz um pequeno porto, existe uma fonte de muito boa e abundantíssima água, chamada a fonte da Pipa, da qual se sobe para a vila por uma espaçosa calçada. É desta fonte que os navios que entram no porto de Lisboa se costumam fornecer. Em anos de grande seca, e no de 1833 durante o cerco, que pôs á capital o exercito realista, foi esta cidade abastecida pelas águas daquela fonte, que transportadas em barcaças vinham fornecer chafarizes portáteis, que se colocavam nos cais principais.
Segundo a opinião do distinto médico, o doutor Francisco da Fonseca Henriques, no seu Aquilegio Medicinal, a agua da fonte do Alfeite, próximo de Almada, é de muita utilidade nos padecimentos de dor de pedra e areias de bexiga.
Nos arredores da vila há muitas e bonitas quintas, e várias ermidas. Destas mencionaremos a de Nossa Senhora da Piedade, situada em lugar baixo e ao sul da vila, num espaçosissimo terreiro, guarnecido de casas, muito concorrido no verão da gente de Lisboa, e aonde se fazem vistosas festas de arraial, corridas de toiros, e uma feira de três dias em 23 de Julho. Teve esta ermida o seguinte princípio.
Correndo o meado do seculo XVI, um daqueles sitios descobriu uma imagem de S. Simão numas barrocas, que logo tomaram o nome do santo. Aquele conseguiu por meio de esmolas edificar a pouca distância das ditas barrocas uma ermida em que colocou o santo, e fez-se ermitão.
Passado algum tempo apareceu em sonhos ao ermitão uma Nossa Senhora da Piedade; o que fez com que ele andasse de diligencia em diligência a ver se descobria a imagem com que sonhara, até que a encontrou em uma casa da sé de Lisboa. Cheio de contentamento não poupou esforços para que lha concedessem, e assim que a obteve levou-a para a ermida de S. Simão, onde lhe fez uma grande função. Principiou logo a ser tão procurada dos fiéis e cresceu tanto a devoção com os milagres que se atribuiam á Senhora da Piedade, que em breve com as avultadas esmolas que se recolhiam no cofre da Senhora, se construiu no mesmo local outra melhor ermida, e junto dela um recolhimento, ficando tudo desde então sob a invocação da mesma Senhora. No século passado ainda aí haviam quatro recolhidas e uma regente. Actualmente só existe a ermida, que é um santuário de muita devoção para os povos daquelas cercanias.
De entre as quintas mais notáveis do termo de Almada, faremos unicamente menção das duas que pertencem á família real; a do Alfeite, que é da coroa, com jardim e grande mata abundante de caça, e agora aformoseada com um lindo palácio de campo, no gosto inglês, mandado edificar por el rei o Senhor D. Pedro V; a da Amora, que foi da princesa D. Maria Bendita, irmã da rainha D. Maria I, e hoje pertencente à senhora infanta D. Isabel Maria. É curiosa pelo vastíssimo lago que possui, cercado de bosque, e com uma ilha arborizada no centro.
Também está no termo desta vila a antiga fortaleza de S. Sebastião de Caparica, comumente chamada Torre Velha, e que ao presente serve de lazareto. A sua primeira fundação data de D. João II. El rei D. Sebastião reedificou-a, e deu lhe o nome actual. Fica em frente da torre de Belém, com a qual pode armar fogo da sua bateria quase ao lume de água.
O lugar de Cacilhas, na raiz do monte de Almada, é o porto daquela vila. Tem um belo cais de cantaria guarnecido de assentos, e no fim dele um pequeno forte.
A vila de Almada conta uns quatro mil e quinhentos habitantes. Teve esta vila no antigo regime voto em cortes com assento no banco sexto.
As festas religiosas e populares, que outrora aí se faziam pelo S. João, tinham nomeada pelo seu aparato o magnificência, e eram curiosas pela singularidade de alguns costumes e antigualhas, que apareciam na procissão e nas cavalhadas. Nesses tempos despovoava-se Lisboa para ir assistir a essas funções. De há trinta anos para cá têm caminhado em tal decadência, que presentemente são uma pequena sombra do que foram.
Faleceu na vila de Almada e nela está sepultado o nosso distinto escritor, autor do poema épico Chauleidos, em que se descreve a conquista de Chaul, Diogo de Paiva d'Andrade, sobrinho de outro do mesmo nome, se não mais, não menos célebre, e filho do cronista mor Francisco d'Andrade.
***
Pelo Censos de 2011 Almada possui 173 298 habitantes
Almada é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Setúbal.
As onze freguesias do concelho de Almada são as seguintes:
Almada, Cacilhas, Caparica, Charneca de Caparica, Costa de Caparica, Cova da Piedade, Feijó, Laranjeiro, Pragal, Sobreda, Trafaria
As freguesias de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade, Feijó, Laranjeiro e Pragal são freguesias urbanas e formam a cidade de Almada. As freguesias da Sobreda, Trafaria e Caparica são vilas e a freguesia da Costa da Caparica é cidade.
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido no/a Distrito: SETÚBAL / Conc: ALMADA
PCP - 27522/38,6% - 5 mandatos
PS - 17018/23,9% - 3 mandatos
PSD - 10977/15,4% - 2 mandatos
BE - 5553/ 7,8% - 1 mandato
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Almada
PCP-PEV- Maria Emília Guerreiro Neto de Sousa
PS- Paulo José Fernandes Pedroso
PCP-PEV - José Manuel Raposo Gonçalves
PPD/PSD - Jorge Manuel Bonifácio Pedroso de Almeida
PCP-PEV - António José de Sousa Matos
PS - Maria D'Assis Beiramar Lopes Almeida
PCP-PEV - Maria Amélia de Jesus Pardal
PS - José Carlos Rebelo Simões
B.E. - Helena Maria Gomes Oliveira
PCP-PEV - Rui Jorge Palma de Sousa Martins
PPD/PSD - Nuno Filipe Miragaia Matias
Almada é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Setúbal.
As onze freguesias do concelho de Almada são as seguintes:
Almada, Cacilhas, Caparica, Charneca de Caparica, Costa de Caparica, Cova da Piedade, Feijó, Laranjeiro, Pragal, Sobreda, Trafaria
As freguesias de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade, Feijó, Laranjeiro e Pragal são freguesias urbanas e formam a cidade de Almada. As freguesias da Sobreda, Trafaria e Caparica são vilas e a freguesia da Costa da Caparica é cidade.
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PCP - 27522/38,6% - 5 mandatos
PS - 17018/23,9% - 3 mandatos
PSD - 10977/15,4% - 2 mandatos
BE - 5553/ 7,8% - 1 mandato
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Almada
PCP-PEV- Maria Emília Guerreiro Neto de Sousa
PS- Paulo José Fernandes Pedroso
PCP-PEV - José Manuel Raposo Gonçalves
PPD/PSD - Jorge Manuel Bonifácio Pedroso de Almeida
PCP-PEV - António José de Sousa Matos
PS - Maria D'Assis Beiramar Lopes Almeida
PCP-PEV - Maria Amélia de Jesus Pardal
PS - José Carlos Rebelo Simões
B.E. - Helena Maria Gomes Oliveira
PCP-PEV - Rui Jorge Palma de Sousa Martins
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