quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Filhos do rei D. Manuel I de Portugal

Filhos do rei D. Manuel I de Portugal

D. Manuel I, décimo quarto rei de Portugal, cognominado «O Venturoso», nasceu em Alcochete a 31 de maio de 1469 e morreu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1521.

Ascendeu ao trono em consequência da conspiração urdida por sua irmã, a rainha D. Leonor, que culminou com o assassinato do rei D. João II e o afastamento do filho deste, D. Jorge de Lencastre, do caminho do trono.

Casou com três princesas espanholas, abrindo caminho à perda de independência de Portugal.

O Príncipe D. Miguel da Paz, filho da sua primeira mulher, D. Isabel de Aragão, nasceu em Saragoça a 24 de Agosto de 1498. Foi jurado príncipe herdeiro de Castela e Portugal o que lhe traçou o destino; com apenas dois anos, a 20 de Junho de 1500 morria na cidade onde nasceu e onde jaz.

Do segundo matrimónio de D. Manuel, com D. Maria, irmã da primeira e sua cunhada, não faltaram filhos.

O Príncipe D. João, que viria a ser o terceiro de seu nome no trono de Portugal.

A infanta D. Isabel, nascida em Lisboa a 24 de Outubro de 1503, foi uma mulher de rara beleza. Casou em Sevilha com o Imperador Carlos V, a 11 de Março de 1526. Morreu em Maio de 1539 em Toledo. Do transporte do seu cadáver para a Catedral de Granada resultaram coisas milagrosas. O transporte foi conduzido pelo Marquês de Lombay e, como fosse preceito para aquela entrega que se abrisse o caixão, chegando-se o Marquês a tirar a toalha que cobria o macilento rosto, vendo-o tão demudado e espantoso à vista... concluamos que este Marquês acabou sendo S. Francisco de Borja, cujo esplendor de virtudes muito ilustrou a Companhia de Jesus. Mas não foi o único prodígio desse dia 7 de maio, por conta do cadáver da bela Imperatriz. Viu, nesse dia, a grande serva de Deus, Sóror Francisca de Jesus, Abadessa do Mosteiro de Granada, estando em oração, sair do Purgatório a alma da Imperatriz assistida por alguns Anjos. A 4 de Fevereiro de 1574 foi trasladado o corpo para o Escorial, onde jaz. Do consórcio entre Carlos V e a D. Isabel de Portugal nasceu o rei Filipe II de Espanha, que seria Primeiro de Portugal.


A infanta D. Brites nasceu em Lisboa a 31 de Dezembro de 1504. Casou com Carlos III, Duque de Sabóia a 29 de Setembro de 1521. Muito amada por seu esposo morreria a 8 de Janeiro de 1538, lá para as bandas da Saboia.

O Infante D. Luís nasceu em Abrantes a 3 de Março de 1506. Foi Duque de Beja, Condestável de Portugal, Administrador do Crato e dele disse Damião de Góis que «para a natureza cumprir de todo com os dotes que lhe deu, lhe teria que conceder maiores Reinos do que Alexandre, porque para a execução disso lhe sobejou ânimo.» Assim se viu na famosa expedição e conquista de Tunes, que o seu cunhado Carlos V fez no ano de 1535, onde encontramos o Infante D. Luís comandando o célebre galeão Botafogo e Armada auxiliar, que o rei D. João III mandou ao Imperador, devendo-se à animosa decisão do Infante cortar-se a fortíssima corrente que atravessava o porto da Goleta, de que tanta glória se conseguiu à Cristandade, crédito à Nação Portuguesa e fama ao valor do Infante. Além destas qualidades, e graças a Mestre Pedro Nunes, soube adquirir um lugar eminente na Republica das letras. Na Religião foi exemplar e tão pio como é testemunha o Mosteiro das Maltesas em Estremoz, que ele edificou e outras acções de caridade. Finalmente, faleceu na quinta de Marvila, perto de Lisboa, a 27 de Novembro de 1555 e jaz em Belém. Este D. Luís fez um filho a uma bela mas humilde donzela chamada Violante Gomes. Foi D. António, o Prior do Crato.

O Infante D. Fernando nasceu em Abrantes a 5 de Junho de 1507. Foi Duque da Guarda e muito dado às Letras, principalmente à História, gastando muito em conseguir quantas Crónicas escritas em qualquer língua. Mandou fazer uma árvore genealógica iluminada pelo mais insigne pintor da Flandres, onde ia de Noé até seu pai, o rei D. Manuel, o que demonstra quão longe ia a sua fantasia e obtusidade. Casou com D. Guiomar Coutinho, filha herdeira do Conde de Marialva, D. Francisco Coutinho e morreu em Abrantes a 7 de Novembro de 1534. Jaz em Belém.

O Infante D. Afonso nasceu em Évora a 23 de Abril de 1509. O Papa Leão X o fez Cardeal Diácono de Santa Luzia. Foi Bispo da Guarda e de Viseu, Arcebispo de Lisboa e o primeiro Prelado destes Reinos que ordenou que se lesse o Catecismo da Doutrina cristã nas Igrejas aos meninos e que, nas Paróquias, houvesse livros onde se assentassem e escrevessem os nomes dos baptizados e casamentos, sendo ele o que muitas vezes conferia estes e os mais Sacramentos com grande caridade. Foi muito dado aos livros e teve por Mestres os insignes Aires Barbosa e Pedro Margalho. Morreu em Lisboa a 21 de Abril de 1540 e jaz em Belém.

O Infante D. Henrique, cardeal, que acabou rei e que falaremos noutro post.

A infanta D. Maria, nascida em 1511 ou 1513 e que morreu em Évora em 1513. Jaz em Belém.



O infante D. António nasceu em Lisboa a 9 de Setembro de 1516. Morreu ao nascer e jaz em Belém. A Rainha Dona Maria passou tão mal com este parto que faleceu pouco depois.


Já casado com D. Leonor, irmã do imperador Carlos V, ainda teve D. Manuel mais dois filhos.

O Infante D. Carlos, que nasceu em Évora a 18 de Fevereiro de 1520 e falecido no ano seguinte a 15 de Abril, em Lisboa. Jaz em Belém.

E a Infanta D. Maria, nascida a 8 de Junho de 1521. O seu palácio era uma universidade de mulheres de letras e outras artes, a que presidia a famosa Dama Toledana, chamada Luisa Sigea, cuja erudição fez aturdir a Europa. Fundou o Mosteiro de Nossa Senhora da Luz, uma légua distante de Lisboa, e o sumptuoso Hospital ali próximo; e fundou ainda o Mosteiro da Encarnação de Comendadeiras de Avis, em Lisboa; o Mosteiro de Santa Helena do Monte calvário em Évora; o Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Religiosos Arrábicos, em Torres Vedras, alcançando para esta Igreja, da Sé Apostólica, o Jubileu da Porciuncula in perpetuum. Morreu a 10 de Outubro de 1577 e jaz no Convento da Luz.


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