domingo, 18 de setembro de 2011

História das Caldas da Rainha e antigo brasão (imagem de 1860)



História das Caldas da Rainha e antigo brasão (imagem de 1860)

A VILA DAS CALDAS DA RAINHA

Esta bonita vila está situada na província da Estremadura, em terreno não elevado, mas desafogado, distante de Lisboa quatorze léguas das antigas para o norte e uma pequena légua da vila de Óbidos.

Deve a sua existência o seu nome e prosperidade, a uma bela e copiosa nascente de águas termais, e à munifícencia e caridade da rainha D. Leonor, mulher del rei D. João II. Passando esta princesa por aquele sitio, numa jornada que fazia da vila de Óbidos para a da Batalha, viu vários homens pobres no trajo e enfermos no aspecto banharem-se numas poças de agua que aí havia, próximo do caminho, uns mergulhando todo o corpo e outros tão somente alguma parte dele.

Parou a rainha para se informar da virtude que tinha aquela agua, e como lhe contassem as curas maravilhosas que obrava em certas moléstias, resolveu logo mandar aí fazer um hospital, para nele serem agasalhados e sustentados os doentes pobres, que tivessem necessidade de recorrer ao uso daqueles banhos.

Pouco tempo depois construiu-se o hospital, constando de seis enfermarias, uma para clérigos, outra para frades, duas para homens pobres e duas para mulheres da mesma condição, havendo numa destas ultimas uma divisão para religiosas. Além de seis enfermarias haviam alguns quartos para as pessoas que se tratavam à sua custa. Para que o hospital fosse mais bem servido e lhe não escasseassem as provisões, além das rendas que lhe doou, obteve del rei D. João II, seu esposo, que se fundasse ali uma povoação para trinta moradores, com o privilegio de não pagarem jugada, oitavo, siza ou portagem, e a mesma isenção ás pessoas que a ela viessem fazer compras ou vendas. Por decreto de 1488, o mesmo soberano elevou a nova povoação á categoria de vila.

Com tão poderoso incentivo em breve teve começo, e rapidamente se desenvolveu a nova vila, que se denominou das Caldas da Rainha. O credito, que estes banhos foram tendo em todo o reino, e juntamente as comodidades que aí se ofereciam aos enfermos, ou fossem pobres ou abastados, chamavam á vila uma grande concorrencia, tanto dos que a demandavam temporariamente, como dos que, por interesses industriais, nela se vinham estabelecer.

Todavia o seu maior incremento data do meiado do século XVIII, em que el rei D. João V principiou afazer uso daqueles banhos, indo no decurso do resto de sua vida por treze vezes àquela vila, com a família real e uma grande parte da sua corte. Por essa ocasião, vendo o antigo hospital bastantemente arruinado e já com poucos cómodos para o grande numero de enfermos que ali afluíam, mandou fazer, em 1747, uma reconstrução completa, que levou três anos a concluir-se. Foi construído o novo hospital sob um plano de arquitetura regular, com boa aparência e muito maior capacidade do que o antigo. Fizeram-se nele uma bonita capela, novos banhos, excelentes oficinas, aposentos para as pessoas reais e residência para o administrador. Anexou-se-lhe também uma cerca, que se povoou de arvoredo, e que hoje é um lindo passeio que se franqueia ao publico. Além deste, porém, há na vila um passeio publico arborizado e ajardinado.

A vila das Caldas da Rainha ficou pertencendo, desde o tempo da sua fundadora, ás rainhas de Portugal, até que esta casa se extinguiu em 1833. Na qualidade, pois, de senhora desta vila, a rainha D. Maria Ana de Áustria, mulher del rei D. João V, mandou edificar a actual casa da câmara e cadeia, tendo-se demolido a antiga quando se acrescentou o edifício do hospital.

A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora do Pópulo, acha-se no centro da Vila, que possui além deste templo, as ermidas do Espírito Santo, mais antiga que a matriz; de Nossa Senhora do Rozario; de S. Sebastião; de Nossa Senhora da Graça; e a de S. Bartolomeu. Quase todos estes templos foram reedificados por D. João V.

Tem esta vila um grande Rossio, muitas casas de prospecto nobre, boas hospedarias, um club aonde há gabinete de leitura e se dão luzidos bailes, e vários chafarizes, abundantes de excelente agua e obra d el rei D. João V.

Durante a estação dos banhos, que principia em Maio e acaba em fins de Setembro, é esta vila extraordinariamente concorrida, sobre tudo de famílias de Lisboa. Posto que os seus arrabaldes sejam desprovidos de frutos, tem um mercado diário bem fornecido de todo o género de produções do país, que ali afluem de muitas léguas de distancia. Em 14 de Agosto tem uma feira anual de três dias, e no ultimo domingo de cada mês, mercado de gado. A população permanente desta vila anda por mil e seiscentas almas.

O primeiro brasão de armas que a rainha D. Leonor deu á sua vila das Caldas, foi o mesmo que tinha a vila de Óbidos, a cujo termo então pertencia, o qual unicamente consistia no escudo real. Porém, depois da catástrofe que lhe arrebatou o príncipe D. Afonso, seu filho único, acrescentou aos brasões de armas de todas as suas terras, uma memoria d este fatal sucesso. Achando-se este príncipe em Santarém com seus pais e com a princesa D. Isabel, filha dos Reis católicos, Fernando e Isabel, com quem se desposara pouco tempo antes, deu uma queda do cavalo abaixo junto ás margens do Tejo no dia 12 de Julho de 1491. Tendo perdido o uso dos sentidos, foi levado em uma rede de pescadores para uma pobre casa perto dali, á qual logo acudiram seus pais, sua esposa e todos os socorros possíveis. Tudo porém foi baldado. O príncipe morreu sem ter recobrado os sentidos. A rainha na sua imensa dor, não quis mais separar-se daquela rede, triste e derradeira memoria do seu desgraçado filho. Desde então tomou-a por sua divisa e ordenou que aos escudos de armas das suas vilas se acrescentasse de um lado uma rede, e do outro um pelicano, emblema de seu esposo.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa

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Pelo Censos de 2011 as Caldas da Rainha têm 51 645 habitantes

Caldas da Rainha é uma cidade do distrito de Leiria

Freguesias das Caldas da Rainha

A dos Francos, Alvorninha, Carvalhal Benfeito, Coto, Foz do Arelho, Landal, Nadadouro, Nossa Senhora do Pópulo (Caldas da Rainha), Salir de Matos, Salir do Porto, Santa Catarina, Santo Onofre (Caldas da Rainha), São Gregório, Serra do Bouro, Tornada, Vidais

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido nas CALDAS DA RAINHA

PSD: 50,4% - 4 mandatos
PS: 25,4% - 2 mandatos
CDS - 11,1% - 1 mandato

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Caldas da Rainha

PPD/PSD - FERNANDO JOSÉ DA COSTA
PS - DELFIM MARQUES DE AZEVEDO
PPD/PSD - MARIA DA CONCEIÇÃO BRETTS JARDIM PEREIRA
PPD/PSD - FERNANDO MANUEL TINTA FERREIRA
PS - RUI JOSÉ ANTUNES DA CUNHA SIMÕES CORREIA
PPD/PSD - HUGO PATRÍCIO MARTINHO DE OLIVEIRA
CDS-PP - MANUEL FIALHO ISAQUE

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