domingo, 18 de setembro de 2011

História de Campo Maior e antigo brasão (imagem de 1860)



História de Campo Maior e antigo brasão (imagem de 1860)

A VILA DE CAMPO MAIOR

Três léguas ao norte da cidade de Elvas, na província do Alentejo, e próximo á raia de Espanha, está situada a vila e praça de armas de Campo Maior.

Não encontramos noticia alguma sobre a sua origem, nem relativamente á sua historia até aos começos do século XIII, em que vários autores põem a sua restauração do poder dos moiros, dizendo que teve lugar no ano de 1219, e que a deve a cristandade a uma família de Badajoz do apelido de Peres. Acrescentam os mesmos arqueólogos, que os ditos Peres, fizeram logo doação da terra por eles conquistada à igreja de Santa Maria do Castelo daquela cidade, sendo bispo de Badajoz D. frei Pedro Peres, seu parente, o qual deu por armas á nova povoação cristã um escudo com a imagem de Nossa Senhora e um cordeiro com esta letra em volta: «Sigillum Capituli Pacencis».

Sob o governo do nosso rei D. Dinis veio aquela terra para a coroa de Portugal. Este soberano deu-lhe foral de vila em 1296, com muitos privilégios e, no sitio mais alto, edificou um castelo. Asseveram os etimologistas, que foi desta fundação que se motivou o nome actual da vila e contam o caso deste modo. Apenas se levantou o castelo, quiseram logo muitas pessoas, conforme o uso e necessidades da época, procurar o abrigo da fortaleza, construindo casas junto das suas muralhas. Havendo controversa sobre o lado para onde mais conviria estender a povoação, decidiu-se que fosse para o lado do campo maior, o que se levou a efeito, ficando este nome para o novo bairro, o qual passou depois a abranger toda a povoação.

El rei D. Dinis fez doação desta vila á infanta D Branca, sua irmã, em 1301 e, falecendo esta princesa, doou aquele senhorio a D. Afonso Sanches, filho natural daquele monarca. El rei D. Manuel incorporou-a na coroa, com o privilegio de nunca mais ser desanexada dela.

El rei D. João II acrescentou mais alguns privilégios aos que esta vila já possuía e deu-lhe novo brasão d armas. Não consta ao certo se este é o actual, mas é provável que o seja, pois que sabendo-se que já assim existia no reinado de D. Manuel, que se seguiu a D. João II, não é de presumir que em tão curto espaço de tempo tivesse esta terra dois diferentes brasões de armas. O brasão que a câmara usa no estandarte municipal e que o seu digno presidente, o senhor Joaquim José da Matta, teve a bondade de comunicar á redacção deste jornal, com algumas noticias a seu respeito, contém as armas reais de um lado e do outro a imagem de S. João Baptista, patrono daquela vila.

Na guerra que se ateou entre Portugal e a Espanha no principio do reinado de D. João V, teve a praça de Campo Maior um rigoroso sitio, correndo o ano de 1712. O exercito castelhano era comandado pelo marquês de Bay, e compunha-se de trinta e três batalhões de infantaria e setenta esquadrões de cavalaria. Nos dois assaltos que deu á praça, em cujas muralhas chegou a abrir uma larga brecha, foi rechaçado pela valente guarnição portuguesa, debaixo do comando do mestre de campo, general conde da Ribeira Grande, que tinha o governo da artilharia da província do Alentejo e que conseguiu introduzir-se na praça, quatro dias depois de estabelecido o cerco. Durante este assedio, lançaram os inimigos contra a praça mil trezentas e nove bombas e dez mil oitocentas e setenta balas.

Com este cerco padeceram muito, tanto a vila como as fortificações, e passados poucos anos, depois da reparação de tais estragos, um raio, caindo sobre a torre grande do castelo. em que se achava o paiol da pólvora, que se incendiou, com uma horrível explosão, reduziu a ruínas uma grande parte da praça no dia 16 de Setembro de 1732. Ficaram destruídas oitocentas e vinte e três casas e morreram muitas pessoas. El rei D. João V mandou reedificar a praça, aumentando muito as antigas fortificações, segundo os progressos da ciência militar.

Edificada na encosta de um monte, descobre dilatado horizonte, avistando a cidade de Elvas em Portugal e em Espanha a cidade de Badajoz, as vilas de Albuquerque e Lobon e as serras de Mérida. As duas praças portuguesas e a espanhola, formam um perfeito triângulo, distando umas das outras três léguas.

Campo Maior tem uma só paroquia, dedicada a Nossa Senhora da Expectação. É um bom templo, de três naves, construído no tempo do bispo de Elvas, D Sebastião de Matos de Noronha, que governou aquela diocese na primeira metade do século XVIII. Anteriormente era a matriz uma ermida dentro do castelo.

A igreja e hospital da Misericórdia foram começados em 1718. O primeiro edifício, levantado na vila para esta tão santa e humanitária instituição, era acanhado e chegando a estado de grande ruína, foi demolido e no lugar que ocupava vê-se hoje um largo ou pequena praça.

Havia nesta vila dois conventos de frades: o de Santo António, de religiosos franciscanos e o de S. João de Deus de hospitaleiros do mesmo santo. Aquele teve a sua primeira fundação em 1494; depois, no de 1646, foi mudado para dentro do castelo, e em 1708 para o actual edifício, obra del rei D. Pedro II. O outro convento, construído no ano de 1645, tem servido agora e mesmo antes da extinção das ordens religiosas, de hospital militar.

Entre as varias ermidas que há na vila e nos subúrbios, as mais notáveis são: A de S. João Baptista, a cuja imagem se liga uma lenda de aparecimento milagroso, santuário de muita devoção e ao qual concorrem de longe muitas romarias. Foi reedificada com grande aumento no reinado e com auxilio pecuniário de D. João V. A ermida de S. Sebastião, no baluarte da mesma invocação, foi mandada fazer por el rei D. Sebastião.

Diversos poços e fontes dentro e fora da vila, abastecem a povoação e a fortaleza de muita e boa agua. Uma delas intitula-se de S. João, e dizem que fora ali que aparecera a imagem do santo. Outra chama se da Fome, pela razão de fazerem as suas águas bom apetite a quem delas usa.

Antigamente tinha a praça de Campo Maior de guarnição permanente em tempo de paz, um regimento de infantaria, e outro de cavalaria, e em tempo de guerra, quatro regimentos de infantaria e um de cavalaria. Hoje apenas tem um destacamento de linha e veteranos. Consta esta praça de nove baluartes, com seus revelins, meias luas, e contra escarpa, meia feita. O antigo castelo de el rei D. Dinis, que o raio danificou, foi demolido.

Nos arredores de Campo Maior cultiva-se muito trigo, cevada, legumes e algum centeio. Cria-se também muito gado, principalmente lanigero, cujas lãs têem grande reputação, pela sua excelente qualidade, e constituem um ramo importante do comercio desta terra. O rio Caia, que divide Portugal de Espanha, corre a meia légua de Campo Maior, entre muitas hortas e pomares.

A 24 de Agosto tem a sua feira anual.

Foram naturais desta vila muitos indivíduos, que se distinguiram por armas, letras e virtudes, alguns dos quais ocuparam lugares eminentes na religião, na administração do estado e na milícia. A população de Campo Maior ascende a quatro mil e seiscentos habitantes.

Por Ignacio de Vilhena Barbosa

***

Pelo Censos de 2011 Campo Maior tem 8793 habitantes

Campo Maior é uma vila do Distrito de Portalegre

Freguesias de Campo Maior
Nossa Senhora da Expectação, Nossa Senhora da Graça dos Degolados, São João Baptista

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em CAMPO MAIOR

PS: 46,8% - 3 mandatos
antcm: 43,5% - 2 mandatos

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Campo Maior

PS - Ricardo Miguel Furtado Pinheiro
antcm - João Manuel Borrega Burrica
PS - Isabel Maria Ramos Raminhas
antcm - Ana de Lurdes Aldeano Anacleto Golaio
PS - Sérgio António Nanita Bicho

Sem comentários:

Enviar um comentário