Alentejo
História de Arronches e brasão antigo (Imagem de 1860)
A VILA DE ARRONCHES
Quatro léguas ao sudoeste da cidade de Portalegre e cinco para o norte da cidade de Elvas, está assentada a vila de Arronches, entre os rios Caia e Alegrete, em lugar um pouco elevado relativamente ao vale que a cerca, porém é dominada pelos montes vizinhos que lhe estreitam o horizonte e lhe vedam descobrir povoação alguma.
Não há noticia certa da sua fundação. Alguns autores mais dados ou mais teimosos na investigação das etimologias, querem que no tempo do imperador romano Caio Calígula, viessem aqui fundar uma povoação vários habitantes da vila de Aroche, na Andaluzia, os quais lhe puseram o nome de Arochela, em memoria da sua pátria, de que se derivou por corrupção o actual de Arronches.
Partindo porém de noticias positivas, sabe-se que já existia quando teve começo a monarquia e que D. Afonso Henriques a tomou aos moiros. Recuperada pouco depois por estes, foi novamente conquistada por el rei D. Sancho II; e desta vez ficou para sempre cristã.
O mesmo soberano fez doação dela em 1236 ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; porém seu irmão
D. Afonso III tornou a incorpora-la na coroa, atendendo a ficar próxima da fronteira. Mas daí a pouco deu-a a seu filho, o infante D. Afonso, que a possuiu por bastantes anos, até que nas disputas que teve com seu irmão el rei D. Dinis, lhe foi tirada e novamente incorporada na coroa.
Quando se tratou da questão do casamento do rei D. Afonso V, então viúvo de sua primeira mulher, com
sua sobrinha, a princesa D. Joana de Castela, que acabando de ficar única herdeira de el rei D. Henrique, seu pai, via a herança tão contestada e duvidosa que só com auxilio estranho se poderia conservar nela, foi em Arronches que aquele monarca teve conselho com as pessoas principais do reino, sobre tão grave assunto.
Decidido aí este negocio, em favor do dito consorcio, também foi na mesma vila que o belicoso rei D. Afonso V reuniu o exercito com que entrou em Castela, para sustentar os direitos dessa infeliz princesa, que não tendo por si a fortuna despojada do trono, e anulado pelo papa o seu casamento, por não ter sido precedido da necessária dispensa, foi constrangida a encerrar-se primeiramente no convento de Santa Clara de Santarém, e depois no de Santa Clara de Coimbra, onde fez profissão, cobrindo, mau grado seu, com o véu negro a fronte em que resplandeciam pouco antes duas coroas de rainha.
El rei D, Pedro II fez marquês de Arronches a Henrique de Sousa Tavares, conde de Miranda, e alcaide mor desta vila, cujo titulo veio depois a unir- se ao ducado de Lafões.
Concederam os nossos soberanos a esta vila mui singulares privilégios. D Afonso IV deu-lhe o de não
se fazerem penhoras aos habitantes nos objectos que tivessem dentro da casa em que morassem, nem nos trigos destinados para sementes, nem nos bois de arado. D. João I o de não se levantarem aí soldados para ir militar para fora da vila, o de poderem os pastores de todo aquele termo, que é grande, trazer armas, excepto nos meses de Julho, Agosto e Setembro, permitindo-se aos moradores da vila trazerem-nas por todo o reino. D. Afonso V deu lhe a prerogativa de não poder daí em diante ser alienada da coroa, e determinou que não pudessem ser vereadores as pessoas que não tivessem cavalo seu. D. João II, finalmente, concedeu-lhe os seguintes privilégios: não poderem os seus habitantes ser obrigados a trabalhar nos muros, pontes, fontes, calçadas ou outras quaisquer obras que se viessem a intentar na vila ou fora dela, quer por si próprios, quer por seus bens; não poderem ser constrangidos a acompanhar presos, nem a servir noutro concelho, nem a ter armas, ou cavalos. Além destes teve ainda muitos outros privilégios, que se davam mais comumente ás terras, que os Reis queriam favorecer.
A vila de Arronches foi praça de guerra, com boa cerca de muros, que resistiram ao assalto pelos espanhóis na noite de 17 de Junho de 1712, na guerra em que Portugal então estava empenhado com Castela.
Há na vila uma só paroquia, cujo orago é Nossa Senhora da Assunção. E um belo templo, de bastante
antiguidade, com três portais mui bem lavrados, e interiormente de três naves, sustentadas em seis
colunas, além de duas menos altas, porém mais brincadas, em que se firma o coro. Tem hospital e casa
de misericordia, esta fundada no reinado de D. Manuel, e aquele instituído no ano de 1372 pelo alcaide mor, que então era de Arronches, Rui Gonçalves, e ao diante anexo á misericordia. Havia também aqui um pequeno convento de religiosos agostinhos descalços da invocação de Nossa Senhora da Luz, construído em 1570. De entre quatro ermidas que há na vila, sobressai a do Espírito Santo, notável pela sua muita antiguidade.
Faziam-se nesta vila duas feiras anuais, uma em domingo de Pascoela, e outra a 8 de Dezembro; nenhuma das quais vemos actualmente mencionadas no catalogo das feiras do reino.
O clima d Arronches é em extremo quente, e a vila falta de águas, não tendo dentro em si senão alguns
poucos poços. Todavia o seu termo abunda em cereais, legumes, algum vinho e azeite, e em montados onde se criam bastantes porcos.
A população desta vila anda por mil e duzentas almas. Teve antigamente voto em cortes com assento no banco nono, e tem por brasão de armas um Castelo em campo de purpura.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
***
Pelo Censos 2011 Arronches tem 3165 habitantes
Arronches é uma vila portuguesa no Distrito de Portalegre
As freguesias de Arronches são as seguintes:
Assunção (Arronches), Esperança, Mosteiros
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido em ARRONCHES
PSD: 1269/54,2% - 3 mandatos
PS: 911/38,9% - 2 mandatos
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Arronches
PPD/PSD - Fermelinda de Jesus Pombo Carvalho
PS - Gil da Conceição Palmeiro Romão
PPD/PSD - José João Gonçalves Bigares
PS - Carlos Alberto Lagarto Flores
PPD/PSD - João Francisco Velez Galão
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