sexta-feira, 16 de setembro de 2011

História de Arronches, Portalegre (Alentejo) e imagem do brasão antigo



Alentejo


História de Arronches e brasão antigo (Imagem de 1860)

A VILA DE ARRONCHES 

Quatro léguas ao sudoeste  da cidade de Portalegre e  cinco para o norte da  cidade de Elvas, está  assentada a vila de  Arronches, entre os rios  Caia e Alegrete, em lugar  um pouco elevado  relativamente ao vale que a  cerca, porém é dominada  pelos montes vizinhos que  lhe estreitam o horizonte e  lhe vedam descobrir  povoação alguma.

Não há noticia certa da sua  fundação. Alguns autores  mais dados ou mais  teimosos na investigação  das etimologias, querem  que no tempo do imperador  romano Caio Calígula,  viessem aqui fundar uma  povoação vários habitantes  da vila de Aroche, na  Andaluzia, os quais lhe  puseram o nome de  Arochela, em memoria da  sua pátria, de que se  derivou por corrupção o  actual de Arronches.

Partindo porém de noticias  positivas, sabe-se que já existia quando teve começo a monarquia e que D.  Afonso Henriques a tomou  aos moiros. Recuperada  pouco depois por estes, foi  novamente conquistada por  el rei D. Sancho II; e desta  vez ficou para sempre  cristã.

O mesmo soberano fez  doação dela em 1236 ao  mosteiro de Santa Cruz de  Coimbra; porém seu irmão
D. Afonso III tornou a  incorpora-la na coroa,  atendendo a ficar próxima  da fronteira. Mas daí a  pouco deu-a a seu filho, o  infante D. Afonso, que a  possuiu por bastantes anos,  até que nas disputas que  teve com seu irmão el rei D.  Dinis, lhe foi tirada e  novamente incorporada na  coroa.

Quando se tratou da  questão do casamento do  rei D. Afonso V, então viúvo  de sua primeira mulher, com
sua sobrinha, a princesa D.  Joana de Castela, que  acabando de ficar única  herdeira de el rei D.  Henrique, seu pai, via a  herança tão contestada e  duvidosa que só com auxilio  estranho se poderia conservar nela, foi em  Arronches que aquele  monarca teve conselho com  as pessoas principais do reino, sobre tão grave  assunto.

Decidido aí este negocio,  em favor do dito consorcio,  também foi na mesma vila  que o belicoso rei D. Afonso  V reuniu o exercito com que  entrou em Castela, para  sustentar os direitos dessa  infeliz princesa, que não  tendo por si a fortuna  despojada do trono, e  anulado pelo papa o seu  casamento, por não ter sido  precedido da necessária  dispensa, foi constrangida a  encerrar-se primeiramente  no convento de Santa Clara  de Santarém, e depois no  de Santa Clara de Coimbra,  onde fez profissão,  cobrindo, mau grado seu,  com o véu negro a fronte  em que resplandeciam  pouco antes duas coroas de rainha.

El rei D, Pedro II fez  marquês de Arronches a  Henrique de Sousa  Tavares, conde de Miranda,  e alcaide mor desta vila,  cujo titulo veio depois a  unir- se ao ducado de  Lafões.

Concederam os nossos  soberanos a esta vila mui  singulares privilégios. D  Afonso IV deu-lhe o de não
se fazerem penhoras aos  habitantes nos objectos que  tivessem dentro da casa em  que morassem, nem nos  trigos destinados para  sementes, nem nos bois de  arado. D. João I o de não  se levantarem aí soldados  para ir militar para fora da  vila, o de poderem os  pastores de todo aquele  termo, que é grande, trazer  armas, excepto nos meses  de Julho, Agosto e  Setembro, permitindo-se  aos moradores da vila  trazerem-nas por todo o  reino. D. Afonso V deu lhe a  prerogativa de não poder  daí em diante ser alienada  da coroa, e determinou que  não pudessem ser  vereadores as pessoas que  não tivessem cavalo seu.  D. João II, finalmente,  concedeu-lhe os seguintes  privilégios: não poderem os  seus habitantes ser  obrigados a trabalhar nos  muros, pontes, fontes,  calçadas ou outras  quaisquer obras que se  viessem a intentar na vila  ou fora dela, quer por si  próprios, quer por seus  bens; não poderem ser  constrangidos a  acompanhar presos, nem a  servir noutro concelho, nem  a ter armas, ou cavalos. Além destes teve ainda  muitos outros privilégios,  que se davam mais  comumente ás terras, que  os Reis queriam favorecer.

A vila de Arronches foi  praça de guerra, com boa  cerca de muros, que  resistiram ao assalto pelos  espanhóis na noite de 17  de Junho de 1712, na  guerra em que Portugal  então estava empenhado  com Castela.

Há na vila uma só paroquia,  cujo orago é Nossa  Senhora da Assunção. E um  belo templo, de bastante
antiguidade, com três  portais mui bem lavrados, e  interiormente de três naves,  sustentadas em seis
colunas, além de duas  menos altas, porém mais  brincadas, em que se firma  o coro. Tem hospital e casa
de misericordia, esta  fundada no reinado de D.  Manuel, e aquele instituído  no ano de 1372 pelo  alcaide mor, que então era  de Arronches, Rui  Gonçalves, e ao diante  anexo á misericordia. Havia  também aqui um pequeno  convento de religiosos  agostinhos descalços da  invocação de Nossa  Senhora da Luz, construído  em 1570. De entre quatro  ermidas que há na vila,  sobressai a do Espírito  Santo, notável pela sua  muita antiguidade.

Faziam-se nesta vila duas  feiras anuais, uma em  domingo de Pascoela, e  outra a 8 de Dezembro;  nenhuma das quais vemos  actualmente mencionadas  no catalogo das feiras do  reino.

O clima d Arronches é em  extremo quente, e a vila  falta de águas, não tendo  dentro em si senão alguns
poucos poços. Todavia o  seu termo abunda em  cereais, legumes, algum  vinho e azeite, e em  montados onde se criam  bastantes porcos.

A população desta vila anda  por mil e duzentas almas.  Teve antigamente voto em  cortes com assento no  banco nono, e tem por  brasão de armas um Castelo  em campo de purpura.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


***

Pelo Censos 2011 Arronches tem 3165 habitantes

Arronches é uma vila portuguesa no Distrito de Portalegre

As freguesias de Arronches são as seguintes:
Assunção (Arronches), Esperança, Mosteiros

Eleições Autárquicas - 11/10/2009

Votação por Partido em ARRONCHES

PSD: 1269/54,2% - 3 mandatos
PS: 911/38,9% - 2 mandatos

Candidatos Eleitos pelo Circulo: Arronches

PPD/PSD - Fermelinda de Jesus Pombo Carvalho
PS - Gil da Conceição Palmeiro Romão
PPD/PSD - José João Gonçalves Bigares
PS - Carlos Alberto Lagarto Flores
PPD/PSD - João Francisco Velez Galão



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