História de Caminha e brasão antigo (imagem de 1860)
A VILA DE CAMINHA
Na parte extrema de Portugal, para o norte sobre o rio Minho, que o separa da Galiza, e junto ao oceano, está edificada a vila de Caminha. Dista de Viana três léguas para o norte, e quatro da praça de Valença, para o sudoeste.
Está assentada agradavelmente entre os rios Minho, que forma o seu porto, e o Coura, que perto dela se incorpora no primeiro, que entra no mar a meia légua da vila. Uma fortaleza, levantada sobre um cabeço seco, na foz do Minho, divide a barra em duas, uma portuguesa, outra galega, ambas de fácil acesso para embarcações do lote de iates.
Dizem que esta vila foi fundada por um fidalgo da Galiza, chamado Caminio, de que lhe provém o nome. Não encontramos memoria da época da sua fundação, mas sim que, achando-se inteiramente arruinada, el rei D. Afonso III a mandara reedificar e povoar pelos anos de 1265. El rei D. Dinis deu-lhe foral em 24 de Julho de 1284 e aumentou- a, fazendo-lhe varias obras de defesa.
D. Afonso V fez conde de Caminha a Pedro Álvares de Sottomaior, visconde de Tuy, fidalgo da Galiza, que passando a Portugal, entrou no serviço daquele soberano e seus descendentes vieram a ser alcaides mores da mesma vila. Filipe IV de Espanha, durante o seu domínio em Portugal, fez duque de Caminha a D. Miguel de Menezes, primogénito dos marqueses de Vila Real, que perdeu a vida no cadafalso por entrar com seu pai e outros fidalgos na conspiração contra D. João IV em favor de Castela.
Por três vezes foi esta vila cercada de fortificações. A primeira vez em tempos muito antigos, ao que parece no reinado de D. Dinis, com muralhas de cantaria, guarnecidas de dez torres e com quatro portas, chamadas da Vila, esta coroada por uma torre com relógio, do Sol, Nova, e da torre do Marquês, junto da qual houve um grande cais onde vinham carregar ou deitar carga navios de muito maior lotação do que os que presentemente ali podem entrar. As areias foram cobrindo o cais até o enterrarem de todo. No principio do século passado (18), já esta ultima porta se achava tapada de pedra, por inútil. O seu nome derivava-se do palácio que os marqueses de Vila Real tinham nesta vila, contíguo á dita porta.
A segunda cerca, muito mais moderna, foi construída com pedra de alvenaria e apenas nela havia a porta de Viana, e um postigo com serventia para o rio Minho. A terceira fortificação, do tempo das guerras da aclamação de D. João IV, também de obra de alvenaria, com fossos e contra escarpa, foi executada em maior escala, abrangendo dentro em si quase toda a povoação e com seis portas.
A igreja matriz, única paroquia da vila, é um dos mais belos templos de arquitectura gótica que possui a província do Minho. Lançou-se a primeira pedra nos seus alicerces no dia 4 de Abril de 1488, reinando D. João II; porém, estando as obras ainda atrasadas quando el rei D. Manuel sucedeu na coroa no ano de 1495, este soberano concorreu com largas esmolas para o seu acabamento. É este templo todo de pedra, com um rico portal ornado de mui variadas esculturas. Possui ricas alfaias e, entre as suas imagens sagradas, sobresai, pela devoção em que é tida e pela excelência da escultura, uma imagem de vulto de Cristo Ecce Homo, que veio de Inglaterra no tempo em que Henrique VIII, abolindo no seu reino a religião católica, declarou a mais cruel perseguição contra os que não quiseram abjurar as santas crenças de seus maiores.
A igreja e hospital da Misericórdia foram fundados no ano de 1551. Por ocasião da guerra da independência contra Castela, estabeleceu-se nesta vila um hospital militar.
Havia dentro da vila um convento de frades capuchos, da invocação de Santo António, edificado em 1618 pelo marquês de Vila Real, D. Miguel de Noronha; e um convento de freiras franciscanas, que existe, intitulado de Nossa Senhora da Misericordia, construído em 1561 por D. André de Noronha, bispo de Portalegre e que primeiro fora abade da igreja matriz de Caminha.
Tem esta povoação uma grande praça em frente da misericórdia, muitas casas boas, as ermidas de Nossa Senhora da Piedade, S. Sebastião, S. João, Nossa Senhora do Guadalupe e Nossa Senhora da Graça; e varias fontes e poços de excelente agua, dentro e fora dos seus muros.
O termo é abundante de cereais, legumes, vinho, fruta, hortaliças, mel e cera, linho, gados e caça. O oceano e o rio Minho não só a abastecem de muita quantidade e infinita variedade de peixes, mas até lhe oferecem nas pescarias um ramo importante de comercio. No rio pescam se em grande abundância salmões, lampreias, solhos, trutas e saveis, que daqui se exportam para muitas terras do interior.
Os arrabaldes de Caminha são muito lindos. Bastam para fazê-los formosos as margens encantadoras do rio Minho. O seu porto é frequentado por muitas embarcações, que lhe entretêm bastantes relações comerciais com Lisboa e outros portos do reino. No ano de 1851 entraram nele cento e treze embarcações, com oito mil cento e quarenta e sete toneladas e saíram cento e oito.
Foram naturais desta vila, o famoso jurisconsulto Pedro Barbosa, que reformou as ordenações do reino e João Soares Rebelo, celebre compositor de musica muito estimado del rei D. João IV.
A população de Caminha anda por mil e trezentas almas. No antigo regímen tinha voto em cortes e os seus procuradores tomavam nelas assento no banco décimo terceiro. Tem por brasão de armas um escudo com uma fortaleza sobre o mar.
Por Ignacio de Vilhena Barbosa
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Pelos Censos 2011 Caminha tem 16 630 habitantes
Caminha é uma vila do Distrito de Viana do Castelo
Freguesias de Caminha
Âncora, Arga de Baixo, Arga de Cima, Arga de São João, Argela, Azevedo, Caminha (ou Caminha-Matriz) (Caminha), Cristelo, Dem, Gondar, Lanhelas, Moledo, Orbacém, Riba de Âncora, Seixas, Venade, Vila Praia de Âncora, Vilar de Mouros, Vilarelho (antes de 1891, Caminha-Vilarelho) (Caminha), Vile
Eleições Autárquicas - 11/10/2009
Votação por Partido em CAMINHA
PSD: 54,3% - 4 mandatos
PS: 38,6% - 3 mandatos
Candidatos Eleitos pelo Circulo: Caminha
PPD/PSD - JÚLIA PAULA PIRES PEREIRA COSTA
PS - JORGE PAULO AIRES MIRANDA
PPD/PSD - FLAMIANO GONÇALVES MARTINS
PS - MARIA TERESA VARANDA RAMALHOSA GUERREIRO
PPD/PSD - MÁRIO AUGUSTO PAIS PATRÍCIO
PPD/PSD - MARIA CELESTE GARRIDO PAIS DE SOUSA TAXA ARAÚJO
PS - ANTÓNIO MANUEL QUINTAS DE VASCONCELOS
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