quarta-feira, 2 de novembro de 2011

História de Ourique e imagem de 1860 do antigo brasão




História de Ourique e imagem de 1860 do antigo brasão

A VILA DE OURIQUE

Na extremidade meridional da província do Alentejo, distrito administrativo de Beja, a sete léguas e meia sudoeste da cidade de Beja e outras tantas oeste da vila de Mértola, acha-se a vila de Ourique, edificada sobre uma pequena elevação.

Não consta a época da sua fundação. Apenas se sabe que el rei D. Dinis lhe deu foral a 8 de Janeiro de 1290, estando na cidade de Beja.

Junto da vila estende-se um vasto campo, célebre na nossa historia com o nome de Campo de Ourique. Foi aí que teve principio a monarquia portuguesa. Entranhando-se o jovem infante D. Afonso Henriques pela província do Alentejo, em busca de infiéis para combater, saíram-lhe ao encontro nos plainos de Ourique o rei moiro Ismar e mais quatro régulos, seguidos de um poderoso exercito. Apesar da imensa desigualdade das forças, pois que os portugueses, a par dos moiros, apenas eram um punhado de valentes, travou- se a peleja no dia 25 de Julho de 1139. Este mesmo dia presenciou o destroço completo dos sarracenos, com a morte dos cinco régulos e a aclamação de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, pelos seus soldados ébrios de gloria e maravilhados do valor e coragem do moço infante.

Este insigne feito e memorável sucesso esteve por muitos séculos sem um padrão que o comemorasse, além da tradição popular e das memorias escritas, até que a rainha D. Maria I mandou elevar naquele sitio uma pirâmide de mármore, com uma inscrição que refere o acontecimento.

A vila de Ourique tinha voto nas antigas cortes com assento no banco décimo quinto. O seu brasão de armas é, em campo vermelho, um guerreiro com armadura e elmo, com o braço direito levantado e empunhando a espada, montado num cavalo, sobre terra firme; e na parte superior do escudo, uma torre em cada ângulo, tendo por cima uma o crescente e a outra uma estrela, tudo prata.

Esta vila é cabeça de comarca. Conta uma só paroquia dedicada a S. Salvador, que pertencia outrora, juntamente com o senhorio dr Ourique, á ordem militar de Santiago, que tanto ajudou os nossos primeiros Reis a expulsar os moiros de Portugal. Tem casa de Misericordia, hospital, as ermidas de S. Sebastião, S. Luís, N. Senhora do Castelo, S. Brás, S. Lourenço e Nossa Senhora da Cola e um castelo.

Nos subúrbios passam as ribeiras de Cobres e Tergis que, depois de se unirem, vão lançar-se no Guadiana. Pouco mais distante, mas ainda no termo vila, tem o seu nascimento o rio de S. Romão, que vai entrar no rio Sado em Porto de Rei. Segundo refere a tradição, as águas daquelas ribeiras correram até ao Guadiana tintas de sangue sarraceno, no dia da batalha de Ourique.

O termo possui bons terrenos, em que se cultivam cereais, frutas, alguns olivais e vinhas. Há nele alguma criação de gado e muita caça.

A vila de Ourique encerra uma população de duas mil e quatrocentas almas. A 29 de Setembro tem a sua feira anual. Sobre as ribeiras de Cobres e Tergis está em construção uma bela ponte de cantaria.


Por Ignacio de Vilhena Barbosa


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Pelos Censos 2011 Ourique conta com 5387 habitantes

Freguesias de Ourique 

Conceição, Garvão, Ourique, Panóias, Santa Luzia, Santana da Serra 

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