História
Tomar
Memória acerca do convento de Cristo em Tomar
Parte 3
Por morte de D. Lopo foi nomeado e provido ínclito e venturoso infante D. Henrique, a quem elrei seu pai quis premiar deste modo as façanhas de Ceuta, ganhada quase por ele somente («Este foi, mais que todos, zeloso da conservação, aumento e reformaçâo da Ordem - diz um dos escritores das cousas dela - com sua industria abriu as portas á navegação e comércio do grande mar Oceano, nunca d'antes navegado, e manifestou о nome e fé de Jesus Cristo aos povos e gentes de tantas e remotas ilhas e terras por ele descobertas; e aplicando as rendas delas, e de tudo о se descobriu da barra de Lisboa para fora, esta Ordern de Cristo no espiritual por bulas apostólicas e consentimento dos reis». E com efeito, ainda que o animo grande e empreendedor do infante, os conhecimentos especiais que tinha das matemáticas e da cosmografia, e o amor enfim da ciência o levassem para aquelas empresas novas dos descobrimentos marítimos e terrestes, é certo cotudo que estes desejos e determinação assentavam sólidamente nos principios da sua moral, e deveres anexos à sua qualidade de Mestre Ordem de Cristo; assim o indicam os escritores contemporâneos, e os outros que se lhe seguiram, a saber: Fernão Lopes, e Azurara, e Azinheira, e João de Barros. Porém nas mesmas cartas de doações que os reis lhe fizeram, e nas bulas pontifícias que as confirmaram temos nós expressa essa consideração. Elrei D. Afonso V, seu sobrinho, assim se explicou na carta de doação de 1454:« e por que o dito Infante conquistou as praias Guinea, de Zubia, e de Ethiopia, nos que com algumas despezas da Ordem de cavalaria de Jesu-Christo, e por contemplação sua a dita conquista foi começada e progredida, rasão nos pareceu a ela pertencer a espiritualidade das terras conquistadas e por conquistar ,como se Thomar fosse». E nas bulas confirmativas desta doação expedidas pelos papas Nicolau V e Calixto III se repete a mesma razão e causa da graça obtida, dizendo-se: «confirmamos e aprovamos a doação feita de todas as terras descobertas e por descobrir -espiritual - á Ordem de Cristo, com cujos rendimentos dizia o infante ter adquirido tais descobrimentos.»
Não foram porém somente os rendimentos da Ordem e os deveres e encargos como Mestre, que já apontámos, os instrumentos dessas conquistas, pois é sem dúvida que em muitas ocasiões a elas respetivas achamos figurando os cavaleiros e dignitários da mesma Ordem. Quando o infante mandou, no ano 1443, um emissário ao papa Martinho V, suplicando-lhe a indulgência da cruzada para os portugueses que morressem nos descobrimentos - enviou, diz Azurara na chrónica de Guiné, um honrado cavaleiro da Ordem de Cristo que chamavam Fernam Lopes d'Azevedo, homem de grande conselho e autoridade; quando mandou povoar as ilhas dos Açores commeteu essa importante comissão a Gonçalo Velho, comendador de Almourol, homem experimentado e famoso nas guerras africanas; e quando recebera jubiloso e triumfante o seu atrevido navegador, Antão Gonçalves, o primeiro que trouxe ao reino negros de Guiné e outros produtos de mercancía daquelas paragens - о infante, diz о mesmo cronista, como principe tão generoso que era promoveu o afortunado Gonçalves com a comenda e castelania de Tomar. Finalmente quando о mesmo autor refere a expediçâo das caravelas do Algarve, que juntas ás do infante sairam da baía de Lagos, comandadas por cavaleiros de grande consideração como eram Eannes da Graã, Alvaro Gil, Mafaldo e outros, acrescenta:« os quais, postas as bandeiras da Ordern de Christo nos seus navios, fizeram sua via caminho de Cabo branco,»
Retrocedamos porém um pouco. Depois que o infante D. Henrique foi provido no mestrado da Ordem de Cristo em 1417, devemos supôr que viria residir em Tomar, cabeça da mesma Ordem, e suposto que desde o ano 1419, depois da sua segunda jornada a Ceuta, ele tivesse a peito os descobrimentos da costa ocidental de África, não nos parece contudo que ele se afastasse do seu mestrado senão anos depois, aí por volta do ano 1421 em que começaram suas tentativas anuais, que duraram sem resultado até ao ano 1433, em о quaç o seu criado Gil Eanes passou o cabo Bojador. Desde o ano porém 1437 em que lhe aconteceu e a seu irmão, о infante D. Fernando, o desastre de Tanger, desgostoso, e retirado viveu habitualmente no Algarve dedicado quase exclusivamente aos negócios marítimos. Nesta empresa, que os sucessos prósperos foram coroando, empregava о infante D. Henrique, além de suas rendas próprias, que eram consideráveis, os rendimentos da Ordem de Cristo, como deixámos demonstrado; porque quase por amor dela se faziam as conquistas, e para sua glória e proveito se estabeleciam as igrejas e colónias católicas d'além mar. Se o mesmo infante alcançou para a dita Ordem a maior influência e dominação espiritual de que há exemplo na historia das corporações religiosas, também se não descuidou de aumentá-la e engrandecê-la igualmente nas construções e fundações materiais. A igreja e convento de Santa Maria de Restelo em Belém, onde como com um pé sobre os mares colocou alguns freires da Ordem, e os dois claustros que o cronista Azurara na crónica já citada aponta feitos em Tomar, são boa prova da solicitude do mesmo infante. Até o ano porém de 1449 era só por costume e tolerância que o convento de Cristo estava sendo cabeça da Ordem; pois que foi sómente nesse ano que, a petição do mesmo D. Henrique, cometeu o papa Eugénio IV ao bispo de Viseu, D. João, a reforma da Ordem a que efectivamente procedeu de acordo com о infante; e por ela se fixou definitivamente aí a casa mestral e capitular.
Seguiu-se a este afortunado regimen de de 40 anos, o de seu sobrinho о infante D. Fernando, о qual, seguindo em tudo as pisadas de seu tio, regeu com muita prudência e zelo a Ordem, e fundou nas ilhas muitas igrejas filiais dela. Governou-a 10 anos, faleceu ainda moço.
Foi nomeado depois deste, seu filho D. Diogo, duque de Viseu; e é curioso saber-se, que, sendo ainda menino ao tempo de sua promoção, obteve sua mãe a infanta D. Beatriz, bula apostólica para gozar e administrar o mestrado durante a menoridade do filho.
Sucedeu-lhe seu irmão D. Manuel, duque de Beja, e o conservou não só antes mas ainda depois de ser rei destes reinos. Este soberano, assim como nos descobrimentos e conquistas foi o émulo e imitador feliz de seu ínclito tio, о infante D. Henrique, da mesma sorte levado do amor e zelo que teve pela Ordem de Cristo a aumentou, engrandeceu, e elevou a um grau de esplendor nunca mais visto nem imitado. As conquistas do Oriente continuaram, assim como o haviam sido as das costas de África, a serem feitas com os antigos direitos, instituto e vocação primitiva da Ordem de Cristo, e sob os auspícios da sua bandeira, como nos testeficam Barros e Couto, nas suas Décadas. As rendas avultadíssimas da mesma Ordem, de que dispunha o mesmo soberano, lhe facilitavam em grande parte o preparativo de suas frotas, e a recompensa devida aos seus melhores servidores. Eis como se explica um dos escritores da Ordem:« Este rei além de muitos templos que fez em reconhecimento das graças obtidas, ampliou e acrescentou grandemente a Ordern de que era Mestre; impetrou do papa Leão X a criação das comendas novas, assim como outras que instituiu nas rendas e direitos do próprio mestrado, havendo, que assim como as rendas dele por mercê de Deus iam em grande crescimento, era também devido por seu louvor, em reconhecimento de seus grandes beneficios a esta Ordem feitos, acrescentá-la naquelas cousas em que os cavaleiros que bem servissem na guerra dos infiéis recebessem os prémios e galardões devidos a seus trabalhos; e com este intento criou nas rendas da mesa mestral 30 comendas e hábitos para os cavalleiros moradores em África, além de muitas cavalarias aos ditos lugares ordenadas; criou e dotou a comenda de Santa Maria d'Africa, Arguim, e outras em diversas ilhas nos dízimos delas que são do mestrado.»
Por diferentes vezes esteve elrei D. Manuel no seu convento de Tomar no largo período de 37 anos que regeu a Ordem de Cristo; celebrou aí por diferentes vezes capitulos gerais, sendo de todos о mais importante o do anno de 1503, em que fez proceder aos estatutos e Definições pelas quais a Ordem se ficou regendo, e que em pequenos pontos sómente depois foram reformadas nos reinados seguintes. A residência que fez por vezes no convento de Tomar, lhe proporcionou ocasião de mostrar aí aquele génio edificador, de que há permanentes sinais nas esferas plantadas em quase todas as cidades e em muitas vilas do reino; mas de suas construções falaremos adiante.
D. João III foi о último Mestre particular da Ordem, porque no seu tempo a política lhe sugeriu a ideia de encorporar perpetuamente na coroa о governo e administração dos mestrados das três ordens militares, obtida do papa Julio III no ano de 1551. Mas este soberano foi também em pessoa ao convento de Tomar em 1523; e em capítulo ou com autorização deste reformou o modo de vida dos freires conventuais, tornando- os de clérigos regulares em religiosos de cogula; para o que convocou pessoas de grande conceito em saber e virtude, e mandou fazer, diz o já citado escritor, «dormitório, refeitório, casa de noviços, claustros e mais oficinas, de cuja grandeza e perfeição dão elas mesmas de si testemunho.» Foi este mesmo soberano que criou o tribunal da mesa das ordens.
«Elrei D. Sebastião», diz ainda o escritor,«pela muita afeição que tinha á cruz de Christo tomou o hábito dela no mosteiro do Cabo de S. Vicente no Algarve, no ano de 1573, e daí por diante sempre foi visto trazer ao peito sobre suas vestiduras reais, e mesmo sobre as armas, uma cruz grande da Ordem de Christo; e com ella assistiu no capítulo geral que nesse mesmo ano celebrou em Santa Maria de Marvila em Santarém.»
O cardeal rei teve pouco tempo de reinado, porém assim mesmo se não descuidou inteiramente das coisas da Ordem; e parecendo-lhe que o breviário romano reformado era mais acommodado para uso dos religiosos conventuais, e para o culto das igrejas, o fez substituir ao breviário cisterciense, de que se serviam havia mais de 200 anos.
Os Filipes de Castela se mostraram zelosos e afeiçoados á Milícia de Cristo. O primeiro começou a entender na reforma dela, e o segundo a continuou; e vindo a este reino no ano de 1619, pouco depois partiu para Tomar e fez proceder a capítulo geral em que presidiu, concluindo-se aí em três dias, desde 16 a 18 de outubro do mesmo ano, os estatutos por onde se ficou regendo a Ordern de Cristo até os nossos dias. Deste mesmo soberano são dois famosos e magníficos monumentos da mesma casa, o claustro ainda hoje chamado dos Filipes, e o grandioso aqueduto do convento.
Elrei D. João IV revalidou e confirmou os estatutos sobreditos, e mandou- os imprimir para serem conhecidos do público.
D. Pedro II deu grande consideraçao á Ordem de Cristo, e como teve de nomear muitos bispos, contemplou os religiosos de Tomar, provendo-os em muitos dos bispados do ultramar. Já no seu tempo estavam mudadas as coisas, porque exigindo-se até então para entrar na cavalaria da Ordern a prova de nobreza dos 4 avós, ou declaraçao da quebra, quando entravam por dispensa, este soberano ordenou que tal declaração se não fizesse. No decurso deste reinado aí se alojou o arquiduque da Áustria, depois imperador da Alemanha, Carlos VI, quando voltava com elrei D. Pedro da campanha da Beira em 1704.
Elrei D. João V no ano de 1714 quiz em pessoa visitar o convento de Tomar, e ele e toda a sua faustosa comitiva aí se alojou, na qual entravam os infantes seus irmãos D. António e D. Manuel, o cardeal da Cunha, e muitos outros grandes e fidalgos da corte.
Desde então até os tempos mais próximos de nos continuou o convento de Cristo a ser a casa conventual dos freires, mas em visivel e progressivo deperecimento, resultante de diversas causas, e da diferença dos tempos e dos costumes. A chamada reforma que ali foi fazer o Principal Castro, em lugar de suspender ou retardar acelerou esta tendência descendente; o convento privado de seus religiosos, e de seus antigos direitos de clausura monástica, que desde os tempos d'elrei D. João III lhe assegurava perpetuidade, perdeu tambem muito da afeição e apego habitual dos Freires; e forçoso é dizê-lo, estes acudiam já remissos e a custo a reparar e conservar a sua vastissima morada. O flagelo da guerra veio cair com todo o peso de uma devastação vandalica, dalica desde outubro de 1810 até março de 1811, sobre o convento de Cristo, despejado de seus habitadores; e os estragos tornaram-se em parte irreparáveis; lá pereceu a maior porção de preciosas antiguidades do seu arquivo, arderam as cadeiras do coro, obra primorosa d'elrei D. Manuel; e se a solicitude e o interesse dos freires na sua volta se não tivesse empregado com zelo e briosa perserverança em limpar e reparar as deturpaçôes infligidas, como de propósito, áquela casa, então terminariam já de todo suas funções. Terminaram elas com efeito 23 anos mais tarde; e como terminaram? Que cautelas, que medidas se tomaram para preservar e defender aquela casa contra os latrocínios e incursões de uma cobiça estúpida e brutal? Aqui aplicaremos sómente num sentido inverso o que dizia um grande e desconsolado capitão português no leito da morte: «a Índia falará por si e por mim .»
Da vasta capacidade do convento de Cristo Tomar e algumas notícias sobre as diferentes construções e monumentos
Esta grandiosa e vastíssima casa compunha-se de 3 partes distintas: 1º o convento propiamente dito com sua igreja, claustros, dormitórios, e oficinas adequadas a uma casa regular; 2º o castelo com sua cerca e baluartes; 3º a quinta ou cerca murada do convento; e poder-se-ia acrescentar uma 4ª, o famoso aqueduto começado de ordem de Filipe II de Castela, em 1595, e concluído por seu filho Filipe III em 1613, conduzindo a água desde uma légua de distância além do sitio chamado dos Pegões; obra que talvez servisse de modelo aos arcos das águas livres de Lisboa. E por esta ocasião observaremos de passagem que a usurpação dos Filipes devia ter encontrado alguma simpatia no convento de Cristo; porque, não só foi esta casa preferida para as cortes que ali sancionaram, ou ao menos se acommodaram com a dominação castelhana, mas engrandecida com duas soberbas fundações, a saber, o grande e magnifico claustro, ainda hoje denominado dos Filipes, e o grandioso aqueduto de que falamos. Deferência e distinçao esta sustentada de pai a filho, porque Filippe III, seguindo as inclinações de seu antecessor, aí foi residir alguum tempo, como já dissemos; aí celebrou capitulo geral e organisou os estatutos e Definições da Ordem. Nao sirva porém a nossa conjectura de desdouro áquela casa, porque outra muito boa gente mostrou naquele apuro de circustâncias melhor vontade e adesão à sisudeza e severidade civil e religiosa do maior soberano do seu tempo, do que ás travessuras e inclinações livres de D. António prior do Crato. D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, e D. Jerónimo Osorio, com todo o seu grande mérito, não foram por isso menos acoimados de Filipistas
Da igreja do convento de Cristo; e dos claustros, dormitórios, e mais oficinas da casa
Duas muito diferentes e distintas construçôes se observam nesta igreja; a capela mór é visivelmente mais antiga que todo o resto. Esta vulgarmente se tem como obra da primitiva fundação de D. Gualdim Pais, assim como o retábolo interior, a que chamam charola, e as capelinhas que a rodeiam. O resto da igreja desde o arco da capela mór é certamente do tempo d' elrei D. Manuel, tanto interior como exteriormente. Uma vaga tradição com efeito tem como consagrado a opinião que atribue aquela primorosa antigualha ao 1º Mestre dos templarios em Tomar. É a dita charola urna especie de capela de madeira colocada em volta do altar mór, como tabernáculo vasado, elevado, e acabado em ponta em forma de pavilhão árabe. Sua airosa e elegante estrutura, seus relevos, pinturas, e dourados, formando urna espécie de rendilhado de gosto oriental, a tornam obra de primor admiravel e de uma originalidade que infunde veneração. Nós não temos outra razão para engeitar-lhe a origem senão o ser obra perfeita e delicada, pouco de acordo com o estado das artes por meados do século XII; entretanto ocorre-nos uma lembrança; e é que havendo militado na Síria e Palestina por alguns anos o dito D. Gualdim, bem poderia trazer ou mandar construir aí aquelle tabernáculo para oferecer á Ordem do Templo em Portugal, a que pertencia; e com efeito não só a aparência mas o género de sua construção e о fino е acabado de seus ornatos querem persuadir ser obra do Oriente, muito mais adiantado nas artes então do que o Ocidente.
Igual conceito porém nos não inspiram as demais construçôes da capela mór, as quais, não podendo ter a mesma origem estrangeira, são contudo demasiadamente belas e acabadas para as reputarmos de uma data tão remota. A forma da capela mór exteriormente é octógona, e termina em forma de terrado de castelo ou fortaleza com sua guarda ou parapeito guarnecido de ameias, o que Ihe dá u,a aparência clássica e veneranda; octógonal igualmente é a sobredita charola, de maneira que devemos supor que uma foi talhada para se acordar com a outra. Nas pequeninas capelas e nos intervalos delas em volta da charola, nos disseram terem estado alguns mui belos painéis e até me fallaram de um de Rafael; nós já não achámos senão o sitio donde foram deslocados. O corpo principal da igreja, assim como o coro, as portadas, e os ornatos exteriores, tudo é obra d'elrei D. Manuel; o qual tendo provavelmente achado mui pequeño e aca nhado o âmbito da igreja primitiva, a quiz acrescentar. Infelizmente porém, como os espiritos do magnânimo monarca tinham de ser ali reduzidos e apanhados, para que o todo acommodasse com a antiga construção conservada, ficou sendo remendo mal serzido, e igreja desagradavel, sem graça nem proporção. O coro, onde o mesmo soberano mandou colocar aquelas famosas cadeiras de madeira oriental, queimadas pelos franceses em 1810, ficou numa posição tão desengraçada que nem é coro de cima nem coro de baixo, e faz uma figura repugnante. Se porém a igreja acrescentada d'elrei D. Manuel nada tem de belo por dentro, o contrario acontece pelo lado de fora, em que o luxo da arte a enriqueceu de curiosa elegancia e magnificencia. As duas janelas ou frestas laterais destinadas a dar luz, são admiraveis de lavor em alto e vasado relevo; descrevendo-se em volta de todo o âmbito delas um grosso cordão de fina cantaría lavrada, entresachado de flores e grandes laçadas formadas com as pontas do mesmo, que faz um belo efeito. Em torno dos ângulos da fachada estao quatro estatuetas feitas da mesma pedra de cantaría da igreja, representando guerreiros com casco e saias de malha, tendo cada um deles pendentes da mão um escudete sem divisa nem emblema que nos pudesse indicar o que figuram; verosivelmente quiseram aí representar algumas personagens distintas e notáveis da casa, ou templários ou da Ordem de Cristo. O tempo já tombou para o lado uma das ditas estátuas, que por um acaso feliz encontrou na sua queda um apoio na parede aí próxima, que a está amparando por agora.
Continua
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